Cinco

— Bom dia, senhor Johnson.

Saiu da sala fechando a porta dessa vez, deixou a bandeja de um lado e correu para calçar os sapatos. Olhou para o relógio estava dando exatamente sete horas da manhã. Quando sentou na cadeira de frente pra mesa, o telefone tocou.

— Tem que arrumar a sala de reuniões – Aline riu.

— Já fiz isso. E também arrumei sua sala, os documentos que precisa levar para lá, e o mais importante, marquei o lugar onde almoça com seu amigo.

Ele riu de lado girando na cadeira.

— Eu vou almoçar com minha mãe hoje.

— Eu sei senhor. As reservas são para amanhã – ele perdeu o sorriso e Aline tampou a boca para não rir alto. — Lhe vejo em dez minutos, senhor Johnson.

Desligou o telefone.

Peter ficou com o telefone na mão e depois botou no gancho. Aquela mulher era louca, uma tentação de pessoa, mas louca ainda. Ele não queria seduzi-la diretamente no dia anterior, mas depois do seu recado, perdeu a linha do raciocínio que podia ter. Hoje, tinha acordado mais cedo que o previsto somente para se arrumar melhor. Escolheu um terno escuro de três peças, calça, paletó e colete, era um verdadeiro homem de negócios, e combinando com seu cabelo liso e jogado por seu rosto, ele estava estonteante naquela manhã. Mas tudo isso não teria sentido, se ele não conseguisse desvendar a origem daquela tatuagem desenhada na pele da Sobral, duas flores que não tinham fim, foi o que ele viu, e tinha que saber mais sobre, pois passou a noite pensando naquele pedaço de pelo marcador, e teria que ganhar dela na sedução pra conseguir mais do que o esperado.

Depois de onze minutos confinado e tentando não perder a cabeça e corre até aquela mulher, puxar sua saia para saber mais sobre a tatuagem, ele saiu da sala e viu a Sobral levantar na mesma hora, agora calçada e com a elegância que Dafne tinha, só que melhor, ela riu para ele enquanto o homem andava para dentro do elevador, as portas se fecharam e os dois ficaram calados. Ali dentro, Peter expirou como uma forma de se acalmar, e como se o destino tivesse só a favor dela, sentiu o cheiro doce vindo da mulher ao seu lado, e não era um simples cheiro, era viciante, impactante, confiante, exótico, a porra de um cheiro afrodisíaco. Aquilo era o quê? Um convite para o sexo? Não, ela não era assim, ou era?

— Senhor Johnson? – “senhor Johnson” — não irá me acompanhar? – Ele acordou por um momento e percebeu que já estava no andar debaixo. E sua secretaria estava na frente, rebolando delicadamente, seduzindo não só ele, como todo mundo do departamento.

Quando chegou à sala, Kevin ia saindo, esperou Aline entrar e abaixar um pouco para colocar os papéis de Peter em seu lugar. O loiro volta a olhar para Peter com uma careta quase sem fôlego.

— Você fez aquilo ontem? – perguntou. Peter concordou olhando ela dar uma volta na mesa, movendo suas pernas com atitude. — E o que deu?

— O que deu? – riu entrando na sala – entrei numa porra de guerra que não sei se vai dar certo. — Ela parou ao lado da cadeira de Peter, juntou as mãos e sorriu para os dois homens. — Ou se vou ganhar.

— Preciso ir ao banheiro antes de começar – Peter também precisava, mas não daria esse gostinho a ela.

Peter olhou para a sala para desviar o olhar da mulher na sua frente. E reparou drasticamente na arrumação que tinha ali. Ficou parado olhando por alguns momentos e até achou feminino demais para uma reunião de negócios muito sérios, olhou pra Aline que se mantinha perto da cadeira que iria sentar.

— Você que arrumou isso? – perguntou sabendo a resposta, ela já tinha dito que sim.

— Sim, o senhor não gostou? – fez bico, abaixando um pouco a cabeça, mas não desfez o olhar.

— Muito feminina, não gosto de flores – botou a mão na cintura, abrindo o paletó mostrando o colete escuro e Aline ergueu o pescoço, empinando o nariz.

— Me perdoe senhor Johnson, quis apenas deixar mais agradável para sua reunião. Prometo que não vou mais colocá-las. – falou, se colocando no seu lugar. Na empresa antiga, ela fazia isso, enchia as salas de flores e deixava mais elegante para qualquer coisa — o senhor Santos, chegou. – avisou indo para trás da cadeira que Peter sentaria e ele sentou ao ouvir passos se aproximando da porta.

Aline foi até o meio da sala e parou para receber os dois homens que entraram, um era moreno, o outro era ruivo, o ruivo era Mateus, muito bonito, elegante, vestido de branco, marcando sua pele bronzeada, muito bonita por sinal.

— Bom dia, senhor Santos – cumprimentou o homem com um aperto de mão — queira me acompanhar – pediu caminhando na frente, Mateus a seguiu depois de conferir a comissão de trás, muito boa. — fique a vontade.

Peter a seguiu com o olhar até ficar atrás de seu corpo, Kevin entrou na sala fechando a porta e se dirigiu até a cadeira do lado esquerdo do Johnson como no dia anterior. Aline pegou o tablet e ficou em alerta.

— Bom dia Peter – o ruivo disse — é um prazer estar aqui novamente, e parece que tens algo diferente hoje – olhou ao redor e Peter suspirou, virou o rosto para ver Aline de canto, queria olhar pra ela e ver que estava errada ao colocar aquelas porcarias em sua sala — eu gostei, achei até confortante, assim isso parece mais uma conversa para decidi os fatos.

— O quê? – Peter se ajeitou na cadeira fechando o paletó – a gente ainda vai discutir sobre a questão de abrir um cassino no seu hotel em Beathan – falou, jogando uma pasta de couro para frente do ruivo que moveu diretamente para seu secretário ao lado.

— Considere feito, vejo que tem bom gosto e incluiu mulheres, é agradável, e sei que fará um bom trabalho lá – falou olhando ao seu derredor e parou em Aline, fitando descaradamente a mulher de olhos verdes – e você, é nova aqui?

— Perdoe-me senhor Santos, mas isso não é assunto para se falar no momento – ditou com gentileza, levemente sorridente.

— E que tal no jantar? – Aline ficou olhando pra ele sem saber o que dizer. Não estava ali para ser conquistada, e nem cantada dentro de uma sala qualquer, mas aquilo foi surpreendente e muito novo para si. Tentou sorrir de maneira agradável e achou uma desculpa qualquer.

— O senhor marcou a reunião cedo porque estaria partindo às dez da manhã. Acredito que há espaço para um jantar, pela noite.

— Acho que posso ficar mais um dia – riu o galanteador e Aline levantou um canto de seu lábio inferior.

— Acho que não será preciso se todos nós fomos almoçar juntos – Peter falou.

— Eu concordo – Mateus levantou a mão.

— Então tudo bem – Mateus riu e Peter só olhou pra ele – mas tenho que lhe informar de algo, senhor Johnson – “senhor Johnson”. “Senhor Johnson”. – vais almoçar com sua mãe.

— Droga! – praguejou baixo e olhou para ela.

— Não se preocupe, eu cuidarei muito bem dela. – riu de novo e assinou o documento permitindo Peter fazer seu cassino hotel dele. – é sempre bom fazer negócio com você Peter. – apertou sua mão quando levantou, Peter fez o mesmo, retribuindo o gesto. Ele passou a encarar Aline e beijou a costa da mão dela olhando para os olhos verdes — até daqui a pouco, senhorita...

— Aline – contou.

— Um nome lindo, para uma mulher linda – se despediu logo e se foi.

Aline arrumou toda a sala antes de sair, Peter já tinha partido e Kevin também deixando ela sozinha com a bagunça pouca que ficou. Olhou ao seu redor e reparou melhor nas flores, tinha escolhido as que estavam disponíveis no momento, e mesmo que Peter não gostasse, ela procuraria pôr as melhores ali. Quando saiu da sala, foi abordada por um dos Oficie Boy da empresa, que lhe entregou um envelope vermelho. Ela pegou e foi embora sem olhar pros lados, entrou no elevador e apertou o botão para subir, olhou para todos do escritório também a olhar até a porta fechar.

Assim que não viu mais ninguém, se desatou a rir da cara de Peter quando Mateus a chamou para sair. Viu tudo pelo vidro da mesa. Estava na cara que Peter queria alguma coisa, mas infelizmente, ele tinha uma noiva, e ela não era do tipo de mulher que se envolvia com homens comprometidos sem fim para si própria. A porta abriu de novo e ela saiu entrando no escritório de Peter, e percebeu a porta do escritório aberta.

Ele tentaria de novo? Será? Riu de lado e foi para sua mesa, mas quando sentiu, seus olhos grudaram na mulher que estava dentro sala. As pernas de fora e suas costas também, o vestido vinho que via de trás cobria apenas a bunda, e só. A loira estava com o cabelo amarrado num coque, e falava alguma coisa segurando a bolsa. Aline inclinou seu corpo para o lado para ver o rosto do chefe que olhava a loira.

Se sentou direito quando ele desviou o olhar, não sabia o que ela falava, mas parecia séria.

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