No dia seguinte acordamos bem cedo, preparamos tudo e fomos buscar a minha mãe no hospital, a Bia e a Lana ficaram no hotel esperando. Tudo deu certo, conseguimos levar ela de cadeira de rodas até o carro, mas depois ela conseguiu se sentar no carro sem dificuldades. Ela parecia estar nervosa, mexendo as mãos umas nas outras, e eu as segurei. — Você é uma ótima mãe, e com certeza será uma avó ainda melhor, mãe.Ela deu um sorriso sincero pra mim, e encheu os olhos de lágrimas, eu sabia que ela ainda se culpava por não ter sido presente na minha vida, e que a Lana significativa uma nova oportunidade pra ela.Quando chegamos no hotel, ela conseguiu caminhar um pouco melhor até o elevador, e todas as ações dela indicavam que a ansiedade dela só estava aumentando.Eu olhei pro Leandro que estava percebendo a mesma coisa que eu, e ele sorriu. Eu abri a porta e ajudei ela a entrar, havia uma poltrona grande e confortável e ela sentou e ficou passando a palma das mãos nas pernas. — Mãe,
(Leandro)Um ano depois...Eu tive muitas burocracias pra conseguir tirar a Letícia e a a mãe dela do hotel, eu tive que ir pra Santa Catarina e encontrar uma casa que tivesse a nossa cara, embora não tivesse tido tempo o suficiente pra conhecer os gostos da Letícia, eu acho que consegui fazer a escolha certa.A casa da Dona Maria ficava no mesmo condomínio que o nosso, e quando ela viu o novo lar dela, vocês já sabem, foi um xororô absurdo. A parte mais difícil, foi conhecer o meu sogro, ele não me recebeu tão amigavelmente, muito pelo contrário, ele falou coisas que me irritaram profundamente, como se Ele fosse o próprio Cristo, e eu tivesse o abandonaado, e o pior foi o drama que ele fez pra deixar a Letícia ir morar comigo, e ainda queria que a gente deixasse a Lana com ele, pois ela já o tinha como pai.Eu até entendia que ele havia feito o meu papel durante esses anos, mas o pai era eu, e ele sabia muito bem que a Letícia escondeu ela de mim. Mas depois de uns meses, ele começ
(Letícia)Se me perguntassem onde eu estaria se a minha mãe não tivesse sofrido o acidente, eu diria que estaria me escondendo ainda.Houve uma época que eu realmente acreditei que aquela era a vida que eu precisava ter, e nem por um momento eu pensei que o meu destino fosse mudar tão de repente. Eu não vou negar que sempre tive atitudes irresponsáveis, que sempre pensei mais em mim do que nos outros, mas tudo o que aconteceu me tornou mais humana e mais consciente. Eu tive que fazer escolhas difíceis, como sair da casa do meu pai, afinal ele era o melhor pai do mundo pra mim, e foi o exemplo de paternidade que a Lana teve pelos dois primeiros anos de vida, e doeu quando ele não soube lidar muito bem com as minhas escolhas, como por exemplo, ter o Leandro como genro.O meu pai sempre foi religioso, e um padre largar a batina por uma mulher, parecia o fim do mundo pra ele, mas com o tempo ele viu que nada do que ele pensava parecia fazer sentindo ao perceber o homem maravilhoso que o
(Leandro)Eu me chamo Leandro Gurgel, tenho 28 anos, e sou padre da Igreja da padroeira da Fé, localizada em um pequeno município da Bahia, conhecido como Catolândea.Por se tratar de um lugar com poucos habitantes, era fácil decorar os nomes dos moradores, estabelecer uma boa convivência, além de lembrar suas histórias e suas confições, e isso facilitava muito o acompanhamento dos fiéis, e me possibilitava ficar próximo de todos, os ajudando com o que fosse preciso. Desde muito jovem eu já sabia que queria ser padre, eu acreditei fielmente que esse fosse o meu destino. Eu passei por todas as etapas, desde o propedêutico, graduação em filosofia e teologia, até estar de fato pronto pra esse posto.Foram anos de preparação, passei pela ordenação, pelo transitório, sacramento até ser consagrado.Eu nunca tive pensamentos de construir uma vida familiar com alguém, e por diversas vezes fui considerado alguém fora do padrão masculino por nunca ter tido uma namorada, e nunca ter me interes
(Letícia)Eu me chamo Letícia Sanches, tenho 22 anos, e morava com o meu pai em Santa Catarina, mas precisei ir morar com a minha mãe na Bahia, por conta de uma cirurgia de hérnia que ela iria precisar fazer.A minha intenção era passar apenas alguns meses com ela, mas meus pensamentos e decisões foram mudando a partir do momento que conheci o padre da cidade, o Leandro Gurgel. Eu nunca fui nenhuma santinha, e acho que só coloquei os pés em uma igreja no dia do meu batismo e em eventuais missas, eu não gostava de sentir que eu estava enganando a Deus, embora eu soubesse que Ele não podia ser enganado, mas ir pra missa e depois ir me aventurar em algum pau, não parecia ser certo, então eu evitava o confronto com o todo poderoso.Eu perdi a minha virgindade com 17 anos, eu gostava de sexo, e gostava de me sentir poderosa diante dos homens, eu frequentava baladas, e vivia indo pra motéis com os caras que eu conhecia, mas o que eu gostava mesmo, era de sexo violento e bem selvagem, o tip
(Leandro)A porta do escritório onde eu estava se abriu e o capiroto entrou, vestindo um resto de pano transparente que não dava nem pra chamar de roupa, os bicos dos peitos do capeta estavam oriçados e a minha primeira reação foi voltar a olhar pras pastas que eu estava mexendo na hora pra não cair nas artimanhas do diabo.Eu havia colocado uma placa avisando pra ninguém entrar na sala e nenhuma pessoa teve a audácia de passar por cima de uma regra estabelecida por mim, mas a filha da dona Maria, que havia acabado de chegar na cidade decidiu ignorar a placa e invadir os meus aposentos.Quando a perguntei sobre ela não ter visto a placa que estava na porta, ela me deu uma justificativa que calaria a boca até do papa.Eu me dei conta de que eu não estava lidando só com o demônio, mas também com a legião inteira dele.Ela perguntou se estava errada em dizer que ela não precisava pedir permissão pra entrar na casa do Pai dela, e eu fui logo mudando de assunto pra ela não se sentir no di
(Letícia)Mãe: Onde você estava?Fui questionada assim que coloquei os pés dentro de casa.— Eu fui conhecer melhor a cidade.Ela olhou pra minha blusa e levou uma das mãos até a boca.Mãe: Que absurdo Letícia! Você não tem vergonha na cara de sair na rua com os bicos dos peitos aparecendo? O que o povo vai pensar de você?— Que eu tenho peitos!Mãe: Não seja uma desavergonhada, passa logo pro quarto e vai vestir uma roupa decente, que eu não pedi pra você vim pra cá pra me fazer passar vergonha. Eu fui pro quarto sem questionar, afinal a minha mãe estava doente e eu não queria dar mais preocupações pra ela.Eu tirei a blusa e fiquei admirando os meus peitos na frente do espelho, eles eram perfeitos e eram a melhor parte do meu corpo.— Eu poderia andar na rua sem blusa que eu não me importaria em mostrar pro mundo essa perfeição. Falei deslizando as mãos por eles e os apertando, eles também eram a parte mais sensível de mim.Eu fechei os olhos com o meu próprio toque e imaginei aqu
(Leandro)Eu durmo nos fundos da igreja, em uma casa separada do templo, mas grande parte do meu dia eu permaneço no escritório, atendendo os fiéis, muitos deles necessitados. A igreja tem um papel fundamental pras famílias mais carentes. Eu nunca precisei deixar o escritório trancado, mas depois da invasão da Letícia, eu achei melhor trancá-lo.Eu entrei no escritório transtornado e fiquei alguns minutos meditando e tentando colocar a minha cabeça no lugar.— Quem essa garota pensa que é pra me afrontar daquela forma?Como ela me levou a gritar dentro da casa do Senhor? Como ela conseguiu me desestabiliza daquele jeito? Perguntei a mim mesmo.A minha cabeça estava repleta de questionamentos que eu não estava conseguindo responder. Quando eu fiquei mais calmo, eu saí pra falar com os fiéis, mas a igreja já estava vazia, e isso quase nunca acontecia pela manhã, muito pelo contrário, a igreja tinha fiéis o dia quase todo, principalmente em pleno sábado.Eu não pensei que a minha atit