Dylan Cooper Subo as escadas sem pressa, observando todas as marcas que uma criança deixa pela casa, até que na antessala dos quartos vejo a bagunça enfim. Alguns brinquedos no chão. Dinossauros, muitos dinossauros, alguns sem patas, outros sem cabeças, alguns com membros variados, outros com adesivos de coração colados neles. Sigo observando e noto outros animais, cachorros, vaquinhas, cabras, uma diversidade de brinquedos dos mais variados tipos de animais, então olho a porta amarela cheia de fadas desenhadas e sorrio. Abro a porta e vejo o quartinho dela. Uma cama com um dossel, como de uma princesa, forrada com um lençol branco e amarelo, e um sol de pelúcia apoiado no travesseiro. Continuo a minha exploração e vejo uma estante com muitos livros, ando até ela curioso, a biblioteca de uma pessoa diz muito sobre ela. Pego os livros e fico encantado ao ver o quanto ela gosta de bichos, de todos os tipos. Livros com dinossauros, repteis, insetos, mamíferos, animais domésticos, e tod
Dylan Cooper Tomamos o café em silêncio, enquanto observo a inquietude dela. Não era meu desejo que ela ficasse tão amedrontada nem tão reativa, mas sei bem que ela não abriria a porta se eu tivesse apenas batido. Sei que a forma que entrei na casa dela escondido se configura crime, mas foi a forma que encontrei de fazê-la me receber. Noto seus dedos tamborilando com certa força contra a mesa, deixando claro o seu nervosismo e ansiedade. Solto um suspiro, tentando pensar com clareza como iniciar essa conversa. — Você sabe que posso ligar para a polícia e você será preso por invasão de propriedade. Não sabe? — Fala sem olhar para mim, tentando soar ameaçadora, mas contradiz as próprias ações, pois até o momento nem se preocupou em pegar o telefone para cumpri-las. Contenho um sorriso ao pensar nisso. — Teria aberto a porta se eu tivesse batido? — Não! — Responde rápido, confirmando meus pensamentos. — Por isso entrei... — Ela ergue o olhar, parecendo irritada. — Estamos felizes a
Dylan Cooper — Ela é nossa, Amber — corrijo — por que você escuta apenas o que quer? Eu já te disse que não vou tirar ela de você, quantas vezes vou precisar repetir isso para você entender? Mas isso não muda o fato de que eu tenho direitos sobre ela também, você não a fez sozinha, e não pode simplesmente decidir me tirar da vida dela. Pelo amor de Deus Amber, você melhor do que ninguém sabe o quanto é doloroso ser rejeitada pelos pais, não posso permitir que minha filha cresça acreditando que o pai dela ignora a existência dela. — Ela não precisa saber sobre você, posso dizer que você morreu e... — Não vou aceitar isso — interrompo chocado — estou vivo e pretendo continuar assim por muito tempo. Consegue imaginar o quão absurdo é o que está propondo? Pelo amor de Deus, Amber, eu estou aqui vivo, lutando pelo direito de ser pai da minha filha, plenamente disposto a entrar em um acordo com você para que possamos exercer nossos direitos e deveres sobre ela, e você simplesmente me que
Dylan Cooper — Eu não sou apenas amigo da sua mãe, Mia! E sim, eu sabia do seu aniversário, e pretendo te dar outro presente no dia, mas para isso vou precisar que me ajude a escolher um bem legal — Falo sentindo meu coração acelerar fortemente dentro do peito, uma antecipação que eu não estava preparado para sentir. Se ela não gostar de mim? — E o que mais o senhor é? — Pergunta educada. Amber olha para mim como se implorasse para que eu não dissesse a verdade ainda. A minha vontade é de ignorá-la por completo e dizer aquilo que estou louco para que ela saiba de uma vez. — Sou seu amigo também, e mais outras coisas que ainda são segredos, mas logo você vai descobrir. Você gosta de segredos? — Mia afirma parecendo animada com o mistério. — Então aguarde um pouco que logo, logo teremos um grande mistério para você descobrir. — Afirmo e ela dá um pulinho animada. — Eu posso brincar de detetive mamãe? — Pede fazendo um biquinho encantador, interpretando a situação ao seu modo. — Ago
Amber Brown Sinto meu mundo em desacordo com a realidade que criei para nós duas, tudo desabando aos poucos, frágil como um castelo de cartas. Eu sabia que aconteceria, sempre soube na verdade, em algum momento tudo deixaria de ser o que é, de um jeito ou de outro. Se ele não descobrisse, em algum momento Clara acabaria contando. Ela não perdia a chance de me pedir para voltar, Clara estava com medo das consequências, ou arrependida, eu não saberia dizer, mas eu sabia que ela desejava que eu voltasse atrás. O lado racional do meu cérebro entendia com clareza tudo que foi dito por Dylan, e entendia também os direitos que ele tinha, além da compreensão, eu tinha plena consciência de que jamais conseguiria brigar contra ele em um tribunal, não com os recursos financeiros que ele tem hoje, então, seria no mínimo estupidez não entrar em um acordo com ele, ainda mais com ele tão disposto a chegarmos em um consenso. Anos atrás, quando namoramos, Dylan havia falado uma ou duas vezes do seu
Amber BrownDesço as escadas reflexiva e a visão que eu tenho me deixa desnorteada. Dylan interage de forma tão orgânica com Mia, como se ele sempre tivesse feito parte da vida dela. As gargalhadas empolgadas de Mia me fazem sentir ainda pior por estar tirando isso dela. Fecho os olhos tentando manter minhas emoções no lugar, agora não é o momento para desabar.— Bom dia! — Atraio a atenção dos dois. — Mamãe! Tio Dylan fez panquecas para nós! — Mia anuncia animada. Eu sorrio para ela e me sento no lugar posto para mim. Fico em silêncio enquanto eles continuam interagindo, meu coração se aperta mais, o que eu posso fazer, não dá para mudar a verdade. Olho para Dylan que atraído pelo meu olhar me fita curioso.— Parece que precisamos começar o jogo! —Falo sentindo uma tristeza estranha dentro de mim, uma antecipação que faz minha garganta apertar. Dylan franzi a testa em confusão.— Que jogo mamãe? — Minha filha pergunta curiosa. O amor da minha vida, o presente mais precioso que eu re
Dylan Cooper— ACHEI! — O grito repentino nos tira dessa bolha estranha que se ergueu rápido demais, de um jeito estranho e inesperado. — Lê para mim tio Dylan — Mia pede, trazendo o papel até mim.— Claro, querida! — Falo, sorrindo para ela, que vai até a moldura estrategicamente colocada na porta a uma altura que ela consiga manipular. Mia coloca a primeira peça que foi feita com imã para se grudar com facilidade. São apenas cinco pistas, um quebra-cabeças bem simples, de modo que não haja dificuldades que ela monte sozinha.A primeira peça é colocada no canto inferior direito sem dificuldades, o que me faz pensar que não é a primeira vez que ela monta um puzzle. — Lê, tio, lê logo — Mia pede quando termina de colocar a primeira peça.— Desculpa — peço e abro o papelzinho azul — "O que enche minha barriguinha e me deixa muito felizinha, é o que me fará encontrar a segunda pecinha!" — Olho para Mia que está com as mãozinhas em punho abaixo do queixo, aguardando de forma ansiosa, não
Amber Brown Meu coração ficava cada vez mais angustiado a cada passo que eu subia das escadas com minha filha aninhada em meus braços. O choro contido, de quem espera estar sozinha para poder se soltar partia o meu coração. Ela estava com vergonha de chorar na frente dele. A dúvida se tornou certeza quando abri a porta do quarto dela e as lágrimas escorreram soltas, aliviadas por poderem sair sem plateia. — O que aconteceu meu amor? Por que você está triste? — Os olhinhos vermelhos me encaram com a sua dor tão expressiva que me atingiram como um raio, senti que choraria a qualquer momento ali. Ela nunca tinha ficado assim. Eu, não sabia o que fazer. — Ma... ma... ma... — Os soluços impediram que ela falasse, e conforme seu choro aumentava a minha resistência foi por água abaixo. Peguei Mia nos braços e me sentei no chão mesmo com ela agarrada a mim, lhe dando o tempo que fosse necessário para o seu coraçãozinho se acalmar. Enquanto ela chorava, não consegui suportar mais e logo as m