5. Desespero

Amber Brown

— Dylan ... — Meus olhos não acreditavam no que eu via, isso não era possível, por que diabos de todos os malditos homens do mundo, tinha que ser justamente ele o homem que estava naquela posição a minha frente? quantos caras eu já namorei? Dez? Vinte? 

Nem eu sou capaz de numerar, e justo o relacionamento (não chegou a ser um namoro pois nunca oficializamos nada) mais conturbado, com mais consequências e situações completamente adversas, o que teve o fim mais trágico é o que está aqui, seu sorriso maldoso me fazendo desconfiar das condições as quais eu cheguei até aqui.

Não! Não era possível, Bob pediu a filha dele para me ajudar, Dylan com certeza sabe tudo que passei, saíram nos jornais matérias sobre o meu pai, quando Clara me indicou ele deve ter se deliciado com a oportunidade de me colocar nessa posição.

— Receio que não seja oportuna essa vaga, bem, acho melhor eu ir, vou retirar minha candidatura, de todo modo, muito obrigada pela oportunidade — Optei pela cordialidade, não dava para eu simplesmente arranhar aquela cara linda até vê-la toda machucada e sangrando, eu precisava sair pela tangente imediatamente, e era isso que eu faria, ou a minha situação ficaria cada vez pior.

— Pelo contrário Amber! — Era assustadora a forma como ele apreciava o meu nome saindo de seus lábios, engoli minha aflição com areia naquele momento — Acho que você é simplesmente perfeita para a vaga, quando Clara me indicou seu nome eu achei uma coincidência interessante, logo você ser a pessoa que precisava de emprego, eu já tinha visto os noticiários sobre os incidentes que aconteceram a sua família, então ao ter o seu nome na mesa, que ex péssimo eu seria se não te ajudasse.

— Você não... 

— Ah! Claro! Eu não sou eu ex, sou apenas um dos inúmeros casos que você teve! Desculpa pela minha péssima escolha de palavras, é que como você já sabe... — Ele deu uns passos em minha direção e parou ainda distante — Eu sou um cara muito emocionado — Ele sorriu novamente, de um modo muito maldoso, ele estava adorando me ver naquela posição de subalterna, senti meu sangue ferver, e a vontade de xingá-lo quase espumando em minha boca. — Eu sei que está passando por adversidades, e como eu não pago o mal com o mal, estarei te dando uma oportunidade.

— Receio que você esteja enganado Dylan, mesmo com todas as, como você disse mesmo? Adversidades que eu tenho passado, ainda possuo reservas que podem me manter por algum tempo — Usei minha melhor face de indiferença e minhas palavras soaram firmes como eu gostaria, não aceitaria ser rebaixada por ele.

— Espero que tenha certeza do que está falando, a vaga é sua agora, se quiser é claro, mas caso saia por aquela porta e não consiga nada, preciso te avisar que ela não será tão simples de conseguir de novo! Haverá um preço a ser pago por ela — O desgraçado estava se divertindo as minhas custas, isso era tão claro, mas tão claro que estava me deixando completamente louca.

— Não vou precisar Dylan! Preciso ir agora! Passar bem! — Sem mais me manter naquele antro de perdição, sai pela porta e não olhei para trás, mesmo que algo que eu chamaria de intuição me mandasse retornar imediatamente e aceitar aquela m*****a vaga de emprego.

— Obrigada por tudo Clara, mas infelizmente isso não será possível, peça desculpas ao seu pai por mim — Falei com ela assim que saí da sala de Dylan 

—  Tudo bem! Sem problemas — Havia algo estranho no tom dela, mas eu estava tão desesperada para sair dali que fui incapaz de entender o que era. 

Desci pelo elevador respirando fundo, tentando regular o batimento acelerado do meu coração, isso não podia estar acontecendo. Dylan sempre foi muito humilde, ele trabalhava como jardineiro na nossa casa, eu o achava bonito, muito bonito na verdade, mas ele era bem mais magrinho na época, e não forte como agora.

Com certeza ele malhou muito para ganhar o corpo que ganhou, eu gostava de ficar com alguns funcionários, homens pobres adoram meninas ricas, e eu dormia com todos empregados bonitos que tínhamos. Nem em um milhão de anos eu conseguiria imaginar que um simples jardineiro como ele se tornaria dono de uma empresa tão renomada, esse com certeza foi um dos maiores plot twist que eu já vi alguém dar na própria vida, sorri irônica ao pensar que eu sofri do mesmo mal.

Mas a verdade era que Dylan estava mais delicioso do que já foi no passado! Podem me julgar por isso, nunca me importei mesmo!

Nunca fui pudica, virgindade para mim era algo que não valia de muita coisa, eu gostava de sentir prazer, e gostava do prazer que o sexo me dava, então nunca tive problemas em fazer sexo sem compromisso, porém, eles sempre se apaixonavam por mim, era impressionante, eles sempre queriam levar o relacionamento a sério, não foi diferente com Dylan, porém minha situação com ele foi bem mais trágica, ele realmente ficou muito apaixonado, eu me envolvi também, mas o nosso fim não foi nada agradável. 

Suspirei chateada, eu não falava sobre isso, eu não pensava sobre isso, e eu estava odiando ser lembrada disso.

Saí do prédio e fui dar uma volta no central park, era bem próximo, se não fosse ele o chefe, com certeza eu sairia de lá empregada e viria correr todos os dias aqui depois do trabalho, mas infelizmente, as coisas não saíram como eu planejei, eu jamais trabalharia com ele, esse homem quer ver o meu cadaver, num buraco muito, muito profundo.

Dylan quer vingança, eu sei que sim, isso ficou claro para mim naquela sala, eu o conhecia bem demais para poder afirmar isso, mas não posso deixar que ele consiga, basta eu ficar o mais longe possível que tudo vai dar certo para mim, confiante fui até a estação de metrô, era cheio, eu detestava o cheiro, mas pelo menos a viagem era rápida e eu logo estaria em casa.

Como previ não demorou muito para que eu chegasse em casa, subi as escadas que rangiam a cada pisada que eu dava e fui me banhar, não haviam muitas roupas, precisava lavar minhas roupas íntimas no banho mesmo, para que eu tivesse sempre as peças limpas para uso, tão logo eu consiga um emprego comprarei mais algumas, eu tinha milhares antes, mal me lembrava de repetir alguma peça, mas agora...

Foi com tristeza que recordei da minha mala tão absurdamente cara, que só com a venda dela me sustentaria mesmo que sem muitos luxos por pelo menos uns dois anos, suspirei desanimada, depois do banho desci e fui preparar uma sopa para jantar, mamãe não se movia para fazer absolutamente nada nessa casa, e eu já estava cansada disso, sabia que precisava ter uma conversa muito séria com ela, era injusto ficar tudo nas minhas costas, mamãe não era velha, já não era tão nova, mas ainda tinha bastante saúde, poderia muito bem me ajudar.

Gritei para que ela descesse para jantar, porém não obtive respostas, não estava afim de subir agora então comi sozinha mesmo. Depois de comer minha sopa fui até o quarto dela, chegando lá vi uma carta que estava em sua cama, abri e li aquilo que me desestabilizou completamente:

"Não posso viver nessa miséria, não nasci para essa vida, eu tinha um namorado antes de casar com seu pai, ele sempre foi muito apaixonado por mim, o encontrei na rua e conversamos, com isso descobri que a esposa dele havia falecido, mas a melhor parte era que ele ainda era apaixonado por mim e nunca me esqueceu, então ele decidiu me dar uma chance ontem, hoje depois que você saiu para a entrevista eu me mudei para a casa dele, pedi que eu pudesse levá-la, mas ele disse que apenas eu poderia ir, sinto muito, tentarei pegar algum dinheiro para você! Espero que a entrevista tenha dado certo e você tenha conseguido o emprego.

Se cuide, arrume um homem para te bancar, você é bonita, logo conseguirá algo com alguém do novo trabalho, foque nos CEOS, você nasceu para a grandeza, não se contente com empregados como fazia na mansão, eles não são mais uma opção apenas para diversão, pegue o peixe mais alto e o prenda com sua vagina.

Com amor, mamãe!"

Eu estava sozinha, era isso, não que minha mãe fosse uma boa companhia, ela sempre foi um tanto seca comigo, mas as vezes tínhamos bons momentos, mas depois de tantas desgraças, tudo entre nós desmoronou completamente, e agora ela simplesmente foi embora e me deixou sozinha nessa casa velha caindo aos pedaços, em um bairro que todo mundo me odeia, sem dinheiro, sem emprego, que tipo de mãe é ela que abandona sua filha a própria sorte?

Senti meus olhos se enxerem de água gradativamente, meu coração dilacerado pelo recém abandono, deitei em sua cama e chorei como ainda não havia chorado desde em que papai foi preso.

Elle Magom

Deixem um comentário para que eu saiba se estão gostando da leitura. Um beijo, teremos atualização todos os dias.

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