Amber Brown
No dia seguinte me levantei da cama sentindo meu corpo todo moído, chorei por incontáveis horas pensando no que eu faria para conseguir me manter, vasculhei todo o quarto que mamãe usava, na vã esperança de encontrar o anel que ela tinha conseguido salvar durante o assalto, talvez eu quisesse me iludir com a ideia de que ela pudesse ter dado algum mole e o esquecido.Mas era claro que eu estava me enganando, contudo, a esperança é sempre algo muito forte em nós, eu quis acreditar, talvez me forçar a procurar para não me sentir tão abandonada como eu estava me sentindo nesse momento.Depois de exatamente duas horas procurando por nada em lugar nenhum, resolvi descer, eu não podia mais ficar naquela situação, precisava encontrar soluções e procurar por esse maldito anel era basicamente fechar os olhos para a minha realidade atual, e ela não era nada favorável para mim, eu precisava de um emprego, e era isso que eu faria a partir de hoje, não pararia até encontrar um, não importasse em que ou aonde, eu só pararia quando conseguisse.Saí de casa nesse dia, e em todos os trinta dias seguintes, e absolutamente nenhum lugar que eu deixava meu currículo me chamava, eu comia pouco, mas agora eu oficialmente não tinha mais nada para comer, a situação estava bem delicada, eu sentia que alguém estava me prejudicando deliberadamente, pois nada e nem ninguém em nenhum lugar me contratava.Como isso era possível? Eu praticamente implorava por uma vaga, eu quase, por muito pouco me ofereci para trabalhar apenas para ter comida, e nem assim foi possível, estamos na América, emprego não é difícil assim por aqui.Eu estava me controlando para não cair em desespero, mas a situação por si só já era bem desesperadora, completamente desesperadora, eu já tinha rodado todos os shoppings, lanchonetes, empresas de maquiagem, eu não sabia mais o que fazer, ou aonde procurar emprego, estava sentada no chão da sala pois ainda não tinha me acostumado com aquele sofá nojento, pensando no que eu faria para conseguir sair dessa, até que escuto alguém batendo na porta, me levanto lentamente e vou até ela para abri-la.— Bob! — Senti vontade de chorar pela humilhação por deixá-lo me ver naquela posição.— Posso entrar? — Ele me pergunta educadamente, e eu assinto com a cabeça, logo ele entra e se acomoda na banqueta da cozinha, eu vou para o outro lado afim de preparar algo para ele beber.— Aceita café? — Pergunto e só então noto que o pó acabou, engulo as lágrimas, elas descem como pedras dentro da minha garganta — Ou água? — Mudo a oferta na esperança de que ele não perceba a situação em que me encontro atualmente.— Estou passando aqui para saber como você está! Minha filha me disse que não ficou com o emprego, não sei se conseguiu alguma coisa...— Ainda não, mas bem em breve vou conseguir Bob, logo estarei trabalhando — Havia um suplício e um tom de desespero tão claro em minha voz que a expressão de Bob amenizou imediatamente.
— Você não precisa passar por isso sozinha Amber! Aceite o emprego! Clara me disse que a vaga ainda está em aberto, me pediu para te avisar que se você ainda a quiser, basta aparecer na empresa com seus documentos o quanto antes, e pronta para trabalhar, que você será contratada! — Olhei para ele me sentindo um lixo por depender da sua benevolência. — Não seja orgulhosa! — Eu vou conseguir um emprego — Falei insegura, me agarrando ao meu orgulho, eu não queria me render.— Tem certeza? — O tom cético em sua voz não me passou despercebido — Você é adulta e sabe o que é melhor para você. mas saiba que essa vaga não estará disponível para sempre, se eu fosse você pensaria nisso com carinho e tomaria uma decisão positiva sobre o assunto, pense bem! — Ele falou calmamente, havia uma misericórdia velada em sua voz, algo muito próximo de pena, e eu tive que fazer o maior esforço da minha vida para não desabar ali na frente dele, era humilhante demais tudo isso.Eu não havia notado, mas em suas mãos havia uma sacola de supermercado, ele colocou sobre a bancada assim que se levantou para ir embora, eu o segui e abri a porta para ele, Bob acenou para mim e saiu, sem mais explicações, ele deve ter deduzido que eu estava em uma situação como essa, só consigo pensar que aceitar trabalhar para ele é a melhor opção que eu tenho no momento, por mais que eu não quisesse, eu já sabia qual seria o meu destino.Tranquei a porta de casa me sentindo um lixo, fui até a bancada e abri a sacola, nele havia um cartão de passagem para que eu pudesse usar o transporte público, e haviam alguns mantimentos, um pouco de carne, pães, queijo, feijões enlatados e uma garrafa de leite, algo suficiente para pelo menos uma semana sem passar fome, avistei um pote de iogurte e esse foi o meu fim, comecei a chorar novamente, abrindo o pote e o devorando com um prazer que eu já havia esquecido como era.Quanto tempo fazia desde a última vez que eu bebi um misero iogurte? Abri a lata de feijões para comer, eu estava com fome, não tinha comido o dia inteiro, tirei todos os alimentos e fui guardando no armário, sentindo o quanto eu era miserável, mesmo sem a intenção Bob estava esfregando isso na minha cara, eu não tinha mais para onde correr, rendida subi para meu quarto para deitar e tentar dormir.Amanhã eu precisaria acordar cedo, e precisaria passar por uma outra humilhação com Dylan ao retornar para pedir a vaga que desdenhei no mês passado, porém amanhã eu estaria indo para lá sabendo exatamente o buraco que eu estava me enfiando, consciente da minha situação e da necessidade que eu tinha de começar a trabalhar quase que imediatamente, preparei minha mente para o nosso inevitável encontro.Não haviam escolhas para mim, o destino já estava traçado e eu sabia disso, essa consciência era assustadora e perturbadora, o que me fez ter uma noite péssima de sono rolando de um lado para o outro tentando entender como a vida estava sendo tão injusta comigo. De tudo que eu poderia imaginar para mim, definitivamente nenhuma delas era se quer próxima da situação em que eu me encontrava. O sentimento frustrante de saber que não haveria para onde correr ainda perpassava pelos meus ossos me trazendo grande lamento. Para o meu alívio eu dormi rápido essa noite, contudo tive sonhos eroticamente quentes e perturbadores com o meu futuro chefe.Amber Brown A noite foi extremamente longa para mim, eu literalmente passei todos as horas que me afastavam da manhã observando o tempo e as compras deixadas por Bob na minha casa, contei e recontei cada alimento, calculei o tempo que aquilo poderia durar, e o quanto eu poderia guardar sem precisar me humilhar voltando até a empresa de Dylan e aceitando aquela maldita vaga para trabalhar com ele, apenas para perceber que eu precisava mudar minha situação o mais rápido possível, a quem eu queria enganar?Eu não tinha escolhas!Quando o alarme do celular me avisou que já eram seis horas da manhã, eu me dei conta de que meu tempo fora desse prelúdio de pesadelo havia findado, eu não tinha muito mais para onde correr, precisava agir e ir de encontro a ele. Talvez isso não seja tão ruim quanto eu penso, talvez, apenas talvez, Dylan ainda mantenha sentimentos puros por mim e queira me ajudar de forma genuína, sem segundas intenções.Que meus instintos estejam errados!Respirei fundo e tent
Amber BrownA tal da Clara que fazia uma questão de mostrar o quanto estava irritada em ter que me apresentar a empresa me fez questionar minha sanidade em ter aceitado tudo isso. Não demorou muito até que ela começou a me mostrar todo o prédio, iniciamos pelo térreo onde fui apresentada as recepcionistas e a todo o salão que havia ali, como era uma empresa de maquiagem tinham diversos totens expositivos com tipos diferentes de Makes.Pude notar que cada um ficava com uma menina que oferecia o serviço, e notei que haviam expositores ali também, fomos até a lateral e lá pude perceber que existia uma loja com acesso pelo outro lado do prédio, entrando por onde eu vim, apenas dava para ver a área burocrática, a secretária me explicou que ali eles vendiam os produtos e todas as funcionárias tinham acesso ao prédio.Fiquei encantada com a loja, entramos nela e tinha muitos expositores com inúmeras maquiagens, e me explicaram que os clientes que querem ser maquiados vão para a parte separad
Dylan Cooper Finalmente ela tinha decidido aparecer, confesso que quando a vi entrar por aquela porta pela primeira vez e descobriu que trabalharia para mim, se recusando em seguida e indo embora, tive certeza absoluta de que não voltaria mais. Apenas se não tivesse escolha!E eu fiz exatamente isso, tirei de Amber toda pequena escolha que ela tinha, não foi fácil! Não foi rápido! Foi demorado e cara, muito caro, mas valeu cada centavo para ver a expressão perdida e completamente surpresa que ela demonstrou ao me ver.Eu sou um cara que se dá bem com todos, tenho muitos conhecimentos e muitos parceiros em todo o ramo de cosméticos e vendas, comércio em geral, então com eles foi bem simples de resolver, bastou queimar a imagem dela no meio, eu nem precisava vigiar, no momento que ela levasse seu currículo seria descartada. Imaginei que esse seria exatamente o primeiro lugar que ela procuraria algo, Amber sempre quis trabalhar com maquiagens, se não fossem elas, seriam lojas.E não tive
Dylan Cooper Eu fiz muito bem o meu dever de casa, investiguei a vida de Emma, com isso acabei descobrindo um namorado antigo que a amava muito e para a minha sorte ainda tinha muita mágoa dela, mesmo depois de tantos anos, pois ela tinha traído ele com Andrew, pai de Amber, a história é meio obscura, não descobri mais muitos detalhes sobre, porém o homem ficou mais que satisfeito em ter uma oportunidade de se vingar de Emma.Afinal, não era exatamente o mesmo que eu estava fazendo? Sem remorsos dei de mão beijada a ele a oportunidade que eu não tive, o cara tinha uma pequena padaria, não era rico, mas tinha uma vida confortável, porém Emma gostava de tubarões, peixes pequenos para ela eram apenas diversão, igual eu fui para Amber, liguei para o homem e foi fácil resolver essa questão.Ross estava mais que disposto a se vingar dela, apesar de eu julgar pela minha conversa com ele, que se ela quisesse, ele ainda ficaria com ela, mesmo ela tendo partido o seu coração, eu ri ao pensar em
Dylan Cooper Amber sem esforço me fazia esquecer de tudo, me fazia lembrar apenas dos momentos bons que vivemos, e por breves momentos, a sua língua enroscada com a minha fez com que eu lembrasse exatamente de onde eu vim, e as razões para nós dois estarmos ali.Todas as lembranças foram como um choque para mim, como eu poderia simplesmente me entregar desse modo apenas por ela ser uma vadia oferecida e interesseira que tentaria me manipular para conseguir boa vida, visto que o pai não poderia mais oferecer isso a ela, cai na real me sentindo novamente estúpido.Eu quem deveria usá-la, não ela me usar, Amber já fez isso por muito tempo, e eu como um perfeito otário simplesmente acatei suas vontades e aceitei ser usado por ela, mas agora eu tinha virado o jogo, nesse novo tabuleiro eu era o mestre, ela era o meu pião, ela se movia conforme a minha vontade, eu a faria entender exatamente qual era o seu lugar.Continuei a beijando, fazendo com que ela acreditasse que estava no poder, a e
Amber Brown O choque ao ser rebaixada a um cargo como o que Dylan me colocou, para trabalhar limpando o chão da empresa que se sabe lá Deus como ele conseguiu se tornar chefe, considerando o fato de anos atrás ele ser um simples empregado, não foi tão grande quanto o choque de vê-lo me rejeitar. A rejeição dele doeu de um jeito que eu não esperava, isso jamais havia acontecido comigo antes, em qualquer situação ou com qualquer outra pessoa que eu já tenha ficado algum dia na minha vida, mas ele simplesmente resistiu e ainda me humilhou, como se nada do que nós tivéssemos vivido algum dia tivesse tido qualquer relevância. Me tratou como lixo! Eu tive que fazer o maior esforço que eu já tinha feito na minha vida naquele momento para não surtar e dar a ele oportunidade para me rebaixar mais ainda do que eu já estava sendo rebaixada. Era o fim para mim, como se não bastasse a essa altura eu já estar pobre, sozinha, morando na periferia, eu ainda precisava trabalhar com um cargo tão suba
Amber Brown A noite passou como um sopro, eu mal tinha conseguido fechar os olhos, fique basicamente a noite toda apenas apoiada com as costas na cabeceira da cama, por mais que eu quisesse dormir e sentisse meu corpo cansado precisando de descanso, não foi possível pegar no sono. O medo aterrador de como minha vida mudaria drasticamente a partir do dia de hoje, não que já não tivesse mudado, mas o trabalho e a rotina dele tornam tudo mais real. Eu sabia que teria que me adaptar a essa nova realidade, e isso me assustava como o inferno, mas eu forte, eu repetia isso inúmeras vezes, pois eu não acreditava muito nisso, mas eu precisava acreditar, senão eu jamais sobreviveria a tantos golpes.Eu soube disso quando as cinco e meia da manhã eu me levantei para tomar um banho com calma, preparei o meu café da manhã com os poucos itens que Bob tinha me trazido no dia anterior e me entreguei sem piedade a uma boa e bem servida xicara de café preto sem açúcar. A vida não era doce então o café
Amber Brown— Olá papai! — Disse, sentindo o mundo desabar mais uma vez diante dos meus pés, ele veio ao meu encontro com passos vacilantes, me olhou durante alguns segundos, aparentemente indeciso sobre o que fazer, havia uma surpresa sutil em sua expressão, ele com certeza não me esperava por aqui. Tão logo entendeu que eu era real ele me deu um abraço apertado, talvez de um modo que nunca antes nós dois tínhamos nos abraçado, ou talvez fosse apenas pelo fato de ele estar se sentindo tão sozinho quanto eu. Ver um rosto familiar nas condições atuais o tenha feito se sentir mais confortável, exatamente como eu me sentia naquele momento.— Filha! — Sua voz saiu genuinamente feliz para mim, nunca imaginei que eu fosse vir um dia visita-lo, a verdade era que eu sentia medo do que veria, além de muita raiva pela situação em que eu me encontrava, porém devido aos últimos acontecimentos, a solidão tem me cortado como uma adaga afiada. Ter sido tão vergonhosamente humilhada por Dylan me redu