ClaireOs dias que se seguiram foram uma mistura estranha de calma e expectativa. Jean-Luc e eu trocávamos mensagens constantemente, mas ele parecia distante fisicamente. Não era do tipo que desaparecia, mas algo nele estava diferente, como se houvesse uma tensão sob a superfície. Eu não sabia o que pensar, mas me forcei a acreditar que era apenas parte da personalidade enigmática que tanto me atraía.Na sexta-feira à tarde, ele me surpreendeu ao aparecer no trabalho. Meu coração acelerou ao vê-lo atravessar a entrada da escola, com aquele andar confiante e os olhos fixos em mim.— Está pronta? — perguntou, com um sorriso que iluminava seu rosto de um jeito que me fazia esquecer qualquer coisa ao meu redor.Franzi o cenho, confusa.— Pronta para quê?Ele deu uma risada baixa, aquele som rouco que fez algo dentro de mim se contorcer.— Para a nossa viagem.— Ah! Agora? — Minhas sobrancelhas se ergueram em surpresa.— É. Agora. — Riu novamente, aproximando-se. — Um fim de semana, apenas
ClaireAs luzes refletiam na neve, criando um brilho suave e mágico que me deixou sem palavras. Jean-Luc observou minha expressão enquanto eu admirava a paisagem de dentro do carro, e eu percebi que ele estava satisfeito com meu encantamento.— Bonito, não é? — perguntou ele.— É perfeito.Ele nos levou a um hotel luxuoso, onde fomos recebidos com atenção e discrição. O jantar foi em um restaurante no último andar, com uma vista espetacular da cidade iluminada. Enquanto saboreávamos o vinho e os pratos cuidadosamente preparados, Jean-Luc parecia diferente. Mais relaxado, mas também mais intenso. Havia algo em seus olhos que me fazia sentir como se fosse a única pessoa no mundo.Quando o jantar chegou ao fim, ele segurou minha mão sobre a mesa. Meu coração disparou com o gesto. Então ele tirou algo do bolso interno do paletó. Era uma pequena caixa de veludo.— Claire, quero que você saiba o quanto significa para mim. Gostaria que você aceitasse isto como um sinal do que quero para nós
ClaireEu me forcei a relaxar enquanto Jean-Luc deslizava a pedra de gelo por mim, explorando cada centímetro com calma meticulosa. Indo do meu ponto sensível até minha entrada que pulsava, circulando-a de forma demorada. Era uma tortura doce. Meus músculos estavam tensos, meu corpo inteiro pulsando com a expectativa do que viria a seguir.Jean-Luc continuou, desenhando padrões quase artísticos sobre minha pele com o gelo, como se estivesse pintando uma obra-prima efêmera e invisível. Cada toque me arrancava suspiros e gemidos baixos, enquanto meu corpo se arqueava levemente, como se buscasse por mais, por ele. O contraste entre o frio intenso e o calor crescente dentro de mim era quase insuportável, mas ao mesmo tempo viciante.Quando o gelo começou a se aproximar do fim em suas mãos, ele o deslizou suavemente para dentro de mim, apenas o suficiente para que eu sentisse o frio penetrante no meu núcleo. Meu corpo reagiu instintivamente, se contraindo ao redor daquela sensação tão ines
ClairePor um longo momento, ficamos ali, nossos corpos ainda entrelaçados, nossas respirações entrecortadas preenchendo o silêncio do quarto. Jean-Luc se inclinou para trás, apoiando-se em um braço para me observar. Sua outra mão subiu até meu rosto, onde ele traçou minha mandíbula com os dedos, seu toque não mais tão terno quanto antes.— Você está bem? — ele perguntou, sua voz baixa e cheia de preocupação genuína.Eu apenas assenti, incapaz de encontrar as palavras para responder. Tudo o que consegui fazer era encarar aqueles olhos azuis profundos, tentando entender como alguém poderia me fazer sentir tanto em tão pouco tempo.Ele deu-me um sorriso que parecia revelar uma versão diferente dele, menos vulnerável e mais intimidante.— Não consigo parar de olhar para você — ele confessou, sua voz um sussurro. — Não acredito que finalmente a tenho só para mim.Eu corei, mas, antes que pudesse responder, ele se deitou ao meu lado e me puxou para perto. A sensação de seus braços ao meu r
ClaireMais tarde, ao sair do banheiro depois de finalizar a maquiagem e o cabelo, parei diante de Jean-Luc que se encontrava escorado no parapeito na varanda, observando em silêncio a vista.— Como estou?Ele se virou e sorriu ao me ver.— Maravilhosa! Está deslumbrante, Claire. Perfeita. A mulher mais linda que meus olhos tiveram a honra de enxergar. — A seleção de elogios me fizeram sorrir. Ele apanhou minha mão e beijou o dorso. — Está pronta?Assenti.Pegamos nossos casacos e deixamos o hotel. Jean-Luc dirigiu por uns quarenta minutos até uma mansão feita de pedras, protegidas por muros altos e um portão de ferro vermelho.Um homem abriu a porta para mim, que desci com sua ajuda. Jean-Luc se aproximou rapidamente, apanhando a minha mão. Ali fora havia apenas dois casais. Ambos nos olharam com discrepância. Um deles comentou algo aos sussurros.Jean-Luc puxou-me para dentro. Ao passarmos pela porta, logo uma mulher apareceu, apanhando minha bolsa e nossos casacos.— Meu celular —
ClaireIncomodada com tudo o que acabara de ver, peguei o garfo e espetei um pedacinho de batata no prato à minha frente. Levei-o à boca, mastigando lentamente, como se o ato de comer pudesse abafar o nó de ansiedade que crescia no meu peito. Jean-Luc estava sentado ao meu lado, sua postura impecável, mas seu olhar não era de conforto. Ele me encarava com aquela leveza controlada que eu começava a identificar como uma máscara, e, apesar de tudo, ele não sorria.À cabeceira da mesa, Franz começou a puxar o assunto, sua voz soando firme e despreocupada enquanto falava em alemão com os demais. Minha atenção voltou-se ao prato, enquanto meus ouvidos tentavam pegar alguma palavra familiar naquela conversa fluida e quase ensurdecedora. Claro que eu não entendi nada; meu alemão era inexistente, e, diante daquele ambiente, essa barreira linguística parecia uma afronte pessoal.Não resisti e os encarei de soslaio. A mesa estava cheia de figuras que parecem ter saído de um filme noir: elegantes
ClaireO jantar contínuo. A comida era deliciosa, mas a cada garfada eu sentia o estômago mais apertado, como se estivesse engolindo chumbo. Eu não participei de nenhuma conversa, e Jean-Luc também não fez questão de iniciar uma em francês para me incluir. Todos falavam em alemão, italiano e outra língua que eu não sabia se era espanhol ou português, ignorando minha presença com uma naturalidade quase ensaiada. Era como se eu fosse um fantasma na mesa.A única pessoa que parecia demonstrar algum interesse em mim era René. Ele me olhou atentamente, como se quisesse verificar se eu estava bem, mas não disse nada. Jean-Luc, por outro lado, parecia imerso em seu próprio mundo, como se minha exclusão não fosse algo que o incomodasse.Olhei para o relógio na parede atrás de Tatiana. Os ponteiros pareciam congelados. O tempo se arrastava, e minha ansiedade só aumentava. Eu me senti como uma intrusa em um ninho de cobras, incapaz de entender suas línguas ou sobre o que gesticulavam vez ou out
Jean-LucO mundo pareceu desmoronar no instante em que Franz levou Claire pelo braço. Não era só ciúme – embora a ideia de Claire sozinha com ele fosse como um espinho no meu peito –, mas a preocupação legítima. Franz tem o hábito irritante de falar demais, de abrir portas que deveriam permanecer trancadas. E Claire… Claire ainda não está pronta para ouvir de forma crua sobre esse lado da minha vida, embora eu já estivesse a colocando para dentro.Eu a amo. Esse sentimento, essa certeza, não deveria ser tão avassaladora, mas é. E é justamente por isso que estou tentando introduzi-la devagar, passo a passo, nesse mundo de sombras. Porque, se eu for imprudente, ela pode me rejeitar. E, se isso acontecer, não sei o que restará de mim.Fiquei observando a porta por onde os dois saíram, o maxilar travado e os punhos cerrados. Queria segui-los, mas sei que não devia. Franz é um animal social. Ele age como se tudo fosse um jogo ensaiado, mas é imprevisível. Eu só poderia esperar que ele não