(Leandro)
Eu não sabia o que me confrontava mais, se era a reação dos fiéis diante da minha atitude, ou se era a minha reação diante das atitudes da Letícia, eu sabia que eu precisava ser firme em minhas palavras diante das pessoas e tentar fazer com que as coisas continuassem caminhando em paz, como caminhavam antes da chegada da Letícia. Eu quase não consegui dormir pensando no que eu iria dizer na missa, e de como eu passaria a agir com a Letícia, sabendo do perigo que ela representava pra mim. Eu tive uma madrugada agitada, mas consegui tirar algumas horas de sono, mas quando o dia finalmente amanheceu, eu fui tomado por um nervosismo sufocante, e eu tive que recorrer a Santa, pra que eu viesse a lidar com os meus problemas de forma madura e sábia. Eu estava com medo de encontrar a igreja vazia, mas o meu coração ficou alegre quando vi que os fiéis não deixaram de ir pra missa, isso significava que apesar do que houve, eles continuavam confiando em mim. Eu estava com um sorriso no rosto enquanto caminhava até o púlpito, isso até avistar o anjo das trevas sentado na segunda fileira, olhando pra mim com uma cara inocente que enganava apenas os trouxas, coisa que eu não era. — Esse diabo quer ver eu cair no mais profundo dos precipícios, só pode ser isso. Pensei! Os coroinhas já estavam em seus postos, e eu tentei me concentrar na minha missão e não deixar transparecer o meu nervosismo e incômodo. — Meus queridos, antes de começarmos a nossa missa, eu quero me desculpar com todos, ontem alguns de vocês viram eu expulsando uma jovem da casa do Senhor, e eu sinto que isso foi um grande erro, afinal, a casa do Senhor é pra todos, até para aqueles que vivem perdidos na iniquidade, sei que o meu papel aqui também é ajudar os polutos a se consertar diante de Deus, então me desculpem pela insensatez do meu ato, isso não irá se repetir. Eu olhei rapidamente pra Letícia e o rosto dela de inocente e pura, havia se transformado em puro ódio, eu tive medo daquele olhar, eu notei também que todos olharam pra ela como se a tivessem julgando-a, e eu sabia que a minha fala havia causado outro problema, afinal eu havia jogado toda a culpa pra ela, mesmo que indiretamente. Eu segui com a missa e evitei olhá-la novamente, e embora eu tenha agido de forma normal, por dentro eu me auto julgava, pois minhas palavras não foram desculpas verdadeiras, e sim uma forma de me vingar por toda a situação ruim que ela havia me colocado diante das pessoas. Era feio pra um padre fazer isso, mas eu não consegui agir de outra forma. Após a missa, fui pro confessinário pra ouvir os pecados dos fiéis e aplicar as penitências, eu pensava que já tinha ouvido de tudo na minha vida, e que os pecados cometidos sempre eram os mesmos, mas jamais achei que eu iria ouvir algo tão pesado e constrangedor de uma garota que mal havia começado a vida adulta. Letícia: Perdão padre, pois eu pequei... Quando ouvi a voz dela, o meu coração deu um salto, eu na posição de homem que também comete suas falhas, eu senti vontade de xingá-la só pela audácia de se dirigir a mim, mas eu era um padre, e eu não podia fazer acepção de pessoas, mesmo daquelas altamente depravadas. — Eu imagino que o seu pecado seja tentar contra a santidade de um padre. Letícia: Antes fosse apenas isso padre, eu fiz algo muito pior e sinto o fogo consumir o meu corpo. — Eu tenho até medo de perguntar, sussurei... Letícia: O que você disse padre? — Qual foi o seu pecado Letícia? Letícia: Eu tenho muitos desejos sexuais e... — Ah, tenha Santa paciência, pelo amor de Deus! Letícia: O que eu falei de errado padre? Eu estou apenas me confessando. Eu tinha certeza que aquilo não se tratava de uma confissão, e sim de mais uma armação pra tentar me desestabilizar, mas ainda existiam pessoas a se confessar, e eu não podia dar o mesmo show que eu havia dado no dia anterior, então eu fui obrigado a ouví-la. — Continue Létícia, eu estou ouvindo. Letícia: Como eu falei antes, eu tenho muitos desejos sexuais, e eu tenho guardado em meus pertences vários obejos de prazer, e eu não consegui me conter padre, eu tirei a minha roupa e... — Pare! Eu falei como uma súplica! Letícia: Você não quer me ouvir padre? — Letícia, nós dois sabemos quais são as suas intenções. Letícia: Sim, a intenção é confessar os meus pecados pra um homem de Deus, você não é um homem de Deus, padre? — Por favor, avise aos outros que ouvirei a todos amanhã a noite, está encerrado as confissões por hoje. Letícia: Mas eu nem terminei de falar... — Pois eu digo que terminou! Eu saí do confessionário, sentindo um leve formigamento em meu pênis, algo muito preocupante pra mim, e totalmente escandalizador pra Deus, eu estava literalmente excitado, e absurdamente envergonhado! Eu entrei no escritório sob o olhar atento dos fiéis, e tive muita sorte da batina ser capaz de esconder a minha excitação. Eu tranquei a porta do escritório, e me ajoelhei diante de Deus, e atribuí a mim mesmo uma penintência, eu sabia que essa não era a regra a ser seguida, mas eu jamais teria coragem de expressar em palavras pra um bispo aquilo que estava se passando pela minha mente, mas o meu maior medo era que esses pensamentos envenenacem também o meu coração. — Santo Deus, o Senhor sabe que eu estou tentando, o diabo está vindo com força pra cima de mim, e sinto que eu estou caindo em suas armadilhas, por favor, tire esses pensamentos de mim, pois sei que eles não te pertencem. Enquanto eu desabafava com Deus, ouvi batidas na porta e em seguida a voz do próprio diabo. Letícia: Padre? você está bem? — Vai de retro Satanás! Gritei... O silêncio prevaleceu, e eu pensei que finalmente havia encontrado a paz, mas essa paz estava muito longe de me abraçar de novo!(Letícia) Minha mãe ficou me olhando torto a cada vez que eu passava por ela, mas também ela não falou mais nada comigo em relação ao padre, mas acho que no fundo ela sabia que não iria adiantar nada se falasse. Faltava pouco pra ela finalmente se operar, e eu não queria perder tempo, afinal eu queria ter a chance de conquistar o padre antes de voltar pra casa do meu pai. No dia seguinte, acordei bem cedo, preparei o café da manhã e me arrumei pra ir pra missa, mas essa atitude não passou despercebido aos olhos da minha mãe. Mãe: Onde você vai arrumada desse jeito? — Vou pra missa, porquê? Não posso? Mãe: Você não disse naquele dia pro padre que não era pra contar com você na missa porquê você não era religiosa? — Mudei de ideia, acho que vai ser bom pra mim ser mais participativa nas coisas da igreja. Ela me olhou demonstrando não acreditar em nenhuma palavra que eu havia dito, e ainda balançou a cabeça deixando claro que não concordava com a minha decisão, ela sabia que e
(Leandro)Eu tentei convencer a mim mesmo que não seria preciso eu falar com outro sacerdote, afinal eu não havia feito algo de extremo e estava lutando pra manter intacto a minha comunhão com Deus, tentei me convencer também que o fato de eu ser padre, não fazia de mim um ser intocável e que como ser humano eu também poderia escorregar.Durante todo o dia eu estive desligado do mundo exterior e me concentrei em ler a bíblia e nas rezas, e por algumas horas o demônio da Letícia esteve longe dos meus pensamentos, eu não fiz minhas refeições e me alimentei apenas da palavra.Quando a noite chegou eu achei que finalmente iria comer algo, descansar e dormir com a consciência tranquila, eu caminhei até a minha casa, fui até a cozinha, deixei uma lasanha pronta no forno e fui tomar um banho enquanto tudo ficava pronto.Enquanto eu estava no quarto me trocando, eu vi uma silhueta na janela, a luz do quintal estava refletindo na cortina, eu fiquei assustado, afinal eu nunca havia recebido nen
(Letícia)A minha mãe passou praticamente o dia inteiro sem falar comigo, e eu nem quis perguntar o motivo pois eu sabia muito bem qual era.Ela devia ficar com raiva era do padre que praticamente me expôs na frente de todo mundo, na cabeça dela ele era um santo.Apesar da pouca idade, eu sabia muito bem reconhecer quando um homem sentia atração por mim, e eu não estaria agindo de uma forma tão possessiva se eu não tivesse certeza que o padre me olhava com desejo.Talvez eu tivesse ido longe demais, indo pra igreja pra atazaná-lo em vez de ir pra assistir a missa, mas eu acreditava que Deus jamais iria querer que uma pessoa fosse infeliz, sendo impedida de construir uma vida, viver amores, correr riscos, ou formar uma família, eu não conseguia ver lógica em privar uma pessoa de se apaixonar, indo contra a própria palavra de Deus, quando ele manda crescer e multiplicar. — Como que multiplica sem transar?Falei enquanto colocava a minha comida no prato.Mãe: Do que você está falando?E
(Leandro)Eu me contentei em tomar um copo de leite e biscoito, depois fui na igreja e fechei tudo, e fiquei um longo tempo de frente pra Santa Maria, sem dizer nenhuma palavra. A minha cabeça estava bagunçada, meu coração foi atingido por dúvidas que antes não existiam, e eu já não sabia mais o que falar, eu só sabia que fugiria da tentação o quanto eu pudesse.Eu fui caminhando pra casa com um sentimento de derrota, e nessa luta o diabo estava vencendo, pois ficar de pênis duro na frente de uma mulher, era algo inaceitável na minha posição.Eu desliguei as luzes do quintal, entrei em casa e tranquei a porta, fui pro quarto e olhei se a janela estava mesmo fechada e só depois me senti seguro pra tirar a roupa.— Eu nem estou acreditando que estou me sentindo inseguro dentro da minha própria casa, e o pior, estou com medo de uma mulher. Falei enquanto me despia.Eu coloquei uma roupa de dormir e deitei na cama, e pela primeira vez em anos, eu não rezei antes de dormir, e o mais preo
(Letícia)Quando voltei pra casa, a minha mãe estava na sala e olhou pra mim dos pés a cabeça, ela não era nenhuma boba, ela sabia que aquela produção toda era pra chamar a atenção do padre.Mãe: Tá dando uma agora de sair escondida?— Eu tenho 22 anos, não preciso sair escondida. Mãe: Mas precisa dar satisfações de onde vai, embora eu saiba que você foi atormentar o Padre Leandro.— Eu não tenho o poder de atormentar ninguém mãe, se ele é atormentado, deve ser pela própria mente dele.Mãe: Você precisa olhar pras pessoas dessa cidade com mais atenção Letícia, se você quer ter um namoradinho, aqui tem vários rapazes de família boa, com educação, e respeitadores, que irão dar pra você o que o padre não pode te dar.— E quem disse pra senhora que eu estou atrás de um namorado?Mãe: Eu não nasci ontem Letícia, eu já tive essa idade, e parece que esse fogo é eterno, mas quando você tiver a idade que tenho hoje, você vai ver que existem coisas mais importantes do que sexo.— Eu sei que ex
(Leandro)Eu já acordei imaginando o que a Letícia iria aprontar, afinal ela sempre dava um jeito de se infiltrar na minha cabeça de alguma forma, me obrigando a aceitar a presença dela na minha vida.Na noite anterior não foi nada fácil vencer a carne mais uma vez, o meu pênis demorou a amolecer, e estava sendo cada vez mais difícil comandar o meu corpo, e nem a oração estava mais servindo.Não estava mais existindo espaço pra pensamentos santificados, tudo em mim era pecado, e as palavras dela afirmando que eu estava sendo fiel a algo que eu não nasci pra ser, reverberou na minha mente.Eu fiz a minha higiene matinal, tomei o meu bom e velho café, coloquei a minha batina e tentei seguir com a minha rotina, mesmo sabendo que eu estava sendo um grande hipócrita, falando das coisas de Deus, e fazendo exatamente o que ele abominava.Por incrível que pareça, o dia passou e a Letícia não apareceu pra me atormentar, e das vezes que eu saí na rua, eu não a vi, o que era bem estranho. Não s
(Letícia)O cara bem na minha frente parecia ser mais jovem do que eu, porém era bonito, malhado, mas não tinha tanto corpo quanto o Leandro.Ele estava conversando com mais dois caras, mas os outros não eram tão bonitos. Eu caminhei em direção a ele, e não demorou muito pra ele notar minha presença, ele cochichou algo pros outros caras e os três ficaram babando enquanto eu chegava mais perto.O fato deles babarem não era nenhuma novidade pra mim, esse era o efeito que eu causava nos homens.— Oi? Os cumprimentei com um sorriso inocente no rosto, enquanto ele olhava pros meus peitos, os outros dois esticaram o pescoço pra olhar pra minha bunda.— Eu me chamo Letícia, eu cheguei a alguns dias na cidade, mas não conheci ninguém ainda.— Oi, eu me chamo André, e esses são o Thiago e o Félix.Eu dei um beijinho no rosto dos três.— Muito prazer!André: O prazer é todo nosso! Eu fiz contato visual com ele, e os outros dois perceberam que estavam sobrando, pois eu fiz questão de demonstra
(Leandro)O sorriso de vitória logo sumiu do meu rosto, eu comecei a cortar os legumes enquanto lembrava da língua do André entrando na boca da Letícia e no quanto ela estava gostando daquilo tudo.— Ai inferno!Gritei ao cortar o meu dedo.Eu corri pra pia e coloquei o dedo de baixo da água e depois fui até o quarto fazer um curativo.Eu não queria admitir pra mim mesmo que tudo o que eu estava sentido era ciúmes, pois eu achava impossível que alguém que eu conhecia a apenas alguns dias, fosse tomar conta do meu coração de forma tão repentina. Eu sempre falei em meus sermões sobre os desejos da carne, eu tinha o dever e a obrigação de fugir desses encantos, mas eu já não tinha tanta certeza que eu queria fugir.A verdade era que as minhas atitudes demonstravam o quão fraco eu estava e que talvez eu devesse mesmo buscar ajuda, mas se eu fizesse realmente isso, eu iria ter que me afastar das minhas funções por um tempo, e recuperar a minha comunhão com Deus.Eu já tinha cometido tanto