POV: DAIMON— Eu não... — Ela gaguejou, engolindo em seco. — Não sei o que houve."Isso não é toda a verdade." A diversão no tom de Fenrir era evidente. "Ela vai nos dar muito trabalho."Airys abaixou a cabeça, me olhando de canto, mordendo o lábio. Havia ousadia em seus olhos cintilantes que me desafiava.Então, sem hesitação, ela soltou a toalha.O tecido deslizou por seu corpo, caindo aos seus pés, deixando-a completamente nua diante de mim.Tensionei o maxilar, meus olhos desceram lentamente capturando cada detalhe de sua pele exposta.— Diga-me Alfa Supremo. — Observei seus olhos vibrarem em tons mel claro, em provocação e desafio afiado, tão audaciosa. — É isto que deseja de mim?Suas mãos hesitantes tocaram meus ombros, deslizando lentamente por meus braços. O aperto dos seus dedos era incerto, testando limites. Franzi o cenho e inclinei a cabeça de lado, permitindo sua ousadia. Queria ver até́ onde ela iria.Seus dedos voltaram, traçando um caminho lento por meu tórax.
POV: AIRYS— Tem razão, rei Lycan. — Torci o nariz, ainda presa em seu agarro. Meus dedos pressionaram o pulso dele, sem sucesso. — Na próxima vez que sua língua invadir minha boca, eu a arranco com os dentes.Os olhos terrosos dele brilharam, quase divertidos.— Posso gostar disso, pequena presa. — A voz saiu baixa, com ameaça velada e algo mais perigoso.Daimon me soltou lentamente, como se quisesse deixar claro que só me deixava ir porque queria. Sua postura continuava imponente, me observando de cima com presunção.— Vista-se e me siga.Minha mandíbula travou.— Para onde?Toquei meu pescoço, onde suas mãos estiveram momentos atrás. Ele poderia ter me enforcado se quisesse. Era o rei Lycan. Ninguém contestaria. Ninguém viria me salvar.Mas ele não o fez.Por quê?Eu o havia afrontado. Tinha desferido um tapa contra seu rosto. No mínimo, deveria ter perdido minhas mãos."Não é sua intenção nos ferir."Engoli em seco, afastando o pensamento.Daimon se virou para a porta, sua voz gra
POV: AIRYSMeus olhos estavam arregalados. O vento rugia ao nosso redor, bagunçando a pelagem imponente de Fenrir. Na escuridão, apenas seus olhos brilhavam, vermelhos, fixos em mim.Seu focinho se ergueu na minha direção, farejando.Instintivamente, recuei a mão.— Há lendas que dizem que somos ligados aos nossos ancestrais através dos sonhos. — O lobo rosnou grave.Ele começou a caminhar lentamente ao meu redor, um predador marcando território. Suas enormes patas afundavam na neve, deixando rastros profundos na fauna congelada.— Podemos ver o passado, nos conectar a eles… e até mesmo descobrir seus segredos.Engoli em seco, sentindo meu peito apertar.— E-eu… não sabia disso. — Minha voz falhou.Segui seus movimentos, girando meu corpo para acompanhá-lo, sem nunca lhe dar as costas.— Ouvimos uma voz assim que entramos no banheiro, pequena presa. — Ele sacudiu o corpo, espalhando a neve acumulada em sua pelagem densa. — Daimon queria evitar nosso encontro tão cedo. Mas, graças à lu
POV: DAIMONFenrir não pedia. Ele tomava.Nas noites de lua cheia, sua fome era absoluta. Meu pai, a antiga casca da minha fera, costumava dizer:"A natureza de Fenrir é indomável. Ele é um lobo primitivo, feroz e insaciável. Mas é astuto. Sabe o que quer. Complete o elo e tornem-se um só."Fenrir me guiou até aquele leilão. Eu não deveria estar lá, mas algo nos chamava. Quando vi a pequena humana, tudo fez sentido. O cheiro dela... o gosto daquela noite ainda estava em mim. Nós a procurávamos. Desde então.E ali estava ela.Seu medo era palpável, um perfume agridoce que me instigava ainda mais. Mas não era só isso. Ela era diferente. Não se curvava, não se encolhia como as outras. Havia algo mais fundo, algo quebrado, mas que ainda lutava para ficar de pé."O destino nos trouxe a escolhida. A de milênios esperada." Fenrir rugia em minha mente, inquieto.Bastou um olhar para entender.Os olhos dela... um dourado intenso, selvagem. Uma mistura de resistência e temor. Havia medo ali, ma
POV: DAIMONDesgraçado.Um rugido baixo reverberou em meu peito. Fenrir avançou em minha mente, seu instinto sedento por sangue assumindo parte da minha visão.Airys percebeu. Seus olhos se arregalaram por um segundo antes de recuar, parando atrás da poltrona."Eles devem pagar por isso!" Fenrir rugiu.— Parece que sou imune à maldição lupina, rei Lycan. — Ela suspirou, os dedos apertando o estofado. — Se me comprou para me transformar, deveria pedir seu dinheiro de volta... ou me eliminar de uma vez.Franzir o cenho— Como é possível? — Questionei a Fenrir mentalmente."Há apenas uma resposta, e você já sabe qual é." Ele soou satisfeito, recuando, se deitando sobre as patas. "Ela é diferente."Meus olhos se estreitaram.— É isso que deseja? — inclinei a cabeça de lado, deslizando as mãos nos bolsos. — Ser entregue à sua antiga alcateia?— Não. — A resposta veio sem hesitação, firme. Airys sustentou meu olhar. — Eles não são meu povo.— Ah, os humanos. — Estalei a língua constatando,
POV: AIRYSO calor do seu corpo era viciante. A temperatura parecia ter subido de propósito quando deitei minha cabeça em seu colo.Eu sabia que estava me arriscando demais, porém, não me importava. Preferia isso a morrer de frio mais uma noite. Se até no inferno as almas eram aquecidas, por que eu, uma mera prisioneira humana, deveria congelar?"É quente... é seguro..." Minha mente repetia, embalada pelo cansaço, me puxando para longe, para a inconsciência.No último lampejo de lucidez, senti meu corpo se aconchegar mais, enlacei mais meus braços em suas pernas grossas, buscando instintivamente mais calor. Um arrepio percorreu minha pele quando um sussurro grave roçou meu ouvido:— Pequena, não sou alguém digno de se apegar...Seus dedos se infiltraram em meus cabelos, afundando nos fios em uma massagem lenta, prazerosa, que me arrancou um suspiro involuntário. Seu cheiro me envolveu por completo, quente e denso, como se impregnasse minha pele.De repente, tudo ao meu redor mudou.Pi
POV: AIRYSMeus olhos se arregalaram. Acima de mim, havia um enorme lobo branco que enfiou o focinho na água, me observando com intensidade.— Quem era sua mãe? — A voz ecoou.Minhas sobrancelhas se franziram, o medo se misturando com a confusão. Meus músculos relaxaram e, de repente, a água não parecia mais me sufocar. Ela deslizou contra minha pele, me envolvendo de forma estranhamente reconfortante.Ao meu redor, imagens tomaram forma. Minha mãe e eu brincando no jardim da nossa antiga casa. Eu devia ter uns cinco anos. Ela sorria, os olhos cheios de amor e tristeza.— Chegará o momento em que saberão quem você realmente é, minha menina. — Sua voz soava suave, apesar do peso por trás das palavras. — Quando isso acontecer, me prometa que fugirá para bem longe, sem olhar para trás.— Mas e você, mamãe? — A pequena choramingava, soluçando. — Eu não posso te deixar sozinha, o papai é cruel.— Eu estarei segura se você estiver segura. — Ela me puxou para seus braços em um abraço apertad
POV: AIRYSFui leiloada.Como Luna de alta classe, a companheira do Alfa da minha alcateia, eu deveria ser respeitada, protegida, reverenciada. Mas não.Fui traída. Abandonada. Vendida como mercadoria barata.E o mais humilhante? A pessoa que me entregou foi o homem que jurei amar e servir por toda a vida.Minha cabeça latejava, um zumbido insistente martelava meus ouvidos. Gemi, tentando abrir os olhos, apenas para ser recebida por uma luz ofuscante que queimava minhas retinas. Algo áspero roçava contra minha pele, cortando meus pulsos já feridos. Minhas articulações gritavam em protesto.Respirar era um desafio. A coleira fria em meu pescoço apertava cada tentativa de puxar ar, até mesmo engolir saliva era difícil. Cada movimento era uma punição, minhas costelas doíam, prova da surra brutal que havia recebido antes de ser jogada aqui.Tudo por uma farsa. Uma armação cruel.E a responsável?A mulher que mais confiei na vida.Minha própria irmã.A mesma que peguei na cama do meu marid