(Letícia)
Eu poderia ter evitado todo aquele falatório, era só eu dizer pra uma fofoqueira qualquer que eu blasfemei contra Deus e que o padre só estava o defendendo, que rapidamente o povo calaria a boca, eu não iria me importar de ter todas as atenções voltadas pra mim, mas eu quis ver até onde aquilo tudo iria dar. No fundo eu queria desequilibrá-lo, torná-lo acessível a mim, fazê- lo ficar vulnerável a minha presença, eu queria mexer com todos os sentidos dele, fazê-lo me enxergar como mulher, ao ponto dele se alto questionar sobre a decisão de ser padre, e ver as enormes opções de prazeres que ele poderia ter fora da igreja, ou melhor, comigo. Eu queria apresentar pra ele o bom da vida, e foi em meio a esses pensamentos que algo passou pela minha cabeça. — Será que ele é virgem? Será que ele nunca esteve dentro de uma mulher antes? Ou será que ele se tornou padre só depois de ter se relacionado com alguém e não gostou? Não entrava na minha cabeça que um homem tão novo e absurdamente lindo escolhesse viver no celibatarismo. — Se esse padre pudesse entrar em mim, ele nunca mais iria querer saber dessa batina. Pensei tentando esconder a minha frustração e curiosidade. Bastou a minha mãe passar dez minutos na calçada de casa, pra ela saber o que havia acontecido na igreja. Ela entrou no quarto furiosa e exigindo satisfações, mas eu estava disposta a não colaborar com ela e guardar pra mim tudo o que houve, e eu estava totalmente convencida que eu ainda faria coisas piores. Mãe: O que foi que você aprontou na igreja que está todo mundo comentado que o padre expulsou você de lá, Letícia? — Nada demais mãe, eu não tenho culpa desse padre ter um pensamento engessado no tempo das cavernas. Mãe: Você é que tem um pensamento torto e imoral Letícia, não vai pensando que aqui você vai fazer o que você fazia quando estava com o seu pai, porquê comigo o negócio é diferente, comigo você vai andar na linha. — Sabe o que mais me irrita mãe? É que eu estou aqui pra cuidar de você e você age como se fosse eu que estivesse precisando, se você quiser me mandar de volta pro meu pai, pode me mandar, eu não gosto daqui, pra mim será maravilhoso voltar pra civilização, afinal nesse fim de mundo não tem exatamente nada pra fazer, a única distração é o padre. Eu mal fechei a boca e já senti a mão quente e pesada da minha mãe na minha cara, em outras circunstâncias eu choraria, mas o tempo fez com que eu me tornasse fria em relação às atitudes dela, então eu só a encarei com desdém e me tranquei no banheiro. Ao me olhar no espelho, vi os dedos dela marcados no meu rosto. — Ela passou a vida toda sem me dar amor, e no dia que eu venho ajudá-la, é só isso que ela tem pra me oferecer, Deus me livre colocar filho no mundo e não ser uma mãe que preste. Falei diante do espelho. Eu passei o resto da manhã trancada no quarto, não saí nem pra almoçar. Quando a tarde chegou, a fome me obrigou a ir atrás de comida, a minha mãe não estava em casa, eu fui até a porta da entrada ver se ela estava na calçada falando mal de mim pros outros, eu só não esperava que fosse encontrar justamente o filho de Deus diante de mim. Assim que ele me viu, eu fiz questão de perguntar se ele havia ido me pedir desculpas, é claro que eu notei as sacolas nas mãos dele, mas eu não iria perder a oportunidade de afrontá-lo. A minha mãe logo foi fazendo perguntas e fazendo novas ameaças, parecia que ela não tinha entendido que voltar pra casa do meu pai não seria problema. Ela me mandou pegar as sacolas das mãos do padre e assim eu fiz, eu notei o olhar rápido dele no meu decote, e eu só reafirmei aquilo que eu pensava, eu estava mexendo com ele, mas eu tinha consciência que o meu vestido era revelador e curto demais, com certeza eu chamaria a atenção de qualquer um. Ele disse na minha cara que pouparia a minha mãe de saber o que eu fiz, como se ele mesmo não tivesse dado margem pras minhas atitudes, e ainda me mandou andar de forma descente. Eu nunca fui o tipo de pessoa que recebe ordens, eu sempre me dominei, não seria ele que iria impor o que eu deveria ou não fazer, então eu disse que eu nunca vi o diabo ser descente, e que isso não iria ser possível. Eu dei as costas pra ele e entrei em casa, a minha mãe não ouviu a nossa troca de palavras, mas ela me olhou com raiva quando passei por ela. Quando ela entrou em casa, eu fui bombardeada por mais perguntas e acusações. Maria: O que foi que você falou pro padre dessa vez menina? Você quer acabar com a minha reputação? O padre acha que não te dei educação e disse que lhe faltou umas boas palmadas. Quando ela falou isso, foi impossível não gargalhar alto. — Bem que ele poderia me dar essas palmadas, não é mãe? Ela pegou o cabo da vassoura pra bater em mim e eu corri e me tranquei no quarto. Maria: Agora eu sei o tipo de coisa que fez o padre ficar tão bravo com você Letícia, você é uma perdida mesmo, não sei como não pegou um filho ainda, sendo assim tão afoguetada, te faltou mesmo uma boa surra, pra você aprender a ser uma moça direita. Ela falou do outro lado da porta, e eu simplesmente ignorei. Afinal, a minha mente estava sendo consumida pelo o olhar do padre. — Eu o quero, ele precisa ser meu, sinto muito meu Deus. Falei como um sussurro, mas a minha mente estava gritando de desejo por ele.(Leandro)Eu não sabia o que me confrontava mais, se era a reação dos fiéis diante da minha atitude, ou se era a minha reação diante das atitudes da Letícia, eu sabia que eu precisava ser firme em minhas palavras diante das pessoas e tentar fazer com que as coisas continuassem caminhando em paz, como caminhavam antes da chegada da Letícia. Eu quase não consegui dormir pensando no que eu iria dizer na missa, e de como eu passaria a agir com a Letícia, sabendo do perigo que ela representava pra mim.Eu tive uma madrugada agitada, mas consegui tirar algumas horas de sono, mas quando o dia finalmente amanheceu, eu fui tomado por um nervosismo sufocante, e eu tive que recorrer a Santa, pra que eu viesse a lidar com os meus problemas de forma madura e sábia.Eu estava com medo de encontrar a igreja vazia, mas o meu coração ficou alegre quando vi que os fiéis não deixaram de ir pra missa, isso significava que apesar do que houve, eles continuavam confiando em mim.Eu estava com um sorriso n
(Letícia) Minha mãe ficou me olhando torto a cada vez que eu passava por ela, mas também ela não falou mais nada comigo em relação ao padre, mas acho que no fundo ela sabia que não iria adiantar nada se falasse. Faltava pouco pra ela finalmente se operar, e eu não queria perder tempo, afinal eu queria ter a chance de conquistar o padre antes de voltar pra casa do meu pai. No dia seguinte, acordei bem cedo, preparei o café da manhã e me arrumei pra ir pra missa, mas essa atitude não passou despercebido aos olhos da minha mãe. Mãe: Onde você vai arrumada desse jeito? — Vou pra missa, porquê? Não posso? Mãe: Você não disse naquele dia pro padre que não era pra contar com você na missa porquê você não era religiosa? — Mudei de ideia, acho que vai ser bom pra mim ser mais participativa nas coisas da igreja. Ela me olhou demonstrando não acreditar em nenhuma palavra que eu havia dito, e ainda balançou a cabeça deixando claro que não concordava com a minha decisão, ela sabia que e
(Leandro)Eu tentei convencer a mim mesmo que não seria preciso eu falar com outro sacerdote, afinal eu não havia feito algo de extremo e estava lutando pra manter intacto a minha comunhão com Deus, tentei me convencer também que o fato de eu ser padre, não fazia de mim um ser intocável e que como ser humano eu também poderia escorregar.Durante todo o dia eu estive desligado do mundo exterior e me concentrei em ler a bíblia e nas rezas, e por algumas horas o demônio da Letícia esteve longe dos meus pensamentos, eu não fiz minhas refeições e me alimentei apenas da palavra.Quando a noite chegou eu achei que finalmente iria comer algo, descansar e dormir com a consciência tranquila, eu caminhei até a minha casa, fui até a cozinha, deixei uma lasanha pronta no forno e fui tomar um banho enquanto tudo ficava pronto.Enquanto eu estava no quarto me trocando, eu vi uma silhueta na janela, a luz do quintal estava refletindo na cortina, eu fiquei assustado, afinal eu nunca havia recebido nen
(Letícia)A minha mãe passou praticamente o dia inteiro sem falar comigo, e eu nem quis perguntar o motivo pois eu sabia muito bem qual era.Ela devia ficar com raiva era do padre que praticamente me expôs na frente de todo mundo, na cabeça dela ele era um santo.Apesar da pouca idade, eu sabia muito bem reconhecer quando um homem sentia atração por mim, e eu não estaria agindo de uma forma tão possessiva se eu não tivesse certeza que o padre me olhava com desejo.Talvez eu tivesse ido longe demais, indo pra igreja pra atazaná-lo em vez de ir pra assistir a missa, mas eu acreditava que Deus jamais iria querer que uma pessoa fosse infeliz, sendo impedida de construir uma vida, viver amores, correr riscos, ou formar uma família, eu não conseguia ver lógica em privar uma pessoa de se apaixonar, indo contra a própria palavra de Deus, quando ele manda crescer e multiplicar. — Como que multiplica sem transar?Falei enquanto colocava a minha comida no prato.Mãe: Do que você está falando?E
(Leandro)Eu me contentei em tomar um copo de leite e biscoito, depois fui na igreja e fechei tudo, e fiquei um longo tempo de frente pra Santa Maria, sem dizer nenhuma palavra. A minha cabeça estava bagunçada, meu coração foi atingido por dúvidas que antes não existiam, e eu já não sabia mais o que falar, eu só sabia que fugiria da tentação o quanto eu pudesse.Eu fui caminhando pra casa com um sentimento de derrota, e nessa luta o diabo estava vencendo, pois ficar de pênis duro na frente de uma mulher, era algo inaceitável na minha posição.Eu desliguei as luzes do quintal, entrei em casa e tranquei a porta, fui pro quarto e olhei se a janela estava mesmo fechada e só depois me senti seguro pra tirar a roupa.— Eu nem estou acreditando que estou me sentindo inseguro dentro da minha própria casa, e o pior, estou com medo de uma mulher. Falei enquanto me despia.Eu coloquei uma roupa de dormir e deitei na cama, e pela primeira vez em anos, eu não rezei antes de dormir, e o mais preo
(Letícia)Quando voltei pra casa, a minha mãe estava na sala e olhou pra mim dos pés a cabeça, ela não era nenhuma boba, ela sabia que aquela produção toda era pra chamar a atenção do padre.Mãe: Tá dando uma agora de sair escondida?— Eu tenho 22 anos, não preciso sair escondida. Mãe: Mas precisa dar satisfações de onde vai, embora eu saiba que você foi atormentar o Padre Leandro.— Eu não tenho o poder de atormentar ninguém mãe, se ele é atormentado, deve ser pela própria mente dele.Mãe: Você precisa olhar pras pessoas dessa cidade com mais atenção Letícia, se você quer ter um namoradinho, aqui tem vários rapazes de família boa, com educação, e respeitadores, que irão dar pra você o que o padre não pode te dar.— E quem disse pra senhora que eu estou atrás de um namorado?Mãe: Eu não nasci ontem Letícia, eu já tive essa idade, e parece que esse fogo é eterno, mas quando você tiver a idade que tenho hoje, você vai ver que existem coisas mais importantes do que sexo.— Eu sei que ex
(Leandro)Eu já acordei imaginando o que a Letícia iria aprontar, afinal ela sempre dava um jeito de se infiltrar na minha cabeça de alguma forma, me obrigando a aceitar a presença dela na minha vida.Na noite anterior não foi nada fácil vencer a carne mais uma vez, o meu pênis demorou a amolecer, e estava sendo cada vez mais difícil comandar o meu corpo, e nem a oração estava mais servindo.Não estava mais existindo espaço pra pensamentos santificados, tudo em mim era pecado, e as palavras dela afirmando que eu estava sendo fiel a algo que eu não nasci pra ser, reverberou na minha mente.Eu fiz a minha higiene matinal, tomei o meu bom e velho café, coloquei a minha batina e tentei seguir com a minha rotina, mesmo sabendo que eu estava sendo um grande hipócrita, falando das coisas de Deus, e fazendo exatamente o que ele abominava.Por incrível que pareça, o dia passou e a Letícia não apareceu pra me atormentar, e das vezes que eu saí na rua, eu não a vi, o que era bem estranho. Não s
(Letícia)O cara bem na minha frente parecia ser mais jovem do que eu, porém era bonito, malhado, mas não tinha tanto corpo quanto o Leandro.Ele estava conversando com mais dois caras, mas os outros não eram tão bonitos. Eu caminhei em direção a ele, e não demorou muito pra ele notar minha presença, ele cochichou algo pros outros caras e os três ficaram babando enquanto eu chegava mais perto.O fato deles babarem não era nenhuma novidade pra mim, esse era o efeito que eu causava nos homens.— Oi? Os cumprimentei com um sorriso inocente no rosto, enquanto ele olhava pros meus peitos, os outros dois esticaram o pescoço pra olhar pra minha bunda.— Eu me chamo Letícia, eu cheguei a alguns dias na cidade, mas não conheci ninguém ainda.— Oi, eu me chamo André, e esses são o Thiago e o Félix.Eu dei um beijinho no rosto dos três.— Muito prazer!André: O prazer é todo nosso! Eu fiz contato visual com ele, e os outros dois perceberam que estavam sobrando, pois eu fiz questão de demonstra