Dylan Cooper
Todos os presentes no tribunal se dispersaram rapidamente, eu, meus familiares e Sophie fomos direcionados para outro local de espera no prédio. Jacob esperava ali, obviamente que ele apenas apareceria no momento de dar o depoimento, não queríamos que Andrew e a sua defesa pudessem pensar em qualquer estratégia de última hora a fim de ajudá-lo. O fator surpresa era importante nesse momento.
Não demorou muito até que Clara saísse para fazer uma ligação, provavelmente de trabalho, já Adam se mantinha tranquilo e relaxado. Brian parecia tenso, e eu estava grato por Emily não estar presente. Já meu tio não parava de andar de um lado para o outro.
— Acha que irão te retirar do caso? — Pergunto, temen
Dylan CooperA conversa com Sophie foi importante, mas é impossível negar que parte de tudo isso me deixou bem incomodado. Tentei não focar nisso enquanto voltava para o tribunal após o longo tempo de espera. Agora eu precisava ter todo o meu foco nesse momento, pois hoje seria um divisor de águas na minha vida.Sentado em meu lugar observo cauteloso a entrada de Andrew no tribunal. O sorriso triunfante dele ainda estava ali, e ele olhava fixamente para mim. Sorri de volta para ele e aguardei os procedimentos iniciais para o começo da segunda parte do julgamento. Era tudo ou nada.— Todas as provas levantadas diante do juri foram avaliadas, e foi chegada à conclusão de que ambos presentes, tanto réu quanto requerente, obtiveram provas de maneira ilegal, e para t
Dylan Cooper — Protesto meritíssimo! A voz firme do advogado se fez ouvir no local junto de um pedido mudo para que Jacob não fosse ouvido enquanto o mesmo entrava, andando com uma determinação inabalável. — Protesto negado! A expressão de Jacob era a de alguém que viera preparado para qualquer coisa. Observei o sorriso satisfeito dele enquanto se aproximava da cadeira aonde daria o depoimento. O olhar dele e de Andrew conectados como correntes pesadas, mas ao invés de Jacob se sentar, ele virou o pé e caminhou em direção a Andrew, que logo se levantou, ambos ficando frente a frente, como um confronto de vida e morte. — Não faça isso — fiz uma leitura labial das palavras de Andrew, mas não consegui ver o que Jacob respondeu, pois ele estava de costas para mim, contudo, a expressão estranhamente vulnerável em Andrew, com olhos assustados e arregalados, levemente distantes me faz ter certeza de que ele finalmente entendeu para que viemos. — Peço que se afaste do réu e venha ao seu
Dylan CooperOlho para Sophie por instinto e noto seu olhar baixo enquanto escuta parte do passou acontecendo com outra pessoa.— Eu fiquei completamente desesperado. Foram anos lutando para conseguir ter minha filha e em questão de dias o sonho quase se foi, minha esposa ficou internada por quatro meses para poder garantir que minha filha nascesse viva, tivemos gastos altíssimos, o que gerou uma grande dívida para mim. Assombrado pelo que poderia acontecer à minha família e sem muitas alternativas devido as contas astronômicas do hospital, tomei a difícil decisão de nos afastar. Conversei com Michael, falei para ele que ia sair da cidade e viver outro tipo de vida, coisa essa que foi apoiada por ele.Depois que fui embora, tentei manter contato por um tempo, mas Michael se fechava cada vez mais, dificilmente me respondia ou atendia minhas ligações, com o tempo o afastamento foi algo natural. Eu estava feliz com minha família, trabalhamos duro e fizemos a fazenda prosperar. Anos depoi
Dylan Cooper A expressão da defesa e de Andrew, carregada de um desespero controlado, teria sido quase cômica em outra situação. Mas ali, naquela sala de tribunal, era a personificação da tragédia. Observei, ansioso, enquanto um funcionário trazia o aparelho de som para a frente, colocando-o sobre uma mesa de madeira escura centralizada no recinto.— Podem começar — a ordem do juiz ressoou, enchendo meu coração de uma alegria quase infantil. Um sorriso poderoso e forte lutava contra meu autocontrole, enquanto a expectativa crescia dentro de mim. O funcionário conectou o pen drive e iniciou o áudio. O som antigo e um tanto distorcido do gravador infantil de Amber começou a preencher a sala. Primeiro, eram as risadas inocentes e brincadeiras de duas crianças, eu e Amber, que à época não fazíamos ideia da magnitude do que acontecia ao nosso redor. Mas, em meio à inocência das nossas brincadeiras, as vozes dos adultos começaram a emergir. Primeiro, a voz de meu pai, Michael Harrison, c
Dylan Cooper — Ele será preso, não será pai? — A voz de Brian soou alta e empolgada assim que entramos na sala de espera. — Se ele não tiver encontrado uma forma mágica de comprar o judiciário, sim, ele será preso. — Meu tio respondeu, mantendo um tom cauteloso. Brian comemorou com entusiasmo, erguendo o braço no alto, mas rapidamente o abaixou, envergonhado, ao notar o olhar de Jacob sobre ele. As gargalhadas que escaparam de mim foram contagiantes, e logo Clara, Adam, meu tio e até mesmo Jacob se juntaram à risada. Até Sophie, que estava triste com o afastamento de Amber, exibia um sorriso. — Agora esperamos! — Meu tio falou calmamente, resumindo a situação. — Fizemos tudo que estava ao nosso alcance. — Eu não sabia sobre o gravador — Confessei, meu olhar se voltando para Jacob, curioso sobre o porquê de ele ter mantido aquela informação escondida. — Eu não tinha certeza se ele seria válido como prova. Quando você veio à fazenda, nem sabia se ele ainda existia. Até aquele
Dylan Cooper Após o turbilhão de emoções no tribunal, a tensão que pairava sobre todos nós finalmente começou a se dissipar. A ideia de uma comemoração vinda de Brian surgiu como um alívio bem-vindo. Todos concordamos em ir ao Hudson Star, um restaurante próximo ao rio Hudson localizado ao leste de Nova York, para celebrar a vitória e o fim de um longo período de luta. Era necessário, precisávamos comemorar nossa vitória. — Sophie, venha conosco. Vai te fazer bem estar em boa companhia. — Eu a incentivei com um sorriso gentil, ela merecia tanto quanto nós. — Além do mais, não é qualquer dia que vemos o homem que quase nos destruiu sendo preso por longos anos. Eu estava particularmente empenhado em convencer Sophie a se juntar a nós. Apesar de sua relutância inicial, ela acabou aceitando o meu convite, talvez percebendo que a companhia e o apoio seriam benéficos após os recentes acontecimentos. — Você tem razão. — Respondeu com um sorriso tímido no rosto, olhando para o relógio, pa
Dylan CooperChegando à casa de Sophie, encontramos a mesma vazia, com nenhum mísero sinal de Amber. Olhei para o relógio e vi que já era quase meia noite. — Ela costuma chegar que horas, Sophie? — Perguntei, me sentindo ligeiramente preocupado com sua ausência até essa hora. — Ela chega as onze e meia, e as vezes a meia noite — Sophie respondeu, parecendo tão preocupada quanto eu estava. — Será que ela não está dormindo? — Perguntei, sentindo algo me incomodando. Um pressentimento estranho tomando conta do meu peito, e pela expressão de Sophie, ela sentia algo parecido. Algo estava muito errado nesse silêncio.— Eu acredito que não, ela geralmente deixa o abajur ligado, então sempre fica um faixo de luz passando por debaixo da porta. — Olho para Sophie curioso. — Você nunca abriu a porta desde que contou tudo a ela? — Não! — Sophie afirma aflita, parecendo em dúvida se fez o certo ou o errado, o que pra mim já estava bem claro que era uma péssima decisão.— Sophie! Por que você n
Amber Brown O nascer do sol trazia consigo uma luz suave que banhava o quarto, refletindo o turbilhão de emoções que eu sentia. A noite havia sido longa, repleta de pensamentos e revelações que me impediram de encontrar o sono. Sentia-me numa montanha-russa emocional, oscilando entre medo e excitação, terror e felicidade. Havia algo assustador, mas ao mesmo tempo profundamente certo, sobre o que eu havia descoberto. Parecia o caminho perfeito para mim, mesmo que eu ainda não conseguisse compreender totalmente as razões para meu cérebro chegar a essa conclusão. Um sorriso hesitante começava a se formar em meus lábios. Era uma oportunidade, uma chance de recomeçar, de construir algo novo. Uma chance de ter uma parte dele comigo - não a parte amargurada e vingativa que ele se tornou, mas um fragmento dos bons momentos que compartilhamos. Nosso bebê havia sobrevivido apesar de tudo - contra a medicação abortiva, o estresse, as adversidades. Uma resistência que me fazia crer numa certeza