(Letícia)A minha mãe passou praticamente o dia inteiro sem falar comigo, e eu nem quis perguntar o motivo pois eu sabia muito bem qual era.Ela devia ficar com raiva era do padre que praticamente me expôs na frente de todo mundo, na cabeça dela ele era um santo.Apesar da pouca idade, eu sabia muito bem reconhecer quando um homem sentia atração por mim, e eu não estaria agindo de uma forma tão possessiva se eu não tivesse certeza que o padre me olhava com desejo.Talvez eu tivesse ido longe demais, indo pra igreja pra atazaná-lo em vez de ir pra assistir a missa, mas eu acreditava que Deus jamais iria querer que uma pessoa fosse infeliz, sendo impedida de construir uma vida, viver amores, correr riscos, ou formar uma família, eu não conseguia ver lógica em privar uma pessoa de se apaixonar, indo contra a própria palavra de Deus, quando ele manda crescer e multiplicar. — Como que multiplica sem transar?Falei enquanto colocava a minha comida no prato.Mãe: Do que você está falando?E
(Leandro)Eu me contentei em tomar um copo de leite e biscoito, depois fui na igreja e fechei tudo, e fiquei um longo tempo de frente pra Santa Maria, sem dizer nenhuma palavra. A minha cabeça estava bagunçada, meu coração foi atingido por dúvidas que antes não existiam, e eu já não sabia mais o que falar, eu só sabia que fugiria da tentação o quanto eu pudesse.Eu fui caminhando pra casa com um sentimento de derrota, e nessa luta o diabo estava vencendo, pois ficar de pênis duro na frente de uma mulher, era algo inaceitável na minha posição.Eu desliguei as luzes do quintal, entrei em casa e tranquei a porta, fui pro quarto e olhei se a janela estava mesmo fechada e só depois me senti seguro pra tirar a roupa.— Eu nem estou acreditando que estou me sentindo inseguro dentro da minha própria casa, e o pior, estou com medo de uma mulher. Falei enquanto me despia.Eu coloquei uma roupa de dormir e deitei na cama, e pela primeira vez em anos, eu não rezei antes de dormir, e o mais preo
(Letícia)Quando voltei pra casa, a minha mãe estava na sala e olhou pra mim dos pés a cabeça, ela não era nenhuma boba, ela sabia que aquela produção toda era pra chamar a atenção do padre.Mãe: Tá dando uma agora de sair escondida?— Eu tenho 22 anos, não preciso sair escondida. Mãe: Mas precisa dar satisfações de onde vai, embora eu saiba que você foi atormentar o Padre Leandro.— Eu não tenho o poder de atormentar ninguém mãe, se ele é atormentado, deve ser pela própria mente dele.Mãe: Você precisa olhar pras pessoas dessa cidade com mais atenção Letícia, se você quer ter um namoradinho, aqui tem vários rapazes de família boa, com educação, e respeitadores, que irão dar pra você o que o padre não pode te dar.— E quem disse pra senhora que eu estou atrás de um namorado?Mãe: Eu não nasci ontem Letícia, eu já tive essa idade, e parece que esse fogo é eterno, mas quando você tiver a idade que tenho hoje, você vai ver que existem coisas mais importantes do que sexo.— Eu sei que ex
(Leandro)Eu já acordei imaginando o que a Letícia iria aprontar, afinal ela sempre dava um jeito de se infiltrar na minha cabeça de alguma forma, me obrigando a aceitar a presença dela na minha vida.Na noite anterior não foi nada fácil vencer a carne mais uma vez, o meu pênis demorou a amolecer, e estava sendo cada vez mais difícil comandar o meu corpo, e nem a oração estava mais servindo.Não estava mais existindo espaço pra pensamentos santificados, tudo em mim era pecado, e as palavras dela afirmando que eu estava sendo fiel a algo que eu não nasci pra ser, reverberou na minha mente.Eu fiz a minha higiene matinal, tomei o meu bom e velho café, coloquei a minha batina e tentei seguir com a minha rotina, mesmo sabendo que eu estava sendo um grande hipócrita, falando das coisas de Deus, e fazendo exatamente o que ele abominava.Por incrível que pareça, o dia passou e a Letícia não apareceu pra me atormentar, e das vezes que eu saí na rua, eu não a vi, o que era bem estranho. Não s
(Letícia)O cara bem na minha frente parecia ser mais jovem do que eu, porém era bonito, malhado, mas não tinha tanto corpo quanto o Leandro.Ele estava conversando com mais dois caras, mas os outros não eram tão bonitos. Eu caminhei em direção a ele, e não demorou muito pra ele notar minha presença, ele cochichou algo pros outros caras e os três ficaram babando enquanto eu chegava mais perto.O fato deles babarem não era nenhuma novidade pra mim, esse era o efeito que eu causava nos homens.— Oi? Os cumprimentei com um sorriso inocente no rosto, enquanto ele olhava pros meus peitos, os outros dois esticaram o pescoço pra olhar pra minha bunda.— Eu me chamo Letícia, eu cheguei a alguns dias na cidade, mas não conheci ninguém ainda.— Oi, eu me chamo André, e esses são o Thiago e o Félix.Eu dei um beijinho no rosto dos três.— Muito prazer!André: O prazer é todo nosso! Eu fiz contato visual com ele, e os outros dois perceberam que estavam sobrando, pois eu fiz questão de demonstra
(Leandro)O sorriso de vitória logo sumiu do meu rosto, eu comecei a cortar os legumes enquanto lembrava da língua do André entrando na boca da Letícia e no quanto ela estava gostando daquilo tudo.— Ai inferno!Gritei ao cortar o meu dedo.Eu corri pra pia e coloquei o dedo de baixo da água e depois fui até o quarto fazer um curativo.Eu não queria admitir pra mim mesmo que tudo o que eu estava sentido era ciúmes, pois eu achava impossível que alguém que eu conhecia a apenas alguns dias, fosse tomar conta do meu coração de forma tão repentina. Eu sempre falei em meus sermões sobre os desejos da carne, eu tinha o dever e a obrigação de fugir desses encantos, mas eu já não tinha tanta certeza que eu queria fugir.A verdade era que as minhas atitudes demonstravam o quão fraco eu estava e que talvez eu devesse mesmo buscar ajuda, mas se eu fizesse realmente isso, eu iria ter que me afastar das minhas funções por um tempo, e recuperar a minha comunhão com Deus.Eu já tinha cometido tanto
Quando a missa acabou, eu falei com todos, abençoei um por um e cada um foi pra suas casas, inclusive a Letícia e o novo namoradinho dela.Eu fui pra casa preocupado com a Santa Missa, pois ela iria acontecer no sábado, e eu teria que abençoar a hóstia e as entregar, mas eu não poderia fazer isso estando em pecado, isso seria uma afronta a Deus, e por mais que eu não tivesse chegado as vias de fato, a minha mente estava pecaminosa. Eu já não estava nem raciocinando mais com clareza, eu estava demonstrando o meu desagrado diante de todo mundo, e faltava bem pouco pras pessoas começarem a desconfiar.— O que eu estou fazendo com a minha vida?Eu tomei um banho, me vesti, escovei os meus dentes e depois fui comer, eu fiz um copo de vitamina, preparei um sanduíche e fui pra cadeira de balanço no quintal, mas antes que eu pudesse dar a primeira mordida no sanduíche ou beber um gole da vitamina, eu ouvi o som da cerca se abrindo e virei a cabeça imediatamente. Já era de se esperar que a
(Letícia)Se tem uma coisa que a vida me ensinou, foi escapar ilesa dos problemas em que eu me metia, e o Leandro havia acabado de criar um pra mim.Quando a minha mãe entrou em casa, ela pegou um cipó que estava perto do sofá e eu já sabia qual era a intenção dela.Todos nós temos algo do qual nos envergonhamos ou nos arrependemos, inclusive a minha mãe, e eu sabia onde o calo dela apertava.Ela esperava que eu fosse correr e me trancar no quarto como da última vez, mas eu me mantive imóvel, esperando ela dar passos sofridos em minha direção, mas antes que ela me alcançasse, eu usei o que eu tinha de melhor, a manipulação. — Antes que a senhora venha me bater, eu quero lembrá-la de três coisas, a primeira é que você não me criou, não trocou minhas fraldas, não me levou na escola, não fez nada que uma mãe deveria fazer por uma filha, então você não tem direito nenhum de me bater, segundo que você me deixou pra trás pra curtir a sua vida, e com certeza nessa curtição toda você fez co