Arlete era uma menina mimada que nasceu na mais alta classe da nobreza dessa matilha, foi treinada a vida toda para ser uma Luna cheia de classe, inteligente e refinada, porque já sabia que seu futuro companheiro, aquele que a Deusa da Lua havia predestinado, era o grande Alfa, o Lúcius. Ele, no início, era muito gentil a sua futura Luna, mas algo aconteceu após se casarem e firmarem o companheirismo diante da Deusa, que deixou o macho com ódio e nojo de sua Luna, ele a desprezava e tratava mal. A fêmea, desesperada para reconquistar o marido, fez de tudo para ter um herdeiro, mas nunca foi abençoada e ainda havia boatos de que o macho só ia para a cama dela depois de muito insistir, o que deixava ele desconfortável e sem vontade de gozar, assim nunca tiveram filhos até agora. E quando ela pensava que não poderia ficar pior, a irmã apareceu e despertou todos os desejos que ela tanto queria despertar no marido, causando sua revolta e fúria.
Hipócritas! É um bando de hipócritas!
Praguejei em meus pensamentos lembrando o verdadeiro motivo que a Arlete me odeia.
A verdade é que essas lobas aceitam tudo do marido, enquanto eles se divertem com as escravas, as estupram, abusam, as violentam e ao invés das lobas terem raiva dos maridos infiéis, ficam com raiva das amantes, que nem tem o direito de escolherem se querem ou não se entregar, porque a verdade é que ou elas aceitam que eles as usem do jeito que querem ou morrerão, e a morte é bem lenta e dolorosa para que sirva de exemplo a outras escravas que queiram recusar os machos.
– Quanta hipocrisia dessas mulheres, essas lobas que só ficam em suas casas esperando os maridos chegarem de outra trepada. – Um sorriso de escárnio apareceu no rosto e em seguida os dentes avermelhados apareceram também.
Não sei quanto tempo fiquei assim, de olhos fechados, sentada em um tronco esperando a morte chegar. Até que comecei a ver os primeiros raios do sol, estava amanhecendo, em pouco tempo os lycans iriam para suas casas dormir, estava ficando de dia e eu finalmente poderia dormir.
Dormir onde? Na cabana?
Um frio passou pelo meu corpo e meus olhos arregalaram, o Alfa estava esperando por mim e ele estava zangado.
Arrastei os pés até lá, a dor havia entorpecido o corpo, quando cheguei já era de manhã e antes de bater na porta, ela se escancarou e eu vi um macho sem camisa, apenas com uma calça e botas pesadas no corpo, e rosto era quase neutro, mas dava para perceber sua ira pelas sobrancelhas franzidas.
– Des-desculpe o atraso... – A voz saia tão fraca que parecia mais um suspiro.
– Posso... entrar? – Tive que engolir uma golfada de sangue que estava na boca. Após alguns minutos que ele me encarava, finalmente deu passagem para que eu pudesse entrar. Ainda me analisando, Lúcius fechou a porta com força atrás de mim, meu coração começou a acelerar. Ele se aproximou e ficou do meu lado enquanto cheirava e me analisava, fechei os olhos. Até que veio uma voz um pouco baixa do meu lado esquerdo, mas que dava pra sentir a áurea maligna daquele homem.
– Diga os nomes. – Seu tom autoritário me fez abrir os olhos e olhar para o lado, mas meu semblante era de confusão.
– É a última vez que vou repetir, quero que me diga os nomes de quem bateu em você. – Assim, em fração de segundos eu entendi. Maria Elena havia que dito que estava acontecendo alguma coisa na floresta e isso estava deixando Lúcius estressado e zangado, sem a escrava dele para que pudesse saciá-lo, o deixava pior ainda, e ver a escrava sem condições alguma de tê-lo na cama deixou o macho com ódio. A tola da Luna, pensando que o marido ficaria fora por um tempo, aproveitou a oportunidade para me castigar. Burrice!
Mesmo assim, eu não tinha falado nada, mesmo ansiosa para saber o que aconteceria com a Arlete, porém suas últimas palavras eram bem ameaçadoras:
– Da próxima vez, quem irá receber o castigo no seu lugar é a bastarda da sua filha.
Minha cabeça doía só de pensar na Kamilla sendo espancada.
Não! Prefiro a morte!
– KAROLINA! – Lúcius rosnou por causa do meu silêncio.
– Não foi nada, eu estou bem. – Falei mais grosso para que minha voz parecesse mais convicta, mas senti uma dor enorme no meu nariz e gritei alto de dor.
Track... De repente, minha respiração começou a melhorar.
Depois que o Alfa tirou a mão do nariz, eu entendi o que havia acontecido: Ele tinha colocado meu nariz quebrado de volta no lugar.
– Você está com as costelas quebradas, um pulmão perfurado, seu cérebro está inchado, alguns ossos do seu rosto estão quebrados e ainda tem energia para mentir, Karolina?! Se você não me disser quem te bateu, prometo que vou terminar de quebrar os outros ossos! – Os olhos do Alfa estavam brilhando de ódio, ele estava prestes a se transformar em lobo se eu não dissesse o que queria, então com um suspiro respondi:
– A Lu-Luna... cof, cof, cof... – Tossi sangue na mão. E com o mesmo tom neutro, autoritário e áspero o Alfa me mandou ir banhar antes de sair pela porta como se estivesse indo beber água.
Estava deitada na banheira com o corpo ferido submerso na água, às vezes perdia a consciência e sonhava com a cabana em que vivia, com o cheiro da grama e as flores que eu plantava. Era primavera, dia de Lua Cheia, finalmente eu poderia descansar meu corpo depois de passar o inverno todo aprendendo a lutar com meu tio, dia e noite, pois no inverno, os raios solares não eram tão fortes e o Dindo não perdia tempo para matar meu pobre corpinho de menina, músculos ainda atrofiados, com tanta porrada. Eu tinha certeza que ele descontava nesses treinamentos as vezes que corria atrás de mim com aquela vassoura de madeira. Saí da banheira e fui para meu quarto, coloquei um vestido florado que eu mesma fiz, olhei pela janela de madeira e vi o Dindo saindo da mata com um animal na mão, minha barriga logo roncou em resposta. Humm... Churrasco! Saí da cabana e ajudei meu tio com a caça, em pouco tempo acendemos uma fogueira e colocamos a carne para assar, enquanto eu estava cozinhando alguns le
Deitada na cama, sentindo as fortes emoções daquele homem, comecei a me sentir afetada também, e caramba! Maldição! Merda! Eu estava ficando cada vez mais excitada! O autocontrole que tenho sob minhas emoções está inútil, eu estava gostando daquilo e queria sentir mais, e mais, bem mais! Todos esses anos nas mãos do Lúcius, nunca me permiti sentir vontade ou prazer quando ele usava meu corpo por horas pois queria sempre me apegar as dores do corpo para NUNCA sentir uma única emoção boa por ele. Nada, além de ódio. Até agora... Ele foi o único homem que me tocou, me beijou e até os xingamentos pesados eu aprendi com ele. Lúcius brigava comigo por xingar os outros e as coisas, mas quem me ensinou foi ele mesmo. Maldito! Desgraçado! Porque foi me dar a porra desse sangue? Olhei pra ele e vi seus olhos brilhando, vi o pulso direito com um corte e sangue saindo de lá, lambi os lábios. – Quer mais? – Concordei com a cabeça. Ele colocou a ferida do seu pulso na minha boca e eu comecei a
Kamilla e Maria Elena estavam realmente encurraladas no canto da cama e o que levou o tapa da Elena já estava se abaixando para pegá-las, enquanto o outro lobo-soldado estava mais próximo da porta, essa foi a cena que vi quando entrei no quarto. Todos olharam pra mim, surpresos, os soldados se entreolharam e começaram a sorrir da ameaça que fiz segundos antes. – Olha quem está aqui querendo participar da brincadeira também. – O lobo perto das meninas, o mesmo que ameaçou minha filha e proferiu palavras obscenas para elas, o que eu estava com mais vontade de matar. Ele era magro, alto e cabelo preto curto, Július. – O Alfa sabe que você está fora do quartinho de vocês? – O outro lobo, que estava mais próximo da porta e, portanto de mim, foi quem disse. Esse era careca, mais forte e gordo, César. Eu estava com o rosto sério, sem expressão, porém com a mandíbula apertada, quase rangendo os dentes e minhas mãos, que já eram garras pretas com pelos avermelhados, estavam nas costas para q
Minha barriga estava sangrando muito devido aos cortes das garras do César, minha blusinha já estava toda rasgada, cobrindo apenas a parte dos meus seios, a dor que eu estava sentindo era muita, mas precisava continuar e esperar meu corpo se regenerar para poder escapar daqui com as meninas que estavam em choque na cama.As roupas da Maria Elena estavam todas rasgadas e provavelmente ela estava com as costas feridas devido à brutalidade de Július, a sorte é que cheguei a tempo antes dele conseguir abusá-la. Mesmo assim, a humana estava ainda com medo e depois de me ver, o meu estado, ficou mais nervosa ainda. Eu a entendo, pois nunca tinha visto uma briga entre lobisomens na sua frente, e a minha Kamillinha, era somente uma criancinha de 5 anos, não recebia nenhum treinamento de luta, portanto não entendia bem as coisas. – Levantem-se, depressa! – Disse enquanto as pegava pelos braços. Eu realmente não queria ser grossa, mas devido ao barulho que causamos, com certeza já estavam cheg
Arrastando minhas patas negras avermelhadas no chão, ofegante, com dores e cansada, me agachei. Senti o peso das minhas costas se esvaindo e, deitada na mata, pude sentir meu corpo virando humano novamente, estava nua, mas exausta, eu só queria dormir um pouco, quando fechei os olhos, mas não conseguia dormir, minha mente estava em alerta, reuni forças e me levantei. – Karol beba um pouco. – Elena me oferecia a água da garrafa de barro que peguei na cozinha. – Vista-se. – Ela me deu a muda de roupa das escravas, um vestido branco e uma calçola. Com a floresta quase totalmente escura, eu estava sentada no chão, encostada em uma árvore enorme, já vestida e com a garganta menos seca pude descansar enquanto Elena procurava uma maneira de fazer uma sopa com a comida que tínhamos. Kamilla estava nos meus braços e eu acariciava o cabelinho ruivo dela, mas havia algo de errado com a minha filha e eu podia sentir. Levantei sua cabecinha delicadamente com meus dedos em seu queixo e ela olhou p
Entre os livros de leitura que eu e meu tio costumávamos ler, havia um específico que falava sobre espécies, principalmente as dominantes, as espécies que evoluíram durante o tempo e tornaram-se fortes e inteligentes. A primeira espécie que evoluiu durante milhares de anos foram os lobos, não éramos nós que estávamos acima da cadeia alimentar, éramos presas de outros animais que foram extintos e consequentemente, sem nenhum predador para nos impedir, evoluímos, ficando no topo da cadeia por mais mil anos, até que outra espécie começou a evoluir também, os humanos. Eles eram, de fato, extremamente inteligentes e nos olharam como seus inimigos, pois nesse tempo também os caçávamos como presas fáceis. A primeira vantagem que tiveram foi o fogo, alguns relatos dizem que foi um dos Deuses que lhes deram, mas nada é certo. Em seguida, começaram as pinturas e escritas, por último e não menos importante veio a fala. Eles estavam se tornando a espécie mais temida e pondo em risco a dos lobos.
A vontade de voltar para os braços do Lúcius estava ficando forte demais, mais forte do que quando eu bebi o sangue, ele está dando tudo de si para conseguir com que eu volte, estou sentada com a cabeça baixa e suando frio.– Me-Meu Lúcius... Preciso voltar... Ele está me chamando...– Karol, você precisa se controlar, precisa ser forte, você não quer voltar. – Maria Elena falava comigo enquanto segurava meus braços.– Que-Quero sim! – Eu o sentia, as lembranças daquela manhã estavam vindo como se eu ainda estivesse lá.– Karol, por favor! Você é forte! – Eu me levantei e olhei pra ela, uma tristeza tomou conta de mim, comecei a chorar.– Por quê? Por que ele está fazendo isso comigo? O que ele quer de mim? – Essa tristeza não era minha, eu já passei por coisas piores e nunca desmoronei em lágrimas dessa forma, isso era emoção dele.– Não chora, controle-se, você é mais forte que isso. – Senti uma raiva crescer de repente.– Fique longe de mim! – Elena se afastou acuada, eu percebi o
Claro que não! Como que a Maria Elena, uma simples camponesa, conheceria o primeiro vampiro a existir que veio do Oriente, uma terra distante da nossa?Mas, prestando mais atenção neles, tinha algo em comum, os olhos puxados. Era um detalhe que eu já tinha percebido quando a conheci, pois ninguém além dela tinha aqueles olhos pequenos e puxados, mas agora havia o vampiro que também tinha os olhos assim. Antes que eu pudesse questionar mais sobre isso, meus pensamentos foram cortados com a voz dela ao meu lado.– Como você sabia que eu iria gostar desse chá? – Ela também estava achando muito estranho aquilo.O vampiro permaneceu ainda fazendo outra tigela de chá, sem expressão, quando ele terminou o que estava fazendo, apenas a olhou ainda sério, pensou um pouco antes de responder.– Você também é do Oriente, deduzi que gostava das mesmas ervas de chá que os humanos orientais gostam. – Fazia sentido o que ele disse, mas ela não estava nada convencida.– Mas eu era recém-nascida quando