NAS FÉRIAS DE DEZEMBRO, Janete negociou um pacote de viagens com o irmão de Rarissa em sua agência Vecchio Tour e ela incluiu as duas amigas no passeio ao Rio de Janeiro que ela pretendia fazer. As três, agora maiores de idade, viajaram juntas de primeira classe na ponte aérea São Paulo-Rio e aproveitaram o pacote que incluía hotel — com café da manhã e jantar inclusos —, transporte e sete dias de passeios incríveis pelos melhores pontos turísticos da Cidade Maravilhosa. Nos três primeiros dias, as garotas fizeram questão de visitar o Cristo Redentor, o Pão de Açúcar, as praias de Ipanema e de Copacabana, e ainda tiveram tempo de conhecer a Barra da Tijuca e o Leblon. Foi num daqueles dias na Barra, que Janete se lembrou que tinha um conhecido na cidade e insistiu para que as amigas a acompanhassem até onde ele trabalhava. — O que? Voar de asa-delta? Deus me livre! Me borro toda de medo de altura! — disse Rafaela, sendo a primeira a se recusar a visitar o clube para praticantes de
A ILHA DE FERNANDO DE NORONHA em Pernambuco estava recebendo uma das etapas nacionais do WSL Latin America naquele início de ano e Janete Castilho estava ali para prestigiar o irmão Jonathan. Em meio a uma plateia de pouco mais de algumas dezenas de observadores na areia da praia Cacimba do Padre, ela dividia um binóculo com a amiga Rarissa Vecchio acompanhando de longe — e empolgada — as manobras radicais que o irmão fazia naquele momento nas ondas perfeitas de Noronha. Era um dia maravilhoso na ilha pernambucana. O céu estava limpo, o sol ardia intenso um calor de quase trinta e cinco graus e o mar estava favorável para a prática do surfe. — O Johnny embocou num tubo sensacional, agora, amiga! — berrou Janete, após dar alguns pulinhos na areia com várias pessoas ao seu redor olhando atentas o cenário azul diante delas. Havia gritos de incentivo a Jonathan perto de onde elas estavam. O rapaz era um dos favoritos a vencer a etapa do Hang Loose Pro Contest e estava a poucos pontos de
A FESTA NO TERRAÇO da suíte presidencial organizada pelos patrocinadores de Jonathan já estava pegando fogo quando Janete e Rarissa desceram do elevador. O prédio do hotel onde ambas estavam hospedadas desde a tarde anterior era um dos mais luxuosos da ilha toda e costumava receber muitas celebridades ao longo do ano. Havia cerca de cinquenta convidados no terraço e um grupo de garçons não parava de trabalhar, levando bebidas para cada um dos quatro cantos da badaladíssima comemoração. Janete estava trajando o único vestido de festa que havia colocado na mala antes de sair de casa, pensando justamente num momento como aquele de celebração e, estava estonteante. A saia era curta bem acima da metade das coxas e deixava as suas costas nuas com duas alças finas sustentando a frente, onde o busto avolumado ficava bastante evidente pelo decote. Seus cabelos estavam soltos e ela tinha passado um batom escuro nos lábios. Se serviu de champanhe assim que pisou na festa e pensou que ninguém ali
HENRIQUE ESTAVA DIVIDINDO um dos quartos do hotel com o editor de vídeos do seu canal do Youtube, mas, naquele momento, ele sabia que Fred não estaria lá. O garoto tinha ido fazer algumas filmagens noturnas da ilha e só voltaria mais tarde. Janete sentia que eles mal podiam esperar para chegar ao quarto para liberar aquele desejo súbito que haviam sentido um pelo outro durante a festa e, quando adentraram o lugar, se jogaram logo na cama de lençóis brancos. Henrique arrancou a sua própria camiseta e já abaixou a calça jeans surrada que usava. A garota viu um mastro enorme surgir de dentro da cueca boxer que ele estava vestindo e salivou. Olha o tamanho desse pau, pensou ela admirada, já o vendo subir sobre o seu corpo e começar a despi-la. O vestido não fez qualquer resistência na pele de Janete e logo estava sendo jogado de lado. O loiro mirou entre as suas pernas como que tentando adivinhar o que teria por trás da sua calcinha branca que a cobria e, então, começou a deixá-la compl
A CONSTRUTORA SUARES & CASTILHO possuía um complexo de quatro torres espelhadas de trinta andares cada localizado na região industrial de Moema, um dos bairros mais nobres de São Paulo. Os prédios podiam ser vistos de longe refletindo, em geral, a luz solar da manhã e emergiam do chão imponentes, causando uma sensação de metrópole futurista à cidade que não parava por nada sob seus pés. A primeira torre — a sudoeste — tinha sido construída ainda nos anos oitenta, quando o patriarca da família Castilho, o velho e argucioso Jaime, filho de imigrantes espanhóis, vira no ramo da construção civil a grande oportunidade de quadruplicar a já milionária herança que possuía. Sob a b****a da, na época, modesta empresa, o grande centro de Moema se vira completamente modificado pelas construções arrojadas da construtora Castilho e, logo a fama de “a construtora do futuro” se espalhou por toda grande São Paulo, ganhando o país na década seguinte. A morte de Jaime Castilho na segunda metade dos ano
UM MÊS E MEIO APÓS a sua contratação, Janete foi chamada para a sua primeira reunião da diretoria principal da empresa e aquela foi uma das raras vezes que viu o próprio pai em seu trabalho. João Suares tinha convocado a reunião para discutir os novos planejamentos financeiros que a Suares & Castilho projetava para o próximo semestre e, por isso, precisava de toda a equipe financeira presente, incluindo os estagiários. Além de Janete, o time era formado por sua tia Elisa, a assistente Mariana, o técnico em TI Michael Mantovanni e os seus dois aprendizes, Gabriel Souza e Marco Túlio, ambos com dezesseis e dezessete anos respectivamente. A sala de reunião era um auditório com pé-direito alto que possuía seis fileiras de cadeiras para os espectadores em forma de arco côncavo, com o palco onde João falaria com um microfone à frente. Havia uma espécie de púlpito de onde ele comandava o Macbook que gerava as imagens pelo projetor e, atrás dele, um telão de quase dez metros de comprimento mo
NOS MESES SEGUINTES, a relação entre Janete e Eduardo evoluiu de uma amizade momentânea para um namoro admitido e era cada vez mais comum ver os dois juntos nos eventos sociais que a moça ainda se dava ao luxo de participar. A sua vida como estagiária na Suares & Castilho ainda era bastante agitada com a pressão de metas a serem batidas, envios de relatórios para a diretoria, apresentações semanais de resultados financeiros e muitas reuniões com a equipe da sua tia Elisa. Por conta das chamadas de atenção costumeiras em público e pelos casuais destemperos da mulher nos dias que antecediam o fechamento de resultados, Janete passou a encarar a, até então, tia preferida, como uma verdadeira carrasca empresarial com quem gostaria de estabelecer devida distância nos próximos encontros de família. O pior é que a reunião anual na casa de veraneio dos Castilho está chegando. Nem quero pensar como vai ser horrível! pensou ela ligeiramente desgostosa. Eduardo passou a buscar Janete quase todos
NA SEMANA SEGUINTE, Janete se viu sem muito tempo para encontrar o namorado e começou a entender o significado das palavras “hora-extra” no trabalho. Como aprendiz, ela sabia que tinha assegurado o direito de não poder trabalhar além da jornada estabelecida em seu contrato, mas Elisa quis passar por cima disso mantendo a sobrinha no escritório muito além de horário padrão. A Suares & Castilho estava em negociação para fechar o contrato com um importante grupo farmacêutico holandês que queria abrir um complexo de pesquisas avançadas em São Paulo e todos os setores — incluindo aquele que Elisa gerenciava — estavam em polvorosa para fazer tudo certo até que a assinatura dos europeus estivesse, enfim, no papel. Sabia-se que a conta do grupo holandês também estava sendo disputada pela Monterey e pela Constrular — a terceira construtora mais rentável do pais — e o velho CEO não estava a fim de perdê-la. Beto, que até então estava enfiando as caras em todos os projetos para tomar a frente do