Capítulo 5

Irina

Eu não acredito que realmente estamos aqui nos Estados Unidos. Ao sair do avião comecei a sentir um pouco de desespero. Quando saímos do aeroporto foi ainda pior, tinha taxistas para todos os lados e alguns deles quase nos arrastaram na direção dos táxis.

Boris achou aquilo um máximo, mas a minha avó e eu não estamos felizes ou confortáveis com isso. Quando finalmente entramos no táxi a minha avó pergunta para Boris:

— E então, meu neto, onde vamos morar? Você disse que seu amigo iria arrumar um lugar para ficarmos. Não quero ficar em um hotel, pessoas promíscuas ficam em hotéis, nós não. — E Boris responde:

— Vovó, nós já estamos indo para nosso novo lar! Meu amigo disse que demos sorte pois a casa ao lado da dele estava para alugar e ele conseguiu segurar para nós. Lá tem apenas dois quartos, mas não vejo problemas já que a Irina pode dormir no mesmo quarto que eu.

— Não!!! — Falo quase engasgando e todos olham para mim, até o taxista. E eu tento fazer uma cara tranquila — Eu prefiro dormir com a nossa avó, ela não está bem e precisa da minha companhia. — Vejo o olhar que Boris lança para mim, mas eu ignoro. — Vó, vamos conseguir bons trabalhos e vamos poder cuidar melhor da senhora, eu prometo.

— Minha neta, não se preocupe tanto comigo. Só quero que vocês tenham a vida que almejam aqui e sejam felizes.

— Vovó, parte do motivo de virmos para esse lugar incrível é te dar uma vida melhor. Assim como também te levar a um bom médico para cuidar da sua saúde e é o que faremos, não é mesmo e Irina? — Ele olha para mim de um jeito que parece ser uma ordem a minha resposta.

— Sim, Boris! Iremos cuidar da nossa vó como ela cuidou de nós. 

Ele olha para mim de um jeito que eu não gosto. Boris ultimamente está muito atrevido. Mas não vou permitir que ele abuse de mim como fazia em nosso antigo lar. Vida nova vai vir acompanhada de uma nova Irina Dobrow.

Quando chegamos em um bairro super agitado vejo os olhos de minha vó se encherem de lágrimas, são lágrimas de saudades. Eu também não gostei muito daqui, meu coração dói ao ver minha vó tão saudosa.

Mas Boris olha em volta com um enorme sorriso no rosto como se estivesse em seu lugar preferido. Ele não se importa nem um pouco com o fato de nossa vó estar triste, só se importa com a própria felicidade.

— Olhe... Olhe, vovó, como todos aqui são animados. Nós temos uma boa vizinhança. Estão acenando e sorrindo para nós, diga olá para eles, vovó.

— Deixe-a quieta, Boris. — Ele está tão empolgado que não me ouve e continua acenando para todos que vê pela frente até que o táxi para e eu vejo uma casa não muito grande à minha frente, mas parece confortável. 

Saímos todos do táxi e Boris paga o taxista que sai dali muito rápido e eu penso: se aqui é um lugar tão bom assim, por que o taxista saiu daqui cantando pneu? Tenho que parar de pensar em coisas ruins. Só agora estou vendo que o amigo de Boris está aqui e eles estão conversando, escuto o tal amigo dele dizer:

— Boris, seu grande canalha, pensei que nunca viria e estava me enganando. Eu moro aqui ao lado. E a casa de vocês é essa. Como me pediu uma casa com dois quartos, achei essa perfeita.

— Meu neto, você disse para nós que só tinha essa casa com dois quartos. Por que ele está dizendo que você pediu uma casa com dois quartos? — Nossa avó pergunta e eu sei a resposta verdadeira, mas Boris mente.

— Vovó, meu amigo entendeu errado, mas não o julgue. Pelo menos temos uma casa.

— Vovó, não tem problema, eu posso dormir em seu quarto. Se eu não for incomodá-la.

— Minha neta, claro que pode dormir no meu quarto. Gosto de sua companhia. Agora vamos ver como essa casa é por dentro.

Assim que entramos na casa vejo que ela é realmente pequena. A sala é em conceito aberto com a cozinha, aqui em baixo tem apenas a sala, a cozinha e um banheiro pequeno. 

No andar de cima dois quartos não muito grandes e um banheiro no corredor. Graças a minha vó ficamos com o quarto que tem a cama de casal, será mais confortável para dormirmos.

Eu vou evitar levantar de madrugada para ir nesse banheiro, ele fica entre os dois quartos. Não quero correr o perigo de encontrar meu primo durante a noite, principalmente quando ele bebe. Já que ele fica bem mais forte e impossível de controlar quando está bêbado, eu não quero trazer esse desgosto para nossa vó.

Quando descemos e vamos para a cozinha a minha vó vê que nos armários falta alimento, então ela olha para o meu primo e ordena:

— Meu neto, precisamos comer. Vá até alguma mercearia e compre o que você sabe que sei cozinhar.

— Vamos, Boris, vou levar você até o lugar onde compro as coisas lá para minha casa, é pertinho daqui andaremos apenas uns sete minutos. — O amigo dele fala. 

— Sim... Vamos. Preciso conhecer o nosso novo bairro e você poderá me falar sobre o trabalho. — Boris concorda e puxa o homem na direção da porta.

Eles saem pela porta como se estivéssemos na nossa cidade na Rússia e eu fico aqui com a minha vó arrumando as nossas coisas que trouxemos de nosso antigo lar.

Os dias passam e eu estou correndo atrás de trabalho desde que cheguei aqui. A única coisa que eu consegui foi alguns bicos que não me renderam muito dinheiro e estou ficando cada vez mais preocupada.

Já que percebi que a saúde da minha querida avó piorou um pouco nos últimos dias, eu não sei se isso é devido a ela está sentindo falta de nosso antigo lar ou se é porque a saúde dela realmente debilitou.

Eu tento focar em arrumar um emprego decente, mas em alguns lugares as pessoas não gostaram muito de saber que eu não sou daqui, que sou apenas uma mulher russa. Não sabia que enfrentaria esse tipo de problema aqui.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo