HENRIQUE ESTAVA DIVIDINDO um dos quartos do hotel com o editor de vídeos do seu canal do Youtube, mas, naquele momento, ele sabia que Fred não estaria lá. O garoto tinha ido fazer algumas filmagens noturnas da ilha e só voltaria mais tarde.
Janete sentia que eles mal podiam esperar para chegar ao quarto para liberar aquele desejo súbito que haviam sentido um pelo outro durante a festa e, quando adentraram o lugar, se jogaram logo na cama de lençóis brancos.
Henrique arrancou a sua própria camiseta e já abaixou a calça jeans surrada que usava. A garota viu um mastro enorme surgir de dentro da cueca boxer que ele estava vestindo e salivou.
Olha o tamanho desse pau, pensou ela admirada, já o vendo subir sobre o seu corpo e começar a despi-la. O vestido não fez qualquer resistência na pele de Janete e logo estava sendo jogado de lado. O loiro mirou entre as suas pernas como que tentando adivinhar o que teria por trás da sua calcinha branca que a cobria e, então, começou a deixá-la completamente nua.
Henrique não esperou mais nada para se abaixar no ventre de Janete e começar a saborear o seu sexo. A garota sentiu aquela língua quente e úmida percorrer seus mais íntimos detalhes, sem pausas e, logo começou a se agitar deitada de costas na cama. Ele tinha larga experiência no que fazia e, em pouco tempo, a estava levando ao êxtase.
Ele ainda se prolongou lá embaixo levando Janete à loucura, mas pouco depois, foi até a sua calça, apanhou a carteira, retirou um pacote de preservativo de lá e o posicionou. Quando ele voltou para a cama, Janete o recebeu de braços abertos e sentiu todo o peso do seu corpo sobre o dela. Os seus lábios se encontraram, as suas línguas dançaram juntas e, em seguida, ele foi percorrendo toda a extensão entre o seu pescoço e os seus seios grandes. Os apertou forte com as mãos enquanto a sua língua brincava com os mamilos castanhos e, naquele mesmo momento, o seu falo achou lugar na sua intimidade para vencer todos os demais limites.
— Com força ou devagarzinho? — perguntou ele antes de iniciar a penetração.
— Com força! — respondeu ela, já segurando em suas costas definidas.
Os quarenta minutos seguintes foram de sexo intenso dentro daquele quarto de hotel e ambos satisfizeram a sua volúpia um nos braços do outro, mesmo sem quase se conhecerem direito.
Algum tempo depois, Henrique aproveitou o momento pós-sexo para solicitar o serviço de quarto e um dos funcionários do hotel veio até a porta para trazer uma garrafa de champanhe com duas taças. Sem muita cerimônia, ele enrolou o lençol em volta da cintura para atender a porta e o homem trajando um uniforme carmesim o olhou meio sem graça naquele estado. Fora do ângulo da porta, Janete estava deitada na cama bem à vontade, ainda nua. Tinha enfiado um dos travesseiros entre as pernas caso o rapaz da entrega ousasse dar uma espiada lá para dentro, mas quando Henrique retornou para a cama, já trazendo a bebida e as taças, ela relaxou. Ele soltou o lençol, sentou-se, estourou a rolha e serviu o champanhe para os dois. Janete bebericou olhando para os olhos azuis dele.
— Que história foi aquela de “milionária paulista que anda arrasando na pista de dança”?
Ele riu bebendo meio copo da bebida. Aproveitou para se servir de mais um pouco e pousou a garrafa sobre um móvel do quarto.
— Eu cheguei mais cedo na festa do seu irmão e fiquei te observando dançar. Admito: Você tem um ritmo incrível!
Ela riu envergonhada.
— Está falando isso só porque queria me comer. Eu sou péssima dançarina!
— Eu queria te comer mesmo — confessou ele, canalha —, mas também estou falando sério quanto ao seu ritmo. Te achei muito charmosa dançando!
— E como sabe que sou uma milionária paulista? — Ela agora estava com um semblante desconfiado. Bebeu o champanhe e continuou: — Vai querer me convencer que o lance do agente secreto é verdade, senhor misterioso?
— Não vou não. Eu sou realmente um instrutor de esportes radicais. Abri uma empresa especializada em fornecer aos meus clientes experiências radicais como voar de asa delta, voar de parapente, passear de kitesurf… tudo que pode te matar se você não for bem instruído! — Ele riu e ela o imitou. — O canal do Youtube é meio que para promover a minha empresa. Eu vou até os lugares onde estão rolando eventos esportivos radicais, faço alguns vídeos, entrevisto famosos e anônimos e coloco nas redes. Esse é o meu verdadeiro trabalho. Depois que te entrevistei de manhã lá na praia, eu pesquisei um pouco sobre você. Descobri que os Castilho são bem proeminentes nas rodas sociais de São Paulo e que você é uma das herdeiras dessa fortuna toda.
— E você quer me dar o golpe do baú? — perguntou ela, em tom de ironia.
— Droga! Fui descoberto! — E ele simulou uma comunicação por rádio, tocando o ouvindo com o dedo indicador direito. — Abortar missão! Abortar!
Os dois riram em seguida. Henrique sorveu o resto do champanhe da taça e se deitou na cama de bruços. Ele começou a acariciar a pele dela usando a taça. Desenhou toda a curva abaixo do seu cóccix com ela virada de barriga para baixo, depois, a encarou nos olhos.
— Não precisa ser agente secreto para descobrir um pouco sobre as pessoas hoje em dia. Tudo que precisamos está nas redes sociais. Bastou alguns cliques para eu descobrir de quem você é filha, o nome da sua irmã caçula, o que você gosta de fazer nos fins de semana, onde estuda… essas coisas. Acredita que eu descobri até que uma das suas primas é amiga de colégio de uma parente minha?
— Como é? Que prima? — perguntou Janete bastante curiosa.
— Você tem uma prima mais nova chamada Micaela, uma ruivinha. Ela é amiga de classe da Kelly, uma loirinha de olhos verdes. Pois bem. A Kelly é minha prima de segundo grau.
Janete arregalou os olhos, pasma.
— Mas esse mundo é muito pequeno mesmo, hein? — disse ela, ainda surpresa — Eu acho que já vi a sua priminha por fotos. As duas vivem coladas uma na outra. A Mica é filha da minha tia Carla, irmã do meu pai. Crescemos praticamente juntas. Estou besta que você é primo da Kelly!
— Redes sociais, meu amor! Se você quer descobrir algo sobre alguém, esse é o caminho mais rápido. — concluiu ele, abraçando a garota em seguida e demonstrando que já estava a fim de mais uma investida sexual, o que ela não reprovou de maneira nenhuma.
Na manhã seguinte, Janete acordou com Rarissa sacudindo o seu ombro e a sua primeira reação foi resmungar, sem saber exatamente onde estava.
— ‘Bora, maluca! Temos que ir para o aeroporto. Já são quase treze horas!
Ela havia deixado o quarto de Henrique no décimo andar antes que o seu colega retornasse na noite anterior. Lembrava que tinha saído de fininho e andado o corredor até o elevador segurando os sapatos que calçara na festa de Jonathan na cobertura. Ainda usava o vestido aberto nas costas deitada na cama de bruços e a sua mente era um borrão só desde o momento em que chegara no quarto. Rarissa já estava com a roupa com que iria embarcar de volta para São Paulo e a apressou mais uma vez:
— Anda, Jane! Vai tomar um banho. Temos que ir para o aeroporto, senão perdemos o voo.
O banho gelado ajudou a recobrar um pouco da sua memória e ela riu sozinha embaixo do chuveiro quando se lembrou de tudo que tinha feito no quarto com o youtuber. Ele tinha sido um dos melhores amantes que ela havia tido nos últimos meses e ainda podia sentir as partes íntimas doloridas depois das horas de exercícios com o rapaz bem-dotado.
Não posso ir embora sem pegar o número de telefone dele!
Rarissa ficou aguardando no saguão com as malas enquanto Janete subia até a cobertura para se despedir do irmão. Um segurança contratado pelo agente do surfista posicionou o cartão de acesso no painel da porta e a deixou entrar logo que a identificou como a irmã de Jonathan. Lá dentro do quarto, ela encontrou uma verdadeira bagunça. Havia garrafas vazias para todos os lados, restos de comida largados em cima dos móveis e um cheiro muito forte de sexo impregnava o ar. Assim como ela, o irmão tinha se esbaldado a noite toda e nem devia estar em condições de atendê-la. Mesmo assim, ela caminhou até a suíte e o encontrou sobre a cama de casal com a namorada Suzana, ambos pelados.
— Ei, Johnny! Acorda! Vim me despedir. Estou voltando para São Paulo.
Ela tocou-lhe o ombro delicadamente e o acordou. Estava com um semblante bastante cansado e tinha várias marcas de arranhões nas costas e braços. Suzana estava deitada de costas na cama com a cabeça pensa num travesseiro e nem se mexeu. Parecia morta de tão exausta.
— Que dor de cabeça! — queixou-se ele. — Que horas são?
— Quase uma da tarde. Você vai ficar no hotel até que horas? — perguntou Jane, abaixada ao lado da cama.
— Sei lá… O André que sabe essas paradas! — André era o agente de Jonathan, aquele que cuidava da carreira do atleta. — Mas não deve ser muito tempo. Amanhã tenho que estar no Rio para uma coletiva de imprensa. — Uma profunda vontade de voltar a dormir o tomou e ele segurou o braço de Janete como que a puxando para cima da cama.
— Para, seu doido! Eu vim me despedir. Tenho que estar no aeroporto antes da uma e meia.
— Foda-se o aeroporto! Vem pra cama. Dorme aqui comigo. — A sua voz estava abafada pelo travesseiro.
— Não posso, Johnny. O papai me deu só dois dias aqui em Noronha. Se eu passar disso, ele me deserda!
Ele resmungou algo indecifrável e, então, Janete apenas deu-lhe um beijo no rosto e se despediu dele. Antes de sair, ela virou o rosto em direção à garota largada sobre a cama e lhe lançou um olhar enojado. Detestava as amantes ocasionais que Jonathan arranjava pelo caminho de suas competições.
Uma hora dessas, alguma dessas piranhas engravida e lá se vai o idiota ter que pagar pensão, pensou ela de maneira agressiva, já saindo do quarto.
Janete já estava descendo para o térreo quando deu de cara com Henrique logo que o elevador parou no décimo andar.
— Já está virando hábito a gente se encontrar assim por acaso! — disse ele acompanhado por Fred, o cinegrafista. O garoto pressionou o botão do térreo mais uma vez para que a porta do elevador se fechasse e ele se posicionou no canto esquerdo da cabina. Henrique colou as costas ao fundo, ao lado de Janete. — Já está indo embora?
— Uhum! — respondeu, meio sem graça pela presença do colega de Henrique no ambiente. Ela estava louca para aproveitar o momento e dar um amasso no loiro forte, mas sabia que não podia. Por alguma razão, Henrique parecia não querer que Fred descobrisse sobre o que eles tinham feito juntos na noite anterior e ela decidiu respeitar. — Pego o voo das treze e trinta.
— O meu sai às quatorze. — informou Henrique. — Duas horinhas direto para a Cidade Maravilhosa. Você podia ir me visitar em meu trabalho qualquer dia desses. Gosta de paraquedismo? Acho que você ia se dar muito bem pulando entre as nuvens!
Nas nuvens eu já estive ontem com você, seu gostoso! pensou a garota, quase não conseguindo disfarçar o desejo com que o olhava.
— Eu vou adorar estar nas nuvens… De novo.
Henrique percebeu aquele olhar e, de repente, Fred sacou um cartão do bolso para o entregar à Janete.
— Vai lá nos visitar, moça. Aqui tem o endereço, e-mail para agendar uma visita e o nosso site. Tenho certeza que você vai adorar o clube de esportes radicais.
Janete deu uma olhada no cartão e viu o nome do tal clube estampado em vermelho: Delta Sky. Já tenho como chegar nele de forma discreta, pensou ela. Logo em seguida, o elevador chegou ao térreo e eles se despediram mais uma vez. Os dois foram na frente e ela se encontrou com Rarissa que a esperava impaciente, sentada num banco no saguão.
— Aquele era o bonitão do Youtube? — perguntou a menina ao ver a dupla de rapazes passar em direção à saída do hotel.
— O próprio. E eu já sei como fazer para me encontrar com ele algum outro dia de novo. — E Janete mostrou o cartãozinho para a amiga. As duas deram risadinhas marotas e Rarissa mal podia esperar para saber com detalhes tudo que a outra tinha aprontado no quarto com o tal youtuber. Seria um voo bastante agradável de retorno à São Paulo.
A CONSTRUTORA SUARES & CASTILHO possuía um complexo de quatro torres espelhadas de trinta andares cada localizado na região industrial de Moema, um dos bairros mais nobres de São Paulo. Os prédios podiam ser vistos de longe refletindo, em geral, a luz solar da manhã e emergiam do chão imponentes, causando uma sensação de metrópole futurista à cidade que não parava por nada sob seus pés. A primeira torre — a sudoeste — tinha sido construída ainda nos anos oitenta, quando o patriarca da família Castilho, o velho e argucioso Jaime, filho de imigrantes espanhóis, vira no ramo da construção civil a grande oportunidade de quadruplicar a já milionária herança que possuía. Sob a b****a da, na época, modesta empresa, o grande centro de Moema se vira completamente modificado pelas construções arrojadas da construtora Castilho e, logo a fama de “a construtora do futuro” se espalhou por toda grande São Paulo, ganhando o país na década seguinte. A morte de Jaime Castilho na segunda metade dos ano
UM MÊS E MEIO APÓS a sua contratação, Janete foi chamada para a sua primeira reunião da diretoria principal da empresa e aquela foi uma das raras vezes que viu o próprio pai em seu trabalho. João Suares tinha convocado a reunião para discutir os novos planejamentos financeiros que a Suares & Castilho projetava para o próximo semestre e, por isso, precisava de toda a equipe financeira presente, incluindo os estagiários. Além de Janete, o time era formado por sua tia Elisa, a assistente Mariana, o técnico em TI Michael Mantovanni e os seus dois aprendizes, Gabriel Souza e Marco Túlio, ambos com dezesseis e dezessete anos respectivamente. A sala de reunião era um auditório com pé-direito alto que possuía seis fileiras de cadeiras para os espectadores em forma de arco côncavo, com o palco onde João falaria com um microfone à frente. Havia uma espécie de púlpito de onde ele comandava o Macbook que gerava as imagens pelo projetor e, atrás dele, um telão de quase dez metros de comprimento mo
NOS MESES SEGUINTES, a relação entre Janete e Eduardo evoluiu de uma amizade momentânea para um namoro admitido e era cada vez mais comum ver os dois juntos nos eventos sociais que a moça ainda se dava ao luxo de participar. A sua vida como estagiária na Suares & Castilho ainda era bastante agitada com a pressão de metas a serem batidas, envios de relatórios para a diretoria, apresentações semanais de resultados financeiros e muitas reuniões com a equipe da sua tia Elisa. Por conta das chamadas de atenção costumeiras em público e pelos casuais destemperos da mulher nos dias que antecediam o fechamento de resultados, Janete passou a encarar a, até então, tia preferida, como uma verdadeira carrasca empresarial com quem gostaria de estabelecer devida distância nos próximos encontros de família. O pior é que a reunião anual na casa de veraneio dos Castilho está chegando. Nem quero pensar como vai ser horrível! pensou ela ligeiramente desgostosa. Eduardo passou a buscar Janete quase todos
NA SEMANA SEGUINTE, Janete se viu sem muito tempo para encontrar o namorado e começou a entender o significado das palavras “hora-extra” no trabalho. Como aprendiz, ela sabia que tinha assegurado o direito de não poder trabalhar além da jornada estabelecida em seu contrato, mas Elisa quis passar por cima disso mantendo a sobrinha no escritório muito além de horário padrão. A Suares & Castilho estava em negociação para fechar o contrato com um importante grupo farmacêutico holandês que queria abrir um complexo de pesquisas avançadas em São Paulo e todos os setores — incluindo aquele que Elisa gerenciava — estavam em polvorosa para fazer tudo certo até que a assinatura dos europeus estivesse, enfim, no papel. Sabia-se que a conta do grupo holandês também estava sendo disputada pela Monterey e pela Constrular — a terceira construtora mais rentável do pais — e o velho CEO não estava a fim de perdê-la. Beto, que até então estava enfiando as caras em todos os projetos para tomar a frente do
QUANDO GUILHERMINA e Wilson voltaram para a sala, atraídos por vozes exaltadas e preocupadas, Eduardo e Janete estavam terminando de se vestir abotoando calças e terminando de amarrar cadarços. A garota estava muito aflita e as suas mãos tremiam segurando o iPhone que atendera há menos de dez minutos. — Mãe, pai, eu prometo que explico tudo na volta. Eu preciso levar a Jane de carro até a Zona Sul. — Zona Sul? A essa hora, filho? — Wilson olhou para o relógio na parede da sala. Batia mais de meia-noite. — Eu explico tudo na volta. Prometo. Eduardo viu a namorada se despedir dos seus pais meio que no automático e ela tomou a frente abrindo a porta para começar a descer as escadas do sobrado. Os cães das casas vizinhas começaram a latir ao ouvir a movimentação incomum àquela hora e intensificaram os ganidos quando o Golf deu marcha a ré na rua e saiu da garagem. O rapaz era ótimo condutor de veículos e aprendera cedo a dirigir para ajudar o pai a consertar os carros que chegavam na o
DANIEL GUIOU EDUARDO até a entrada de uma tubulação de concreto perdida no meio de uma espécie de esgoto a céu aberto e mandou que ele se preparasse para o cheiro. O lugar fedia a excremento e um líquido amarronzado escorria de dentro do tubo de aproximadamente um metro e meio de circunferência. — Dá para andar abaixado por essa tubulação. — Indicou Daniel. — Ela leva até a galeria de esgoto e, de lá, você vai ver uma escada de ferro que vai dar nos fundos do galpão. A entrada fica escondida por umas caixas velhas e entulhos de obra. Você vai poder entrar sem ser visto. Eduardo estava confiante naquele plano de surpreender o meliante antes que a polícia acabasse atirando em sua cunhada e se preparou para entrar no tubo após acender a lanterna do seu celular. — Espera aí mesmo. Se eu não voltar em uns vinte minutos ou se ouvir tiros, sai daqui e avisa a Janete e a Priscila. Daniel acenou que sim e passou as mãos nos cabelos castanhos quando viu Eduardo entrar pela tubulação e desapa
NA NOITE DO BAILE FUNK e do sequestro de Jéssica Castilho, Eduardo foi levado até a delegacia regional e passou horas sentado diante do delegado para, entre outras coisas, prestar seu depoimento sobre tudo que tinha acontecido desde que chegara ao bairro de Paraisópolis. Por sua interferência em assunto policial, o sargento Gomes queria que ele fosse punido ao colocar a vida da vítima em risco, mas Renato Castilho conseguiu convencê-lo do contrário e deixar aquele assunto para lá, uma vez que sua filha estava segura agora. A intervenção do sogro, no entanto, não impediu que ele levasse uma bela de uma bronca do delegado, que o chamou de irresponsável para baixo o fazendo tremer em sua cadeira. Para os Castilho, todavia, o garoto tinha salvado o dia e foi recebido como herói na casa do Campo Belo onde a família da namorada morava. A notícia sobre a batida policial malfadada na comunidade do Paraisópolis estampou as capas da maioria dos jornais e sites de notícia no dia seguinte e as me
O MÊS DE FÉRIAS escolares do meio do ano não foi o mesmo dos anteriores para Janete porque, daquela vez, ela tinha a responsabilidade de estagiar na S&C durante meio período e a única viagem a que ela se deu o direito de fazer foi com a família para o litoral norte, num dos finais de semana de junho. O seu irmão mais velho tinha conseguido uma folga das competições de surfe que vinha participando desde o começo do ano e apareceu na casa de veraneio para dar um “oi”. A casa estava na família há algumas gerações e costumava ser a sede das reuniões anuais dos Castilho desde os anos setenta, quando então o velho patriarca Jaime organizava várias orgias regadas a sexo, drogas e Rock N’ Roll. A reunião daquele ano estava marcada para agosto, no mês de aniversário de Janete, e prometia ser tão agitada quanto a dos anos anteriores. Todos costumavam ficar muito ansiosos perto daquela data, mas, naquele ano, Janete não estava muito animada a participar por estar namorando sério desta vez. Com