POV: DAIMONDesgraçado.Um rugido baixo reverberou em meu peito. Fenrir avançou em minha mente, seu instinto sedento por sangue assumindo parte da minha visão.Airys percebeu. Seus olhos se arregalaram por um segundo antes de recuar, parando atrás da poltrona."Eles devem pagar por isso!" Fenrir rugiu.— Parece que sou imune à maldição lupina, rei Lycan. — Ela suspirou, os dedos apertando o estofado. — Se me comprou para me transformar, deveria pedir seu dinheiro de volta... ou me eliminar de uma vez.Franzir o cenho— Como é possível? — Questionei a Fenrir mentalmente."Há apenas uma resposta, e você já sabe qual é." Ele soou satisfeito, recuando, se deitando sobre as patas. "Ela é diferente."Meus olhos se estreitaram.— É isso que deseja? — inclinei a cabeça de lado, deslizando as mãos nos bolsos. — Ser entregue à sua antiga alcateia?— Não. — A resposta veio sem hesitação, firme. Airys sustentou meu olhar. — Eles não são meu povo.— Ah, os humanos. — Estalei a língua constatando,
POV: AIRYSFui leiloada.Como Luna de alta classe, a companheira do Alfa da minha alcateia, eu deveria ser respeitada, protegida, reverenciada. Mas não.Fui traída. Abandonada. Vendida como mercadoria barata.E o mais humilhante? A pessoa que me entregou foi o homem que jurei amar e servir por toda a vida.Minha cabeça latejava, um zumbido insistente martelava meus ouvidos. Gemi, tentando abrir os olhos, apenas para ser recebida por uma luz ofuscante que queimava minhas retinas. Algo áspero roçava contra minha pele, cortando meus pulsos já feridos. Minhas articulações gritavam em protesto.Respirar era um desafio. A coleira fria em meu pescoço apertava cada tentativa de puxar ar, até mesmo engolir saliva era difícil. Cada movimento era uma punição, minhas costelas doíam, prova da surra brutal que havia recebido antes de ser jogada aqui.Tudo por uma farsa. Uma armação cruel.E a responsável?A mulher que mais confiei na vida.Minha própria irmã.A mesma que peguei na cama do meu marid
POV: AIRYS— Meu pulso! — O homem baixo e repugnante resmungou, ainda preso no aperto do gigante à minha frente. Um estralo seco ecoou pelo salão, seguido por um grito de dor cortante.— Aí! Por favor... Aí...O cheiro de suor e medo emanava dele.— Se-senhor, por favor... — O leiloeiro balbuciou, a voz trêmula. — A mercadoria já foi vendida. O martelo já foi batido.O homem imponente que segurava o nojento torceu seu pulso mais uma vez, forçando outro gemido de agonia antes de soltá-lo bruscamente.— Dois milhões de dólares. — Sua voz saiu baixa, profunda, cortante e afiada. — E seus membros intactos.A ameaça era clara. Ou aceitavam, ou morreriam ali mesmo.— O quê?! — A voz estridente de Eloy explodiu em um grito irritante, me fazendo cerrar os dentes. — Airys não vale tudo isso! Por que pagar tanto por ela?!— A mercadoria leiloada é minha Luna renegada! — Malik interveio, tentando manter a compostura, mas falhando miseravelmente. O leve tremor em suas pernas não passou despercebi
POV: AIRYS— Por que está me levando? — Indague nervosa, me ajustando ao banco próxima à porta do veículo. — Havia várias lobas naquele lugar, por que escolheu uma humana?Ele não respondeu, seus olhos se mantinham firmes na estrada, ignorando minha presença.— Pretende me matar? — Insistir, apertando o cinto. — O que você quer de mim?— Você faz perguntas demais. — Ele bufou baixo, mal-humorado. Engoli em seco. Cada fibra do meu corpo gritava em revolta. O alfa supremo, o maldito, Daimon Fenrir tinha uma reputação perigosa, um Alfa cuja fera ancestral o tomou em fúria, massacrando todos em sua volta e tirando a vida do próprio irmão.Seu lobo era hostil com qualquer um que se aproximasse, muitos não saiam vivos ao se aproximar demais dele, ao menos, era o diziam em minha alcateia.Eu precisava fugir!Daimon dirigia em silêncio, seu olhar fixo na estrada, enquanto eu olhava para os lados agitada, até que quebrou o silêncio.— Antes... — Seu tom desceu uma nota, ele me olhou de canto
POV: AIRYSRecuei alguns passos, meu coração batendo contra as costelas. Ele avançava devagar, sua forma lupina imponente, cada passo calculado, silencioso e letal. O ar gelado queimava minha pele, mas o frio não era nada comparado ao pavor que percorria minha espinha.— Me recuso a acreditar que a Deusa enviaria um monstro para me buscar. — Gritei, mesmo tremula.Medo. Raiva.Um instinto primitivo pulsava em minhas veias mandando fugir.Daimon rosnou, o som profundo vibrando no peito dele, reverberando dentro de mim.— Estou tão surpreso quanto, você, pequena coelhinha. — A provocação escorreu de seus lábios com um sarcasmo afiado, enquanto ele continuava a me encurralar.Senti a borda do penhasco sob meus pés. Um passo a mais e eu cairia. Meus olhos desceram para o vazio abaixo, a neve deslocada rolando em queda livre.— Salte! — A ordem veio como um desafio, fria e cruel. — Ou além de fraca, também é uma covarde?Engoli seco. Ele me testava. Queria ver até onde eu iria.— Eu te ace
POV: AIRYSPisquei algumas vezes quando ele se moveu rápido, me puxando para cima sem aviso.Seus braços fortes envolveram minhas pernas, me tirando do chão sem esforço. Meu corpo ficou colado ao dele, minha cabeça próxima ao seu tórax. O calor que ele emanava contrastava com o frio ao redor.— Eu posso andar. — Resmunguei, mesmo gostando do calor que sua pele irradiava.— Sangrará mais. — Daimon respondeu, indiferente.Fiz uma careta.— Isso não pareceu te preocupar antes, quando estava me caçando. — Empurrei seu ombro, tentando me soltar. — Me deixe descer.Ele ignorou minha tentativa de resistência.— Seu sangue tem um cheiro doce. Atrairá predadores. — Seu olhar encontrou o me dê forma intensa.— Além do predador que já me carrega? — Levantei o queixo, desafiando-o. — Não sabia que o Alfa Supremo era irônico.Ele riu baixo, um som grave, sem humor.— Para uma presa, você fala demais. — O tom veio carregado de irritação.Daimon parou em frente ao carro e me lançou um olhar frio.—
POV: DAIMON“Você ouviu?” Fenrir rosnou dentro de mim, sua voz grave e fria ressoando na minha mente.Assenti levemente, analisando a pequena criatura à minha frente. Ela tremia, encolhida contra o frio, tentando se aquecer com as próprias mãos. Presa. Frágil. Pequena demais para estar aqui.— Por que ela? — Questionei Fenrir, observando a humana se aproximar das gravuras entalhadas na pedra. Apenas receptáculos do grande lobo ancestral conseguiam lê-las. Mas Airys… ela parecia entender algo.Seus dedos deslizaram pelas inscrições. Notei quando seus olhos se fecharam por um instante, a respiração ficando mais pesada. Um segundo depois, ela recuou bruscamente, como se tivesse visto um fantasma. Seu cheiro mudou. O medo de sempre ainda estava ali, mas agora misturado a algo diferente. Algo mais profundo.“Temendo mais do que nós.” Fenrir estalou a língua, impaciente. Ele estava perto demais da superfície.— Há algo nela. — Tombei a cabeça de lado, tocando sua costas a empurrando para fr
POV: AIRYSMe via em meio à escuridão. Próximo à grande janela, uma silhueta imponente chamava minha atenção. Ombros largos, pele nua iluminada pela pouca luz. Ele virava lentamente com um copo entre os dedos, fixando em mim.Olhos terrosos que cintilavam em um vermelho intenso. Predatórios. Avaliando. Caçando.Meu peito subia e descia rápido, como se algo dentro de mim soubesse que eu precisava correr. Mas meus pés não se moviam. Algo nele me chamava, me atraía. No instante seguinte, ele desapareceu.Um arrepio subiu por minha espinha quando senti o calor de sua respiração contra minha nuca.— Fuja enquanto ainda há tempo. — A voz grave e rouca vibrava contra meus cabelos, provocando um estremecimento involuntário em meu corpo.Não respondi. Apenas me virei, lentamente, encarando o homem à minha frente. A tensão entre nós se expandia. Minha mão subiu, hesitante, tocando sua pele quente. Meus dedos deslizaram por seu peito firme, sentindo cada contorno, cada músculo que se enrijecia s