Capítulo 01

༺ Maribel Varrozzini ༻

Coloquei todas as minhas coisas no carro da minha amiga Pérola, que resolveu me ajudar dando moradia em sua casa até eu me estabelecer financeiramente. Minha mãe me deu um abraço chorando, enquanto minha irmã observava vitoriosa da porta. Não sei por que Micaela me odeia tanto, nunca fiz mal a ela. Dona Vera me entregou uma quentinha em uma sacola e comentou:

— Fiz essa refeição para você se alimentar! A receita da comida de que mais gosta está aí dentro, por favor, minha filha, cuide do meu neto. Assim que ele nascer, prometo que farei uma visita a você.

— Obrigada, mãe! Mesmo que nem você, nem meu pai acreditem, eu vencerei na vida, serei importante e com um futuro promissor. Não será essa criança que vai me fazer desistir dos meus sonhos, eu juro! — acariciei o rosto de minha mãe e percebi o quanto ela estava triste pela minha partida.

— Acredito que você vai longe, minha filha! Tem força de vontade e nunca desiste dos seus sonhos. Mostrará para aquele velho teimoso que um filho não é impedimento para nada. É uma pena que seu irmão Matthew não esteja aqui para se despedir, ele com certeza não concordaria com isso.

— Ele também não poderia fazer muita coisa. A casa é do meu pai, mãe. Bom, vou indo porque preciso trabalhar daqui a pouco. Nos comunicaremos por mensagem e ligação, está bem?

Ela concordou enquanto Pérola colocava minhas malas no carro. Olhei para a janela e percebi que meu pai me observava. Assim que nossos olhos se encontraram, ele fechou a cortina na minha cara e sumiu para dentro da casa. Limpei minhas lágrimas mais uma vez e entrei no carro, pensando enquanto Pérola dirigia:

“Mesmo que o senhor não acredite, meu pai, vencerei na vida e encontrarei aquele canalha de Bryan, que destruiu minha vida!”

Após me instalar em um dos quartos da casa de Pérola, dei-lhe uma quantia em dinheiro para ajudar nas despesas da alimentação. Ela negou, afirmando que não precisava, mas eu sabia dos apertos que ela passava e insisti, colocando o dinheiro em suas mãos e dizendo que não aceitava um não como resposta. Ela suspirou pesadamente e colocou o dinheiro em seu bolso.

Fui para o restaurante e, como sempre, estava lotado. O dono do lugar, o Sr. Scott, estava enfurecido com meu atraso. Eu mal podia esperar para conseguir outro emprego, esse homem às vezes era insuportável! Ele encontrava defeitos em tudo, até em minha amiga Scarlett, que trabalhava perto dele. Ela simplesmente ignorava suas reclamações, e, no fundo, eu achava que o Sr. Scott tinha uma queda por ela, mas nunca admitiria isso.

— Você está atrasada! De novo, Maribel. Tenho tolerado isso, mas há alguns dias você vem matando o serviço. Se continuar assim, serei obrigado a te mandar embora…

— Prometo que será a última vez! Sr. Scott, tive alguns imprevistos e estava cuidando de uma mudança, mas agora chegarei na hora certa! — ele revirou os olhos e me jogou a flanela e o borrifador.

— Entendi! Agora vá cuidar de limpar aquelas mesas, pois elas não vão se limpar sozinhas, e não se esqueça de lavar os banheiros.

Apenas concordei e segui para a área dos funcionários para colocar meu uniforme. Executei meu trabalho e, após terminar de limpar as mesas, segui para o banheiro e me ocupei com o restante das tarefas. Parei um pouco para descansar e foi então que meu celular tocou. Atendi e ouvi a voz de uma moça.

— Olá! Gostaria de falar com Maribel Varozzini? É a respeito da vaga de emprego no hotel Luxuosa Diamantina.

— Sou eu mesma! Em que posso ajudá-la?

— Queremos marcar uma entrevista de emprego com você! Ficamos interessados em seu currículo, pois você fala inglês e francês muito bem!

— Bom, estou em meu outro emprego! Saio daqui às 16h, se não for muito tarde para vocês! Posso passar aí ou então você pode marcar outro dia!

— Ah, não, moça, podemos marcar hoje mesmo, às 16h30min. Precisamos fazer uma avaliação com você, estamos procurando pessoas que falem esses idiomas fluentemente!

— Está certo! Me passe o número do andar e o local e assim estarei na hora combinada.

A mulher me passou as informações por meio de uma mensagem de texto e decidi voltar ao trabalho. Antes que Scott resolvesse me torrar a paciência novamente, no final do meu expediente, simplesmente me arrumei e fui embora daquele inferno de serviço. Ao chegar ao hotel luxuoso, olhei tudo de cima a baixo e pensei:

“Quem sabe se esse miserável desgraçado do Bryan não se hospedou neste lugar? Porque dinheiro aquele filho da puta tinha!”

Ao chegar na recepção, falei com um atendente que, apesar de arrogante, me recebeu e afirmou que eu teria que pegar o elevador, ir até o quarto andar e virar à esquerda. Eu simplesmente fiz pouco caso do mesmo e cheguei no escritório onde a mulher com quem conversei mais cedo me atendeu. Começamos a conversar após trocar algumas informações e, em seguida, a mulher comentou com um sorriso:

— Você se encaixa perfeitamente no tipo de pessoa que estamos procurando! A vaga é sua, se puder começar amanhã mesmo, agradeço!

— Nossa, eu nem sei o que dizer! Então, me explique como tudo funciona aqui? Para que eu possa chegar no horário certo.

Continuei acertando os últimos detalhes do trabalho e saí com um sorriso no rosto, pois esse emprego com toda certeza ia ajudar muito, principalmente nos primeiros meses em que estou grávida. Tentarei segurar o serviço o máximo que puder e só então revelaria para a minha chefe que estou grávida. O melhor de tudo é que não precisarei mais aturar o chato do Scott na minha cola.

Liguei para o Scott afirmando que não trabalharia mais no dia seguinte. Ele simplesmente me deu uma advertência, mas respondi que passaria apenas para pegar minhas contas e ele estranhou o meu comportamento. Então, desliguei na sua cara e me arrumei para ir ao novo trabalho no dia seguinte.

Logo encontrei Maia, a mulher que havia me entrevistado, e ela me afirmou que precisa de um tradutor para fechar um negócio. A seguir, rapidamente ajudei em uma das negociações que o dono do hotel precisava fazer.

Acreditava que trabalhar no hotel não seria tão difícil, pois com toda a certeza era melhor do que ficar limpando banheiros imundos e mesas de clientes porcos que não tinham um pingo de educação e muito menos escrúpulos. Estava no final do meu expediente quando acabei escorregando no piso escorregadio.

Alguém me segurou e, ao levantar o rosto, vi um homem por volta dos seus 46 anos me observando. Ele me deu um sorriso e eu me levantei, me recompondo e comentando:

— Me desculpe, senhor! O chão está escorregadio e acabei perdendo o equilíbrio!

— Imagina! Essas coisas acontecem, mas por favor, não me chame de senhor. Não sou tão velho assim! — o homem me deu uma piscadela e eu me recomponho rapidamente, um pouco sem graça, respondi desviando o contato visual.

— Não foi a minha intenção! É apenas respeito pelos hóspedes do hotel.

— Entendo perfeitamente, moça! Mas você é nova aqui, né? Sou acostumado a frequentar este hotel e conheço quando um rosto é novo. — aquele homem me passava uma tranquilidade inexplicável, mas ao olhar para ele era como se o conhecesse de algum lugar, então respondi calmamente.

— Sim, é o meu primeiro dia! Mas infelizmente preciso ir, ainda tenho faculdade. Com a sua licença…

O homem me deu um olhar penetrante e observou meu crachá, então respondeu com um sorriso nos lábios. Tinha quase certeza de que já havia visto aquele sorriso em algum lugar, parecia tão familiar.

— E claro, Maribel! Entendo perfeitamente. Bom que você tenha uma ótima aula. Boa noite!

O homem passou por mim, exalando um sorriso e autoconfiança. Não podia negar que ele era muito charmoso, porém balancei a cabeça negativamente, afastando esses pensamentos pecaminosos. Julgo que, pelo que havia passado devido a um homem como aquele, já tinha sido o suficiente.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo