Guilherme entrou em casa como um furacão. Nem deu tempo para Meg falar com ele, mesmo ela tendo tentado.Ele tomou um banho rápido e, já vestido, pegava as chaves do carro e a carteira quando Meg bateu na porta do seu quarto.— Entre — disse Guilherme.Meg entrou.— Tenho boas notícias, menino — disse ela, com um sorriso proposital no rosto.— Pode dizer depois? Estou com pressa, Meg — respondeu ele.Ele já ia saindo. Queimava só de pensar em Rosa, linda, perto do gavião do PK. Pra completar sua raiva — ou melhor, ciúmes — PK era um homem bonito.Meg insistiu:— Você vai amar.Guilherme suspirou, impaciente.— Que boas notícias, Meg?— Rosa me procurou pra saber se eu não consigo um trabalho pra ela. Lá pertinho da minha casa tem um ateliê de costura. Falei com o dono, ele viu as costuras dela e ficou encantado. Vai arrumar um trampo pra Rosa — contou Meg.Guilherme mudou de cor. O dia não poderia estar pior.— Como é que é, Magnólia?! — exclamou ele.O nome "Meg" foi um dos primeiros
Guilherme colocou Rosa no carro. Ela gostava disso.— Rosa, pode me prometer uma coisa?— Depende… do que seria?— Não pegue mais caronas com desconhecidos.— Da próxima vez que me destratar, eu… MEU DEUS, É ELE!O grito de Rosa preencheu o carro. Seus olhos estavam arregalados, o rosto tomado pelo pavor.Guilherme freou bruscamente. Por sorte, ambos estavam de cinto de segurança.No susto, Rosa se soltou, abriu a porta e pulou do carro, caindo desajeitada no asfalto. Um gemido de dor escapou de seus lábios ao torcer o pé.— Droga, Rosa! — Guilherme saiu apressado, deu a volta e a pegou nos braços.Ele sentiu o tremor no corpo dela e franziu o cenho, preocupado.— O que houve?Os olhos dela continuavam vasculhando a rua, como se procurassem um fantasma do passado. O pânico era evidente.— Era ele, Guilherme… Era ele…— Ele quem, Rosa?Ela engoliu em seco, a respiração ainda entrecortada.— Meu progenitor…O peso dessas palavras caiu sobre Guilherme como um soco. Ele não precisava de m
Era madrugada, Rosa e Guilherme não conseguiam dormir pelo mesmo motivo.Ela se perguntava se realmente tinha visto o pai, e Guilherme estava intrigado com o medo que viu nos olhos dela.O pé de Rosa não exatamente doía, mas o inchaço incomodava. Ela poderia costurar até pegar no sono, mas Guilherme não tinha permitido que levasse a máquina para sua choupana. Sem opção, sentou-se do lado de fora, na pequena área da casa.Já Guilherme havia tomado outro banho, o terceiro da noite, e, mesmo assim, nada de sono. Decidiu abrir um vinho e sentar-se na varanda do seu quarto.Do alto, viu Rosa com os cabelos esvoaçantes, lendo um livro. Ele tentou ignorar, tentou mesmo, mas não conseguiu. Desceu para falar com ela.— Rosa — chamou ele.Ela se assustou, levando a mão ao peito.— Quer me matar, Guilherme? Deus, que susto! — exclamou Rosa.— Desculpe, não foi minha intenção — disse ele.— Se fosse, teria me matado de vez — retrucou ela, soltando um sorriso.Ele também sorriu, e Rosa aproveitou
Os quatro estavam em frente à casa de Guilherme.— Não vai nos convidar para entrar, Guilherme? Detesto sol, e esse calor está insuportável.Não era verdade. O clima estava agradável, mas Jéssica se incomodava com tudo.— Rosa, entre e vá fazer um refresco para nós. Aproveite e tome um banho, você está péssima, fedendo, sem dúvidas.— Rosa está de folga, Jéssica. Mas, se quiser tomar um refresco, terá que fazer.Guilherme defendeu Rosa. Ele definitivamente não gostava de Jéssica.— Eu? Fazer refresco? — Jéssica detestou a fala de Guilherme.— Qual o problema? — Foi a vez de Cesar perguntar.— Olhe para mim, Cesar. — Jéssica se achava superior. — Veja se eu tenho cara de quem faz suco. Me poupe.— Eu não vejo problema. — Cesar a confrontou.— Rosa, vá tomar um banho. Suas mãos estão imundas.Rosa saiu. Ia para sua choupana tomar banho, não porque Jéssica pediu, mas porque já havia terminado de plantar e também de mudar as rosas de vaso.— Para onde pensa que vai, Rosa? — Jéssica pergun
Guilherme avançou em Jéssica, César sabia que precisava interceder, caso contrário ele poderia machucá-la.— Solte ela, Guilherme, solte-a.César pedia.Jéssica começou a gritar como uma maluca e Guilherme não a soltava porque via Rosa chorando, e isso estava deixando ele atordoado. O choro de Rosa o incomodava em uma proporção surreal, ele odiava vê-la triste ou chorando.Então Guilherme percebeu que os cabelos de Rosa, que ele achava tão lindos, estavam cortados. Por sorte, a tesoura que Jéssica usava era de pequeno porte e Rosa tinha muito cabelo, o que dificultou o corte, mas ainda assim era notável perceber que os cabelos longos estavam apenas na altura dos ombros.Guilherme soltou Jéssica e agarrou-se em Rosa.— Está machucada? Você está machucada, Rosa, me diz, está machucada, responde.Ele a analisava, mas o toque dele era firme, chegando a machucar Rosa, então César também precisou interceder.— Solte ela, Guilherme, está machucando, solte ela, Guilherme.Então Guilherme per
Guilherme e Rosa pegaram estrada, depois que ele, com todo cuidado, fez o curativo no braço dela.Ele não era delicado. As mãos grandes, com calos devido ao trabalho braçal que ele nem precisava fazer, tinham um toque firme e pesado demais. Por isso, não facilitava tanta afabilidade — e ele nem tentava. Mas com Rosa, ele sabia que precisava ser cuidadoso. Secou as lágrimas e até beijou o local do curativo.Rosa não disse nada. Apenas agradeceu.Mas ele já se sentiu aliviado. Pelo menos ela não se esquivou do pequeno toque e gesto de carinho.Guilherme nem sabia onde levar Rosa. Conhecia alguns salões de beleza feminino porque Katrina não dirigia, e vez ou outra, quando conviviam, ele a deixava ou pegava em alguns desses espaços — que eram pura riqueza.A cidade era gigante e a economia e movimentação dos lucros era enorme. Lugares caríssimos e preços exuberantes e exagerados não faltavam ali.O fato é que Guilherme estava perdido. Eram salões muito chiques, e ele sabia que fariam perg
A recepcionista anunciou que Guilherme queria falar com Rosa. Pediu que ela descesse.Mas Rosa era atrevida. Mandou Guilherme subir até seu quarto.Ele subiu.Ela o esperava na porta.— Bem-vindo, Guilherme Moreau. Entre.— O que vim te falar, posso falar aqui mesmo, na porta.Jéssica sorriu.Guilherme estava com feição de poucos amigos.— Não faça essa desfeita. Entre.Guilherme entrou. Observou a champanhe no vaso, com bastante gelo.— Sabia que você viria.— Por isso a champanhe?Ela sorriu alto.— Exatamente. Sinto muito por não ser um dos seus excelentes vinhos.Jéssica serviu champanhe em duas taças e ofereceu uma a Guilherme.Ele não pegou. Olhava pra ela, com ódio.— Se sabia que eu vinha, deveria saber que não beberia champanhe com você.— Por que a raiva, querido?Ela desdenhava. Sabia o motivo de ele estar irritado.— Você está demitida. Quero você fora e longe. Bem longe da minha empresa, da vida de Rosa e de Vitinho também.Rosa bebeu todo o líquido da taça.Colocou a taç
Rosa dormiu o restante da tarde.Quando acordou, Guilherme não estava. Ele precisou conversar com César por telefone. Como era sobre Jéssica e também sobre Rosa, teve que ser no escritório, por conta do isolamento acústico.Guilherme queria saber tudo sobre a vida das irmãs. Quem realmente elas eram... e como vieram parar em sua empresa — ou melhor, em sua máfia.Rosa foi para sua casa.Antes disso, Guilherme havia ficado ali, observando ela dormir. Viu quando os pesadelos a atormentaram e, depois, a calmaria e a doçura voltaram a dominar sua expressão.Ele ficou excitado quando o vestido dela subiu, deixando à mostra as coxas grossas.Já em casa, Rosa tomou outro banho, olhou alguns tecidos e desenhou alguns modelos de peças. Já era noite. Ela estava sentada na varanda, quase terminando a leitura do livro que lia. A noite estava quente.Guilherme a observava de longe, montado em sua moto. Parou em frente à pequena casa. Ela estava tão concentrada que só percebeu sua presença ao ouvir