Irina
Vou até a padaria para falar com o padeiro e depois volto logo para passar no supermercado, tem um beco estreito ao lado do supermercado que às vezes uso para chegar mais rápido em casa ou do contrário teria que dar a volta e demoraria mais. Só que estou com um ingrediente que derrete muito rápido e preciso levar logo para a minha avó.
Quando já estou na metade do caminho Boris aparece, eu até penso em voltar, mas estou próxima do final do corredor, faço de tudo para não ficar sozinha com ele, mas...
Quando ele se aproxima de mim segura em meu pescoço e me soca contra a parede do estreito corredor. Boris tem um e oitenta de altura e é forte, em minhas mãos seguro as bolsas, o que me impede de jogá-las no chão é saber que a minha avó não tem mais dinheiro para comprar outros ingredientes.
— O que você quer? Eu já não fiz o que queria? Agora iremos sair de onde conhecemos tudo para um lugar onde não conhecemos nada. — E é quando ele coloca a enorme mão por debaixo do meu vestido e começa a alisar minha intimidade por cima da minha peça íntima enquanto fala sordidamente:
— Você poderia ir dormir no nosso quarto essa noite. Queria muito continuar o que começamos naquela noite. Você é tão pequena e parece ser tão gostosa. — Boris fala isso com um olhar maldoso.
— Você é um maldito tarado abusador. Eu sou sua prima, quase sua irmã. — Ele aperta mais o meu pescoço fala:
— Não é crime o que quero fazer com você. Seja boazinha e me satisfaça, Irina. — Boris me ameaça.
— Eu nunca me entregaria para você. Prefiro virar lésbica e ir para a cama com uma mulher do que me entregar para você. — Ele se enfurece e me dá uma bofetada ao falar:
— Quando nós nos mudarmos vou dar um jeito de conseguir o que eu quero de você, Irina. — Dá para sentir o ódio e o desejo nas palavras dele ao dizer isso.
Ele me solta e tira sua mão imunda de mim, levo um tempo para me acalmar e mais uma vez fingir que está tudo bem e não aconteceu nada.
Quando chego em casa por causa da minha pele clara minha avó vê logo que alguém apertou meu pescoço e me deu um tapa e pergunta preocupada:
— Meu amor, o que fizeram com você? Diga para mim quem foi e mandarei Boris dar uma surra na pessoa. — Só se ele surrar a si mesmo, penso.
Eu olho para a minha avó e tento arrumar uma desculpa para as marcas evidentes.
— Vovó, eu sofri uma tentativa de assalto ao passar por aquele corredor estreito ao lado do supermercado.
— Meu amor, já te pedi para não passar por ali. Olha o que fizeram com a minha bonequinha, espero que lá para onde vamos você não passe por isso. Sabe qual é um dos meus medos de irmos para lá? — Pergunta ela preocupada.
— A senhora tem tantos, a comida não ser igual a daqui, o clima também é diferente, as pessoas são um pouco mais fechadas... — Mas ela me interrompe e fala:
— Não, meu amor, você tem uma beleza que chama muito a atenção. Seus lábios são naturalmente avermelhados, seu nariz é perfeito e seus olhos penetrantes. Você chama muito a atenção e tenho medo que chame a atenção de pessoas maldosas. — Mal sabe a minha avó que o mal está bem aqui dentro de casa.
— Vou me cuidar, vovó. Eu prometo. Agora fala para mim, essa quantidade de bolo é para entregar em dois dias? — E ela responde:
— Sei que vai me ajudar e vamos conseguir os dois mil e quinhentos dólares para ajudar na nossa mudança facilmente! Agora, mãos na massa?
— Mãos na massa! — Em dois dias fizemos o total de quarenta bolos, não paramos nem para dormir direito à noite e ainda temos mais vinte para entregar para essa padaria que está participando de um evento em uma igreja.
Eles levam bastante bolo para lá, parece que a venda dos bolos ajuda a arrecadar dinheiro para o orfanato que a igreja ajuda.
— Vovó, a senhora não parece nada bem. Pode deixar que esses vinte bolos restantes eu faço sozinha, não tem problema. Eu só quero que descanse.
— Acho que preciso descansar um pouquinho sim. Eu não acredito que minha idade está começando a me impedir de fazer o que eu gosto de verdade, mas creio que lá nos Estados Unidos os médicos são melhores do que os daqui e vão me ajudar a descobrir o que eu tenho. — Minha avó fala visivelmente cansada.
— Sim, vovó, eles vão te ajudar sim. Agora, por favor, deite e descanse.
Nos dias que passaram a seguir eu arrumo algumas faxinas para fazer, sou obrigada a cobrar um pouquinho mais caro do que eu costumo cobrar e claro que as pessoas para as quais eu trabalhei não gostaram nada quando eu pedi o pagamento em dólar, já que a moeda daqui é rublo russo.
Eu consegui juntar mil e duzentos dólares e meu primo conseguiu o que faltava e até um pouco mais, ele conseguiu um total de dois mil dólares. Eu até perguntei para ele de onde tirou aquele dinheiro, mas ele sempre muito misterioso apenas olhou para mim e saiu andando em seguida. Percebi que minha avó anda cada vez mais cansada e eu pergunto para o meu primo:
— Quando vamos para os Estados Unidos? Já conseguiu até mais do que precisávamos, eu quero muito que a nossa avó seja atendida por um médico assim que chegarmos lá. — E Boris responde:
— Nós iremos no final da semana que vem, estou terminando de resolver algumas coisas que não posso deixar pela metade por aqui. Mas já consegui três passagens muito baratas para nós três para semana que vem na sexta-feira à noite. Então, estaremos no avião para os Estados Unidos logo. Só precisa aguentar até lá sem dar seus chiliques.
Eu ignoro a última parte do que ele disse para mim e depois vou para o quarto ficar sozinha com a minha avó.
Os dias passam devagar e eu estou vendo minha avó cada vez pior, estou muito ansiosa para chegarmos logo lá.
E finalmente chega a noite de viajar. Minha avó que morre de medo de avião está nervosa, mas com muita insistência minha e do meu primo ela entra finalmente no avião.
Uma senhora decidiu oferecer para ela um remédio para dormir um pouco, já que ela aparenta estar nervosa e acaba aceitando, é que ela vê que a mulher está sendo apenas amigável e quer ajudar.
Enquanto nossa avó dorme eu fico olhando pela janela do avião e me despedindo do único lugar que conheci na vida, já meu primo está confortavelmente reclinado ouvindo alguma coisa com fone de ouvido.
Eu não consigo ter essa paz que ele tem, sair do lugar onde você nasceu e cresceu para um lugar estranho que não conhece nada... É totalmente absurdo. Como ele não sente medo que dê algo errado? Como ele não sente medo de não conseguir voltar para o seu lar?
Agora eu não posso mais ficar me fazendo esse tipo de pergunta. Afinal de contas o avião já decolou para um destino incerto e que eu desconheço.
Meu coração dói e pesa, não consigo entender esse tipo de incômodo que estou em meu peito, mas confesso que quero que seja algo da minha cabeça, quero que seja apenas um medo bobo de estar lá, para um destino incerto, em um lugar que eu mal conheço. Então vamos para o próximo passo da nossa vida.
Tommaso A vida é como uma bela música, você precisa apreciá-la, senti-la e fazendo os movimentos certos será feliz. Eu tenho minhas irmãs, as gêmeas Tayla e Mayla, elas têm vinte e dois anos.Tayla é mais espevitada e me dá um certo trabalho já que não está casada e age como se tivesse dezesseis anos ainda.Mayla é um doce e se casou com meu amigo e sócio americano Joe Hanniger. Estão casados a pouco mais de dois anos e são muito felizes, ainda não tem filhos já que Mayla tem seu projeto de se tornar uma estilista famosa em pouco tempo e confesso que do jeito que está indo não irá demorar muito. Pelo menos na questão de trabalho a Tayla está no mesmo nível da Mayla já que as duas são sócias nesse negócio que estão montando.Nós fomos criados pela nossa avó Elettra, ela é mãe do nosso pai, nossos pais decidiram viajar pelo mundo poucos meses depois que as gêmeas nasceram dizendo não aguentar a pressão de ter filhos pequenos, a princípio minha avó pensou que eles voltariam um tempo dep
Tommaso Eu sempre faço isso quando estou por aqui, como faço lá na Itália, escolho um determinado restaurante pelo menos uma ou duas vezes na semana e vou nesse restaurante tiro um dia ou uma noite para cozinhar. E isso porque gosto, quando não vou mais vezes, mas isso depende do meu nível de trabalho e estresse do dia a dia.E às vezes eu passo o dia nesse escritório com números e papeladas, verificando gráficos, analisando os gastos. Enfim é um montante de coisas que acaba me prendendo demais no escritório e quando sobra um tempo gosto de passá-lo trabalhando um pouco com a comida que é o que eu mais gosto de fazer.E mais uma vez o meu primo começa a me infernizar com essa história de visitar esse tal lugar que eu não sei nem onde é eu falo para ele:— Hoje não vai dar, você sabe que quando eu tenho um tempo livre gosto de ir para os restaurantes e cozinhar. A propósito, leve a sua garota lá, espero que ela goste da comida. — E meu primo fala:— Você disse para mim que iria pensar
IrinaEu não acredito que realmente estamos aqui nos Estados Unidos. Ao sair do avião comecei a sentir um pouco de desespero. Quando saímos do aeroporto foi ainda pior, tinha taxistas para todos os lados e alguns deles quase nos arrastaram na direção dos táxis.Boris achou aquilo um máximo, mas a minha avó e eu não estamos felizes ou confortáveis com isso. Quando finalmente entramos no táxi a minha avó pergunta para Boris:— E então, meu neto, onde vamos morar? Você disse que seu amigo iria arrumar um lugar para ficarmos. Não quero ficar em um hotel, pessoas promíscuas ficam em hotéis, nós não. — E Boris responde:— Vovó, nós já estamos indo para nosso novo lar! Meu amigo disse que demos sorte pois a casa ao lado da dele estava para alugar e ele conseguiu segurar para nós. Lá tem apenas dois quartos, mas não vejo problemas já que a Irina pode dormir no mesmo quarto que eu.— Não!!! — Falo quase engasgando e todos olham para mim, até o taxista. E eu tento fazer uma cara tranquila — Eu
IrinaPensei que esse lugar recebia pessoas de todos os lugares de braços abertos, mas me enganei. Eu fiz uma amizade no último lugar em que trabalhei, uma senhora muito gentil, ela pegou o número para contato lá de casa e disse que vai me avisar quando aparecer algum trabalho fixo para mim.O Boris está trabalhando com um amigo dele em construções civis. Fiquei impressionada como ele conseguiu um trabalho mais rápido do que eu e não está sofrendo o que estou sofrendo.Hoje vou até uma floricultura onde me disseram que estão precisando de atendente e a pessoa que arrumou para mim foi uma vizinha daqui, ela disse que com a minha beleza vou chamar bastante atenção no balcão.Espero que eles não me contratem apenas pela minha beleza. Eu quero ser tratada pela forma que trabalho e não por ter um rosto bonito. Quero ser valorizada pelo meu trabalho e não pela minha aparência.Finalmente consegui um emprego, não me paga muito bem, mas o suficiente para conseguir levar a minha vó ao hospital
IrinaEstou sofrendo demais com a nova situação que surgiu em minha vida. Descobrir que alguém que eu amo está com uma doença grave, que mesmo sendo maligno, se for tratado consegue prolongar a vida da pessoa que você ama, o que você faria para tentar salvar a vida dessa pessoa?Eu já tentei por quase todo o lugar aqui encontrar um trabalho decente, mas eu já percebi que para ganhar o que preciso para começar o tratamento da minha avó precisaria de pelo menos umas três de mim para conseguirmos juntar todo o dinheiro necessário.O meu primo é tão idiota, não consigo chegar a uma conversa decente com ele. Já que ele disse que não pode me ajudar financeiramente porque está sustentando os três filhos que o mesmo deixou na Rússia. E fora algumas contas da casa que é ele quem paga.Eu não sei o quanto ele ganha nesse novo emprego dele, mas gostaria que ele pudesse pelo menos me ajudar com o tratamento da nossa avó. A doutora me disse que para o início do tratamento eu preciso de pelo menos
IrinaEu não sei o que faço. É muito difícil escolher entre sua dignidade e a pessoa que mais ama, sendo que vou sempre escolher a minha avó.Boris realmente esperou os dois dias e quando eu estava lavando a louça do jantar chegou perto de mim como quem iria colocar um copo para lavar e sussurrou para mim:— Irina, se você já tem a resposta para me dar hoje é o dia perfeito para te levar até o lugar para falar com a dona. Estarei aqui na sala te esperando para levá-la lá. Esperarei apenas cinco minutos assim que a nossa avó estiver dormindo. Não se atrase.Ele sai com a maior tranquilidade, claro que não é ele que terá que se vender como se fosse um objeto. Eu tento ver televisão, mas nada prende a minha atenção, a minha cabeça está dando voltas.Eu sei que já tomei minha decisão, mas mesmo assim ainda dói o que vou fazer. Vou jogar a minha dignidade na lama, eu não terei mais o brilho de antes, não terei mais o meu orgulho. Serei apenas uma mulher suja que se vendeu.Eu fico ali tão
IrinaEla me puxa para um lado do lugar que me deixa curiosa, pois depois que seguimos por um corredor o lugar que parecia uma boate começa a parecer uma casa, depois que passamos por uma sala com alguns sofás entrarmos em um pequeno escritório e eu acabo não resistindo e perguntando a idade da mulher que parece ser jovem e Rosalinda responde:— Meu anjo, não é educado perguntar a idade de uma dama, mas vou dizer pois parece muito curiosa... Tenho cinquenta e seis anos. — Mentira! Eu pensei que tinha quarenta. — Falo ainda em choque ao ver que a mulher é muito linda e jovial. Até que ela começa a me contar um pouco sobre o nome do lugar e sua história:— Sabia que Flor-da-Noite é o apelido de uma flor que floresce somente durante a noite? Apesar de várias espécies receberem o nome de Dama-da-Noite que é seu nome original, algumas como cacto-orquídea recebe o nome científico de Epiphyllum oxypetalum. É uma planta da família dos cactos originária do México que floresce na primavera, qu
IrinaDepois de descobrir que o presente que eu ganhei é nada menos que um diário, eu me sentei na cama e fiquei ali olhando para minha avó que foi a minha confidente a vida inteira.Mas agora tem coisas que infelizmente vou ter que esconder dela e nada melhor que um belo diário para isso e esse que eu ganhei parece um livro grande. A capa tem um veludo vermelho macio lindo, as folhas do diário parecem folhas envelhecidas um pouco amareladas, mas é apenas o charme do diário.Eu coloco o diário embaixo das minhas roupas no armário, depois me deito ao lado da minha amada avó e tento dormir. Acabo dormindo olhando para o rosto dela. Assim que acordo pela manhã vejo que minha avó já se levantou.Eu já falei para ela não se levantar e preparar o café da manhã, já disse que eu mesma posso fazer isso, mas ela é um pouco teimosa. Tomo um banho rápido e troco de roupa, pois ainda tenho que ir para floricultura, mas assim que abro a porta do quarto para descer sou empurrada de volta para o mesm