(Leandro)Demorou um pouco pra ficha cair que eu não estava só visitando a dona Maria, eu estava visitando a minha sogra, a pessoa que colocou no mundo um ser tão absurdamente lindo, pra se tornar dona do meu coração. Assim que chegamos, não encontramos ela no quarto, e eu notei o olhar de preocupação da Letícia, afinal ninguém da recepção avisou nada sobre ter ou não acontecido algo, mas então nós olhamos pro fim do corredor e vimos a Dona Maria caminhado lentamente com a ajuda de uma enfermeira, a Letícia encheu os olhos de lágrimas, eu pensei que era felicidade, mas era culpa.Letícia: Eu devia estar aqui com ela, deveria ser eu a ajudá-la a andar.— Ei, muita coisa aconteceu, é compreensível que você não tenha conseguido estar presente Letícia. Falei enquanto a envolvia nos meus braços. A dona Maria ainda não tinha nos visto, ela estava concentrada demais olhando pros próprios pés, mas quando ela se deu conta da nossa presença, o olhar dela foi diretamente pra mim.Eu não vou ne
(Letícia) Quando eu vi a minha mãe caminhando com a ajuda de uma enfermeira, eu me senti culpada por não ter estado ao lado dela na hora que ela mais precisava de mim, mas como uma boa mãe, que ela provou pra mim que era, ela só me encheu de amor. O abraço dela parecia uma sessão se descarrego, me esvaziando de tudo o que era ruim dentro de mim. Eu fiquei vendo o Leandro e ela conversando, e achei lindo o carinho que ambos sentiam um pelo outro, e isso encheu o meu coração de paz. Fizemos planos, decidimos nosso futuro, o Leandro decidiu ir pra Santa Catarina, e o melhor foi saber que a minha mãe passaria a estar perto de nós, eram tantas coisas boas acontecendo, que não dava nem pra acreditar. A tarde foi maravilhosa, de muitos risos, mas eu precisava ir buscar a minha filha e a Bia, infelizmente seria a última vez que iria colocar os pés na casa da minha mãe. O Leandro foi me deixar no ponto do taxi e marcamos de nos ver horas depois. Durante o trajeto de volta pra cas
No dia seguinte acordamos bem cedo, preparamos tudo e fomos buscar a minha mãe no hospital, a Bia e a Lana ficaram no hotel esperando. Tudo deu certo, conseguimos levar ela de cadeira de rodas até o carro, mas depois ela conseguiu se sentar no carro sem dificuldades. Ela parecia estar nervosa, mexendo as mãos umas nas outras, e eu as segurei. — Você é uma ótima mãe, e com certeza será uma avó ainda melhor, mãe.Ela deu um sorriso sincero pra mim, e encheu os olhos de lágrimas, eu sabia que ela ainda se culpava por não ter sido presente na minha vida, e que a Lana significativa uma nova oportunidade pra ela.Quando chegamos no hotel, ela conseguiu caminhar um pouco melhor até o elevador, e todas as ações dela indicavam que a ansiedade dela só estava aumentando.Eu olhei pro Leandro que estava percebendo a mesma coisa que eu, e ele sorriu. Eu abri a porta e ajudei ela a entrar, havia uma poltrona grande e confortável e ela sentou e ficou passando a palma das mãos nas pernas. — Mãe,
(Leandro)Um ano depois...Eu tive muitas burocracias pra conseguir tirar a Letícia e a a mãe dela do hotel, eu tive que ir pra Santa Catarina e encontrar uma casa que tivesse a nossa cara, embora não tivesse tido tempo o suficiente pra conhecer os gostos da Letícia, eu acho que consegui fazer a escolha certa.A casa da Dona Maria ficava no mesmo condomínio que o nosso, e quando ela viu o novo lar dela, vocês já sabem, foi um xororô absurdo. A parte mais difícil, foi conhecer o meu sogro, ele não me recebeu tão amigavelmente, muito pelo contrário, ele falou coisas que me irritaram profundamente, como se Ele fosse o próprio Cristo, e eu tivesse o abandonaado, e o pior foi o drama que ele fez pra deixar a Letícia ir morar comigo, e ainda queria que a gente deixasse a Lana com ele, pois ela já o tinha como pai.Eu até entendia que ele havia feito o meu papel durante esses anos, mas o pai era eu, e ele sabia muito bem que a Letícia escondeu ela de mim. Mas depois de uns meses, ele começ
(Letícia)Se me perguntassem onde eu estaria se a minha mãe não tivesse sofrido o acidente, eu diria que estaria me escondendo ainda.Houve uma época que eu realmente acreditei que aquela era a vida que eu precisava ter, e nem por um momento eu pensei que o meu destino fosse mudar tão de repente. Eu não vou negar que sempre tive atitudes irresponsáveis, que sempre pensei mais em mim do que nos outros, mas tudo o que aconteceu me tornou mais humana e mais consciente. Eu tive que fazer escolhas difíceis, como sair da casa do meu pai, afinal ele era o melhor pai do mundo pra mim, e foi o exemplo de paternidade que a Lana teve pelos dois primeiros anos de vida, e doeu quando ele não soube lidar muito bem com as minhas escolhas, como por exemplo, ter o Leandro como genro.O meu pai sempre foi religioso, e um padre largar a batina por uma mulher, parecia o fim do mundo pra ele, mas com o tempo ele viu que nada do que ele pensava parecia fazer sentindo ao perceber o homem maravilhoso que o
(Leandro)Eu me chamo Leandro Gurgel, tenho 28 anos, e sou padre da Igreja da padroeira da Fé, localizada em um pequeno município da Bahia, conhecido como Catolândea.Por se tratar de um lugar com poucos habitantes, era fácil decorar os nomes dos moradores, estabelecer uma boa convivência, além de lembrar suas histórias e suas confições, e isso facilitava muito o acompanhamento dos fiéis, e me possibilitava ficar próximo de todos, os ajudando com o que fosse preciso. Desde muito jovem eu já sabia que queria ser padre, eu acreditei fielmente que esse fosse o meu destino. Eu passei por todas as etapas, desde o propedêutico, graduação em filosofia e teologia, até estar de fato pronto pra esse posto.Foram anos de preparação, passei pela ordenação, pelo transitório, sacramento até ser consagrado.Eu nunca tive pensamentos de construir uma vida familiar com alguém, e por diversas vezes fui considerado alguém fora do padrão masculino por nunca ter tido uma namorada, e nunca ter me interes
(Letícia)Eu me chamo Letícia Sanches, tenho 22 anos, e morava com o meu pai em Santa Catarina, mas precisei ir morar com a minha mãe na Bahia, por conta de uma cirurgia de hérnia que ela iria precisar fazer.A minha intenção era passar apenas alguns meses com ela, mas meus pensamentos e decisões foram mudando a partir do momento que conheci o padre da cidade, o Leandro Gurgel. Eu nunca fui nenhuma santinha, e acho que só coloquei os pés em uma igreja no dia do meu batismo e em eventuais missas, eu não gostava de sentir que eu estava enganando a Deus, embora eu soubesse que Ele não podia ser enganado, mas ir pra missa e depois ir me aventurar em algum pau, não parecia ser certo, então eu evitava o confronto com o todo poderoso.Eu perdi a minha virgindade com 17 anos, eu gostava de sexo, e gostava de me sentir poderosa diante dos homens, eu frequentava baladas, e vivia indo pra motéis com os caras que eu conhecia, mas o que eu gostava mesmo, era de sexo violento e bem selvagem, o tip
(Leandro)A porta do escritório onde eu estava se abriu e o capiroto entrou, vestindo um resto de pano transparente que não dava nem pra chamar de roupa, os bicos dos peitos do capeta estavam oriçados e a minha primeira reação foi voltar a olhar pras pastas que eu estava mexendo na hora pra não cair nas artimanhas do diabo.Eu havia colocado uma placa avisando pra ninguém entrar na sala e nenhuma pessoa teve a audácia de passar por cima de uma regra estabelecida por mim, mas a filha da dona Maria, que havia acabado de chegar na cidade decidiu ignorar a placa e invadir os meus aposentos.Quando a perguntei sobre ela não ter visto a placa que estava na porta, ela me deu uma justificativa que calaria a boca até do papa.Eu me dei conta de que eu não estava lidando só com o demônio, mas também com a legião inteira dele.Ela perguntou se estava errada em dizer que ela não precisava pedir permissão pra entrar na casa do Pai dela, e eu fui logo mudando de assunto pra ela não se sentir no di