Capítulo 4

O sábado passou arrastado.

Babi tentou não pensar muito no encontro, mas era impossível. Desde o momento em que acordou, sentia uma ansiedade esquisita no estômago.

Às vezes se perguntava o que estava fazendo. Outras vezes tentava se convencer de que era só um jantar, uma conversa. Não significava nada além disso.

Recebeu mais algumas mensagens no site, mas decidiu não responder. Primeiro, precisava ver no que aquilo ia dar.

Mandou uma mensagem para Zoe:

Babi: O encontro é às 8. Se eu não te mandar nada depois das 11, me liga, tá?

Zoe: Relaxa, amiga. Você vai se sair bem. Mas se precisar, já sabe: código vermelho e eu invado esse hotel de salto e spray de pimenta!

Babi sorriu, mas a tensão no peito não diminuiu.

Para se distrair, passou boa parte do dia organizando o pequeno apartamento. Limpou a pia da cozinha, arrumou o armário, dobrou as roupas que sempre deixava jogadas. A cada hora que passava, sentia o tempo se esgotando.

Às sete da noite, foi até o espelho e começou a se arrumar.

Escolheu um vestido preto curto que valorizava seu corpo magro, deixando suas pernas à mostra e marcando seus seios de um jeito sutil, sem exageros. Colocou um salto médio, porque não queria parecer muito arrumada.

Observou-se no reflexo. Seu corpo esguio e exageradamente pálido contrastava com a roupa escura. Nunca puxou muita coisa de sua mãe espanhola—parecia bem mais com o pai americano. Os olhos expressivos e os cabelos escuros eram o único traço herdado da mãe.

Gostava do que via. Pelo menos, o suficiente para se sentir confiante.

Por fim, vestiu um casaco trench verde escuro para se proteger do frio da noite e chamou um Uber.

---

O carro parou em frente ao La Royale.

Babi respirou fundo antes de sair. O hotel era ainda mais impressionante de perto, com sua fachada de vidro iluminada e um saguão luxuoso que fazia qualquer um se sentir insignificante.

Ela atravessou as portas de entrada, tentando ignorar a sensação de que não pertencia àquele lugar.

Foi até a recepção, onde um funcionário de terno impecável sorriu para ela.

— Boa noite, senhorita. Em que posso ajudá-la?

— Tem uma reserva para… Baby Baby.

O recepcionista não demonstrou nenhuma reação ao nome incomum. Apenas digitou algo no computador e depois pegou um cartão-chave.

— Quarto 1205. Elevadores à sua direita.

Babi pegou a chave com dedos ligeiramente trêmulos.

Seguiu para os elevadores, subiu até o 12º andar e parou diante da porta numerada.

Respirou fundo uma última vez.

Girou a maçaneta e entrou.

O quarto era algo saído de um sonho.

Um espaço enorme, iluminado por luzes suaves embutidas no teto. O chão de mármore brilhava sob seus pés, e o tapete felpudo no centro parecia tão macio que ela teve vontade de se deitar ali mesmo. Uma cama king size, impecavelmente arrumada com lençóis brancos e travesseiros fofos, dominava a parede principal.

As cortinas de um azul profundo estavam entreabertas, revelando uma vista impressionante da cidade, com suas luzes piscando como estrelas artificiais. O sofá de couro creme combinava perfeitamente com a mesa de vidro, onde repousava uma garrafa de uisque ao lado de dois copos vazios.

Havia até uma varanda.

Babi retirou o casaco devagar, ainda absorvendo cada detalhe. Aquele lugar parecia de outro mundo—tão diferente de seu apartamento pequeno e gasto, onde cada móvel era de segunda mão e as paredes tinham rachaduras que seu senhorio se recusava a consertar.

Ela passou a ponta dos dedos pelo encosto do sofá, sentindo a textura suave do couro. Será que algum dia teria acesso a esse tipo de vida sem precisar… se vender?

Um som repentino quebrou seus pensamentos.

TOC, TOC, TOC.

Babi congelou.

A batida na porta a trouxe de volta à realidade.

Seus músculos se retesaram.

E se ele tivesse mentido? E se fosse um velho barrigudo e suado, como os que Zoe já encontrou? Ela nunca confiou totalmente nesse site.

Mas agora não podia simplesmente sair correndo.

Respirando fundo, virou a maçaneta e abriu a porta.

Seu coração quase parou.

Diante dela, estava um homem maravilhoso.

Alto, de ombros largos e corpo bem definido, vestido em um terno escuro perfeitamente ajustado. O tecido delineava sua silhueta musculosa de um jeito quase irritante.

O cabelo loiro e liso caía levemente sobre o rosto, os fios bagunçados de um jeito que parecia ao mesmo tempo natural e meticulosamente calculado. Seus olhos eram de um azul escuro intenso, penetrantes e avaliadores.

Ele parecia mais jovem que 32 anos, mas sua postura e expressão séria exalavam uma maturidade inquestionável.

— Boa noite — disse ele, com uma voz grave e firme.

Sem esperar resposta, passou por ela, entrando no quarto como se já fosse seu dono.

Babi piscou, surpresa com a atitude.

— Feche a porta — ele acrescentou sem olhar para trás.

Ela crispou os lábios.

O tom autoritário não lhe agradou, mas manteve-se em silêncio.

Afinal, ele estava pagando por isso.

200 dólares apenas para um encontro. Apenas para conversar, segundo ele.

Babi fechou a porta devagar, o estômago revirando.

Algo lhe dizia que aquela noite seria diferente de qualquer outra em sua vida.

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