Capítulo 3

Babi ficou encarando a tela do notebook, o cursor piscando como se zombasse dela.

Depois de respirar fundo, ela anexou a única foto que achou adequada. Estava de lado, com o rosto meio escondido pelo cabelo, usando um cropped preto de manga longa que desenhava sua cintura e uma calcinha preta simples. Não era nada vulgar, mas havia algo de sutilmente sexy na imagem.

Ela não se achava sexy. Na verdade, nunca tinha pensado muito nisso. Só tinha ficado com alguns garotos, beijos trocados em festas ou encontros casuais, mas nada marcante. Sua primeira vez tinha sido aos 19, uma experiência desajeitada com um colega da lanchonete, sem nada de especial.

A ideia de homens ricos e mais velhos desejando sua companhia parecia distante demais da vida real.

Preencheu o restante do perfil com informações básicas — idade, hobbies, o que esperava da experiência. Escreveu que gostava de livros, filmes antigos e café, tentando parecer interessante sem revelar muito.

Depois, clicou em "Salvar".

O coração batia acelerado, mas nada aconteceu.

As horas passaram, e a caixa de mensagens permaneceu vazia. Nenhuma notificação, nenhum interesse.

— Que idiota… — murmurou para si mesma, fechando o notebook com força.

---

No dia seguinte, enquanto dobrava guardanapos na lanchonete, contou para Zoe o que tinha feito.

— Criei o perfil… mas ninguém nem olhou pra mim. Acho que não nasci pra isso.

Zoe sorriu de lado.

— Às vezes demora. Ou você pode colocar uma foto mais… provocante.

— Não quero fazer isso — Babi retrucou rápido, sentindo o rosto queimar.

— Então espera — Zoe deu de ombros. — Quando eles vierem, vão vir em peso.

Babi soltou um suspiro, mas seus olhos pousaram no braço de Zoe quando ela se esticou para pegar um copo. Havia uma marca arroxeada, como se alguém a tivesse apertado com força.

— O que é isso?

Zoe puxou a manga para baixo rápido demais.

— Nada… só um cara que gostava de coisas mais pesadas. Acontece.

— Zoe…

— É raro, Babi. A maioria é supergentil. Só... tem uns que gostam de dominar um pouco mais.

Babi franziu o cenho, sentindo uma pontada no peito.

— E você tá bem com isso?

Zoe forçou um sorriso.

— Eu sei me cuidar.

A resposta não convenceu.

---

Durante o resto do dia, aquela conversa ficou na cabeça de Babi.

À noite, quando voltou para o apartamento vazio, decidiu que aquilo não era pra ela. Por mais desesperada que estivesse, não queria acabar como Zoe — escondendo hematomas e dizendo que estava tudo bem.

Ligou o notebook com a intenção de excluir o perfil de vez.

Mas antes de clicar em "Deletar conta", viu que havia uma mensagem nova.

"Boa noite, Babi. Adorei o seu perfil. Gostaria de conversar."

O remetente era um homem chamado Y.K.H..

Babi ficou encarando a tela, o dedo parado no touchpad.

Aquele clique podia mudar tudo.

Ou destruí-la.

...

Babi ficou encarando a mensagem na tela, mordendo o lábio.

Se ele só queria conversar, qual era o problema?

Ela precisava do dinheiro até domingo à noite. Talvez aquele cara fosse um daqueles que gostavam de dar presentes em troca de companhia. Não que ela gostasse da ideia de pedir algo—jamais faria isso. Mas se, por um milagre, ele oferecesse algo… bom, ela não estava em posição de recusar.

Respirou fundo e digitou uma resposta.

Babi: Oi! Boa noite. Obrigada pela mensagem. Pra ser sincera, é a primeira vez que uso esse site. Nunca fiz isso antes.

A resposta veio rápido.

Y.K.H.: Sério? O que te fez entrar?

Ela hesitou. Não queria parecer desesperada.

Babi: Curiosidade, eu acho.

Y.K.H.: Entendi. Eu também não estou aqui há muito tempo. Tenho 32 anos, sou CEO de uma empresa grande na cidade. Gosto de conhecer pessoas interessantes.

32 anos.

Babi esperava alguém mais velho. De alguma forma, isso a deixou um pouco mais tranquila. Ainda assim, a palavra "CEO" fazia soar um alerta em sua cabeça. O que um homem como ele queria com uma garota inexperiente como ela?

Babi: Isso é legal. Mas preciso ser honesta… não sei bem como isso funciona. Como disse, nunca fiz isso antes.

Ele ficou um tempo sem responder, e Babi começou a se perguntar se havia falado algo errado. Talvez ele preferisse alguém com mais experiência.

Mas então, a resposta veio.

Y.K.H.: Aprecio sua honestidade. Podemos nos encontrar para conversar. Que tal amanhã? No hotel La Royale. Estará reservado no nome de Baby Baby.

Babi arregalou os olhos.

O La Royale era um dos hotéis mais luxuosos da cidade.

Aquilo parecia surreal.

Antes de responder, pegou o celular e mandou uma mensagem para Zoe, contando o que havia acontecido.

A resposta veio quase que instantaneamente.

Zoe: MEU DEUS, BABI! Ele tem 32 anos?? Você deu sorte! A maioria dos caras desse site tem o dobro disso!

Babi: Não sei… tô nervosa. Não sei no que estou me metendo.

Zoe: Amiga, vai por mim, esse encontro vai ser ótimo. Mesmo que não role nada, você vai jantar num lugar chique, conhecer um cara rico e, quem sabe, sair com um presente.

Babi suspirou, encarando a tela.

Ainda estava ansiosa, preocupada. Mas Zoe estava certa em uma coisa: ela não perderia nada apenas por conhecer o cara.

E talvez, só talvez, aquele fosse o milagre que ela tanto precisava.

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