Nicolai me olha com pura decepção em seus olhos negros como carvão.Quem ele pensa que é para me olhar assim depois de tudo que me fez? Eu é que estou decepcionada com ele. Eu é quem fui enganada esse tempo todo, a minha vida foi uma mentira e ele é um dos culpados.Passo direto por ele e vou para o pequeno quarto que ocupo. Temos muito o que conversar. Então é melhor que ele me siga. Não quero que aquelas pessoas presenciem.Como esperado, mal entro no quarto e ele entra também.— Porra, Rimena! Depois desse tempo todo, não conseguiu manter as pernas fechadas. — Vai logo gritando. — Foi logo dando para o primeiro pau que viu.Vou até a porta que ele deixou aberta e fecho. Meus dedos apertam com força a maçaneta. Nunca senti tanta raiva de alguém.Quem Nicolai pensa que é para me privar da vida assim e ainda vir me cobrar alguma coisa?Respiro fundo e me viro para ele.— E você deve ser o ser mais imaculado de Estrela. Não mentiu para mim, não me entregou como objeto de aposta sabendo
RIMENAUma mochila, tudo que tenho cabe em uma mochila. Com ela nas costas, sigo Nicolai para fora do quarto.O movimento do lugar já começou.Antes que eu possa me despedir das minhas amigas ouço a voz de Mendonça:— Ela só sai daqui com a dívida paga — diz alto o suficiente para chamar a atenção de alguns clientes e de Matt, que olha para Nicolai de um jeito estranho.Penso em perguntar se eles brigaram ou se vão ficar juntos agora que não tem mais a obrigação de me manter prisioneira das suas mentiras, mas desisto. Tenho problemas demais para acrescentar de outros.Também olho para Nicolai. Ele terá que resolver isso, foi ele que apostou algo que nem lhe pertencia. Eu pertenço a mim, a ninguém mais.— Não tenho dinheiro — ele diz.O que? Custo a acreditar que ele realmente disse isso.— Então ela fica.— Mas... — começo a dizer e sou interrompida pelo senhor.— Vai trabalhar com as outras meninas até pagar a dívida.Por um segundo eu olhos aqueles homens se agarrando as garotas e s
Ele está com uma bebida na mão e o olhar virado na direção em que a maioria olhava, para mim. A única pessoa a se vestir de maneira simples, apenas uma blusa de algodão, jeans, sandálias e a mochila.Nervosa com os olhares e com toda a minha situação, passo a mão no cabelo, o que tira alguns fios do rabo de cavalo. Antes de ficar descabelada paro a mão em punho estendidas ao lado do meu corpo.Antes de perder a coragem e sair correndo, me aproximo do homem e paro ao seu lado, olhando para frente, como se olhar para ele fosse mortal.— Por que a ovelhinha vem até o lobo? Trabalho ou diversão? — pergunta sem desviar seu olhar do meu rosto, que está direcionado para uma garrafa qualquer na prateleira do bar.Pelo canto do olho, observo a curiosidade no rapaz que serve as bebidas, ele até deixa derramar algo fedorento e um cliente reclama. O alfa ignora tudo, esperando minha resposta.É agora.Me viro mais em sua direção para falar:— Me disseram que você é o melhor assassino que existe.
RIMENAPor que eu fui falar de marido? Agora mesmo que ele nunca vai acreditar que aquela foi a minha primeira vez.— Tinha. — Suspiro. — É uma longa história. O fato é que por algum motivo desconhecido, uma pessoa com muito poder me quer morta.— Então já deveria estar abrindo a cova — debocha. — Eu não vou mover um centímetro para te ajudar. — Estou começando a odiar esse lobo. Suas palavras ferem mais que a dor entre as minhas pernas naquela noite.Ele simplesmente me dá as costas e começa a andar. O desespero me faz segurar o seu braço.Ele segura a minha mão com brutalidade e a afasta.— Nunca mais me toque sem permissão. — Sua voz sai como um rosnado.— E o seu fi...— Não vejo barriga, então algumas ervas deve resolver. Que bom que tem dinheiro para comprar.Dou um passo para trás. Sei que ele é assassino, mas não acredito que não valorize nem mesmo a vida de crianças, ainda que seja seu filho indesejado.Não acredito que sugeriu isso.Me afasto dele com nojo da sua presença. J
SAYMONVirgem e casada, deve achar que sou idiota.Quando ela segura o meu braço a corrente que percorre o meu corpo faz aquele sonho vir a memória. Isso me irrita o bastante para puxar com mais brutalidade que deveria.As palavras saem sem que eu pense.— Nunca mais me toque sem permissão.A dor é como uma punhalada quando sugiro um aborto. Por toda magia de Estrela, eu jamais mataria um filho meu. Eu me mataria antes de machucar algo tão precioso.Me arrependo dolorosamente de dizer uma merda dessa. Principalmente ao ver ela se afastando enojada, o cheiro do meu filho se afastando com ela.Não posso deixar que se vá e leve essa parte de mim. Temos que sentar e resolver essa situação.Fico parado observando seus passos seguindo para cada vez mais longe.É quando vejo um caminhão diminuindo a velocidade ao seu lado que reajo.Entro no carro e dirijo até atrás dela, que está olhando para o caminhão já parado e nem percebe.Desço do carro a tempo de impedir que suba no caminhão.A puxo
JAMES HABEL I - O REIFaz dezoito anos que mandei minha filha para longe. Não me orgulho disso, mas sei que fiz o que é certo para manter a ordem em Estrela e pelo bem estar da minha filha. Eu não poderia matá-la. Não tive coragem... Mas agora parece que terei que fazer isso. Percebo que a existência dela é um perigo. Já não é mais uma criança. Um deslize da sua parte e tudo que construí desmorona.Até pensei em ordenar que um feiticeiro curandeiro desse um jeito de evitar que ela um dia possa ter filhos, mas isso não é seguro. Depois de todos esses anos entendi que nada é seguro, apenas a morte. Pois estando viva, o destino sempre encontra um jeito.Não posso deixar meu mundo virar um caos.Já acho Estrela um lugar confuso, com essa mistura de coisas humanas com poderes mágicos. Sim, acho pratico um celular, um carro... Mas se tenho a chance de viver em um castelo como os antigos, por que não? Esse castelo nasceu com Estrela e nada em sua estrutura, plantas, etc se desgasta ou morre,
— Parece tenso, majestade. Aconteceu alguma coisa? — pergunta apertando meus ombros com suas mãos pequenas e finas.— Os problemas de sempre, minha querida. Me fala sobre o seu dia. Tenho certeza que é mais interessante que o meu.Ela sorri. Sabe que não gosto de falar das coisas do reino, apenas das coisas que lhe trazem alegria. Não gosto de vê-la triste.Então, ela dá a volta no trono, se senta no meu colo e começa a contar sobre o seu dia.Há tempos nossos corpos não reagem mais um ao outro. Parecemos mais irmãos que marido e mulher.Na verdade, desde o nascimento de Rimena que não consigo pensar em outra coisa que não seja a profecia.Preciso mesmo acabar com isso e retomar o meu casamento e a minha vida.*Assim que minha rainha se retira da sala do trono, um guarda anuncia sua chegada e pede para falar comigo.Posso ver pelo jeito como ele vem de cabeça baixa que a notícia não é nada boa. Quando terei uma notícia boa?O servo se curva e diz:— Majestade, Nicolai fugiu antes de
Dias atuaisJames Habel I - O reiQuando anunciaram a presença de Diana e seu marido, um fio de alegria mexeu comigo. Foi rápido.Esperava a notícia de que o serviço estava pronto e que veio buscar a sua recompensa.Ainda assim, não resisti ao asco do alfa. E acabei dizendo:— Eu disse que não queria a presença dele. Vejo que não é tão profissional como acreditei.Olhos os dois na minha frente. Combinam. Ambos trajados de preto. Os cabelos dela combinando com o couro como uma justiceira de alguma história ridícula dos humanos.— Me perdoe, majestade. Eu não o traria aqui se não fosse urgente.O alfa olha para a mulher como se não soubesse sobre isso.Será que mentiu para ele sobre o serviço ser apenas para ela?Urgente? Então significa que ela não completou... não a matou. — O que seria tão urgente no serviço simples que lhe passei? — Meu tom sai alto de raiva. A mulher não faz o que lhe ordeno e ainda envolve o macho dela. — É demais para você? Se não consegue sozinha precisa me av