Dylan CooperOlho para Sophie por instinto e noto seu olhar baixo enquanto escuta parte do passou acontecendo com outra pessoa.— Eu fiquei completamente desesperado. Foram anos lutando para conseguir ter minha filha e em questão de dias o sonho quase se foi, minha esposa ficou internada por quatro meses para poder garantir que minha filha nascesse viva, tivemos gastos altíssimos, o que gerou uma grande dívida para mim. Assombrado pelo que poderia acontecer à minha família e sem muitas alternativas devido as contas astronômicas do hospital, tomei a difícil decisão de nos afastar. Conversei com Michael, falei para ele que ia sair da cidade e viver outro tipo de vida, coisa essa que foi apoiada por ele.Depois que fui embora, tentei manter contato por um tempo, mas Michael se fechava cada vez mais, dificilmente me respondia ou atendia minhas ligações, com o tempo o afastamento foi algo natural. Eu estava feliz com minha família, trabalhamos duro e fizemos a fazenda prosperar. Anos depoi
Dylan Cooper A expressão da defesa e de Andrew, carregada de um desespero controlado, teria sido quase cômica em outra situação. Mas ali, naquela sala de tribunal, era a personificação da tragédia. Observei, ansioso, enquanto um funcionário trazia o aparelho de som para a frente, colocando-o sobre uma mesa de madeira escura centralizada no recinto.— Podem começar — a ordem do juiz ressoou, enchendo meu coração de uma alegria quase infantil. Um sorriso poderoso e forte lutava contra meu autocontrole, enquanto a expectativa crescia dentro de mim. O funcionário conectou o pen drive e iniciou o áudio. O som antigo e um tanto distorcido do gravador infantil de Amber começou a preencher a sala. Primeiro, eram as risadas inocentes e brincadeiras de duas crianças, eu e Amber, que à época não fazíamos ideia da magnitude do que acontecia ao nosso redor. Mas, em meio à inocência das nossas brincadeiras, as vozes dos adultos começaram a emergir. Primeiro, a voz de meu pai, Michael Harrison, c
Dylan Cooper — Ele será preso, não será pai? — A voz de Brian soou alta e empolgada assim que entramos na sala de espera. — Se ele não tiver encontrado uma forma mágica de comprar o judiciário, sim, ele será preso. — Meu tio respondeu, mantendo um tom cauteloso. Brian comemorou com entusiasmo, erguendo o braço no alto, mas rapidamente o abaixou, envergonhado, ao notar o olhar de Jacob sobre ele. As gargalhadas que escaparam de mim foram contagiantes, e logo Clara, Adam, meu tio e até mesmo Jacob se juntaram à risada. Até Sophie, que estava triste com o afastamento de Amber, exibia um sorriso. — Agora esperamos! — Meu tio falou calmamente, resumindo a situação. — Fizemos tudo que estava ao nosso alcance. — Eu não sabia sobre o gravador — Confessei, meu olhar se voltando para Jacob, curioso sobre o porquê de ele ter mantido aquela informação escondida. — Eu não tinha certeza se ele seria válido como prova. Quando você veio à fazenda, nem sabia se ele ainda existia. Até aquele
Dylan Cooper Após o turbilhão de emoções no tribunal, a tensão que pairava sobre todos nós finalmente começou a se dissipar. A ideia de uma comemoração vinda de Brian surgiu como um alívio bem-vindo. Todos concordamos em ir ao Hudson Star, um restaurante próximo ao rio Hudson localizado ao leste de Nova York, para celebrar a vitória e o fim de um longo período de luta. Era necessário, precisávamos comemorar nossa vitória. — Sophie, venha conosco. Vai te fazer bem estar em boa companhia. — Eu a incentivei com um sorriso gentil, ela merecia tanto quanto nós. — Além do mais, não é qualquer dia que vemos o homem que quase nos destruiu sendo preso por longos anos. Eu estava particularmente empenhado em convencer Sophie a se juntar a nós. Apesar de sua relutância inicial, ela acabou aceitando o meu convite, talvez percebendo que a companhia e o apoio seriam benéficos após os recentes acontecimentos. — Você tem razão. — Respondeu com um sorriso tímido no rosto, olhando para o relógio, pa
Dylan CooperChegando à casa de Sophie, encontramos a mesma vazia, com nenhum mísero sinal de Amber. Olhei para o relógio e vi que já era quase meia noite. — Ela costuma chegar que horas, Sophie? — Perguntei, me sentindo ligeiramente preocupado com sua ausência até essa hora. — Ela chega as onze e meia, e as vezes a meia noite — Sophie respondeu, parecendo tão preocupada quanto eu estava. — Será que ela não está dormindo? — Perguntei, sentindo algo me incomodando. Um pressentimento estranho tomando conta do meu peito, e pela expressão de Sophie, ela sentia algo parecido. Algo estava muito errado nesse silêncio.— Eu acredito que não, ela geralmente deixa o abajur ligado, então sempre fica um faixo de luz passando por debaixo da porta. — Olho para Sophie curioso. — Você nunca abriu a porta desde que contou tudo a ela? — Não! — Sophie afirma aflita, parecendo em dúvida se fez o certo ou o errado, o que pra mim já estava bem claro que era uma péssima decisão.— Sophie! Por que você n
Amber Brown O nascer do sol trazia consigo uma luz suave que banhava o quarto, refletindo o turbilhão de emoções que eu sentia. A noite havia sido longa, repleta de pensamentos e revelações que me impediram de encontrar o sono. Sentia-me numa montanha-russa emocional, oscilando entre medo e excitação, terror e felicidade. Havia algo assustador, mas ao mesmo tempo profundamente certo, sobre o que eu havia descoberto. Parecia o caminho perfeito para mim, mesmo que eu ainda não conseguisse compreender totalmente as razões para meu cérebro chegar a essa conclusão. Um sorriso hesitante começava a se formar em meus lábios. Era uma oportunidade, uma chance de recomeçar, de construir algo novo. Uma chance de ter uma parte dele comigo - não a parte amargurada e vingativa que ele se tornou, mas um fragmento dos bons momentos que compartilhamos. Nosso bebê havia sobrevivido apesar de tudo - contra a medicação abortiva, o estresse, as adversidades. Uma resistência que me fazia crer numa certeza
Amber Brown O terminal estava repleto de sons: o rodar das malas ecoava no piso de cerâmica, anúncios em várias línguas soavam pelos alto-falantes, e a mistura de conversas e risadas se entrelaçava em um mosaico sonoro vibrante. O cheiro de café recém-coado vinha de uma cafeteria próxima, misturando-se com o aroma de comidas de diferentes cozinhas internacionais oferecidas nos diversos restaurantes do local. Os grandes painéis de voos piscavam com atualizações constantes, criando um fundo dinâmico para o cenário. O balcão de check-in estava movimentado, com funcionários ágeis processando passaportes e bilhetes, enquanto os passageiros, alguns ansiosos, outros entediados, formavam uma fila serpenteante. Ao nos aproximarmos do controle de segurança, observei a meticulosidade com que os procedimentos eram realizados. Era um lembrete de que estávamos em um limiar, na fronteira entre o conhecido e o desconhecido. Passar por aqueles portões significava deixar para trás a cidade que me mol
Dylan Cooper "Oi, Sophie, foi difícil demais para mim escrever essa carta, acho que é provavelmente a primeira carta que eu escrevo para alguém na minha vida, talvez você tenha sido a primeira pessoa que tenha valido a pena eu fazer algo tão único. Antes de mais nada eu gostaria de te agradecer por cada ato de cuidado que você demonstrou para comigo desde que eu te conheci. Eu realmente não sei como lidar com tudo o que aconteceu, eu gostaria, de verdade, tudo seria mais fácil se eu soubesse como lidar com coisas que eu não tenho como controlar, mas eu me sinto tão perdida com tudo isso. Eu desejei com todo o meu coração que você pudesse ser mais que uma amiga para mim, e agora que aconteceu, eu simplesmente não sei o que fazer com isso. Sinto muito! Eu preciso ir embora, eu preciso ficar longe o suficiente para que um dia eu consiga ficar perto. Eu sinto muito, mas eu não sou a pessoa que você esperava, ou que você merecia, sinto muito por não te dar a recepção que você com toda c