Capítulo 02

༺ Bryan Fernandes ༻

Acabei despertando com o som do meu celular que tocava insistentemente. Levantei-me com protesto para pegar o maldito aparelho da escrivaninha. Então percebi que se tratava do meu pai, ele devia estar furioso do outro lado da linha, ligando com toda certeza para me lembrar de algum compromisso importante que eu havia esquecido. Acontece que na noite passada, eu exagerei na bebida. Também percebi que havia uma mulher do meu lado dormindo. Ao atender, meu pai foi direto ao ponto.

— Posso saber onde você está, seu irresponsável? Não me diga que esqueceu da reunião que tem com o grupo chinês às 11h30?

Como previa, meu pai estava furioso comigo e não escondia isso em seu tom de voz. Passei a mão no rosto, tentando ficar sóbrio, e olhei no relógio do criado mudo, que marcava exatamente 10h45. Respondi calmamente:

— Pai, eu não esqueci da reunião! Não se preocupe com isso... Apenas chegarei um pouco atrasado. Alguns imprevistos me impediram de chegar até a empresa.

Ele soltou uma risada sarcástica, como se eu estivesse fazendo pouco caso do seu sermão, e respondeu em tom sério novamente.

— Sei muito bem das suas "coisas", Bryan. Seu irmão me falou da sua noitada de ontem. Escute-me bem, vou te dizer uma coisa. Se você faltar a essa reunião e me prejudicar nos meus negócios, vou te expulsar da minha empresa. Este é o último aviso que te dou. Estou cansado desse seu jeito irresponsável e imaturo!

Engoli em seco quando ele falou daquela maneira. Eu sabia que meu pai costumava cumprir seus avisos e, principalmente, suas advertências. Levantei-me rapidamente, já pegando minha toalha e respondi enquanto caminhava para o banheiro.

— Não se preocupe, eu já estou a caminho da empresa! Prometo que não deixarei o grupo na mão.

Novamente ele me respondeu de forma séria, dando uma advertência sobre minha irresponsabilidade. Apenas respirei fundo, pois minha cabeça está latejando pela ressaca e dói demais, e só quero que ele pare de falar logo.

— Estou te avisando que, se chegar atrasado nessa reunião, corto todas as suas regalias, Bryan, e você viverá apenas do seu salário da empresa. Agora vou desligar, porque tenho uma reunião com o dono do hotel. Passar bem!

Não tive tempo de argumentar sobre nada. Apenas entrei no banheiro e rapidamente me coloquei debaixo do chuveiro. A água foi me despertando gradualmente, mas a ressaca continuava me matando. Assim que saí do banheiro, me enxuguei e passei meu desodorante.

Em seguida, peguei uma aspirina para a ressaca e segui até a cozinha, tomando-a com água. Então voltei ao quarto, abrindo meu closet e procurando um paletó. Estava terminando de abotoar minha camisa quando a mulher que estava dormindo do meu lado acordou e sorriu para mim.

Só é uma pena que tenho que trabalhar, pois se não me aproveitaria mais um pouco dessa gracinha. Ela se pronuncia enquanto vou colocando meu sapato social.

— Nossa, bebê! Você já está se arrumando para sair? Pensei que passaríamos amanhã e à tarde no seu quarto.

— Infelizmente, eu não posso! Meu pai acabou de me ligar me dando uma bronca daquelas. Se eu perder a reunião do grupo importante que vem hoje para a empresa, ele me mata... Acho que você tem que se arrumar, pois sairei e não tenho hora para voltar. — ela apenas me dá um sorriso e concorda, se levantando.

— Está certo! Vou apenas usar o seu banheiro e me arrumar para ir embora.

Ela me dá uma piscadela e segue em direção ao banheiro. Depois de alguns minutos, veste sua roupa enquanto eu termino de ajeitar meu paletó. Ela até tenta me ajudar com a gravata, e então saímos. Dou um beijo nela e a levo até a porta, dando o dinheiro para que ela volte de táxi. Prometo ligar para marcarmos algo outra hora, mas conhecendo como sou, jamais voltarei a ligar para essa mulher. Não sou o tipo que se prende a ninguém!

Pego minha pasta e sigo para fora, trancando meu apartamento e descendo até o estacionamento para entrar no meu carro e ir direto para a empresa. Assim que chego, passo rapidamente pela recepção, enquanto minha secretária Ana me dá as últimas anotações do dia. Enquanto ela fala, ela me serve um cappuccino na máquina que temos na empresa, e eu sigo para minha sala. Em alguns minutos, meu irmão entra com um sorriso debochado e comenta:

— Então, garotão do papai, gostou de ser acordado pelo mesmo? Espero que dessa vez você tome vergonha na cara, Bryan, e cumpra com seus compromissos!

— Você realmente deveria ter aliviado essa para mim, João Carlos. Não custava nada! Nosso pai me deu aquele sermão de sempre… — ele me olha de maneira debochada e responde com um sorriso zombeteiro como se fizesse pouco caso.

— É bom que você saiba que eu não vou mais acobertar você. Já tenho meus próprios deveres para cumprir nessa empresa. Comece a ser responsável e chegar no horário e deixe apenas para ir para a balada no final de semana, seu inconsequente. Eu não vou mais me sujar com nosso pai por sua culpa!

— Nossa, João Carlos! Você não deveria falar assim comigo. Sou seu irmão caçula, você tem que cuidar de mim! — o observo de maneira divertida, enquanto ele revira os olhos e responde com deboche.

— Não é porque você é meu irmão caçula que tenho que passar a mão na sua cabeça para tudo, Bryan. Essa foi a última vez que aliviei seu lado, mas da próxima, se entenda com nosso pai. Está na hora de você tomar vergonha na cara e virar um homem de verdade. Julgo que nosso pai deveria casar você. Quem sabe assim você não se tornava um homem sério?

— Credo! Deus me livre, nem fala uma coisa dessas. Ainda sou muito novo para pensar em casamento. Tenho muitas mulheres para conhecer, João Carlos. Não estragarei minha vida como você fez se casando com Estefânia! — confesso aquilo de maneira séria. Então, ele se aproxima, me puxa pelo colarinho do meu paletó e responde.

— Cala a boca! Não fale da minha mulher. Sabe qual é o seu problema, Bryan? É que você não sabe o que é amor. Diferente de você, eu quero estar com alguém que me ame, e não apenas passar pela minha cama e desaparecer no dia seguinte. Estefânia foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida, e não vou permitir que você fale mal dela. Se você tem um pingo de respeito por mim, então respeite-a também!

Ele me soltou bruscamente na cadeira e me olhou seriamente. Ele realmente não gostou da brincadeira que fiz, e eu apenas me desculpei e me recomponho.

— Está certo. Me desculpe, eu não deveria ter brincado assim com você, meu irmão. Vou cuidar dos meus afazeres! — João Carlos apenas revirou os olhos e andou até a porta antes de sair, respondendo:

— Espero que você faça um bom trabalho e represente bem nossa empresa para este grupo! Marque pontos com nosso pai, porque eu não vou ajudá-lo desta vez!

Ao confessar isso, ele saiu e fechou a porta. Eu passei a mão nos cabelos nervosamente. Eu teria que me sair bem nessa apresentação do novo produto. Pedi para Leandra me enviar alguns logotipos para que eu pudesse estudá-los antes do grupo chegar. Eu soltei um suspiro e pensei: "Eu só espero dar conta do recado, pois se eu não me sair bem, meu pai vai me matar!"

Respirei aliviado quando um dos sócios afirmou que faria negócios com a empresa do meu pai e que gostou da minha apresentação. Ele mandaria seu assistente entrar em contato comigo para providenciar os documentos. Assim que eles saíram da sala de reunião, sentei-me e soltei um suspiro. Ainda bem que eu dei conta do recado desta vez.

Durante o almoço, vi meu irmão todo carinhoso com sua mulher. Às vezes me pergunto como ele virou esse bobão ao lado de Estefânia, que o manipula da maneira que quer. Eu não sou um homem que procura compromisso. Eu apenas cortejo uma mulher que estou afim até conseguir o que quero. Depois, simplesmente saio fora. Prova disso foi que há dois meses atrás, quando viajei para o Caribe, conheci uma morena espetacular que chamava atenção por onde passava, e os clientes eram loucos por ela. Pensei nas melhores maneiras de conquistar aquela mulher para mim, e não foi tão difícil.

Quando consegui o que queria, simplesmente deixei algumas notas de dólares na escrivaninha da cama para ela pagar o hotel. Não sei qual foi a reação dela ao acordar. Maribel era uma menina doce e passaria por uma decepção como aquela, mas sobreviveria. Eu não era o tipo de homem para ela pensar em ter ao seu lado. Apesar de passar alguns dias na sua companhia, não posso mudar quem sou, e com toda certeza ela encontraria alguém bem melhor que eu.

Os dias que passei ao lado dela ficarão marcados na minha memória, pois eu fui o primeiro homem da sua vida! Sei que agi como um cafajeste, mas depois daquela noite me senti mal. Eu não teria coragem de encará-la no outro dia como faço com as demais. Maribel é inocente demais para que eu a machucasse com minhas palavras duras. Então, saí daquela forma, pois a melhor maneira para mim era ir embora sem deixar vestígios.

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