Capítulo 8 - Visita Indesejada

O dia estava estranhamente silencioso. Desde minha discussão com Michele naquela manhã, não o vi mais. A mansão, sempre imponente, parecia guardar segredos entre suas paredes de pedra fria.

Eu estava na biblioteca, passando os dedos pelos títulos dourados nas lombadas dos livros, quando um som ecoou pela casa. Passos firmes, determinados. A porta da biblioteca se abriu com força, e não era Michele.

Um homem alto, de cabelos escuros e olhos frios, me observava da entrada. Sua presença era opressora, e eu soube imediatamente que ele não pertencia ali. Seu terno impecável contrastava com o olhar cruel, e um sorriso cínico surgiu em seus lábios.

— Você deve ser Lara. — Sua voz era grave, tingida com um sotaque carregado. — Mais bonita do que eu esperava.

Dei um passo para trás, sentindo um arrepio percorrer minha espinha.

— Quem é você? — Minha voz saiu firme, apesar do medo crescente dentro de mim.

— Alguém que veio conversar com Michele. — Ele se aproximou, analisando-me como se eu fosse um objeto de valor. — Mas devo admitir, encontrá-la aqui foi um belo bônus.

Antes que eu pudesse responder, passos apressados ecoaram pelo corredor, seguidos pela presença avassaladora de Michele. Ele entrou na biblioteca como uma tempestade, seu olhar carregado de raiva ao pousar no homem diante de mim.

— Matteo — rosnou Michele, sua mão fechando-se em um punho. — O que diabos está fazendo aqui?

Matteo sorriu, claramente se divertindo com a ira de Michele.

— Ah, não seja tão hostil, velho amigo. Só queria discutir alguns negócios. Mas devo admitir que sua nova aquisição me deixou curioso. — Seus olhos voltaram para mim, e eu senti o olhar de Michele se tornar ainda mais afiado.

— Não pronuncie o nome dela. — A voz de Michele era um aviso letal.

Matteo ergueu as mãos, fingindo inocência.

— Relaxe. Eu só queria conhecer a mulher que conseguiu domar a fera. — Ele riu, como se tivesse contado uma piada particular. — Ou ela ainda não conseguiu?

Antes que Michele pudesse reagir, um de seus seguranças entrou apressado, murmurando algo em seu ouvido. O olhar de Michele faiscou com um misto de raiva e decisão. Ele se voltou para mim e, sem hesitar, segurou meu pulso.

— Saiamos daqui. Agora.

— Oh, então ela precisa de proteção? — Matteo zombou. — Isso não é muito característico do temido Michele Romano.

— Não teste minha paciência, Matteo. — A voz de Michele era pura ameaça.

Senti sua mão apertar meu pulso com firmeza, guiando-me para fora da biblioteca sem me dar escolha. O corredor parecia mais escuro enquanto ele me conduzia para o andar de cima, entrando em um dos quartos e fechando a porta atrás de nós. Ele só me soltou quando teve certeza de que estávamos sozinhos.

— O que está acontecendo? Quem é aquele homem? — perguntei, esfregando o pulso onde seus dedos deixaram uma leve marca.

Michele passou a mão pelos cabelos, frustrado. Ele estava furioso, mas também havia algo mais em seu olhar. Preocupação.

— Matteo é um problema. Um problema que não deveria estar aqui. — Ele se aproximou, sua presença intensa. — E ele não devia ter te visto.

Cruzei os braços, encarando-o.

— Por quê? Porque sou sua prisioneira e ninguém pode saber da minha existência?

Ele bufou, irritado.

— Porque agora ele tem algo para usar contra mim. — Sua mão apertou a beirada da mesa, os nós dos dedos esbranquiçando. — Você não entende, Lara. O mundo em que vivo é cruel. Ter algo valioso significa se tornar vulnerável. E você acabou de se tornar um alvo.

Engoli em seco. Havia medo em minha garganta, mas também uma centelha de desafio.

— Então não me trate como um objeto. Me diga o que está acontecendo. Se estou correndo perigo, mereço saber.

Michele segurou meu olhar por um longo momento. O ar entre nós era denso, carregado de algo que eu não conseguia definir.

— Eu vou resolver isso — disse ele, finalmente. — Mas você precisa confiar em mim.

Eu deveria confiar nele? O homem que me mantinha presa aqui? O homem que se recusava a admitir que havia algo mais em seu coração além de gelo e raiva?

Mas antes que eu pudesse responder, um som ecoou pela mansão.

Um tiro.

E tudo mudou.

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