Três

A porta se abriu depois de dois minutos e lá estavam eles, na maior sala de reunião no andar abaixo do de Peter, ele deixou a cobertura para sua sala, e os dois andares abaixo do seu para o resto do seu “escritório” ele não gostava de trabalhar com barulho, por isso, exigiu que tudo ficasse do seu conforto. Foi o primeiro a sair do elevador, cumprimentou algumas pessoas e notou olhares atrás, mas não ligou. Chegou na porta da sala de reuniões e abriu, deixou Aline passar primeiro, depois Kevin que foi olhando diretamente para a bunda dela e depois entrou.

Quando parou diante dos homens que tratavam de suas coisas, todos olhavam diretamente para Aline, sem saber o que dizer. O Johnson revirou os olhos e se sentou na cadeira que tinha seu nome, bateu os documentos que trazia nas mãos na mesa chamando atenção.

— Essa é Aline Sobral, irá substituir Ema por duas semanas, alguma pergunta? – todos levantaram a mão. Peter olhou para Kevin que abaixou a sua. — Vamos começar isso logo – resmungou abrindo sua pasta.

Dentro daquela sala, tudo parecia pequeno quando não conseguia mais levantar a cabeça e encarar qualquer homem que fosse. Peter sentou em sua cadeira lhe apresentando, sorriu com educação e passou a prestar atenção em seu chefe que começava o discurso de melhor empresa já de pé por aqueles anos. Acomodou-se ao lado, abrindo o tablet para começar a escrever tudo o que seria dito e decidido ali, e depois discutiria com Peter, como Ema lhe tinha instruído.

— O novo projeto exige que demos toda a nossa atenção, não vamos apenas lançar mais um e deixar a mercê das pessoas normais para decidirem se é bom, ou não – uns concordaram. — Precisamos de marketing, uma equipe especializada para tal.

— Sim, claramente. Não vamos colocar qualquer pessoa para fazer um trabalho mal feito. Por isso, decidir por mim mesmo, caso o senhor fosse precisasse o que no caso, precisou, eu separei algumas listas de empresas que podem nos ajudar – falou Shikamaru, o homem sentado à esquerda duas cadeiras a frente de Peter. — São as melhores desse ramo, e seis dela, trabalham aqui no prédio Johnson.

— Aline – ela despertou do seu modo concentrada e foi para o lado de Peter.

— Senhor Johnson – aquele “senhor Johnson” novamente preencheu os ouvidos de Peter, ele sentiu sua pele arrepiar, a voz dela era delicada, decidida, cheia de atitude e humildade, tão rara que chegava a despertar seu interior.

— Pegue as pastas, e distribua – deu a ordem para a mulher que deixou o tablet na ponta da mesa, foi até o homem a duas cadeiras na frente de Peter e pegou as pastas que tinha na lista.

Na mesa tinha nove homens, quatro de cada lado, e Peter no meio, como um bom chefe. Aline começou do lado esquerdo, ficando entre o quarto e o terceiro, abaixou um pouco para colocar e abrir na frente do homem, Peter olhou para os movimentos com certa atenção, quando Scott voltou a falar de algumas empresas. Ela voltou-se para o outro, ficando entre o terceiro e segundo e abaixou mais um pouco, dessa vez, Peter olhou para suas pernas, e estreitou os olhos ao ver algo colorido saindo da saia de Aline. Ela passou por Scot, já que esse tinha a lista e foi para o primeiro ao lado de Peter, onde abaixou novamente e Peter percebeu ser a metade de uma flor desenhada em sua pele. Uma tatuagem, a sua secretaria de pernas bonitas e que sussurrava “senhor Johnson” tinha uma tatuagem pequena de florzinha.

Quando foi para ela deixar o papel na sua mesa, ela agachou um pouco ele não pôde ver claramente os seios dela, mas a visão por cima foi muito boa. Aline não vestia roupas para torturar nenhum homem, estava formal e gostosa ao mesmo tempo, podia se controlar. Ela deu a volta em sua cadeira e entregou a lista para Kevin enquanto Scott continuava a falar, mas foi só Aline virar as costas e agachar um pouco quando Kevin quis lhe dizer algo no ouvido, que Peter percebeu outra flor em sua pele, agora na parte de trás de suas pernas, ele pôde ver claramente uma flor rosa, com o miolo amarelado, mas não via o caule, ou o final.

— Essa foi minha escolha, eles são os melhores nesse ramo, e, já fizeram outros trabalhos para nós – Peter olhou para Scott.

Quando a reunião acabou, eram mais de onze da manhã, faltava pouco para o meio dia. Aline arrumou os papéis que Peter precisava levar e esperou ele terminar de cumprimentar a todos para começar a segui-lo de volta para o elevador.

— E aí, vamos almoçar onde hoje? – Kevin perguntou indo com o amigo para dentro do elevador.

— Ainda não sei. Quem fazia as reservas eram Ema – Aline olhou para Peter sentindo suas pernas tremer com o olhar feroz, ela ofegou e respirou fundo.

— Me desculpe, senhor Johnson – “senhor Johnson” — Eu não sabia, prometo fazer as reservas de amanhã – as portas do elevador se abriram e ela saiu primeiro, Kevin logo atrás olhando para a bunda avantajada da mulher, uma tentação.

— Claro que fará – ele tentou ainda ver a tatuagem nos dois pontos, mas não deu — E como punição, irá vir conosco – Aline que já tinha sentado olhou para o chefe que sorriu de lado, Kevin estava de braços cruzados, esperando pela resposta.

— É uma ordem... Senhor Johnson?

— Não.

— Me perdoe então, vou declinar no convite – Kevin estreitou os olhos, como assim ela tinha se recusado a almoçar com eles? Sempre achou que Peter fosse o desejado, e ele logo atrás, não esperava que uma mulher como ela, fosse rejeitar.

— Está desobedecendo? – perguntou Kevin.

— Ele disse que não era uma ordem – riu para os dois homens. Peter concordou com a cabeça e entrou na sua sala, saiu pouco tempo depois segurando o celular no ouvido, passou por Aline sem dizer nada e Kevin o seguiu.

— Tá. Te encontro mais tarde – desligou o telefone e olhou para o amigo que ainda estava incrédulo – o que foi?

— Você viu quanta petulância aquela mulher tem? – Peter revirou os olhos guardando o celular — me perdoe, mas vou declinar do convite – imitou a voz afeminada, fazendo Peter rir.

— A deixe.

— Você nunca pediu pra Ema fazer reservas em algum lugar só pra gente almoçar – Peter riu e foi seguido por Kevin.

— Não acredito que ela irá levar isso a sério, foi apenas para ver sua reação – os dois saíram do elevador.

Pouco depois das duas da tarde, Peter voltou, quando a porta do elevador se abriu, encontrou a mulher sentada e escrevendo alguma coisa rápido demais. Ela sorriu, esperando que falasse algo, mas ele não o fez. Com um sorriso no rosto, ele entrou e não fechou a porta, foi até sua mesa, tirou o paletó colocando no encosto da cadeira e se sentou. Levantou um pouco a blusa branca até os cotovelos e olhou para frente, a mulher parecia tranquila. Na verdade, ele deixou a porta aberta porque queria ver a m*****a tatuagem, não sabia como, mas podia ao menos ver suas pernas.

Porém, uma coisa lhe chamou atenção, a porra da mesa da sua secretaria era fechada na frente, ele riu de lado, mandaria trocar aquilo o quanto antes. Queria saber de onde aquelas flores começavam, e onde terminavam.

Antes das oito da noite, Peter estava concentrado demais em seu trabalho, o novo projeto de seus sonhos, era conseguir abrir uma filial nos Estados Unidos, sua empresa crescendo e expandindo seria perfeito. Ali, os empreendimentos cresceram cada vez mais, o que foi confirmado poucos minutos antes de alguém bater na sua porta. Ele deixou entrar e teve o deleite de assistir belas pernas vir em sua direção.

— Senhor Johnson, sua agenda precisa ser modificada? – perguntou calma, terna, olhando em seus olhos.

— O que temos para amanhã? – perguntou, respirando fundo para engolir o maldito “senhor Johnson”.

— Tem uma reunião às sete e meia, Mateus Santos só tem esse horário antes de voltar para sua cidade – falou, lendo o que estava escrito — tens que passar na casa de sua mãe ao meio dia, é de extrema importância – Peter revirou os olhos — à tarde, tem um encontro com sua noiva.

— Hm – ele esperou ela levantar a cabeça para lhe olhar diretamente — tudo ok, você já pode ir embora.

Ela riu e deu as costas, desfilando até a porta, onde passou e deixou aberta. Peter estreitou os olhos, franzindo o cenho, ela andou até sua mesa, pegou a bolsa ao lado e inclinou para desligar o computador, Peter, agora, pôde ver de longe o volume por cima dos panos e a parte de cima dos seios. Por último, ela colocou a bolsa no ombro e foi atravessando a mesa quando se lembrou do celular, em frente à mesa, ela debruçou sobre para pegar o celular na cadeira, Peter se engasgou com o vinho Tinto que tomava limpando sua boca logo em seguida, e quando voltou a olhar, ela não estava mais lá.

De olhos arregalados, ele começou a respirar rápido, ele não tinha visto a calcinha de renda vermelha, não, ele não tinha visto. Pegou a sua agenda e respirou fundo, abriu a mesma e folheou até achar a última folha que foi gasta, anotaria no seu celular e botaria um alarme para não se esquecer de nada, mas, assim que achou a página, tinha um bilhete colado nela, a letra bonita junto às palavras chocante, fizeram o Johnson se afastar na mesa fazendo a cadeira se arrastar pela cerâmica branca. Ele passou a mão no rosto e olhou pra mesa dela.

— Vamos ver... – ela tinha entendido o que ele tentou fazer, e foi um golpe baixo para seu ego.

“Eu não sou seduzível, senhor Johnson, mas sei seduzir”.

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