Yanek tomou sua boca em um beijo intenso novamente, quente, dominador. As mãos deslizaram pela sua pele, segurando sua nuca, descendo pelas suas costas. Seu corpo reagiu no mesmo instante, o desejo tomando conta dela. Ela queria aquilo. Queria tanto que doía. Então decidiu, por um instante, esquecer. Esquecer a outra mulher, esquecer os dias que ele passou longe, esquecer a raiva. Só sentir. O calor das mãos dele. O gosto da boca dele. Yanek a puxou ainda mais contra si e seus corpos se encontraram, pele contra pele, desejo contra desejo. Ele a tocava, a explorava como se tivesse sentido sua falta tanto quanto ela sentiu a dele. Mas, em alguns momentos, olhava para a outra mulher. E isso a machucava. Babi tentou ignorar. Tentou se perder nas sensações, no prazer que ele a fazia sentir, na maneira como seu corpo reagia ao toque dele. Mas algo dentro dela gritava. Não era o suficiente. Não queria ser só isso. Ainda assim, naquela noite, naquele momento, ela o
Babi ainda estava deitada, tentando organizar seus pensamentos, quando Yanek saiu do banheiro. Ele vestia apenas uma calça de moletom escura, o cabelo úmido e bagunçado, e a olhou de um jeito que fez seu estômago se revirar. — Toma um banho e fica comigo para o jantar — ele disse, como se não tivesse dúvidas de que ela aceitaria. Ela piscou algumas vezes, surpresa. Não esperava que ele quisesse que ela ficasse. Depois do que aconteceu, acreditou que ele apenas fosse embora como sempre fazia. Mas, mesmo se sentindo um pouco machucada por dentro, ela gostou do convite. — Tudo bem — respondeu, sentando-se na cama e ajeitando os cabelos antes de ir até o banheiro. Enquanto a água quente caía sobre seu corpo, tentou afastar da mente a lembrança da outra mulher, o modo como Yanek parecia entretido com ela. Precisava parar de se importar tanto. Se fosse continuar com ele, teria que aceitar as regras do jogo. Quando saiu, já vestida, ele a esperava perto da porta. Yanek sorriu e pegou
Babi respirou fundo e engoliu qualquer traço de emoção que pudesse transparecer. Não queria que Yanek percebesse o que sentia sobre aquilo. Não tinha o direito de exigir nada. Não podia ter ciúmes. Não podia querer exclusividade. Então, seguiu em frente. Yanek a puxou para si novamente, seu corpo quente e firme contra o dela. Ele a penetrou com a mesma intensidade de sempre, cada movimento profundo e certeiro, mas seus olhos… não estavam nela. Ele olhava para a mulher nua na poltrona à frente. Babi tentou ignorar. Tentou focar no prazer, no calor, no modo como o corpo dele fazia o dela reagir. Mas a cada segundo que passava, algo dentro dela se quebrava um pouco mais. Ela chegou ao clímax, seu corpo se rendendo às sensações que ele lhe proporcionava, mas quando seus olhos se fecharam, lágrimas se acumularam em seus cílios. Ninguém percebeu. Ou pelo menos, Yanek não percebeu. Quando tudo terminou, ele saiu da cama e foi para o banho, como sempre. A outra mulher se ves
Babi permaneceu parada na porta, observando Yanek enquanto ele se afastava. Sentia o coração disparado, a respiração um pouco acelerada, mas sabia que estava fazendo o certo. Ou pelo menos, achava que sabia. Mas então, quando ele já estava prestes a se virar para ir embora, ele parou. — Reconsidere. Babi piscou, surpresa com as palavras. — O quê? Yanek deu um passo à frente, seu olhar intenso fixo no dela. — Não rescinda o contrato. Ela abriu a boca para responder, mas fechou logo em seguida. Não era isso que esperava ouvir. — Yanek… — começou, mas ele a interrompeu. — Eu gosto de estar com você. Babi sentiu o coração apertar. Por um segundo, queria acreditar que aquilo significava mais do que apenas o físico, mas sabia que não podia se iludir. — Eu também gosto de estar com você, mas… isso não muda nada — ela disse, cruzando os braços, tentando parecer firme. Yanek passou a língua pelos lábios e inclinou a cabeça de leve, estudando-a. — Por que você quer aca
A caneca de café quase escorregou da mão de Babi quando o cliente ranzinza da mesa 4 resmungou outra reclamação. — Moça, eu pedi esse café com menos açúcar! Quer me matar de diabetes? Babi forçou um sorriso enquanto pegava a xícara de volta. — Claro, senhor. Vou trazer outro pra você. Virou-se com um suspiro exasperado, caminhando até o balcão, onde sua amiga Zoe terminava um pedido. Quando os olhares se encontraram, Babi revirou os olhos, e Zoe teve que morder o lábio para não rir. — Mais um reclamão? — Zoe perguntou, balançando a cabeça. — O de sempre — Babi respondeu, despejando o café na pia com um pouco mais de agressividade do que o necessário. O celular vibrou no bolso do avental. Ela o puxou com um pressentimento ruim e, quando viu o nome do senhor Vasquez, seu senhorio, um frio percorreu sua espinha. Com um suspiro, abriu a mensagem. Vasquez: Babi, aluguel tá atrasado. Preciso desse dinheiro até sexta, senão vou ter que procurar outro inquilino. Nada pessoal
O silêncio do apartamento era opressor. Babi se espreguiçou no sofá velho e olhou para o teto manchado, perdida em pensamentos. A conversa com Zoe ainda ecoava na sua cabeça, mas outra lembrança começou a tomar espaço, uma que nunca a abandonava de verdade. Ela fechou os olhos e viu sua mãe. Nos últimos anos de vida, a doença a consumiu rapidamente. Primeiro, era só uma tosse ocasional, algo que os médicos pareciam não levar tão a sério. Mas então vieram os acessos de falta de ar, as noites intermináveis de tosse seca e dolorosa. O diagnóstico veio tarde demais: fibrose pulmonar. Os médicos disseram que não havia muito o que fazer. O ar começou a lhe faltar mais do que nunca, e, em pouco tempo, sua mãe já não conseguia andar sem perder o fôlego. Babi tinha apenas doze anos quando a viu definhar. As mãos da mãe, antes fortes, tornaram-se frágeis, ossudas. Seu olhar, que um dia brilhava com vida e afeto, ficou opaco, resignado. No fim, ela mal conseguia falar sem se engasgar com
Babi ficou encarando a tela do notebook, o cursor piscando como se zombasse dela. Depois de respirar fundo, ela anexou a única foto que achou adequada. Estava de lado, com o rosto meio escondido pelo cabelo, usando um cropped preto de manga longa que desenhava sua cintura e uma calcinha preta simples. Não era nada vulgar, mas havia algo de sutilmente sexy na imagem. Ela não se achava sexy. Na verdade, nunca tinha pensado muito nisso. Só tinha ficado com alguns garotos, beijos trocados em festas ou encontros casuais, mas nada marcante. Sua primeira vez tinha sido aos 19, uma experiência desajeitada com um colega da lanchonete, sem nada de especial. A ideia de homens ricos e mais velhos desejando sua companhia parecia distante demais da vida real. Preencheu o restante do perfil com informações básicas — idade, hobbies, o que esperava da experiência. Escreveu que gostava de livros, filmes antigos e café, tentando parecer interessante sem revelar muito. Depois, clicou em "Salva
O sábado passou arrastado. Babi tentou não pensar muito no encontro, mas era impossível. Desde o momento em que acordou, sentia uma ansiedade esquisita no estômago. Às vezes se perguntava o que estava fazendo. Outras vezes tentava se convencer de que era só um jantar, uma conversa. Não significava nada além disso. Recebeu mais algumas mensagens no site, mas decidiu não responder. Primeiro, precisava ver no que aquilo ia dar. Mandou uma mensagem para Zoe: Babi: O encontro é às 8. Se eu não te mandar nada depois das 11, me liga, tá? Zoe: Relaxa, amiga. Você vai se sair bem. Mas se precisar, já sabe: código vermelho e eu invado esse hotel de salto e spray de pimenta! Babi sorriu, mas a tensão no peito não diminuiu. Para se distrair, passou boa parte do dia organizando o pequeno apartamento. Limpou a pia da cozinha, arrumou o armário, dobrou as roupas que sempre deixava jogadas. A cada hora que passava, sentia o tempo se esgotando. Às sete da noite, foi até o espelho e c