Capítulo 07

༺ Vincenzo Fernandes ༻

Quando ouvi tudo o que Maribel tinha passado, fiquei completamente comovido com sua situação! Como é possível ainda existirem homens desse tipo? Esse cara que fez isso com ela é um irresponsável! Uma moça tão bonita não merece passar por uma coisa tão terrível, e o pior de tudo é que não teve o apoio da sua família. Talvez tenha sido difícil para seu pai aceitar a situação.

Servi-me de uma dose de uísque e sentei-me na poltrona do quarto. Às vezes, me sinto tão mal por ter tanto dinheiro enquanto outras pessoas passam necessidades! Faço o que posso para ajudar, doando para instituições de caridade. Respirei fundo e tirei minha roupa, decidindo então tomar um banho e esquecer aquele dia. Jamais pensei que poderia ser um bom ouvinte para uma garota que parecia estar perdida na vida.

Na manhã seguinte, quando passei pela recepção, outra mulher estava no lugar de Maribel, que deve ter trocado de turno e voltaria à noite. Estou tão envolvido com ela, tanto pela sua história quanto por sua beleza, que preciso convidá-la para sair. Espero que ela não recuse meu convite! Resolvi minhas pendências do dia e conversei com alguns funcionários da obra, que mostravam-se empolgados com o progresso da construção.

Duas semanas depois…

Meus dias no Caribe estavam terminando e finalmente eu retornaria para Istambul. Soltei um suspiro profundo, pois andava desanimado. Ultimamente, Maribel tem me evitado sempre que peço para falar com ela a sós. Ela simplesmente afirma que está ocupada e que não tem tempo, e que me atenderá em outra hora. Julgo que ela ainda se sente envergonhada por ter me confessado aquilo.

Assim que saio para dar uma volta na cidade, acabo encontrando Maribel perto do estacionamento. Abaixei o vidro do carro e diminuí a velocidade enquanto observava que ela parecia distraída caminhando. Comento:

— Quer uma carona? Estou indo para o centro da cidade!

Ao perceber que sou eu, ela me olha incrédula e responde, passando a mão nos cabelos um pouco envergonhada:

— Não precisa! Eu moro no outro lado da cidade. Acho que você não vai querer ter todo esse trabalho!

— Que isso, Maribel! Eu faço questão, você não precisa dizer não. Até porque já estamos saindo praticamente da frente do hotel. Entre aí que te levo e não se preocupe que eu não sou nenhum maníaco que vai te atacar dentro do carro.

Ela novamente me olha receosa e responde de maneira nervosa:

— Mas eu não disse isso! Todavia, já afirmei a você que não fica bem eu me envolver com os clientes do hotel.

— Não se preocupe com isso! Sou uma pessoa discreta! — ela me lança um sorriso sarcástico e responde:

— Aham! Sei, discreto, igual quando resolveu me dar aqueles sapatos…

— Reconheço que aquilo foi um erro! Eu deveria ter lhe dado em outro lugar, quando estivéssemos sozinhos.

Maribel então solta uma risada baixa e passa a mão na testa, respondendo:

— Você não vai me deixar em paz, não é? Enquanto eu não aceitar sua carona? Por que é tão insistente assim?

— Eu já lhe disse que não sei explicar isso! Mas sinto como se tivesse a obrigação de te proteger e cuidar de você. Anda, entra, deixa eu te pagar um sorvete. Acredito que você não tem ninguém lhe esperando em casa nesse momento, né? Então não custa nada você aceitar minha gentileza.

Ela apenas revira os olhos e responde de maneira sarcástica:

— Está certo, Vincenzo, mas aviso que o sabor que eu gosto é de amora e esse sorvete só é vendido em um bairro chique da cidade. Aquele canalha me levava lá, mas se você não puder, eu também vou entender.

Percebi que Maribel havia dito aquilo de maneira provocativa, para que eu talvez desistisse, e apenas respondi com um ar zombeteiro enquanto destravava a porta do carro.

— Me diga o endereço para eu colocar no GPS, então vamos até lá!

— Você realmente não desiste, não é, Vincenzo? Está certo, eu queria entender essa sua cisma comigo. — apenas lhe lancei um sorriso enquanto dirigia e respondi:

— Essa é a pergunta que eu faço na minha cabeça desde que te conheci. Pois tem sido assim.

Maribel, por um momento, me olhou de maneira incrédula, porém não disse nada. Então, apenas fiquei em silêncio enquanto dirigia. Alguns minutos depois, estávamos na sorveteria chique que ela havia me dito. Realmente, o cara que a trouxe aqui devia ter dinheiro, porque os preços do sorvete são de tirar o ar. Ela se sentou em uma das cadeiras, e eu fiz o pedido de duas casquinhas de sorvete. Assim que a atendente trouxe, entreguei a Maribel o seu sorvete sabor de amora e provei o meu de chocolate.

— Nossa, esse sorvete é maravilhoso! Pena que é muito caro para o meu bolso ultimamente, mas eu amo esse sabor!

— Percebo o quanto ama esse sabor! A expressão na sua cara não nega! Mas mudando de assunto, me fale um pouco sobre a sua vida? — Maribel me olhou de maneira misteriosa e respondeu enquanto mordia a casquinha do sorvete:

— Você quer saber exatamente sobre o quê? Não me leve a mal, pois eu fiquei curiosa agora!

— Ah, sei lá! Fale-me sobre a sua família, seus amigos? Eu, por exemplo, sou um homem viúvo e tenho três filhos: dois rapazes e uma menina! — ela me olhou surpresa e respondeu desviando os olhos, como se fosse doloroso lembrar e falar de sua família.

— Eu sou de família humilde. Meu pai tem uma pequena quitanda no nosso cortiço, minha mãe é costureira, e eu também tenho uma irmã que infelizmente acabou se perdendo na vida. Meu irmão trabalha ajudando meu pai. Minha irmã não quer saber de nada além de balada e curtição! Estou com saudade da minha mãe. Não tive tempo esses dias de ligar para ela, sabe? Meu pai cortou qualquer tipo de vínculo comigo depois que descobriu a minha gravidez. Ele não me perdoou pelo fato de ter estragado a minha vida tão cedo, já que eu era o seu maior orgulho. — percebo que ela revela aquilo com muita tristeza e quando fala da irmã, acabo me lembrando do meu filho Bryan, que ultimamente tem me dado dor de cabeça.

— Julgo que ele só está magoado. Dei um tempo a ele. Talvez não tenha sido fácil aceitar isso, já que ele depositava todas as esperanças em um futuro promissor em você. E quanto à sua irmã, nem me diga, pois tenho um filho que é assim mesmo, Bryan. Não me dá um minuto de sossego. Acredita que ele só quer saber de balada, dormir com mulheres e gastar dinheiro? Porém, estou tentando colocá-lo no eixo.

Parece que, quando disse o nome do meu filho, Maribel acabou se engasgando com um pedaço da casquinha de sorvete. Levanto-me, batendo nas suas costas para tentar ajudá-la, e me viro, pedindo para a moça da sorveteria trazer um copo de água. Assim que ela se recupera e bebe água, me pergunta curiosa:

— Desculpe, você disse que o nome do seu filho é Bryan? Foi isso que ouvi?

— Sim, ele se chama Bryan. É um sem-vergonha! Mas percebo que esse nome lhe deixou bastante desconcertada! — Maribel desvia os olhos por alguns segundos e responde, me olhando com aqueles olhos esverdeados curiosos.

— Me desculpe, a pergunta, Vincenzo! Quantos anos o seu filho tem?

— Bryan tem 27 anos, Maribel. É o meu filho caçula dos homens! Mas por que você quer saber sobre isso? Não estou entendendo. — ela passa a mão na cabeça de maneira aflita e responde:

— É só curiosidade mesmo! Se importaria se eu te perguntar se você tem uma foto dele aí no celular, para mim ver?

— Ah? Eu devo ter. Tirei uma com ele antes de viajar. É a mais recente! — desbloqueio meu celular e vou até à galeria de fotos, procurando a foto que tirei recentemente com Bryan.

Assim que encontrei, mostrei para Maribel, que ao reconhecer o retrato, levanta completamente desconcertada, me olhando e responde.

— Meu Deus! Isso é muita coincidência mesmo. Você é o pai do homem que desgraçou a minha vida! Por favor, saia de perto de mim. Eu não quero vínculo com você, muito menos com seu filho. Por causa dele, estou passando por tudo isso. Agora entendo por que fui abandonada naquele quarto de hotel. Acabei sendo enganada por um galinha sem-vergonha.

— Maribel, eu jamais poderia imaginar que seria o meu filho que havia feito isso com você, que parece ser uma moça boa e que apenas está procurando uma carreira profissional e lutando para ter uma vida digna. Eu não sou como o meu filho Bryan, ele é um delinquente, mas juro que vou consertar esse mal. Por favor, não saia assim.

Como se o destino gostasse de pregar mais uma peça em mim, descubro que o pai do filho de Maribel é o meu próprio filho que a iludiu e enganou essa moça apenas para levá-la para a cama com juras de amor. Claro, ela, como inocente, acabou acreditando que ele era um príncipe encantado. Maribel pega sua bolsa e já se levanta, dizendo:

— Por favor, me deixe em paz! Não me procure, eu não quero saber de Bryan. Ele foi um mentiroso que fingiu ser um homem que não era, apenas para se deitar comigo. Meu Deus, que nojo...

Ela sai praticamente correndo, não me deixando falar mais nada. Passo a mão na minha barba, sem saber o que fazer. Preciso resolver essa situação! Vou ter que adiar por mais algumas semanas a minha viagem, mas assim que eu chegar, Bryan terá uma grande surpresa! Isso ele pode apostar. Vai aprender a não mexer com a filha dos outros sem pensar que não terá consequências por seus atos.

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