Dylan Cooper Estávamos todos sentados, eu, Adam, Sophie, meu tio Bob. Os gêmeos se encontravam praticamente dormindo nesse momento. Quando finalmente aconteceu, meu tio e Sophie os levaram para o quarto a fim de que ficássemos livres para conversar sem a interrupção deles. O jantar teria sido completamente silencioso se não houvesse a participação animada das crianças a mesa. E como era de se esperar, após o fim do jantar Clara se despediu de todos e subiu para o quarto. Peguei os documentos que imprimi e mostrei ao meu tio que parecia tão incrédulo quanto eu dessa descoberta. Ficamos por alguns minutos conversando sobre como guiaríamos a intervenção, mas a certeza de que hoje teríamos uma resposta e conseguiríamos mudar a situação atual, era a única coisa que nos enchia de alguma esperança. — Vou chamá-la — Adam fala parecendo bastante desconfortável com a situação, todos apenas assentem para ele e vejo meu tio se sentando no sofá, de frente para a cadeira que colocamos para ela s
Dylan Cooper — Você deve alguém? Alguém perigoso? — É a única coisa que consigo pensar, mas ao mesmo tempo parece tão absurdo. Se ela tivesse uma dívida perigosa, ela poderia me contar que eu a quitaria imediatamente, não a deixaria correr perigo, e ela sabe disso. É tudo tão absurdo, que nem parece que está acontecendo. — Clara — chamo novamente quando noto que ela não fala nada. Ela ergue os olhos — por que você desviou o dinheiro? — As lágrimas agora vêm uma atrás da outra enquanto ela me encara. Espero o seu tempo, começando a me sentir impaciente — eu preciso que você fale — concluo e ela engole em seco. Clara abre e fecha a boca algumas vezes, sem pronunciar qualquer tipo de som. A indecisão em sua face está clara, ela está dividida entre falar de uma vez ou pagar o preço pelo silêncio. Coço o meu pescoço me sentindo nervoso com essa postura. — Se você não falar o destino do dinheiro hoje, eu estarei dando autorização, ou melhor, estarei dando a ordem ao seu irmão para inves
Dylan Cooper — Dylan, respire comigo, ok? 1, 2, 3, concentre-se na contagem — A voz de Adam é um farol na escuridão, tentando me guiar de volta. — Inspire... 1, 2, 3... agora expire 1,2,3,4,5,6. Devagar. — Sua voz começa a ficar mais audível — isso, de novo, inspire... 1, 2, 3... expire 1,2,3,4,5,6. Sinto uma mão firme nas minhas costas, outra segurando minha cabeça, me incentivando a focar na respiração. Luto para seguir as instruções, mas cada respiração é uma batalha. Meu peito se aperta, como se estivesse sob uma prensa invisível. — Mantenha os olhos em mim, Dylan. — É meu tio, sua voz transborda preocupação e carinho. — Você está seguro aqui, preciso que você volte para a gente. Sem pressa, estamos aqui esperando você. Se concentre na respiração. Você consegue. Gradualmente, a respiração começa a fluir um pouco mais fácil. A pressão no meu peito diminui lentamente, permitindo-me tomar ar em golpes menos desesperados. Fecho os olhos brevemente, concentrando-me em cada inspiraç
Dylan Cooper — Você estava seguindo, ela também queria recomeçar, mas ai descobrimos a gestação, eu agi por impulso, acreditava que se ela te contasse você ia correr igual um desesperado atrás dela, como sempre fez, não importando tudo que ela tinha feito a você, você respirava ela, você vivia para se vingar, você vivia para vigiá-la, você vivia a sua vida em razão dela, e se ela tivesse algo tão poderoso como uma criança, você jamais ia deixar de olhar para ela. Pareceu uma ideia boa na hora, eu fiquei com raiva, eu queria que ela fosse, ela queria ir, você tinha desistido. Era uma oportunidade, ao menos na hora eu achei que era. — Eu só fiz. Pouco depois eu me arrependi, mas aí eu já tinha feito, eu disse a ela que você tiraria a criança dela, pois ela quis ficar quando soube da gestação, mas quando eu disse o que você faria, ela sentiu medo de perder a filha, então ela aceitou ir. Eu não poderia deixar ela de mãos abanando, afinal, a filha era sua, e eu não confiava nela, então el
Dylan Cooper Sinto os primeiros raios de sol brilhando sobre meu corpo quando noto enfim que passei a noite aqui fora. Minha mente estava um turbilhão de pensamentos tão intensos e poderosos que eu não me sentia capaz de me mover. O tempo passou tão acelerado que eu nem fui capaz de contabilizar as horas, e apenas a alvorada me fez notar o quanto eu estava imerso dentro de mim mesmo. Fico grato por terem me deixado sozinho, a ideia de ter alguém perguntando incansavelmente se eu estou bem ou não me traz um sentimento de irritação profunda. Ergo meu corpo ainda letárgico e ando sem pressa para dentro da mansão, parte do orvalho das plantas estão sobre mim, o cheiro tão agradável e que tanto me faz bem, consolando a minha alma, então me direciono para o meu quarto e sigo direto para o chuveiro. Um banho quente talvez me ajude a relaxar um pouco mais o corpo ainda tenso devido as recentes revelações. Fico talvez por mais algumas horas de baixo dele, pois quando saio e olho pela janela
Dylan Cooper — Estarei mantendo seu salário, e você continuará morando aqui pelo tempo que desejar, qualquer despesa extra que tiver e não puder manter eu estarei cobrindo, basta solicitar, mas o melhor que fazemos por nós dois, é ficarmos longe um do outro. Eu jamais imaginei que as coisas chegariam a esse ponto, mas chegaram, e tudo se tornou insustentável. Não quero que alimente coisas na sua cabeça que nunca vão acontecer, quero que siga a sua vida, reencontre o seu caminho e seja feliz. Talvez um dia, no futuro, poderemos voltar a ser um pouco do que já fomos um dia — uma lágrima cai do meu olho nesse momento, é doloroso dizer adeus, mas é necessário — eu tenho muitas coisas para resolver na minha vida, e sei que você pode estar desnorteada e perdida no momento, mas tem muitas coisas para resolver na sua também. E eu desejo que consiga encontrar o que procura. Clara mantém o choro silencioso, e eu sinto que não consigo manter essa conversa por mais tempo. Ergo meu corpo sentind
Amber Brown— Terminamos, mamãe! — Mia fala já com uma expressão cansadinha, noto. Finalmente a sessão de fisioterapia acabou, e vamos para casa. É sexta a tarde e está calor, pretendia levá-la para tomar sorvete quando saíssemos do hospital, mas só de olhar a forma que ela está sei que irá apagar dois minutos depois de entrar no carro.Dito e feito, pouco depois que liguei o carro Mia estava completamente apagada. Solto um suspiro pesado, me sinto preocupada. Alguma coisa está errada. Clara nunca atrasou um único pagamento desde que eu vim para a Pensilvânia, mas tanto a pensão quanto o valor do hospital que deveriam ter caído há dois dias, até o momento não caíram. Notei essa questão apenas hoje quando fui ao mercado comprar alguns itens no momento que Mia estava na fisioterapia, com isso acabei vendo o meu saldo. Clara sempre paga religiosamente no dia certo, tanto que nem me preocupei em conferir antes.Estico as mãos no volante me sentindo aflita, daqui poucos dias tenho que paga
Dylan Cooper Subo as escadas sem pressa, observando todas as marcas que uma criança deixa pela casa, até que na antessala dos quartos vejo a bagunça enfim. Alguns brinquedos no chão. Dinossauros, muitos dinossauros, alguns sem patas, outros sem cabeças, alguns com membros variados, outros com adesivos de coração colados neles. Sigo observando e noto outros animais, cachorros, vaquinhas, cabras, uma diversidade de brinquedos dos mais variados tipos de animais, então olho a porta amarela cheia de fadas desenhadas e sorrio. Abro a porta e vejo o quartinho dela. Uma cama com um dossel, como de uma princesa, forrada com um lençol branco e amarelo, e um sol de pelúcia apoiado no travesseiro. Continuo a minha exploração e vejo uma estante com muitos livros, ando até ela curioso, a biblioteca de uma pessoa diz muito sobre ela. Pego os livros e fico encantado ao ver o quanto ela gosta de bichos, de todos os tipos. Livros com dinossauros, repteis, insetos, mamíferos, animais domésticos, e tod