Cristopher Ávila.Os gritos do meu pai me apavoram todas as noites. Ainda escuto os sons das coisas se quebrando, enquanto a minha avó me abraçava forte sentada ao meu lado na minha cama. Então através da janela de vidro do meu antigo quarto eu a vi sair correndo para fora da casa e entrar no seu carro. Sorvetinho estava chorando. Não sei por que eles brigaram e não entendo por que ele a mandou embora. Vovó beijou a minha cabeça e com voz meiga disse perto do meu ouvido.— Vai ficar tudo bem, querido! Eu tenho muitas perguntas dentro da minha cabeça, mas nenhuma delas sai pela minha boca. Os dias foram passando, não sei dizer quantos, mas sei que foram muitos e ela não voltou mais, e aos poucos eu voltei para a minha antiga vida. Meus pais não vão mais me buscar na escola e o meu pai voltou a beber. Ele não fala mais comigo, não brinca e nem sorri, só trabalha e bebe até dormir de novo. A noite escuto o seu choro. Não quero mais isso para mim. Estou crescendo, daqui a alguns dias eu
Isabelly.Desço a familiar escada da casa dos Ávila e escuto as vozes alteradas na sala de visitas. Daniel parece desesperado com algo que os policiais lhe mostraram. Aproximo-me mais para ver as tais imagens na tela de um computador. Cris está andando sozinho pelas ruas com uma mochila nas costas, em algum momento um carro preto para ao seu lado, ele conversa com alguém que não conseguimos identificar por alguns instantes e entrar no carro em seguida. É apavorante assistir a tudo sem poder fazer nada a respeito.— Meu Deus! — Deixo escapar e todos notam a minha presença.— Qual o próximo passo, detetive?— Temos que rastrear o veículo, descobrir quem são essas pessoas lá dentro e aguardar que entrem em contato e peçam algum tipo de resgate.— Eles não vão pedir — digo de repente. O detetive me lança um olhar especulativo e Daniel me encara confuso.— Por que acha que não pedirão o resgate? — Dam questiona.— Porque já tem mais de vinte e quatro horas e porque pelo que eu percebi, o C
Isabelly — Preciso de você, Isabelly — rosna quando para pra respirar e toma mais uma vez a minha boca, se orando as minhas mãos, segurando a minha cintura com firmeza e me levando em direção a cama.— Daniel... — Tento falar, mas não me permite. Ele segura firme os meus cabelos e com ainda mais voracidade o beijo se torna intenso. Não consigo mais lutar, não dá pra resistir, então apenas me entrego sentindo o meu corpo ser inclinado sobre a cama macia. Ele começa a arrancar as minhas roupas e se desfaz da única peça em seu corpo, penetrando-me sem aviso prévio e começa a se movimentar dentro de mim.Por Deus, que sensação maravilhosa! Como senti saudades desses toques, dos seus beijos, do seu corpo ao meu! Somos só gemidos ofegantes e toques desesperados, e de repente o orgasmo chega nos partindo em mil pedaços. Daniel permanece quieto com a sua cabeça encaixada no vão entre o meu ombro e o meu pescoço. Ainda estamos conectados um ao outro antes. Aí ele sai da cama e depois do quart
Daniel.— Alô?— Daniel Ávila? — Uma voz eletrônica diz do outro lado da linha.— É ele.— Escuta isso.— Pai? — Meu coração disparado ao ouvir a voz do meu filho. Encaro Isabelly na minha frente. Ela espera que eu diga algo. — Papai?— Cris, filho onde você está?— Quer o seu filho de volta são e salvo, senhor Ávila? — Quanto? É só dizer quanto e onde — digo desesperado.— Se afaste dela, esse é o preço. Fique longe de Isabelly Sampaio! — A ligação é encerrada e sem forças deixo o meu celular cair ao chão.— Daniel? — Ouço a sua voz ansiosa.— Eu não posso, Isa!— O que, o que você não pode?— Não dá... eu não consigo.— Daniel não faz isso! — Ela pede, os olhos se enchendo de lágrimas e uma dor cortante tomando o meu coração por inteiro. — Eu te amo, amo muito! — Eu vou te levar para casa.— Não! — Ela grita. — Eu posso ir sozinha! — Faz menção de sair do escritório e eu seguro o seu braço.— Não seja estúpida, eu a trouxe até aqui e eu a levarei de volta! — falo ríspido. Abro a p
Daniel.— Chegamos. — Marcos avisa parando o carro a uma distância considerável da casa e todos saímos do carro. Um total de doze homens e todos armados, e usando colete a prova de balas. Antes de entrarmos na luxuosa mansão muito bem vigiada, os homens de Marcos verificam todo o perímetro meticulosamente.— Por que não invadimos logo essa droga de uma vez? — resmungo baixo para não chamar a atenção dos homens lá dentro.— Porque não queremos ser surpreendidos, Daniel. Tenha calma, se o garoto estiver mesmo lá dentro, temos que mantê-lo seguro.— Eles já foram tem quase vinte minutos.— Só estão vendo a maneira mais segura para entrarmos na casa. Qualquer erro e o Cris pode pagar muito caro por isso. — Luís explica.— Acredite, meu filho, já passos por isso antes e, ou quase morremos, ou quase perdemos as nossas esposas. — Arqueio as sobrancelhas em surpresa.— Estão me dizendo que...— É uma longa história, Daniel e não dá pra contar agora. — Assinto. Os homens finalmente voltam e o
Daniel — O que porra aconteceu aqui, porra?! — Marcos torna a gritar. — Mônica! Onde está a Mônica? — Ele parece tão desesperado e perdido quanto eu.— Senhor Marcos? — Alguém o chama na cozinha e ele segue para o cômodo com passos largos. Os homens estão todos em alerta com suas armas, vasculhando a casa inteira.— Isa meu anjo, acorda, meu amor! Não faz isso comigo, acorda Isa, acorda!— Senhor já chamamos uma ambulância. Ela vai ficar bem. — Alguém diz parando do meu lado. — Meneio a cabeça de forma negativa.— Não, ela está morta! — falo com um fio de voz. — Ela também me deixou — resmungo e fico cego com as lágrimas que inundam os meus olhos. Não demora e eu consigo ouvir os sons das sirenes. Alguém me afasta dela e eu simplesmente não tenho forças para lutar, fico sentado no chão transtornado, apenas assistindo a equipe de paramédicos mexer no seu corpo encharcando de sangue. Eles rasgam a sua roupa e encontramos a causa do sangramento. Um tiro no peito do lado do coração. Trêm
Daniel — Então quantos podem entrar no quarto?— Aconselho que apenas duas visitas e por pouco tempo. Conversem entre si e decidam quem vai entrar e se amanhã ela estiver melhor libero a visita normal.— Obrigada, Vânia! — Lilian diz, a mulher assente e abraça a amiga, saindo da sala em seguida.— Vai você, querida. Você é a mãe e precisa se acalmar. — Marcos fala e me olha. — E você, Daniel.— Tem certeza, querido?— Tenho, amor, amanhã vejo a minha princesinha.— Obrigado, Marcos!— Não precisa agradecer. Só... cuida dela pra mim, cara, ela te ama demais, mas ela é tudo para mim. — Sorrio.— Tá!***Nunca fiquei tão ansioso por uma espera em um maldito hospital como hoje. Os minutos se arrastam e parecem horas, e enquanto espero, ando de um lado para o outro porque não consigo me manter quieto em um lugar. Mônica e o marido parecem passar pelo mesmo, até que finalmente a enfermeira aparece e nós a seguimos para o elevador direto para o terceiro andar. Passamos por um extenso corred
Christopher Ávila.Na noite do sequestro...Olho para Débora sentada no banco de trás ao meu lado e depois para o homem dirigindo no banco da frente do carro. Ela sorri para mim, mas não vejo alegria alguma no seu sorriso. É como se forçasse esse sorriso e eu não sou medroso, mas confesso que isso me deixa com medo. Logo estou arrependido aceitar a sua carona, mas não tenho como desistir da minha escolha. Ele dirige por muito tempo e o prédio da Sorvetinho não chega nunca. Meu coraçãozinho começa a bater errado e eu olho pela janela, vejo poucas pessoas nas calçadas, porém, não posso pedir a sua ajuda. Suspiro baixinho e volto o meu olhar para a Débora.— Tem certeza de que sabe onde fica a casa dela? — insisto na pergunta fitando o rosto da minha ex-babá e juro que ela parece bem nervosa. Mas por quê?— Então amigão. — O homem na frente diz chamando a minha atenção. — A sua amiga, a Sorvetinho, não é? — Faço um sim com a cabeça e me pergunto como ele sabe que a chamo assim? — Ela não