Amber Brown Meu coração ficava cada vez mais angustiado a cada passo que eu subia das escadas com minha filha aninhada em meus braços. O choro contido, de quem espera estar sozinha para poder se soltar partia o meu coração. Ela estava com vergonha de chorar na frente dele. A dúvida se tornou certeza quando abri a porta do quarto dela e as lágrimas escorreram soltas, aliviadas por poderem sair sem plateia. — O que aconteceu meu amor? Por que você está triste? — Os olhinhos vermelhos me encaram com a sua dor tão expressiva que me atingiram como um raio, senti que choraria a qualquer momento ali. Ela nunca tinha ficado assim. Eu, não sabia o que fazer. — Ma... ma... ma... — Os soluços impediram que ela falasse, e conforme seu choro aumentava a minha resistência foi por água abaixo. Peguei Mia nos braços e me sentei no chão mesmo com ela agarrada a mim, lhe dando o tempo que fosse necessário para o seu coraçãozinho se acalmar. Enquanto ela chorava, não consegui suportar mais e logo as m
Amber Brown — Vou deixar vocês duas descansarem, qualquer coisa que precisar, basta me ligar que eu venho — Dylan fala já na porta do apartamento que comprou para mim e para Mia. Chegamos hoje mais cedo, a viagem além de cansativa, finaliza uma semana cansativa, que contou o empacotamento das nossas coisas na Pensilvânia e com toda a organização no apartamento novo das roupas de Mia, das minhas, além da adaptação dela ao ambiente novo. Vivíamos em uma casa, e não em um apartamento, e apesar de esse ser um apartamento de luxo, que contém inclusive um jardim bem elaborado na varanda extensa, ainda assim, não é o mesmo que uma casa com a vista para a natureza como era a nossa casa na Pensilvânia. Eu havia me adaptado aquele lugar, e havia aprendido a dar valor a simplicidade com o qual aquele lugar me acolhia, a casa com gramado, árvores ao nosso redor, o som dos pássaros pela manhã, a brisa fresca no verão. Não vendemos a casa, apenas a mantivemos trancada para que possamos voltar em
Amber Brown Meu coração estava acelerado, eu havia pedido a Dylan para ficar um dia com Mia, para que eu pudesse ir até a prisão fazer uma visita ao meu pai. Chegando lá, fiz todo o procedimento de segurança para poder vê-lo, me sentei na cadeira e aguardei o momento. Eu sentia uma antecipação imensa tomar conta do meu corpo, uma ansiedade misturada com angústia enquanto aguardava. Não demorou muito, logo a porta se abre e o vejo passar por ela, a aparência abatida e desanimada era gritante eu seu rosto, mas assim que nossos olhos se encontraram, eles brilharam. Meu pai correu até mim e me abraçou com tanta força, que me assustou, ele nunca tinha me abraçado assim. Logo ele começou a chorar e soluçar alto como uma criança desesperada. Foi difícil compreender essa reação, e isso me deixou paralisada por um tempo, até que ele segura meu rosto e olha dentro dos meus olhos, me dando um sorriso que há muitos anos eu não via. — Minha filha. Oh meu Deus, minha filha finalmente veio me ver
Amber Brown — Tem certeza, mamãe? — Mia pergunta pela trigésima vez. — Sim, filha. Esse é um momento seu com o seu pai, e você sabe bem que a mamãe precisa resolver algumas coisas hoje. — Explico novamente. Mia sempre insiste para que eu saia junto dela nos inúmeros passeios que Dylan faz com ela semanalmente. Faz dois meses que voltamos para Nova York, e duas semanas que visitei meu pai. Eu me fechei completamente depois que retornei da cadeia, eu queria visitar Sophie, queria ouvir dela também, queria pedir perdão, queria brigar com ela, queria poder apagar tudo isso. Mas a verdade era que eu ainda era uma grande covarde. Eu não tive forças para enfrentar tudo assim de frente, era como se o fato de eu adiar o inevitável tornava toda a desgraça apenas uma história. Vê-la. Aceitar o que ela é, e o que ela viveu por ter engravidado de mim faria tudo tão dolorosamente real, que a única coisa que eu conseguia fazer era postergar pelo máximo de tempo possível. Mia abaixa os olhinhos
Amber Brown — A vida estava difícil, as dívidas eram enormes, o tratamento hospitalar era caríssimo, apesar de beber muito, papai conseguia mesmo que de forma capenga, pagar os tratamentos. Quando ele morreu, eu precisei encontrar uma solução, não podia deixar minha irmã morrer. Em busca de um salário para nos sustentar, consegui a vaga como doméstica na casa de Andrew. O salário era bom, oferecia um quarto, que na negociação da vaga eu poderia dividir com minha irmã, além disso, eles ainda ofereciam um seguro de saúde, que eu abri mão e pedi para darem a minha irmã. Eles aceitaram, e com um contrato assinado, estava feito, eu conseguiria ao menos cuidar dela. — Minha irmã ia todos os dias ao hospital, e eu sentia que tinha conseguido agradar o chefe, ele parecia sempre desejar a minha presença, era uma loucura isso — Sophie colocou a mão na testa, parecendo frustrada — ele era casado, mas eu via a relação deles, eles brigavam tanto, dormiam inúmeras vezes em quartos separados, era
Dylan Cooper Um ano. Faz exatamente um ano que Mia e Amber voltaram para Nova York. Um ano e dois meses que conheci Mia e minha vida mudou completamente. O aniversário de cinco anos de nossa filha foi uma festa completamente incrível, com diversas abelhas, joaninhas, borboletas e cigarras tecnológicas que voavam para todo o lado. Foi um espetáculo, além de ter custado uma pequena fortuna. Confesso que ver a alegria dela fez valer cada mísero centavo. Digo mais, gastaria até dez vezes mais para ver a felicidade desmedida da minha princesa. Mia tem uma fascinação incomum por insetos, o que torna relativamente peculiar presenteá-la com todo o tipo de coisa relacionada a eles, sejam pelúcias, protótipos, livros, ou o que ela prefere constantemente, passeios em parques, museus ou locais que ela possa observá-los in loco e sem pressa. Fecho a porta do quartinho que montei para ela no meu apartamento e sigo para o meu quarto pensativo. Raramente ela dormia aqui, pois eu e Amber moramos no
Dylan Cooper — Dylan — ela fala meu nome em completo pânico — tem uma barata, uma barata muito, muito grande — pisco algumas vezes ao entender o que está acontecendo, mas a expressão chorosa e desesperada dela me faz conter o riso que sinto vontade de soltar. — Certo! — Falo, procurando a tal da barata — onde ela está? — Mamãe! — Mia aparece na porta da cozinha, ainda preocupada. — Sai daqui, filha! — Tem uma barata gigante na cozinha! Seu pai vai matar ela e aí você volta e ... O que aconteceu depois foi uma cena completamente inesperada. A tal da barata começou a voar, e o caos se instalou naquela cozinha. O grito que Amber deu foi tão alto e desesperado que me deixou preocupado, e como toda boa barata que se preze, ela sempre voa na direção de quem tem mais medo. Bem, a situação não foi diferente dessa vez. A barata voou diretamente para Amber, que aos gritos se jogou em minha direção, que para não a ver se estatelar no chão, a agarrei no colo, e logo ela se enganchou com pern
Amber BrownOlhei para o relógio pela trigésima vez. Eu não conseguia entender a razão de estar tão nervosa com essa reunião. É exatamente isso, Amber, uma simples reunião para resolver aspectos importantes da nossa filha, fortaleço esse pensamento. Nos vemos absolutamente todos os dias desde que voltei com Mia para Nova York. Durante o café da manhã e durante o jantar. Não existem razões para todo esse drama, é apenas mais um dia.Suspiro profundamente e vou até o banheiro lavar toda a maquiagem que tinha feito.— Isso é ridículo! — afirmo para mim mesma quando me olho mais uma vez no espelho. Sombra, base, blush rímel e batom. Para quê? — Isso não é um encontro, Amber. — Falo em voz alta, talvez assim as coisas fiquem mais fáceis.Depois já de cara limpa, passo apenas um blush, um gloss e assinto satisfeita. Ótimo! É o suficiente. Volto para o quarto e retiro o vestido que uso, como estamos no verão e tem feito muito calor, pego um short molinho bege e uma blusa estampada, calço um