Kamilla e Maria Elena estavam realmente encurraladas no canto da cama e o que levou o tapa da Elena já estava se abaixando para pegá-las, enquanto o outro lobo-soldado estava mais próximo da porta, essa foi a cena que vi quando entrei no quarto. Todos olharam pra mim, surpresos, os soldados se entreolharam e começaram a sorrir da ameaça que fiz segundos antes.
– Olha quem está aqui querendo participar da brincadeira também. – O lobo perto das meninas, o mesmo que ameaçou minha filha e proferiu palavras obscenas para elas, o que eu estava com mais vontade de matar. Ele era magro, alto e cabelo preto curto, Július.
– O Alfa sabe que você está fora do quartinho de vocês? – O outro lobo, que estava mais próximo da porta e, portanto de mim, foi quem disse. Esse era careca, mais forte e gordo, César.
Eu estava com o rosto sério, sem expressão, porém com a mandíbula apertada, quase rangendo os dentes e minhas mãos, que já eram garras pretas com pelos avermelhados, estavam nas costas para que eles não percebessem minha fúria.
– O Alfa sabe que vocês dois estão tentando atacá-las? Esse foi o serviço que ele mandou vocês fazerem? – Perguntei no mesmo tom do César.
Os dois se entreolharam novamente e arregalaram os olhos como se tivessem sido pegos no flagra. Július se afastou das meninas, como eu queria, e deu um passo na minha direção.
Eu sabia que eles iriam utilizar a força contra mim e estava preparada para brigar, meu maior medo e obstáculo eram as duas que estavam encurraladas dentro daquele quarto minúsculo, que não iriam conseguir se defender de uma luta de três lobos dentro daquele quarto, então eu tinha que tirá-los dali para que elas não sofressem nenhum arranhão.
Dois lobos-soldados contra uma fêmea indicava que eu estava em desvantagem, fora que havia mais dois soldados na entrada quando cheguei, o melhor das hipóteses é que tenham saído, pois se começar um briga aqui, os barulhos iriam chamar a atenção deles.
Apesar de ter recuperado minhas energias e boa parte da minha força, ainda não estava cem por cento, cinco anos de escravidão não iria ser restaurado em uma manhã, mas o sangue do Lúcius e a alimentação que tive era o suficiente para enfrentá-los, eu preferia morrer a ver esses nojentos encostando na minha filhotinha, nela não!
– Tudo bem, podemos deixar elas irem se você nos agradar, o que acha?! – Július falou sorrindo. Claro que eles não iriam deixar elas se safarem, mas me fingi de idiota.
– Certo, então as deixe irem e eu farei o que mandarem. – Disse com a cabeça baixa e voz de rendição.
– Karol!? NÃO! – Elena olhou pra mim incrédula.
– Essa humana já está me enchendo o saco! O que você é? Protetora de puta? – Július encarou a Elena e pegou o seu braço. – Já que você quer tanto ficar então eu aceito que fique, enquanto meu amigo cuida da Karol. – Ele olhou de volta para o César, que olhou pra mim com um sorriso, então é isso, César cuida de mim enquanto o Július das meninas.
O soldado avançou em passos pesados enquanto eu recuava para fora do quarto.
– Isso mesmo, princesa, vamos para o outro quarto já que esse está ocupado. – Disse sorrindo e olhando para meu corpo, com seus olhos começando a brilharem de desejo. Até que avançou para pegar meu braço direito com minhas mãos ainda atrás das costas.
A mão do macho estava chegando ao meu ombro esquerdo quando me esquivei e segurei com minha garra direita. Ele avançou com a outra mão solta para pegar meu braço direito, mas o segurei com a garra esquerda. Levantei minha perna direita e dei um chute no seu abdômen, o macho se contraiu e cambaleou para trás agarrando o local que foi chutado e rosnou de dor e raiva, com o rosto dele na altura do meu peito, agarrei sua garganta a aprofundei minhas garras lá já no ponto de arrancar suas entranhas, mas o grito da Kamilla me distraiu e afrouxei o aperto na garganta olhando na direção do grito, Julius estava com elas fazendo o que bem entender, eu tinha que salvá-las.
A distração que tive foi perfeita para o macho contra-atacar segurando a garra que estava dentro da garganta e, usando o seu corpo, ele me jogou no chão com a mão direita na minha garganta e a outra segurando meu braço direito. César tentou me prender com as pernas, mas mesmo sendo sufocada, usei minhas duas pernas para chutá-lo novamente, e pegando impulso para dar uma cambalhota para trás, fiquei de joelhos me livrando do seu aperto. Meus olhos brilharam vermelho escarlate, o cabelo que estava solto caiu contra meu rosto e ao redor, mostrei meus caninos e rosnei. Ele ainda caído no chão, provavelmente com alguma costela quebrada, ficou olhando pra mim sem poder avançar, foi o momento perfeito para correr na direção do quarto e atacar Július.
No quarto, Kamilla estava deitada de bruços na cama e Maria Elena em cima da menina fazendo uma espécie de escudo humano enquanto o macho rasgava a roupa da mulher.
Rosnei para chamar sua atenção, ele me olhou incrédulo, parou de rasgar as roupas da Elena e ficou de joelhos na cama. Perfeito! Era o que eu queria, assim eu posso tirá-lo de cima delas sem machucá-las!
Avancei com um rugido e pulei contra ele, para meu azar, César correu atrás de mim e avançou nas minhas costas, nós três caímos contra a parede que, apesar de reforçada, não aguentaria três lobos lutando, então se quebrou, e fomos parar a um metro de distância, do lado de fora do quarto, ainda dentro da cabana, só que em outro corredor de quartos para escravas. Nós três rolamos no chão, Július na minha frente, César atrás de mim e eu no meio deles.
Senti as garras do César afundando na minha barriga e uma dor começou a latejar, mas não podia me focar na dor e sim em Július que estava em cima de mim quando paramos de rolar, enquanto o outro estava embaixo. Afastei o ombro de Július, que parecia ainda estar sem entender nada do que estava acontecendo, e enfiei quatros garras embaixo do seu queixo, atravessando seu maxilar, língua e parando no céu da boca. Ele abriu a boca com o golpe e uma fina camada de sangue começou a sair de lá, o macho desmaiou logo em seguida.
Só faltava César, que estava rasgando minha barriga, se ele continuasse, provavelmente arrancaria algum órgão, para piorar, eu estava presa em cima dele, sem poder aplicar nenhum golpe, mais um segundo, eu poderia morrer ali.
Segurei sua garra direita, que era a que mais estava fazendo estrago na minha barriga, deixando um caminho de ferimento enquanto o sangue fluía, ele estava fazendo aqui de propósito, para me causar mais dor, pois estava se sentido humilhado por ter apanhado de mim minutos antes.
Com minhas duas garras focadas em uma dele, consegui puxar para cima, livrando minha barriga do seu ataque, segurei o pulso dele com a garra esquerda, entrelacei nossos dedos com a garra direita e impulsionei a mão dele para trás e para baixo ao mesmo tempo, quebrando seu pulso, ele gritou de dor e me soltou. Virei-me de frente pra ele enfiei os quatros dedos da garra direita entre seus olhos, o fazendo ficar cego.
Enquanto o macho gritava de dor, eu corria na direção do quarto onde estavam as meninas, para minha sorte elas ainda estavam lá, acuadas na cama.
– VAMOS! – Rugi para que elas se levantassem da cama. Eu não esperaria mais nenhum dia para sairmos dali como havia combinado com a Elena de fugirmos no outro dia que era quando o Lúcius tinha permitido que eu dormisse com a Kamilla. Não! Esse plano deveria ser adiado e iríamos fugir agora!
Esse capítulo contém cenas de violência, lutas e sangue.
Minha barriga estava sangrando muito devido aos cortes das garras do César, minha blusinha já estava toda rasgada, cobrindo apenas a parte dos meus seios, a dor que eu estava sentindo era muita, mas precisava continuar e esperar meu corpo se regenerar para poder escapar daqui com as meninas que estavam em choque na cama.As roupas da Maria Elena estavam todas rasgadas e provavelmente ela estava com as costas feridas devido à brutalidade de Július, a sorte é que cheguei a tempo antes dele conseguir abusá-la. Mesmo assim, a humana estava ainda com medo e depois de me ver, o meu estado, ficou mais nervosa ainda. Eu a entendo, pois nunca tinha visto uma briga entre lobisomens na sua frente, e a minha Kamillinha, era somente uma criancinha de 5 anos, não recebia nenhum treinamento de luta, portanto não entendia bem as coisas. – Levantem-se, depressa! – Disse enquanto as pegava pelos braços. Eu realmente não queria ser grossa, mas devido ao barulho que causamos, com certeza já estavam cheg
Arrastando minhas patas negras avermelhadas no chão, ofegante, com dores e cansada, me agachei. Senti o peso das minhas costas se esvaindo e, deitada na mata, pude sentir meu corpo virando humano novamente, estava nua, mas exausta, eu só queria dormir um pouco, quando fechei os olhos, mas não conseguia dormir, minha mente estava em alerta, reuni forças e me levantei. – Karol beba um pouco. – Elena me oferecia a água da garrafa de barro que peguei na cozinha. – Vista-se. – Ela me deu a muda de roupa das escravas, um vestido branco e uma calçola. Com a floresta quase totalmente escura, eu estava sentada no chão, encostada em uma árvore enorme, já vestida e com a garganta menos seca pude descansar enquanto Elena procurava uma maneira de fazer uma sopa com a comida que tínhamos. Kamilla estava nos meus braços e eu acariciava o cabelinho ruivo dela, mas havia algo de errado com a minha filha e eu podia sentir. Levantei sua cabecinha delicadamente com meus dedos em seu queixo e ela olhou p
Entre os livros de leitura que eu e meu tio costumávamos ler, havia um específico que falava sobre espécies, principalmente as dominantes, as espécies que evoluíram durante o tempo e tornaram-se fortes e inteligentes. A primeira espécie que evoluiu durante milhares de anos foram os lobos, não éramos nós que estávamos acima da cadeia alimentar, éramos presas de outros animais que foram extintos e consequentemente, sem nenhum predador para nos impedir, evoluímos, ficando no topo da cadeia por mais mil anos, até que outra espécie começou a evoluir também, os humanos. Eles eram, de fato, extremamente inteligentes e nos olharam como seus inimigos, pois nesse tempo também os caçávamos como presas fáceis. A primeira vantagem que tiveram foi o fogo, alguns relatos dizem que foi um dos Deuses que lhes deram, mas nada é certo. Em seguida, começaram as pinturas e escritas, por último e não menos importante veio a fala. Eles estavam se tornando a espécie mais temida e pondo em risco a dos lobos.
A vontade de voltar para os braços do Lúcius estava ficando forte demais, mais forte do que quando eu bebi o sangue, ele está dando tudo de si para conseguir com que eu volte, estou sentada com a cabeça baixa e suando frio.– Me-Meu Lúcius... Preciso voltar... Ele está me chamando...– Karol, você precisa se controlar, precisa ser forte, você não quer voltar. – Maria Elena falava comigo enquanto segurava meus braços.– Que-Quero sim! – Eu o sentia, as lembranças daquela manhã estavam vindo como se eu ainda estivesse lá.– Karol, por favor! Você é forte! – Eu me levantei e olhei pra ela, uma tristeza tomou conta de mim, comecei a chorar.– Por quê? Por que ele está fazendo isso comigo? O que ele quer de mim? – Essa tristeza não era minha, eu já passei por coisas piores e nunca desmoronei em lágrimas dessa forma, isso era emoção dele.– Não chora, controle-se, você é mais forte que isso. – Senti uma raiva crescer de repente.– Fique longe de mim! – Elena se afastou acuada, eu percebi o
Claro que não! Como que a Maria Elena, uma simples camponesa, conheceria o primeiro vampiro a existir que veio do Oriente, uma terra distante da nossa?Mas, prestando mais atenção neles, tinha algo em comum, os olhos puxados. Era um detalhe que eu já tinha percebido quando a conheci, pois ninguém além dela tinha aqueles olhos pequenos e puxados, mas agora havia o vampiro que também tinha os olhos assim. Antes que eu pudesse questionar mais sobre isso, meus pensamentos foram cortados com a voz dela ao meu lado.– Como você sabia que eu iria gostar desse chá? – Ela também estava achando muito estranho aquilo.O vampiro permaneceu ainda fazendo outra tigela de chá, sem expressão, quando ele terminou o que estava fazendo, apenas a olhou ainda sério, pensou um pouco antes de responder.– Você também é do Oriente, deduzi que gostava das mesmas ervas de chá que os humanos orientais gostam. – Fazia sentido o que ele disse, mas ela não estava nada convencida.– Mas eu era recém-nascida quando
Horas depois acordei naquele quarto imundo, sozinha, naquele chão de palhas, quando me movi um pouco tentando levantar senti uma dor aguda entre as pernas e algo molhado, coloquei a mão no local da dor e meus dedos molharam, levantei a mão para frente do meu rosto e vi sangue. Fiquei desesperada. Naquele tempo, eu tinha 18 anos então já tinha menstruado, mas aquela quantidade de sangue não era normal. Esforcei-me para levantar e mesmo com dores, consegui, olhei para onde estava deitada e realmente havia bastante sangue.Escutei alguém chegando e a porta sendo aberta, com medo de ser o monstro tentei correr para me esconder, mas perdi as forças das pernas e caí, a porta foi aberta, mas para minha sorte quem estava lá era uma senhora negra que ficou horrorizada com a cena que viu, ela se aproximou de mim e ajudou-me a sentar.– Criança, você não pode se movimentar, precisa ficar deitada. – Eu senti a preocupação e tristeza nos olhos daquela estranha, sabia que ela era diferente dos outr
– Desculpa pela comparação da Elena e sua imperatriz, não era minha intenção ofendê-los. – Eu realmente me senti culpada por ter sido a causadora desse clima estranho, não sabia por que me comportei dessa forma, nos conhecíamos apenas algumas horas e parecia que éramos amigos íntimos, talvez seja por ter ficado empolgada de ter escapado da aldeia e também por ter escutado as histórias do vampiro ao redor de uma fogueira, era como se eu tivesse voltado ao tempo e estivesse em uma daquelas noites com meu tio, mas a realidade é outra e eu preciso saber disso.– Não precisa se desculpar, a culpa não é sua. – Ele disse com os olhos fixos para a fogueira como se estivesse pensando em algo.– Como assim?– Por que você está fugindo de um Alfa? – Ele fixou os olhos nos meus. Estava fugindo do assunto de novo, esse homem é esperto, sabe que existe algo entre eu e o Lúcius e para não me dá uma resposta que seja comprometedora, fica colocando o Alfa na conversa.– Por que é necessário. – Falei cu
Eu estava correndo pela floresta que tanto amava, estava escuro e mesmo com a minha visão de loba, tudo estava embaçado devido às minhas lágrimas. De repente ouvi um rosnado na minha frente, tentei limpar meus olhos ajustando a visão e o vi. Era Lúcius, em sua forma de lycan, branco, gigante, com os olhos castanhos claros brilhando. Ele estava parado, me encarando, então começou a correr na minha direção. Eu corri desesperadamente na direção contrária, indo pelo mesmo percurso que tinha acabado de trilhar, tentei me transformar em loba e não consegui, ele estava me alcançando. Até que entre as árvores, alguns metros de distância à minha frente eu vi um par de olhos azuis. Apesar de ter visto apenas uma vez já sabia quem era. Drakon estava parado com um sorriso sarcástico no rosto, uma mão nas costas e o braço direito curvado em frente, na altura da barriga. – Você vai passar o resto da vida fugindo? Se quiser enfrentá-lo, apenas enfrente como fez comigo, não há nada a temer. Parei