Amber BrownSeis horas! Por longas seis horas eu me senti parte da mobília da sala de espera, o ambiente em um tom de azul claro, com certeza para reconfortar as pessoas, mas me fazia sentir embrulhada. Eu sentava e me levantava a cada instante, agoniada com a longa espera. Algumas famílias ficavam aqui esperando, entravam e saiam, enquanto eu me mantinha em minha espera angustiante e preocupada.— Senhora Brown — escuto uma enfermeira baixinha chamando o meu nome e logo me ergo para ir em sua direção — a menor Mia Brown já está no quarto, podemos ir até ela — fala com um sorriso gentil e eu sinto um peso saindo de minhas costas, apenas assinto, me sentindo incapaz de falar no momento.Andamos por alguns corredores brancos, e vejo apenas algumas enfermeiras empurrando uns carrinhos e um rapaz em uma cadeira de rodas passeando pelo espaço. Não demora até chegarmos na ala infantil que possui um pouco mais de cores, e diversos personagens desenhados em suas paredes, e por fim a porta do
Dylan Cooper O fim de semana havia sido maravilhoso, fazia um bom tempo que eu não saia com meu primo para relaxar, bater papo, refletir sobre a vida. Adam viajava com frequência agora, com seu trabalho de investigador particular, ele acabava tendo que ficar disponível em horários incomuns, além de ter disponibilidade constante para fazer pequenas viagens a fim de descobrir, fotografar e catalogar a quantidade incontável de traições. Era engraçado, pois 90% dos casos que chegavam a sua agência era exatamente de mulheres ou homens desconfiados das traições dos seus parceiros. Eventualmente aparecia algum caso mais interessante que o animava, mesmo sendo raro, a sua grande parte eram casos que ele já sabia o resultado, pois ele dizia para mim que de todos os casos que chegavam com tal desconfiança, era certo de que ele ia encontrar as provas. — Sabe o que é pior Dylan, a maior parte dos casos acabam perdoando e fingindo que nada aconteceu — me contava frustrado — então para que confi
Dylan Cooper — Sabe o quanto isso é uma merda? Ela é minha irmã mais velha, minha única irmã, a ideia de precisar investigá-la me deixa extremamente desconfortável, porque sim, se papai decidir, não vou poder negar isso, assim como ela não teve forças para confrontá-lo quando tentou sair da mansão para morar sozinha por oito vezes. Sabe primo, eu confesso que até eu começo a pensar que essa é a única forma de tentarmos encontrar a solução para o problema, pois claramente ele só cresce e é como se todos nós estivéssemos esperando uma bomba gigante explodir em nossas caras. Observo Clara colocar o documento em minha mesa e abrir a parte onde preciso assinar, guiando com cuidado excessivo cada folha. Termino de assinar a liberação dos pagamentos e a olho me dar um sorriso forçado e se virar para voltar ao seu lugar. Depois que eu e Adam absorvemos a necessidade da intervenção, ligamos para meu tio a fim de dizer que estamos de acordo para realizar a intervenção no dia que ele achar mai
Dylan Cooper Estávamos todos sentados, eu, Adam, Sophie, meu tio Bob. Os gêmeos se encontravam praticamente dormindo nesse momento. Quando finalmente aconteceu, meu tio e Sophie os levaram para o quarto a fim de que ficássemos livres para conversar sem a interrupção deles. O jantar teria sido completamente silencioso se não houvesse a participação animada das crianças a mesa. E como era de se esperar, após o fim do jantar Clara se despediu de todos e subiu para o quarto. Peguei os documentos que imprimi e mostrei ao meu tio que parecia tão incrédulo quanto eu dessa descoberta. Ficamos por alguns minutos conversando sobre como guiaríamos a intervenção, mas a certeza de que hoje teríamos uma resposta e conseguiríamos mudar a situação atual, era a única coisa que nos enchia de alguma esperança. — Vou chamá-la — Adam fala parecendo bastante desconfortável com a situação, todos apenas assentem para ele e vejo meu tio se sentando no sofá, de frente para a cadeira que colocamos para ela s
Dylan Cooper — Você deve alguém? Alguém perigoso? — É a única coisa que consigo pensar, mas ao mesmo tempo parece tão absurdo. Se ela tivesse uma dívida perigosa, ela poderia me contar que eu a quitaria imediatamente, não a deixaria correr perigo, e ela sabe disso. É tudo tão absurdo, que nem parece que está acontecendo. — Clara — chamo novamente quando noto que ela não fala nada. Ela ergue os olhos — por que você desviou o dinheiro? — As lágrimas agora vêm uma atrás da outra enquanto ela me encara. Espero o seu tempo, começando a me sentir impaciente — eu preciso que você fale — concluo e ela engole em seco. Clara abre e fecha a boca algumas vezes, sem pronunciar qualquer tipo de som. A indecisão em sua face está clara, ela está dividida entre falar de uma vez ou pagar o preço pelo silêncio. Coço o meu pescoço me sentindo nervoso com essa postura. — Se você não falar o destino do dinheiro hoje, eu estarei dando autorização, ou melhor, estarei dando a ordem ao seu irmão para inves
Dylan Cooper — Dylan, respire comigo, ok? 1, 2, 3, concentre-se na contagem — A voz de Adam é um farol na escuridão, tentando me guiar de volta. — Inspire... 1, 2, 3... agora expire 1,2,3,4,5,6. Devagar. — Sua voz começa a ficar mais audível — isso, de novo, inspire... 1, 2, 3... expire 1,2,3,4,5,6. Sinto uma mão firme nas minhas costas, outra segurando minha cabeça, me incentivando a focar na respiração. Luto para seguir as instruções, mas cada respiração é uma batalha. Meu peito se aperta, como se estivesse sob uma prensa invisível. — Mantenha os olhos em mim, Dylan. — É meu tio, sua voz transborda preocupação e carinho. — Você está seguro aqui, preciso que você volte para a gente. Sem pressa, estamos aqui esperando você. Se concentre na respiração. Você consegue. Gradualmente, a respiração começa a fluir um pouco mais fácil. A pressão no meu peito diminui lentamente, permitindo-me tomar ar em golpes menos desesperados. Fecho os olhos brevemente, concentrando-me em cada inspiraç
Dylan Cooper — Você estava seguindo, ela também queria recomeçar, mas ai descobrimos a gestação, eu agi por impulso, acreditava que se ela te contasse você ia correr igual um desesperado atrás dela, como sempre fez, não importando tudo que ela tinha feito a você, você respirava ela, você vivia para se vingar, você vivia para vigiá-la, você vivia a sua vida em razão dela, e se ela tivesse algo tão poderoso como uma criança, você jamais ia deixar de olhar para ela. Pareceu uma ideia boa na hora, eu fiquei com raiva, eu queria que ela fosse, ela queria ir, você tinha desistido. Era uma oportunidade, ao menos na hora eu achei que era. — Eu só fiz. Pouco depois eu me arrependi, mas aí eu já tinha feito, eu disse a ela que você tiraria a criança dela, pois ela quis ficar quando soube da gestação, mas quando eu disse o que você faria, ela sentiu medo de perder a filha, então ela aceitou ir. Eu não poderia deixar ela de mãos abanando, afinal, a filha era sua, e eu não confiava nela, então el
Dylan Cooper Sinto os primeiros raios de sol brilhando sobre meu corpo quando noto enfim que passei a noite aqui fora. Minha mente estava um turbilhão de pensamentos tão intensos e poderosos que eu não me sentia capaz de me mover. O tempo passou tão acelerado que eu nem fui capaz de contabilizar as horas, e apenas a alvorada me fez notar o quanto eu estava imerso dentro de mim mesmo. Fico grato por terem me deixado sozinho, a ideia de ter alguém perguntando incansavelmente se eu estou bem ou não me traz um sentimento de irritação profunda. Ergo meu corpo ainda letárgico e ando sem pressa para dentro da mansão, parte do orvalho das plantas estão sobre mim, o cheiro tão agradável e que tanto me faz bem, consolando a minha alma, então me direciono para o meu quarto e sigo direto para o chuveiro. Um banho quente talvez me ajude a relaxar um pouco mais o corpo ainda tenso devido as recentes revelações. Fico talvez por mais algumas horas de baixo dele, pois quando saio e olho pela janela