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Eu estava correndo pela floresta que tanto amava, estava escuro e mesmo com a minha visão de loba, tudo estava embaçado devido às minhas lágrimas. De repente ouvi um rosnado na minha frente, tentei limpar meus olhos ajustando a visão e o vi. Era Lúcius, em sua forma de lycan, branco, gigante, com os olhos castanhos claros brilhando. Ele estava parado, me encarando, então começou a correr na minha direção. Eu corri desesperadamente na direção contrária, indo pelo mesmo percurso que tinha acabado de trilhar, tentei me transformar em loba e não consegui, ele estava me alcançando. Até que entre as árvores, alguns metros de distância à minha frente eu vi um par de olhos azuis. Apesar de ter visto apenas uma vez já sabia quem era. Drakon estava parado com um sorriso sarcástico no rosto, uma mão nas costas e o braço direito curvado em frente, na altura da barriga. – Você vai passar o resto da vida fugindo? Se quiser enfrentá-lo, apenas enfrente como fez comigo, não há nada a temer. Parei
Desde a descoberta da existência vampírica, os lobos e humanos os olharam como aberrações, seres sem sentimentos que voltaram da vida apenas com sede de sangue. Nos livros, eles eram tratados como pessoas que ofenderam os Deuses e o equilíbrio da natureza e ainda representam o próprio pecado. São pessoas sem vida e sem emoção, eram cruéis que mereciam morrer, mas eu estava começando a me questionar se era verdade mesmo tudo aquilo que foi escrito. – Por que ela te amaldiçoaria? – Não que eu estava achando que aquilo era mentira, mas deveria haver alguma explicação para que a esposa dele fizesse isso. Será se foi por ciúmes das outras esposas? Mas na terra dele se casar com mais de uma era uma coisa culturalmente normal. Ele virou-se e seus olhos negros fixaram-se para a lua, com as duas mãos entrelaçadas em suas costas. – Por que eu merecia. – Ele falou com a voz baixa, como se não quisesse admitir aquilo. – No início eu gostava, mas depois de anos sem seguir o curso natural da vida
Eu estava rolando na grama com aquele lobisomen prateado após tê-lo atacado fazendo com que nossos corpos fossem arremessados para longe da Kamilla que estava chorando no chão. O som baixinho dos seus soluços era o suficiente para minha raiva explodir mais ainda. Arranhões, mordidas, sons grotescos de duas feras gigantes lutando em um campo aberto soava por toda a floresta. Ele tentava morder meu pescoço, mas eu o impedia batendo minhas patas com unhas afiadas no seu rosto que começava a sangrar. Vendo que era inútil continuar tentando, com sua pata traseira, o lobo fincou bem onde ele sabia que minha costela ainda estava quebrada. A dor voltou forte me fazendo parar de rolar enquanto ele ficava em cima de mim, mas com minhas patas traseiras livres logo o chutei no abdômen. O Betha foi jogado um pouco longe o suficiente que eu me livrasse dele e levantasse. Ambos estávamos em pé nos encarando com os caninos para fora e rosnando. Dei um rugido alto, posicionei minha postura com a cab
Sentindo as lágrimas caírem pelo meu rosto, finalmente consegui dormir. Durante todos esses anos, eu aprendi que era muito melhor jogar para fora toda a tristeza de perder um ente querido do que deixá-la criar raiz. Passar um dia chorando toda a lágrima acumulada era mais libertador do que guardar as emoções para si e ficar calada. Se um dia eu encontrar alguém que queira chorar pela morte de alguém, eu irei abraçá-la e dizer a essa pessoa: “Vá em frente e chore”.Acordei e já era à noite, meu corpo pesava uma tonelada por ter corrido tanto. Olhei para onde estava a Kamilla e não a vi, levantei-me depressa e saí da cabana procurando-a.– Olha mamãe, olha! – a menina apareceu correndo e pulando entre as árvores toda feliz, em sua mão direita havia um coelha branco.Meu coração que estava quase saindo pela boca voltou ao normal, respirei fundo até ela chegar perto. Ela tinha visto um coelho e decidiu caçá-lo, eu poderia repreendê-la, mas ela era apenas uma criança inocente e cheia de vi
Aquele homem estava parado encarando meu tio sem dizer uma única palavra.– O que você quer? – Finalmente o Dindo quebrou o silêncio. O homem deu um leve sorriso.– É assim que você trata as visitas? – Sua voz era grossa e bonita, e estava em um tom calmo, como se estivesse batendo um papo com algum conhecido.O homem deu mais alguns passos, pegou o meu banco de madeira e sentou-se nele, o que era até uma visão engraçada devido à diferença de tamanho.– Você não é bem-vindo aqui, deve se retirar. – Meu tio ainda estava parado em pé a uns 3 metros de distância da porta. Eu conseguia ver suas costas e um pouco da sua lateral.– E quem vai me fazer ir embora? Você? – Ele zombou do meu tio. Um homem que eu sempre considerei forte e que mesmo não sabendo muito seu passado nem seu nome verdadeiro, ele me dizia que era alguém importante, um guerreiro.Para zombá-lo daquela forma aquela pessoa sentada no meu banco não deveria ser qualquer um.– Diga o que quer. – Meu tio mesmo depois de ser d
Deitada na minha cama com a Kamilla dormindo ao lado, olhei pelo buraquinho da parede que estava se formando devido ao abandono, eu podia sentir os raios solares bem fortes, era quase ao meio dia. Depois de ter dormido algumas horas, acordei com um mal-estar, uma preocupação e medo. Não sabia por que estava daquele jeito até que lembrei do que me aconteceu quando conheci o Drakon, aquelas emoções que não me pertenciam pareciam ter voltado e aquilo estava ficando cada vez mais forte. Mas por que eu ainda as sinto? O sangue que tomei para me recuperar foi há dias, já deveria ter se dissolvido no meu organismo, mesmo assim aquelas emoções ainda estavam lá.Tentei parar de sentir aquilo, mas só parecia piorar. Eu respirava fundo, tentava dormir novamente e nada adiantava, era como se o causador daquelas emoções estivesse me chamando, gritando pelo meu nome. Esfreguei minhas mãos no rosto várias vezes tentando me acalmar, pois a Elena não estava mais conosco para cuidar da Kamilla se eu pe
O Lúcius sempre foi assim, toda vez que me via, não importa o que eu estivesse fazendo, ele queria me tocar, agarrar, cheirar. Parecia até um viciado vendo sua droga. No início eu não deixa, tentava escapar dele, e isso o enfurecia quando era rejeitado por mim. Depois de um tempo, eu comecei a perceber que era melhor deixá-lo me tocar, pois seria menos pior. – Acho que essa será a única vez que você é minha Luna, mesmo não sendo verdade. – Ele disse de olhos fechados enquanto estava grudado em mim na floresta. – Sua Luna é? – Achei graça daquilo. Nunca passou pela minha cabeça ser a Luna do Lúcius, principalmente porque eu sei quem ele é e quem é a Arlete. – Como se você se importasse com o que eu sou ou deixo de ser. – Não importa mesmo o que você é, o que importa é o que eu sinto e o que quero. – Diga-me Lúcius, o que você sente ou o que quer. – Aquela conversa estava me dando náuseas. – Eu sei que você me odeia Karolina, por tudo que fiz com você, mas é melhor tê-la ao meu lad
Tudo fazia sentido agora. O ódio que eu vi nos olhos do Drakon assim que ele viu a Elena pela primeira vez, o modo que ele se referia a ela como se a conhecesse, e todas as minhas suspeitas. Mas, o que ele queria com ela? E... ooh céus! Eu a entreguei de bandeja para ele.Comecei a pensar em como ele mostrou nossa localização ao Alfa sem que eu percebesse, e lembrei-me que naquela manhã eu havia dormido bastante ao lado da Kamilla, tanto que quando acordei já estava escuro e o Drakon estava com a Maria Elena em frente à fogueira com a janta feita. Isso! Ele aproveitou que eu estava dormindo e com a desculpa de que iria caçar, foi para perto da outra aldeia no intuito de que o Alfa Boldwin sentisse seu cheiro e o procurasse.Fechei meus olhos enquanto balançava minha cabeça em negação. Se a Maria Elena estivesse morta, a culpa era minha, por um descuido, porque dormi mais do que devia. Meus olhos estavam se enchendo de lágrimas.– A culpa é minha... – Disse baixinho perdida em pensamen