༺ Maribel Varrozzinni ༻Depois de todo o prazer que compartilhamos, levantamos e decidimos tomar o café da manhã juntos. A mesa do hotel estava repleta de frutas frescas, pães e sucos. Sinto uma leveza dentro de mim, como se os momentos turbulentos dos últimos dias estivessem, finalmente, ficando para trás. Bryan me olhava com aquele sorriso de canto, tranquilo, e por um instante, a sensação de normalidade tomou conta de mim.Após o café, resolvemos explorar um pouco mais as Ilhas Malvinas. Coloquei uma roupa leve, o vento soprava suavemente, e o cheiro de mar estava em todo lugar. Caminhamos lado a lado pela praia, onde a areia branca contrastava com o azul cristalino do oceano. As águas eram tão limpas que podíamos ver os peixes nadando perto da superfície, e ao longe, alguns pássaros sobrevoavam as rochas. As ondas quebravam suavemente, quase como um murmúrio, convidando-nos a mergulhar nesse cenário de calmaria.— Parece um sonho, não é? — perguntei, observando o horizonte.Bryan
༺ Maribel Varrozzinni ༻Seis anos se passaram desde que minha vida mudou para sempre. Finalmente, havia terminado a faculdade de medicina e estava prestes a concluir minha residência médica. Era um sonho que persegui há tanto tempo, e agora, com meu filho de sete anos ao meu lado, sentia que tudo valia a pena.A gravidez de Mary, que já estou com cinco meses, era a cereja do bolo em nossa família. A expectativa por sua chegada era palpável, e todos na família a aguardavam com carinho. Meu coração se enchia de amor toda vez que olhava para Bryan e via como ele estava ansioso para ser pai novamente. Nossa vida juntos seguia feliz, e as lembranças da lua de mel ainda aqueciam meu coração, mesmo que agora estivéssemos imersos nas responsabilidades do dia a dia.Minha amiga Pérola também havia encontrado sua felicidade. Casou-se com Vincenzo três anos atrás, o que pegou a todos de surpresa. Nunca soube que eles tinham uma conexão tão forte, mas ver a alegria dela ao lado dele era gratifica
༺ Maribel Varrozzinni ༻ Minhas mãos ainda tremiam enquanto segurava o teste de gravidez positivo que comprei na farmácia. Eu não queria acreditar que isso estava acontecendo comigo. Como explicaria isso ao meu pai? Assim que soubesse, ele me colocaria na rua e me chamaria de irresponsável. O que eu faria agora? Estava grávida de um homem por quem me apaixonei por algumas semanas. Depois que dormimos juntos, ele simplesmente sumiu no dia seguinte. Um típico cafajeste. Como pude acreditar que ele fosse diferente dos outros? Deixei-me enganar pelo caráter de Bryan e agora estou carregando um filho dele, sem saber onde ele mora ou como contatá-lo. Minha amiga Pérola percebeu meu desespero e nervosismo e pegou o teste da minha mão, comentando perplexa: — Meu Deus, Maribel, deu positivo. E agora, o que você fará? — Eu não sei, Pérola! Meu pai vai me matar quando souber disso. E o pior é que não tenho ideia de onde o Bryan mora ou como encontrá-lo. — confessei de maneira triste e chorosa
༺ Maribel Varrozzini ༻ Coloquei todas as minhas coisas no carro da minha amiga Pérola, que resolveu me ajudar dando moradia em sua casa até eu me estabelecer financeiramente. Minha mãe me deu um abraço chorando, enquanto minha irmã observava vitoriosa da porta. Não sei por que Micaela me odeia tanto, nunca fiz mal a ela. Dona Vera me entregou uma quentinha em uma sacola e comentou: — Fiz essa refeição para você se alimentar! A receita da comida de que mais gosta está aí dentro, por favor, minha filha, cuide do meu neto. Assim que ele nascer, prometo que farei uma visita a você. — Obrigada, mãe! Mesmo que nem você, nem meu pai acreditem, eu vencerei na vida, serei importante e com um futuro promissor. Não será essa criança que vai me fazer desistir dos meus sonhos, eu juro! — acariciei o rosto de minha mãe e percebi o quanto ela estava triste pela minha partida. — Acredito que você vai longe, minha filha! Tem força de vontade e nunca desiste dos seus sonhos. Mostrará para aquele vel
༺ Bryan Fernandes ༻ Acabei despertando com o som do meu celular que tocava insistentemente. Levantei-me com protesto para pegar o maldito aparelho da escrivaninha. Então percebi que se tratava do meu pai, ele devia estar furioso do outro lado da linha, ligando com toda certeza para me lembrar de algum compromisso importante que eu havia esquecido. Acontece que na noite passada, eu exagerei na bebida. Também percebi que havia uma mulher do meu lado dormindo. Ao atender, meu pai foi direto ao ponto.— Posso saber onde você está, seu irresponsável? Não me diga que esqueceu da reunião que tem com o grupo chinês às 11h30?Como previa, meu pai estava furioso comigo e não escondia isso em seu tom de voz. Passei a mão no rosto, tentando ficar sóbrio, e olhei no relógio do criado mudo, que marcava exatamente 10h45. Respondi calmamente:— Pai, eu não esqueci da reunião! Não se preocupe com isso... Apenas chegarei um pouco atrasado. Alguns imprevistos me impediram de chegar até a empresa.Ele so
༺ Maribel Varrozzini ༻ Hoje acabei acordando um pouco atrasada. Coloquei meu uniforme e fiz um coque no cabelo. Passei apenas um batom e blush no rosto, pois não posso perder o emprego que acabei de conseguir. Preciso começar a juntar dinheiro para quando o bebê nascer. Tentarei esconder minha barriga ao máximo da minha chefe. Hoje o dia está um pouco nublado. Só espero que não chova. Sigo até a parada de ônibus e fico um pouco impaciente, por parecer que o ônibus não passa! Após alguns minutos, finalmente o meu ônibus chega. Então, rapidamente, entro e espero chegar ao local onde descerei. Notando que gotas de água surgem no vidro do veículo, desço do transporte e começo a caminhar para chegar ao hotel mais rápido. Começa a cair mais pingos de chuva e ando apressadamente. Estou com tanta pressa que acabo não percebendo um rapaz parado na faixa de pedestre e caio dentro de uma carroça. Quando olho para trás para ver se não tinha nenhum carro, sinto que caí em algo fedido e pegajoso.
༺ Vincenzo Fernandes ༻ Após ter dado aquele sermão básico ao meu filho, decidi seguir com os meus afazeres, pois havia muita coisa para preparar até o dia da inauguração do novo prédio. Tive uma conversa com o meu outro filho, João Carlos, confessando o quanto Bryan tem sido, ultimamente, irresponsável e não tem cuidado de suas funções.Sei que, por ser o irmão mais velho, ele acaba o acobertando, mas fui bem sincero com o João Carlos! Se soubesse que ele estava protegendo seu irmão, não me importaria em retirar o cargo que havia lhe dado na empresa.Meus filhos tinham que entender que precisavam começar a cuidar do patrimônio que seria deles um dia. Eu queria que eles fossem grandes CEOs assim como eu. Tive que assumir tudo após a morte de sua mãe, e não foi fácil conciliar a empresa e cuidar dos filhos, principalmente de uma grande empresa! Sempre tive ajuda de serviçais e babás, mas gostava de participar da vida dos meus filhos.Esther, minha filha caçula, não queria responsabilida
༺ Maribel Varrozzini ༻Ainda estava segurando as sacolas em minhas mãos, sem saber o que fazer. Não acredito que aquele homem me deixou nessa situação embaraçosa! Era só o que faltava: os funcionários do hotel pensarem que estou dando confiança aos clientes. Daqui a pouco, vão estar me chamando de algo que não sou, e eu não quero causar essa impressão no meu emprego. Se eu devolver os presentes, com certeza ele falará com o senhor Matarazzo, e não posso arrumar mais confusão e acabar perdendo meu emprego.Percebo que ele comprou quatro pares de sapatos e não sei como adivinhou o tamanho dos meus pés. Depois, darei uma olhada nos calçados. Cíntia, que está ao meu lado, comenta de maneira maliciosa, sem esconder sua curiosidade.— Nossa, amiga, esse homem realmente cismou com você, já está até ganhando presentes dele! Só eu que não tenho a sorte de encontrar um gringo tão bonito assim!— Não diga besteiras, Cíntia! Ele apenas me concedeu uma gentileza, pois foi o culpado de eu quebrar o