Cap 2 A vida ou o passado

EULÁLIA

Lutei como podia, até perceber que ele queria me matar de verdade. Por isso, tive que empurrá-lo com tudo que tinha e pular de pé, mesmo machucada. Capturei a adaga que tinha no bolso da calça e encarei Ciro em sua forma de lobo, agora maior que antes, e sua suposta verdadeira namorada.

— Por que está me atacando? — quase gritei. Ele, por sua vez, apenas me rondou.

“Eles sempre planejaram me eliminar depois da ascensão de Ciro ao cargo de Alfa. Mesmo tendo sido eu a ajudá-lo a ganhar uma boa imagem.”

— Porque você é a traidora, aquela que chamou os inimigos e fez o pai dele morrer antes da hora. — Era Rosalina falando por ele novamente.

— Você não sabe mais falar, não? Só essa v***a aí? — explodi.

Tudo estava se encaixando, e isso me deixava muito brava. Eu era o alvo de todos, principalmente daqueles dois. Então, recordei que o Beta foi o mesmo que entrou correndo, dizendo que estávamos sendo atacados, e foi ele quem me levou até ali, para esperar por meu suposto namorado.

— Só não te mato porque jurei proteger as pessoas e não matá-las. — Disse Rosalina, enfurecida.

— Oh! Que bonito. Então usou o cachorrão aqui para ser sua arma? — Um sorriso amargurado saiu de mim. Eu estava me desconhecendo, nunca havia ficado tão brava e nunca tinha sido tão traída.

Minhas feridas cicatrizaram devagar, mas Ciro avançou novamente. Pulei raivosa para cima dele também e acertei-o bem perto do coração, pois passei por baixo de sua forma lupina e enorme.

Seus olhos vermelhos brilharam enquanto ele voltava à forma humana, com Rosalina correndo até ele e gritando feito louca:

— Ciro!

Meu rosto estava úmido, e percebi que eram lágrimas de decepção, tristeza, amargura e raiva. Apertei a adaga com força nos dedos e os amaldiçoei com toda minha dor sendo derramada naquele momento:

— Tomara que você morra logo!

— Você é louca. — Rosalina tinha os olhos embargados, mostrando o quanto se importava com meu ex-traidor.

“IEles já eram algo antes, não começou de repente.”

Eu era a única ingênua ali. Olhei para o corpo de Michel com pena.

“Você também foi traído pelo próprio filho, e ele agora quer me matar como fez com você.”

Mais lágrimas caíam, e eu as limpava com raiva.

— Você vai morrer hoje e, se isso não acontecer… — A voz de Ciro era forçada, ele estava extremamente fraco pela facada.

— … O Grande Conselho do Supremo vai pegar você e matá-la por traição à sua matilha. — Disse, quase sem fôlego.

— E você não vai durar muito. Pelo menos algo de bom eu fiz. — Tentei me manter firme e não mostrar que minha mão tremia.

— Ele não vai morrer, porque eu não vou deixar. — Gritou Rosalina, estancando o sangue do seu companheiro.

— Você não me serve mais. — Disse ele, se forçando a levantar, parecendo enojado. Sua companheira o ajudou. Agora, eu podia ver a marca de seu emparelhamento, acasalamento, seja lá como eles chamavam. Estava acima do peito dele, perto de onde eu o acertei.

“Marca ao lado do coração.” Isso significava que eram almas gêmeas.

“Droga!”

Quase chorei novamente.

— É isso. Eu nunca fui uma opção para você, não é? — Ele riu. Eu tive que me convencer de que tudo não passou de uma ilusão. Fui usada e pronto.

— Claro que não. Você é patética! — reclamou.

— Patética?

Cerrei os punhos ao lembrar que ele me usou para tomar o lugar de seu pai. Então, olhei ao redor, tentando disfarçar minha angústia e o quanto estava afetada pela relação dos dois.

— E quanto ao seu pai?

— Ele seria contra os meus princípios. — Disse com tristeza, mas ciente de que estava me revelando quem matou seu pai.

— Você o matou? — Meus olhos estavam arregalados.

— Como você pôde? — Gritei, ciente de que estava em perigo assim como o pai dele esteve.

— Baixe o tom. Não é porque você me colocou no meu posto que não irei te matar. Como viu, matei meu próprio pai porque ele não aprovaria o que farei.

Meu coração batia descontrolado, o gosto amargo da culpa me consumindo. Eu o tinha colocado naquele lugar. Eu seria o primeiro alvo de qualquer um que investigasse aquele incidente.

“Ele está curando?”

Com horror, vi que ele se curava lentamente onde Rosalina tocava. Ele riu, ainda despido pela transformação. Agora, aquele homem não era nada atraente para mim. Era um traidor, um homem nojento e repulsivo.

— Não o olhe assim. Você serviu bem ao seu Alfa. Eu, como sua Luna, serei misericordiosa quando vierem buscar você. — Ironizou a mulher à minha frente.

Era isso. Eu seria levada no lugar de todos que traíram o antigo regime. Eu seria morta. Como não tinha mais nada a perder, encarei-os com raiva.

“Como eu pude amar alguém como você?”

Senti nojo de mim mesma por ter feito tal coisa.

A traição dele com Rosalina não significava mais nada comparado a perder minha vida e ter tamanha decepção, sendo considerada a traidora de toda a matilha.

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