Capítulo 5

O olhar dele era afiado, intenso.

Babi tentou fingir que não percebia, mas ele não se dava ao trabalho de disfarçar. Seus olhos azuis escuros a percorriam dos pés à cabeça, analisando-a como se estivesse avaliando uma compra.

Depois de um longo silêncio, ele suspirou.

Não era um suspiro de aprovação.

Era… de decepção?

Um desconforto se instalou no peito de Babi. Seus dedos se apertaram discretamente contra o tecido do vestido. O que ele esperava? Uma modelo de revista?

Sem dizer nada, o homem se afastou, caminhando até o minibar no canto do quarto. Com movimentos calculados, pegou uma garrafa de uísque e serviu duas doses em copos baixos de cristal.

Voltou até ela e estendeu um dos copos.

Babi aceitou, mas sem intenção de beber.

Seu estômago já estava revirado o suficiente, e ela nunca lidou bem com álcool. Uma dose pequena já era o suficiente para deixá-la tonta, e ficar vulnerável ali dentro não parecia uma ideia inteligente.

Levou o copo aos lábios, fingindo beber.

Ele observou, mas não comentou nada. Apenas tomou um gole do próprio uísque, com um ar pensativo.

— Yanek Kovalev-Harris — disse, finalmente, estendendo a mão para ela.

O nome soava imponente. Estrangeiro, mas sofisticado.

Babi hesitou antes de apertar sua mão. A pele dele era quente e firme contra a dela.

— E você? Pode me dizer seu nome real ou inventar um. Não me importa.

Ela pensou em mentir.

Mas algo na forma como ele a olhava a fez mudar de ideia.

— Bárbara Llanos Smith.

— Bárbara — ele repetiu, provando o nome como se estivesse testando o sabor de algo novo. — Diferente. Quais são suas origens?

— Meio latina,meio americana. Minha mãe era espanhola.

Yanek assentiu lentamente, como se aquilo fizesse sentido para ele.

— Sempre saí com uma determinada pessoa do site — disse, girando o copo na mão. — Mas ela decidiu sair. Vai se casar.

Babi apenas observou, esperando que ele chegasse ao ponto.

— Então — continuou ele, sem rodeios —, preciso de outra garota para servir a mim.

Ela franziu a testa.

— Servir a você?

A palavra ficou entalada em sua garganta.

Yanek percebeu sua reação. Seus olhos analisaram seu rosto, mas sua expressão permaneceu inalterada, impossível de ler.

Por alguma razão, aquilo só a deixou ainda mais desconfortável.

Yanek tomou o último gole de uísque e pousou o copo sobre a mesa de vidro com um clique suave.

— Você vai entender em breve — disse, enigmático.

Então, sem pressa, levantou-se e ajeitou o terno impecável. Caminhou até a mesa lateral e retirou do bolso um pequeno maço de notas. Contou calmamente e colocou 200 dólares sobre a superfície brilhante.

— Foi um prazer conhecer você, Bárbara.

Babi apenas observou, sem saber exatamente como reagir.

Ele seguiu até a porta e saiu sem mais explicações.

O silêncio do quarto pareceu pesar ainda mais depois de sua partida.

Babi piscou algumas vezes, tentando processar.

Que diabos havia acabado de acontecer?

Aquele cara a analisou, suspirou como se estivesse decepcionado, disse algumas frases vagas e foi embora. Era só isso?

Ela olhou para as notas sobre a mesa.

Bom, pelo menos tinha conseguido o dinheiro do aluguel.

Respirou fundo e pegou o celular, mandando uma mensagem para Zoe.

Babi: McDonald's? Eu pago.

Zoe: O QUÊ?

Babi: Só vem.

---

— VOCÊ TÁ ME ZOANDO!

Zoe arregalou os olhos, segurando um Big Mac na mão.

— Ele é gostoso assim mesmo?

Babi revirou os olhos, mordendo uma batata frita.

— Sim. Mas também é arrogante.

— Amiga, sinceramente? Eu toparia ser destratada por um homem desses se no final ele me pagasse um aluguel.

Babi riu, mas por dentro ainda sentia um incômodo estranho.

Ela não esperava nada, mas, ao mesmo tempo, se sentia rejeitada de alguma forma. Yanek a olhou com desdém, como se ela não fosse o suficiente para algo que ela nem sabia o que era.

Não que isso importasse. Ela nunca esperou que um homem como ele tivesse olhos para alguém como ela.

— Você acha que ele vai te chamar de novo? — Zoe perguntou.

Babi deu de ombros.

— Duvido. Mas não faz diferença. O aluguel tá pago, ainda sobrou um pouco, e eu nem precisei fazer nada.

As duas brindaram seus refrigerantes, rindo.

---

No dia seguinte, Babi acordou tarde, mas sua primeira missão foi ir até o escritório do senhorio.

Ao receber os 125 dólares, ele até abriu um sorriso—coisa rara.

— Pagando direitinho… isso é novo.

Babi ignorou o comentário. Pegou o recibo e saiu sem olhar para trás.

Agora poderia respirar um pouco melhor.

Foi para o trabalho, aliviada por finalmente não ter que se preocupar com o aluguel.

Estava ocupada limpando uma mesa quando sentiu o celular vibrar no bolso. Pegou o aparelho e viu uma nova mensagem.

Y.K.H: Te aguardo hoje. Mesmo horário, mesmo quarto.

Seu coração parou por um segundo.

Era ele.

Yanek Kovalev-Harris.

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