WULFRIC DRAVEN William colocou o indicador embaixo do queixo, com o cotovelo apoiado no outro antebraço, assim como eu fazia quando pensava. — Ele será o alvo da alcateia por acreditarem que ele é mais fraco, e não irão imaginar que ele é do conselho. — Isso com certeza irá acontecer. — Recordei-me de como me insultaram fora daquele bar. — Então irei pedir para que ele se prepare. — William já estava prestes a se retirar. — Não se esqueça de adicionar uma observação curiosa ao seu relatório… — atrair sua atenção. — O novo alfa terá de pagar pelos insultos que recebi dos seus seguidores mais cedo. Portanto, Reymond não pode tirar os olhos deles. Eles são covardes também. — Então isso é quase uma prova de que nossa Luna está certa sobre aquele alfa desejar o seu poder? — Isso ele nunca terá! — asseguro. — Obviamente, não. A profecia foi cumprida quase completamente. Quem poderia com o grande reinado do nosso destino supremo? — me bajula. — Está na hora de ir avisar Reymond. —
EULÁLIAQuando ele disse seu nome no salão, me fez perceber que, naquele momento, era como uma aceitação do nosso laço. Ele não me rejeitou.Seu nome foi escolhido assim que ele nasceu com aquela aparência — alguém dito como quase albino, com heterocromia central nos olhos: condição ocular em que a íris tem dois ou mais círculos de cores diferentes.É uma característica incomum, mas nada grave. Além de ser muito atraente para mim.A íris tem um anel externo de uma cor e um anel interno de outra.O anel interno pode ter "espinhos" de cores diferentes que irradiam da pupila.A cor externa é considerada a verdadeira cor da íris.Há casos esporádicos de causa não genética. Esse era o caso dele.O Supremo não herdava aquelas condições raras de ninguém da sua família.“Seus olhos voltaram ao normal quando ele disse aquelas palavras e ninguém contestou.” Continuei pensando em como tudo aquilo parecia loucura.“Eu achei que viraria Luna…” começo a contar nos dedos enquanto olho para o teto, d
EULÁLIAHesitei por um instante, não sabia se de fato seriam informações importantes agora.— Ciro... ele me contava histórias quando éramos crianças.Wulfric franziu o cenho.— Histórias?— Sim... Histórias sobre um lobo negro de olhos vermelhos. Sobre um rei de cabelos brancos e olhos de duas cores. — busquei seus olhos, procurando ver sua reação.— Ele contava a profecia? — a voz de Wulfric saiu mais grave, quase um rosnado.— Não exatamente... Ele nunca chamava de profecia. Mas dizia que um dia o mundo mudaria quando esse lobo surgisse.Ele esperou saber mais, pressentindo haver mais do que apenas as mesmas palavras de sempre.— Que ele seria temido por todos, menos por mim. — completei.“Ele só não voltou a falar sobre mim na profecia quando crescemos.”— Por que você? — Me fitava com intensidade.“Talvez ele soubesse…”— Porque, segundo ele, eu era a única que poderia reconhecer a alma dele mesmo quando o corpo ainda estivesse quebrado. — eu não havia entendido isso antes, mas p
EULÁLIA O dia nunca foi tão longo quanto aquele. Ao acordar em um ambiente estranho, o primeiro que pensei foi em como havia parado ali. Então recordei do Supremo, de como flertei com ele e por pouco não virou uma tentativa falida. Agora precisava ficar no quarto até segunda ordem. Não era uma prisão: não havia como ser comparado a uma, pois era um cômodo luxuoso, mas, naquela ocasião, era um ambiente preparado para deter qualquer intenção de fuga da minha parte, assim como manter minha segurança quanto a quem estiver tramando contra o meu companheiro. Minha mente estava cheia de pensamentos irritantes desde o momento do meu despertar, sobre Ciro e seus planos. “A mente vazia realmente é a oficina do d***o.” — suspirei, me aproximando da grande janela de vidro. Onde foi possível ver a grande extensão que a construção do castelo cobria. A floresta que antes me pareceu próxima, agora se mostrava tão distante daquelas paredes imponentes de pedras. “O que será de mim amanhã?” — não
EULÁLIA Nosso primeiro jantar íntimo não foi opressivo ou tenso. Por mais estranho que parecesse, permaneceu em um clima leve e até mesmo íntimo. Vez ou outra, quando acreditei que estava imersa em meus próprios pensamentos, esquecendo-me de seu dom, o encontrava com seus olhos divertidos sobre mim. — Tenho uma pergunta… — quis parecer o mais séria possível. — Faça! — Essa, por acaso, é a minha última refeição? — Ele afastou os talheres depois de largá-los, colocou as mãos sobre a margem da mesa e me encarou. — Acredita que já terá sua morte? — Não é esse o sentido de ter me trazido a refeição? — Estou compartilhando-a com você. — Seu tom saiu quase amargo. — É mais um ponto estranho. — Deixei meus talheres na mesa igualmente, dando total atenção ao homem à minha frente. — Vou compartilhar meus pensamentos em voz alta, mesmo que o soberano não precise disso. — O vi apertar os olhos. — De repente, enquanto espero minha sentença de morte, surge um jantar magnífico que, ao i
EULÁLIA Já sentia a tristeza me inundar, pelo que teria que fazer. O companheiro que eu achei que não existisse era, na verdade, alguém que já existia mesmo antes de nascer: através das profecias. Era bom demais para ser verdade, e eu também tinha que ser boa o suficiente para não ser egoísta. Fechei os olhos por alguns segundos, buscando coragem para continuar. Quando os abri, a tempo de falar, o supremo me agarrou pela cintura, me levantando. Como um flash, me jogou na cama e pairou sobre mim. Aquela ação me surpreendeu tanto que me calou. Em vez de continuar minha frase de rejeição, o que escapou dos meus lábios foi somente um pequeno grito: — AH, VOCÊ ESTÁ ASSUSTADA? — seus olhos vermelhos se aproximaram ainda mais dos meus. Sua voz tremia nas minhas veias. — VOU MOSTRAR PARA VOCÊ QUEM DEVE SER! Seu corpo me prendeu, e sem aviso, suas mãos afastaram os fios ruivos do meu pescoço, descendo até o ponto acima do peito. “O quê?” Não tive tempo de pensar. Mesmo trêmula,
WULFRIC DRAVEN Dois dias haviam se passado. Já havia caído a noite e, mesmo conectado à minha parceira, ainda havia o crime que ela não havia cometido. Eu esperava ansiosamente por desvendar a verdade ao conselho, que pressionava William por respostas. Nenhum lobo vinha me perguntar, ninguém tinha tamanha coragem. Mas eu sentia o que eles queriam. Eles queriam o sangue dela, a morte da minha companheira, manipulados pela pessoa que ainda estava nas sombras daquele cargo, os incentivando a me colocar contra o destino e a minha companheira. Eles queriam me ver mais fraco, querem um buraco no lugar do meu coração. Pois se torna muito difícil sobreviver com uma dor tão grande e ainda continuar reinando da mesma forma. Com o coração em pedaços, eu poderia ter a mente colapsando constantemente, assim seria facilmente manipulado e derrotado. Apertei os punhos, irritado, impaciente, ansioso por vê-la. Não me permiti visitá-la outra vez porque queria dar boas notícias e não a queria nega
WULFRIC DRAVEN — Não há ninguém com esse nome no conselho. — avisou William. — Não. Ele não seria tão burro. — Continuei minha leitura… “Ciro, que era apenas um lobo ambicioso até então, estava nas sombras, sussurrando aos ouvidos do pai doente sobre sua suposta lealdade e a instabilidade de Eulália. Não foi a doença que matou o velho Alfa. Ouvi isso de uma loba anciã, chamada Maedra, que ainda cultiva as ervas no limite da floresta. Ela não teve objeções para nada. O truque de ter feridas nas costas como punição injusta provocadas pela minha “antiga alcateia” foi o que facilitou tudo. — Com certeza isso ainda dói. — William comentou, lendo no tablet. — Fala isso por experiência própria? — ironizei, vendo William desmanchar o sorriso. — Peço desculpas, senhor. Estou ciente de que fui eu quem causou aquelas marcas que ele carrega. — Meu Beta se corrigiu no mesmo instante. Quanto maior a posição, maior poderia ser a força aplicada ou mais tempo para cicatrização. Foi isso que