Não demorou muito para que Catarina adormecesse e começasse a sonhar. Em seus sonhos ela estava de volta ao tempo de colégio e chegava caminhando debaixo de uma fina, de botas de cavalaria, um sobretudo na altura do quadril preto e usando um guarda-chuva grande vermelho que chamava atencao de longe.
- Sua prima?- É. A excêntrica mal humoradinha. Cuidado com ela.- Eu sei. Já levei duas portadas por pedir um beijo depois de entregar algo que mamãe mandou para Dona Olga.- Folgado! Vá com calma! Mais se está mesmo interessado, termine com a Nojinho. Ninguém da sua família gosta dela. Por quê continua?- Na falta de coisa melhor eu fui ficando...- Machista! Paga logo uma puta.- Com que dinheiro? Além disso, aqui só tem puta velha.- Caramba, Felipe! Hoje você está foda.- Eu não tenho escapatória. Eu a acho linda e talentosa, mas ela só tem quinze anos. Vai dar merda. Seu tio me mata se eu atravessar aClarice havia acordado mais cedo o que de costume e estava surpresa com o cheiro de café dentro de seu próprio quarto. - Bom dia, Raio de sol.Klaus lhe sorriu enquanto bebia o café em sua caneca "Papaizinho, eu te amo", presente da filha caçula. Clarice se espreguiçou e a camisola revelou mais do que deveria.- Está querendo me provocar, Clarice?- Não mesmo, Doutor. - Droga, Clarice! Eu já estava arrumado para ir trabalhar.Klaus trancou a porta do quarto e tirou a roupa rapidamente. Era engraçado que ela ainda ficasse corada com as investidas do marido por sexo. Era divertido ver aquele casal se comportando como recém casados após tantos anos. Ela sorriu. Dada os maus hábitos do marido no passado, desde que voltaram a realmente a ficarem juntos, depois do quase divórcio e da breve separação, eles tinham resgatado uma química incrível. - Eu sou louco por você, Ruiva.- É difícil acreditar depois de me deixa
Clarice arrumou a mesa para o café da manhã depois que Klaus foi para o hospital. Era sábado, mas ele precisava ver os pacientes do pós cirúrgico antes de almoçar e relaxar. Sophia foi a primeira a aparecer e sentar-se à mesa. Estava devidamente penteada, mas não sabia se era apenas para trocar de roupa ou pôr um maiô para irem ao clube ou à piscina.- Eu não sei, meu bem. Não tive tempo de conversar com o seu pai sobre os planos para hoje.- Rodrigo nos chamou para jogar com ele.- Depois eu falo com a Catarina. Ela não tem estado bem
Klaus a viu pela primeira vez na sinagoga sentada na companhia de algumas outras mulheres bem mais velhas do que ela.Os cabelos ruivos brilhavam na luz e seus olhos verdes combinavam perfeitamente com o vestido verde musgo que usava. Parecia perfeita. Dias depois ele estava com alguns amigos em Copacabana olhando o movimento enquanto comiam uma pizza quando ele avistou Clarice caminhando sozinha no calçadão. Era como uma aparição. Sentiu o seu coração bater mais rápido. Um dos amigos assobiou e isto o irritou profundamente.- Não faça isso! Mandou o amigo parar com aquilo.- O que lhe deu, Klaus? Perguntou um dos amigos sem entender nada.- Eu a conheço e ela não é como as outras. Explicou sem saber o que deveria fazer.- Aquela garota é linda mesmo. Disse um dos amigos mais assanhados.- Parece uma atriz de Hollywood. Comentou outro enquanto Klaus pensava se deveria ou não ir até ela. Logo ela passaria por eles.- Os pais dela são amigos dos meus pais... Ela é tão nova... Disse qu
Duas amigas a levaram para o hospital mais próximo depois que Clarice caiu da escada e torceu o tornozelo. Klaus as encontrou logo na entrada e pareceu preocupado quando a viu chorando de dor.- Ela torceu o tornozelo. Acho que não quebrou, mas ela está com muita dor.- Eu vou levá-la para exames.- Doutor, não tem mais cadeiras de rodas.- Clarice, eu vou lhe pegar no colo.- Não me deixe cair, por favor.- Não vou deixar. Klaus a pegou no colo chamando atenção das pessoas ao redor. Ele era um homem grande e forte, com quase um metro e noventa de altura, muito bem vestido naquele uniforme branco muito bem passado. As amigas de Clarice os olhavam surpresas. Clarice nunca lhes disse nada a respeito dele.No elevador, Clarice acabou por encostar a cabeça no peito dele, sentindo, apesar da dor, o coração dele bater mais rápido. - Não faz assim, Clarice. Disse esfregando o rosto na cabeça dela. - Dói muito. Disse baixinho, quase num sussurro.- Eu sei, querida Clarice. Fique calma! Dis
As enfermeiras se entreolharam quando viram Klaus beijar Clarice no rosto na entrada do hospital. Ela trazia uma cesta de piquenique às duas horas da madrugada e ele começava arrastá-la para o refeitório dos médicos onde alguns já aguardavam ansiosos pelo cardápio delicioso de cada vez.A chegada de Clarice e de sua cesta foi muito bem comemorada e alguns comentários a deixavam sem graça pelo pouco tempo de namoro.- Então, Clarice, o namoro já foi formalizado? Quis saber uma médica sorrindo para Klaus.- Foi. Respondeu Klaus de maneira precisa.- Então teremos um casamento em breve? Insistiu a mulher.- Clarice é única! Declarou Klaus de boca cheia de sanduíche. - Casamos assim que eu voltar. Declarou deixando Clarice envergonhada. - Quatro anos é mais do que suficiente para se planejar um casamento como Norma Klein sonhou.- Então, querida Clarice, não é todo mundo que é aceita pela Sra. Klein. Comentou um outro médico de plantão. - Isso é um pouco embaraçoso para mim. Não faz um m
Clarice estava reclusa após as tentativas frustradas que Klaus fez para vê-la. Norma tentou persuadi-la, mas não conseguiu. Quando a estudante se trancava, não havia nada que a tirava de dentro do quarto.- Clarice, por quanto tempo vai ficar trancada neste quarto? Perguntou Esther ao entrar no seu quarto.- Eu não sei. Estou de férias. Respondeu colocando as pernas esticadas para cima.- Que bom que lembrou disso. Eu estou exausta e quero ir para a praia na sexta. Arrume as suas coisas. Saímos assim que o seu pai chegar. Não quero ouvir uma única palavra. Declarou.- Você planejou algo com a Norma? Perguntou achando que poderia ser uma armadilha.- Nadinha. Ela liga todos os dias querendo saber o que houve. Eu digo que não sei. Então ela me conta que Klaus está atrás de quem a colocou contra ele.- Mãe, eu sou um bibelot. Declarou olhando para a mãe. - Ele só está furioso porque perdeu os lanches da madrugada. Logo ele se joga em cima de outra.- Não vai contar o que houve? Perguntou
Klaus a olhou sem saber o que dizer diante de Clarice que chorava sem parar após gozar pela segunda vez no sofá da sala de seus pais. Várias perguntas passavam em sua cabeça. Ele havia a machucado?Ela achava que havia sido estuprada?Ela achava que ele estava a usando?Ele olhou para ela, secou o seu rosto tão lindo e sensível e a beijou gentilmente. Clarice foi se acalmando e o beijo foi se tornando cada vez mais apaixonado e quente, mas de repente, todos aqueles sentimentos ficaram confusos de novo.- Klaus, assim não. Disse o afastando.- Olha para mim e diz o que está acontecendo. Pediu olhando para ela calmamente. - O que foi?- Não vai dar certo. Disse de uma só vez.- Vai sim! Disse sorrindo.- Você vai embora daqui a alguns poucos meses. Disse evitando que ele a beijasse. - Elas falaram que sou uma esperta que quer o seu dinheiro. Disse ao esconder o rosto.- Elas quem? Perguntou sentindo o ódio crescer dentro dele.- Eu não sei quem elas são. Mas eu as reconhecia se as viss
Clarice não era uma mulher de ficar catando papéis em bolsos, mas quando ela recuou de um beijo de Klaus, ele soube que havia algo diferente. - Vai sair?- Vou. Algum problema?- Hoje é quarta-feira. - Qual é o problema? Na semana passada estava cansado demais e eu lhe deixei descansar. - Poxa, Clarice! É o nosso dia de ficarmos juntos.- Arranje outro. O que fez na terça-feira? - Cirurgia.- Sério? - O que foi, Clarice? Está acontecendo alguma coisa?- É que eu fui no hospital com a Catarina falar com o Felipe e o outro médico perguntou se você melhorou da gripe. Eu nem sabia que estava doente.- Você não disse que eu estava em cirurgia?- Digamos que ninguém sabia que estava em cirurgia. Que desorganização, não é mesmo? - Evidente. Eu não sei o que houve, Ruiva, mas vou resolver isso.- Eu tenho que ir. Estou atrasada.- Onde vai?- Vai começar com a palhaçada de novo? Vai voltar a querer controlar os meus passos? - Eu fico preocupado.Klaus ficou parado no meio da sala sem c