Dois

— Parece uma boa pessoa – abaixou o currículo da mulher e encontrou um par de pernas muito elegante, bonitos e... — Porra!

Levantou da cadeira subindo seu olhar pelo corpo que não era de Ema com certeza, a cintura fina, a barriga que mal aparecia, os seios pequenos, o pescoço a amostra, a boca carnuda e... Os olhos verdes. Ele limpou a garganta voltando a olhar para o corpo dela, piscou duas vezes e olhou para Ema que sorria e voltou a olhar para a jovem.

— Sou Aline Sobral, senhor Johnson – ela lhe estendeu a mão. Peter hesitou em tocar na pele dela, mas tocou, e apertou sua mão.

Ela tinha a pele macia, ele logo sentiu, com certeza usava alguns cremes para pele, assim como sua noiva que tinha mais creme e maquiagem do que roupas e sapatos. Olhou para o rosto da nova secretária de novo, era tão bonita, com os olhos verdes, e que olhos eram aqueles? Nossa! Era tudo o que sua mente podia dizer “nossa”.

— Peter Johnson – soltou a mão dela vendo o membro ir direto para o lado do corpo magro, queria ser aquele braço que escorreu para debaixo dos seios quando ela cruzou — é um prazer conhecer você.

— O prazer é todo meu. - “não, é nosso”. Pensou sozinho e até riu.

— Certo, já se conhecem – Ema tomou iniciativa quando percebeu os olhares de Peter para cima da mulher. — Senhor Johnson, eu expliquei algumas coisas para Aline, e também informei que qualquer dúvida que tivesse ela podia vir até o senhor.

— Claro, sem problemas – ele sentou de novo. — Seja bem-vinda.

— Obrigada senhor Johnson. – disse sorrindo, aquele “senhor Johnson” tinha alguma coisa, porque aquela boca sussurrando não estava prestando.

— Já vamos indo, se precisar, é só ligar para a mesa dela agora. – as duas riram baixo e viraram as costas.

Peter estreitou os olhos vendo o rebolado pequeno da mulher de cabelo dentro da saia curta que mostrava suas pernas. Aquilo com certeza mexeu com seu pau, porque ele despertou cedo naquela manhã.

Aline saiu da sala do novo chefe com o coração acelerado, olhou para a senhora que circulava a mesa em que trabalharia e pegou sua bolsa logo em cima, olhou para Aline e riu de lado, querendo muito que a nova secretária ficasse confortável naquele lugar. Sabia que nem sempre as pessoas procuravam por Peter sem avisar antes, ligavam primeiro para saber que podiam subir e falar com Peter Johnson, o dono de todo o prédio em que trabalhavam. A única pessoa que não fazia isso, era sua noiva: Ino Miriam, a única dentre todos que não ligava e nem pedia permissão para entrar na sala, apenas chegava, entrava, conseguia o que queria e voltava.

— Ele tem uma reunião às dez horas da manhã, você precisava estar pronta quando ele sair, com um tablet na mão e anotar tudo o que for decidido lá – explicava Ema a Aline que entendia tudo. — Ele também tem uma agenda que discute tudo que aconteceu no dia anterior. Antes de ir embora, você tem que ir com ele para saber o que vão fazer amanhã e lhe informar do que já está marcado.

— Certo. – confirmou, tinha entendido.

— Ah, ninguém pode entrar na sala dele sem ser anunciado, porém, a uma mulher que não precisa ser anunciada, e não é porque tem acesso livre, é porque é sem educação e entra quando quer. – Aline olhou para a porta em frente à mesa e pra senhora depois.

— Quem é? Sua mãe? – sentou na cadeira, e olhou diretamente para a porta, ficando bem na sua frente. Sentiu as pernas tremer.

— Quem dera fosse, é sua noiva – Aline olhou pra senhora. Claro, um homem daquele tamanho, com aquela beleza, só podia ser casado, ou quase casado. — Não se preocupe com Dafne Miriam.

— Dafne? A Dafne Miriam? A modelo? – Perguntou incrédula. — Entendi.

Via aquela mulher em muitas revistas de moda com sua maquiagem excessiva e cabelo sempre arrumado, perfeita para qualquer homem que caia aos seus pés. Era bonita, rica, e uma devoradora de cremes para beleza. E maquiagem.

— Sim, ela mesma – olhou para o relógio e depois para Aline. — Ok, eu preciso ir agora, meu ônibus sai da cidade em poucos minutos – foi até a mulher dando um beijo em seu rosto — se cuide, e qualquer dúvida, vá até a sala de Peter, eu não estarei disponível nem para uma ligação. Mande um beijo pra sua mãe por mim – despediu-se e esperou o elevador chegar para ir embora.

Aline ficou sentada ali, esperando que tudo acontecesse. Não era muita coisa que tinha que fazer, além de atender os telefonemas que chegariam, marcar algumas reuniões e estar do lado daquele homem quando fosse para as reuniões, nada que já não tivesse feito antes. Na empresa em que trabalhava, ela fazia a mesma coisa. Olhou ao redor, tinha muitas coisas sob a mesa, papéis e planilhas, entre elas, estavam uma em que distribuía lucros de seus patrimônios pela cidade, uma coisa importante para está ali. Aline ficou olhando por segundos antes de perceber uma coisa muito errada.

O ramo de comunicação era mais importante que o de entretenimento, porque as pessoas necessitavam de transporte e se comunicar com todo mundo, contudo, a empresa Johnson parecia não saber disso, e mandou uma grande quantidade para o entretenimento, como se, se comunicar com as pessoas, não fosse importe.

— Algum problema? – Aline levantou da cadeira olhando para o rosto do seu chefe. Engoliu a seco antes de falar alguma coisa.

— Não senhor, me desculpe – abaixou a cabeça fechando todo o documento. — Eu só estava vendo... Nada – lhe entregou o documento, Peter olhou para as planilhas e riu de lado.

— Sabe? O mais importante para as pessoas hoje em dia, sair das coisas mais pretas e brancas – Aline ficou de pé, o vendo caminhar pelo espaço que tinha entre sua mesa e a porta de sua sala — coisas para entreter, principalmente as crianças. Não acha?

Aline ficou calada, abaixou a cabeça e sentou.

— Não sou a pessoa certa para opinar, senhor Johnson. – disse. Peter olhava para a boca dela, pintada de vinho, uma tentação, por assim dizer. — Acho que devia investir no que lhe trás mais dinheiro.

— Correto! - olhou novamente para as planilhas e por cima delas, viu Aline revirar os olhos, e morder os lábios. — Algum problema? – ela levantou a cabeça para lhe fitar, os olhos dela eram tão bonitos.

— Não acho que entretenimento traga tanto lucro assim, o mais importante é as pessoas se comunicarem, acho que elas preferem apenas um aplicativo novo, ou um novo modelo de celular. – Falou de uma vez. Peter piscou, ela abaixou a cabeça, tinha a língua grande e isso sempre lhe condenava.

— Até que fim – Peter olhou para o elevador, e um homem surgiu vestido de terno e de cabelo loiro, seu sócio, Kevin Araújo. — já vim buscá-lo, mas é claro, chegou há dez minutos. – desligou o telefone e parou na frente do amigo. — Pronto para mais uma parceria meu amigo? – virou o rosto para cumprimentar a “senhora”... — Meu Deus.

— Olá, sou Aline, a nova secretária do senhor Johnson. – Kevin ficou parado, olhando pra ela. Estendeu a mão para ele, e Kevin a beijou, lentamente, olhando para o rosto da mulher e depois para o corpo.

— É um prazer conhecer você, Aline. – Olhou para Peter e depois para ela. — Amigo, nós precisamos conversar agora – empurrou Peter de volta para sua sala, e trancou a porta depois — Quem é essa gostosa?

— Minha nova secretária? – respondeu, olhando para a porta fechada — não a chame assim, mas respeito, por favor.

— Como não chamar assim? – mordeu o dedo na boca e olhou para o chefe. — É uma gata. Acha que Dafne vai gostar?

— Não quero que agrade ninguém, eu quero apenas que faça seu trabalho direito, e você também procure o que fazer. – Saiu da sala novamente, e encontrou a mulher já de pé, com um sorriso no rosto. — Precisa de alguma coisa?

— Não. A senhora Ema me disse que tinha uma reunião às dez horas, e falou para que o acompanhasse – Peter concordou, lhe entregando sua agenda, e Aline pegou um dos tablet.

— Vamos indo – falou indo em direção ao elevador, ele se abriu minutos depois e entraram. Aline entrou primeiro e ficou do lado esquerdo, Peter do lado direito e Kevin na frente, pois foi o último a entrar.

Ali dentro, o silêncio reinou intensamente, Peter vez ou outra cruzava seus dedos, ou apertava um, Kevin apenas suspirava, sentindo o cheiro que vinha dela. Peter desviou o olhar por dois segundos para encarar a menina de canto de olho, ela estava séria, deixando seus lábios formarem um bico agradável. Riu. Desceu o olhar para o tronco do corpo ao lado, e a primeira coisa que percebeu foi o tamanho da bunda dela. Não era lá uma coisa grande, mas lhe atraiu a ponto de pigarrear desviando olhar, não podia sequer tocar em outra mulher quando a sua não parava de lhe ligar pedindo uma opinião para o casamento.

Coisa que Peter não sabia por onde começar.

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