Capítulo 2

Irina

Vou até a padaria para falar com o padeiro e depois volto logo para passar no supermercado, tem um beco estreito ao lado do supermercado que às vezes uso para chegar mais rápido em casa ou do contrário teria que dar a volta e demoraria mais. Só que estou com um ingrediente que derrete muito rápido e preciso levar logo para a minha avó.

Quando já estou na metade do caminho Boris aparece, eu até penso em voltar, mas estou próxima do final do corredor, faço de tudo para não ficar sozinha com ele, mas...

Quando ele se aproxima de mim segura em meu pescoço e me soca contra a parede do estreito corredor. Boris tem um e oitenta de altura e é forte, em minhas mãos seguro as bolsas, o que me impede de jogá-las no chão é saber que a minha avó não tem mais dinheiro para comprar outros ingredientes.

— O que você quer? Eu já não fiz o que queria? Agora iremos sair de onde conhecemos tudo para um lugar onde não conhecemos nada. — E é quando ele coloca a enorme mão por debaixo do meu vestido e começa a alisar minha intimidade por cima da minha peça íntima enquanto fala sordidamente:

— Você poderia ir dormir no nosso quarto essa noite. Queria muito continuar o que começamos naquela noite. Você é tão pequena e parece ser tão gostosa. — Boris fala isso com um olhar maldoso.

— Você é um maldito tarado abusador. Eu sou sua prima, quase sua irmã. — Ele aperta mais o meu pescoço fala:

— Não é crime o que quero fazer com você. Seja boazinha e me satisfaça, Irina. — Boris me ameaça.

— Eu nunca me entregaria para você. Prefiro virar lésbica e ir para a cama com uma mulher do que me entregar para você. — Ele se enfurece e me dá uma bofetada ao falar:

— Quando nós nos mudarmos vou dar um jeito de conseguir o que eu quero de você, Irina. — Dá para sentir o ódio e o desejo nas palavras dele ao dizer isso.

Ele me solta e tira sua mão imunda de mim, levo um tempo para me acalmar e mais uma vez fingir que está tudo bem e não aconteceu nada.

Quando chego em casa por causa da minha pele clara minha avó vê logo que alguém apertou meu pescoço e me deu um tapa e pergunta preocupada:

— Meu amor, o que fizeram com você? Diga para mim quem foi e mandarei Boris dar uma surra na pessoa. — Só se ele surrar a si mesmo, penso.

Eu olho para a minha avó e tento arrumar uma desculpa para as marcas evidentes.

— Vovó, eu sofri uma tentativa de assalto ao passar por aquele corredor estreito ao lado do supermercado.

— Meu amor, já te pedi para não passar por ali. Olha o que fizeram com a minha bonequinha, espero que lá para onde vamos você não passe por isso. Sabe qual é um dos meus medos de irmos para lá? — Pergunta ela preocupada.

— A senhora tem tantos, a comida não ser igual a daqui, o clima também é diferente, as pessoas são um pouco mais fechadas... — Mas ela me interrompe e fala:

— Não, meu amor, você tem uma beleza que chama muito a atenção. Seus lábios são naturalmente avermelhados, seu nariz é perfeito e seus olhos penetrantes. Você chama muito a atenção e tenho medo que chame a atenção de pessoas maldosas. — Mal sabe a minha avó que o mal está bem aqui dentro de casa.

— Vou me cuidar, vovó. Eu prometo. Agora fala para mim, essa quantidade de bolo é para entregar em dois dias? — E ela responde:

— Sei que vai me ajudar e vamos conseguir os dois mil e quinhentos dólares para ajudar na nossa mudança facilmente! Agora, mãos na massa? 

— Mãos na massa! — Em dois dias fizemos o total de quarenta bolos, não paramos nem para dormir direito à noite e ainda temos mais vinte para entregar para essa padaria que está participando de um evento em uma igreja.

Eles levam bastante bolo para lá, parece que a venda dos bolos ajuda a arrecadar dinheiro para o orfanato que a igreja ajuda.

— Vovó, a senhora não parece nada bem. Pode deixar que esses vinte bolos restantes eu faço sozinha, não tem problema. Eu só quero que descanse.

— Acho que preciso descansar um pouquinho sim. Eu não acredito que minha idade está começando a me impedir de fazer o que eu gosto de verdade, mas creio que lá nos Estados Unidos os médicos são melhores do que os daqui e vão me ajudar a descobrir o que eu tenho. — Minha avó fala visivelmente cansada.

— Sim, vovó, eles vão te ajudar sim. Agora, por favor, deite e descanse.

Nos dias que passaram a seguir eu arrumo algumas faxinas para fazer, sou obrigada a cobrar um pouquinho mais caro do que eu costumo cobrar e claro que as pessoas para as quais eu trabalhei não gostaram nada quando eu pedi o pagamento em dólar, já que a moeda daqui é rublo russo.

Eu consegui juntar mil e duzentos dólares e meu primo conseguiu o que faltava e até um pouco mais, ele conseguiu um total de dois mil dólares. Eu até perguntei para ele de onde tirou aquele dinheiro, mas ele sempre muito misterioso apenas olhou para mim e saiu andando em seguida. Percebi que minha avó anda cada vez mais cansada e eu pergunto para o meu primo:

— Quando vamos para os Estados Unidos? Já conseguiu até mais do que precisávamos, eu quero muito que a nossa avó seja atendida por um médico assim que chegarmos lá. — E Boris responde:

— Nós iremos no final da semana que vem, estou terminando de resolver algumas coisas que não posso deixar pela metade por aqui. Mas já consegui três passagens muito baratas para nós três para semana que vem na sexta-feira à noite. Então, estaremos no avião para os Estados Unidos logo. Só precisa aguentar até lá sem dar seus chiliques.

Eu ignoro a última parte do que ele disse para mim e depois vou para o quarto ficar sozinha com a minha avó.

Os dias passam devagar e eu estou vendo minha avó cada vez pior, estou muito ansiosa para chegarmos logo lá.

E finalmente chega a noite de viajar. Minha avó que morre de medo de avião está nervosa, mas com muita insistência minha e do meu primo ela entra finalmente no avião. 

Uma senhora decidiu oferecer para ela um remédio para dormir um pouco, já que ela aparenta estar nervosa e acaba aceitando, é que ela vê que a mulher está sendo apenas amigável e quer ajudar.

Enquanto nossa avó dorme eu fico olhando pela janela do avião e me despedindo do único lugar que conheci na vida, já meu primo está confortavelmente reclinado ouvindo alguma coisa com fone de ouvido.

Eu não consigo ter essa paz que ele tem, sair do lugar onde você nasceu e cresceu para um lugar estranho que não conhece nada... É totalmente absurdo. Como ele não sente medo que dê algo errado? Como ele não sente medo de não conseguir voltar para o seu lar?

Agora eu não posso mais ficar me fazendo esse tipo de pergunta. Afinal de contas o avião já decolou para um destino incerto e que eu desconheço.

Meu coração dói e pesa, não consigo entender esse tipo de incômodo que estou em meu peito, mas confesso que quero que seja algo da minha cabeça, quero que seja apenas um medo bobo de estar lá, para um destino incerto, em um lugar que eu mal conheço. Então vamos para o próximo passo da nossa vida.

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