Dylan CooperChegando à casa de Sophie, encontramos a mesma vazia, com nenhum mísero sinal de Amber. Olhei para o relógio e vi que já era quase meia noite. — Ela costuma chegar que horas, Sophie? — Perguntei, me sentindo ligeiramente preocupado com sua ausência até essa hora. — Ela chega as onze e meia, e as vezes a meia noite — Sophie respondeu, parecendo tão preocupada quanto eu estava. — Será que ela não está dormindo? — Perguntei, sentindo algo me incomodando. Um pressentimento estranho tomando conta do meu peito, e pela expressão de Sophie, ela sentia algo parecido. Algo estava muito errado nesse silêncio.— Eu acredito que não, ela geralmente deixa o abajur ligado, então sempre fica um faixo de luz passando por debaixo da porta. — Olho para Sophie curioso. — Você nunca abriu a porta desde que contou tudo a ela? — Não! — Sophie afirma aflita, parecendo em dúvida se fez o certo ou o errado, o que pra mim já estava bem claro que era uma péssima decisão.— Sophie! Por que você n
Amber Brown O nascer do sol trazia consigo uma luz suave que banhava o quarto, refletindo o turbilhão de emoções que eu sentia. A noite havia sido longa, repleta de pensamentos e revelações que me impediram de encontrar o sono. Sentia-me numa montanha-russa emocional, oscilando entre medo e excitação, terror e felicidade. Havia algo assustador, mas ao mesmo tempo profundamente certo, sobre o que eu havia descoberto. Parecia o caminho perfeito para mim, mesmo que eu ainda não conseguisse compreender totalmente as razões para meu cérebro chegar a essa conclusão. Um sorriso hesitante começava a se formar em meus lábios. Era uma oportunidade, uma chance de recomeçar, de construir algo novo. Uma chance de ter uma parte dele comigo - não a parte amargurada e vingativa que ele se tornou, mas um fragmento dos bons momentos que compartilhamos. Nosso bebê havia sobrevivido apesar de tudo - contra a medicação abortiva, o estresse, as adversidades. Uma resistência que me fazia crer numa certeza
Amber Brown O terminal estava repleto de sons: o rodar das malas ecoava no piso de cerâmica, anúncios em várias línguas soavam pelos alto-falantes, e a mistura de conversas e risadas se entrelaçava em um mosaico sonoro vibrante. O cheiro de café recém-coado vinha de uma cafeteria próxima, misturando-se com o aroma de comidas de diferentes cozinhas internacionais oferecidas nos diversos restaurantes do local. Os grandes painéis de voos piscavam com atualizações constantes, criando um fundo dinâmico para o cenário. O balcão de check-in estava movimentado, com funcionários ágeis processando passaportes e bilhetes, enquanto os passageiros, alguns ansiosos, outros entediados, formavam uma fila serpenteante. Ao nos aproximarmos do controle de segurança, observei a meticulosidade com que os procedimentos eram realizados. Era um lembrete de que estávamos em um limiar, na fronteira entre o conhecido e o desconhecido. Passar por aqueles portões significava deixar para trás a cidade que me mol
Dylan Cooper "Oi, Sophie, foi difícil demais para mim escrever essa carta, acho que é provavelmente a primeira carta que eu escrevo para alguém na minha vida, talvez você tenha sido a primeira pessoa que tenha valido a pena eu fazer algo tão único. Antes de mais nada eu gostaria de te agradecer por cada ato de cuidado que você demonstrou para comigo desde que eu te conheci. Eu realmente não sei como lidar com tudo o que aconteceu, eu gostaria, de verdade, tudo seria mais fácil se eu soubesse como lidar com coisas que eu não tenho como controlar, mas eu me sinto tão perdida com tudo isso. Eu desejei com todo o meu coração que você pudesse ser mais que uma amiga para mim, e agora que aconteceu, eu simplesmente não sei o que fazer com isso. Sinto muito! Eu preciso ir embora, eu preciso ficar longe o suficiente para que um dia eu consiga ficar perto. Eu sinto muito, mas eu não sou a pessoa que você esperava, ou que você merecia, sinto muito por não te dar a recepção que você com toda c
Dylan Cooper Sophie sofreu bastante a perda de Amber, principalmente depois de ter convivido por tanto tempo com ela, e eu fiquei extremamente preocupado com a possibilidade de ela ter uma recaída, principalmente depois que ela começou a faltar o trabalho. Comecei a visitá-la todos os dias, e depois de mais ou menos um mês, as coisas foram ficando piores, chegou um ponto que eu praticamente a obriguei a vir se hospedar na mansão por um tempo. Ela teimou, pois não queria vir, mas eu reconhecia os sinais. Ela não podia ficar sozinha. Contratei uma psicóloga para vir atendê-la duas vezes na semana, e a hospedei aqui. Eu nunca imaginei que trazê-la para cá mudaria tanto as coisas, mas mudou, e para melhor. Eu havia sentido algo diferente na comemoração após a sentença de Andrew, mas com a presença dela aqui, as coisas se intensificaram de um jeito que ninguém esperava. Meu tio Bob e Sophie se aproximaram demais, tanto que algum tempo depois os dois assumiram um relacionamento. Foi uma a
Amber Brown— Mia, vem filha, estamos atrasadas! — Minha voz ecoa pela casa enquanto me apresso para enfiar os últimos itens essenciais na bolsa. O barulho de passos apressados anuncia Mia se aproximando. Ao vê-la correndo com seus cachinhos balançando, uma expressão de urgência espelhando a minha, não posso evitar um sorriso. Levanto a mão, batendo de leve na minha testa em uma epifania tardia.— O que foi mamãe? — Mia pergunta com a dicção perfeita.— O presente! — A exclamação parece congelar Mia no lugar. Seus olhinhos esverdeados se arregalam, um reflexo da surpresa que se espelha em seu rostinho adorável. Ela leva uma mãozinha pequena à testa, imitando meu gesto anterior. — Eu vou buscar, espera aqui — digo rapidamente, e ela acena, um gesto solene de compreensão marcando seu rosto infantil.Vou correndo, subindo as escadas e logo entro no meu quarto, pego o presente e desço de volta. Mia está me aguardando na porta, quando vê o presente em minhas mãos, sua expressão suaviza e e
Amber BrownTudo mudou completamente, principalmente no momento que eu assumi os bônus e os ônus das minhas escolhas. Eu havia me tornado mais responsável, havia descoberto como viver sozinha, havia aprendido a cuidar de outra pessoa, havia feito algumas amigas que eu encontrava semanalmente, havia voltado a estudar e tomar as rédeas da minha vida, sem que ninguém decidisse por mim, ou me dissessem o que eu poderia ou não fazer.Não apenas isso, melhor ainda, eu havia encontrado a paz, amadurecido e me tornado uma mulher que eu jamais imaginaria no passado ser capaz. Eu havia aprendido a viver de forma leve, valorizando coisas que antes eram insignificantes para mim. Eu não queria dividir Mia com ninguém, eu melhorei, mas ainda era egoísta demais para conseguir fazer isso. Ela era só minha, e era assim que isso ia continuar.Clara chorou ainda mais quando deixei claro que as coisas continuariam como estavam, contudo, aceitou minha decisão, ela era leal a sua palavra, e manteve o segre
Amber BrownSinto o pânico consumir meu coração com cada movimento que os paramédicos operam na minha filha, a girando de forma cuidadosa para que não piore a lesão evidente em seu bracinho, ver a forma estranha que ele está me deixa ainda mais nauseada e desesperada. Observo a ação com Mary ao meu lado, além do apoio das outras mães que estão ali comigo e demonstram um medo parecido do meu.Mia chora baixinho, com certeza detestando toda essa atenção negativa que está tendo, ela odeia chorar na frente dos outros, e a vergonha em seu rostinho inchado fica evidente.— A senhora pode acompanhar a ambulância enquanto vamos para o hospital, ainda é cedo para afirmar, os médicos precisarão de um raio-x e exames complementares, mas acredito que ela precisará passar por alguma cirurgia.Assinto me sentindo ainda mais desesperada — Amber, eu vou pegar o carro e te encontro no hospital — Mary fala, mas sinto que vou explodir a qualquer momento, as meninas estavam ansiosas pela festa, não posso