Início / Máfia / A Esposa da Fera - Contrato com o Mafioso / Capítulo 4 – Os Espinhos da Rosa
Capítulo 4 – Os Espinhos da Rosa

Aquela noite foi inquieta. A cama luxuosa e os lençóis macios eram um contraste doloroso com a prisão invisível que me envolvia. Olhei para o teto do quarto imenso, sentindo o peso da situação me sufocar. Michele Lombardi era como uma sombra constante em meus pensamentos, e, por mais que eu quisesse odiá-lo, havia algo em seus olhos que não me deixava em paz.

O som de passos firmes pelo corredor me fez sentar na cama. Meu coração disparou, mas a porta permaneceu fechada. Eu estava sozinha. Ou pelo menos era o que parecia.

Na manhã seguinte, uma batida suave na porta me tirou dos meus pensamentos. Antes que eu pudesse responder, a porta se abriu, revelando uma mulher bem vestida. Ela carregava uma bandeja de café da manhã, e sua expressão era neutra.

— Senhorita Lara, o senhor Lombardi deseja vê-la no jardim após o café. — Sua voz era educada, mas firme, como se não houvesse espaço para recusa.

— Eu realmente não tenho escolha, não é? — respondi, com uma ironia que mal escondia minha frustração.

A mulher apenas sorriu levemente e saiu sem dizer mais nada.

Depois de me arrumar com as roupas que haviam sido deixadas para mim — um vestido simples, mas incrivelmente elegante —, fui conduzida por um dos seguranças até o jardim. Quando saí da mansão, fiquei impressionada com a beleza do lugar. O jardim era imenso, cheio de flores exuberantes, fontes de água cristalina e esculturas que pareciam contar histórias de eras passadas.

Michele estava de pé ao lado de uma fonte central. Ele vestia um terno impecável, mas sua postura relaxada contrastava com a seriedade de seu olhar. Quando me aproximei, ele se virou para mim, avaliando-me com aqueles olhos escuros que pareciam enxergar muito mais do que eu gostaria.

— Espero que tenha dormido bem, Lara. — Sua voz era calma, mas havia um tom de desafio nela.

— Dormir bem em uma prisão? Não exatamente o cenário ideal. — Respondi com firmeza, tentando não demonstrar o nervosismo que sua presença me causava.

Ele deu um sorriso breve, quase imperceptível.

— Este lugar está longe de ser uma prisão. — Ele gesticulou para o jardim ao redor. — Mas entendo por que você pode pensar assim.

— Então me deixe ir embora. — Cruzei os braços, desafiando-o com o olhar.

Michele se aproximou, seus passos lentos, mas determinados. Quando ele parou a poucos passos de mim, sua presença parecia preencher todo o espaço entre nós.

— Você acha que isso é tão simples, Lara? Que pode simplesmente ir embora e fingir que nada aconteceu? — Sua voz era baixa, mas havia algo nela que me fez estremecer.

Eu desviei o olhar, sentindo um misto de raiva e impotência. Ele suspirou, como se estivesse tentando conter algo.

— Venha. Quero lhe mostrar uma coisa. — Ele se virou e começou a caminhar, sem esperar que eu o seguisse.

Hesitei por um momento, mas minha curiosidade acabou vencendo. Segui Michele por um caminho ladeado por roseiras. As flores eram incríveis, de um vermelho profundo que parecia quase irreal. Quando paramos, ele se virou para mim, segurando uma das rosas com cuidado.

— Sabe por que as rosas são tão especiais? — Ele perguntou, observando a flor como se estivesse falando consigo mesmo.

— Porque são bonitas? — respondi, sem entender onde ele queria chegar.

Ele sorriu novamente, mas dessa vez havia algo melancólico em sua expressão.

— Porque carregam beleza e perigo ao mesmo tempo. Os espinhos são uma defesa, mas também um aviso. Elas não são para qualquer um. — Ele me olhou diretamente, e senti como se suas palavras tivessem um significado muito mais profundo.

— E o que isso tem a ver comigo? — perguntei, tentando esconder o incômodo que suas palavras me causavam.

Michele se aproximou mais uma vez, segurando a rosa entre nós.

— Talvez você seja como uma dessas rosas, Lara. Bela, mas com espinhos que tenta usar para afastar quem se aproxima.

Eu o encarei, sentindo a raiva crescer novamente.

— E você? O que você é, Michele? O jardineiro que corta as rosas ou a fera que as destrói?

Seu sorriso desapareceu, e por um momento, vi algo diferente em seus olhos. Algo que quase parecia dor. Mas ele logo recuperou sua compostura.

— Talvez eu seja apenas a fera que não sabe como lidar com algo tão delicado. — Sua voz era quase um sussurro, mas o peso de suas palavras me atingiu em cheio.

Ficamos em silêncio por alguns instantes, o som da água da fonte preenchendo o espaço entre nós. Eu queria dizer algo, mas não sabia o quê. Havia tantas coisas que eu queria perguntar, tantas coisas que queria entender, mas Michele era como uma muralha impenetrável.

— Lara, você tem uma escolha aqui. — Ele finalmente quebrou o silêncio. — Pode continuar me vendo como um monstro, ou pode tentar enxergar além disso. Mas lembre-se: nem tudo é o que parece.

— E o que você quer que eu veja? — perguntei, minha voz cheia de desconfiança.

Ele não respondeu. Em vez disso, deixou a rosa cair no chão e se virou para sair. Fiquei ali, olhando para a flor abandonada, sentindo como se ela fosse um reflexo da minha própria situação. Bela, mas esquecida em um lugar onde não pertencia.

Enquanto voltava para a mansão, uma coisa ficou clara para mim: Michele Lombardi não era apenas um homem frio e cruel. Ele era um enigma, uma fera com espinhos que escondiam algo muito mais profundo. E, de alguma forma, eu sabia que minha presença ali não era apenas uma questão de dívidas ou poder. Havia algo mais, algo que eu ainda não conseguia compreender.

E, por mais que eu quisesse negar, parte de mim estava determinada a descobrir o que era.

Continue lendo no Buenovela
Digitalize o código para baixar o App

Capítulos relacionados

Último capítulo

Digitalize o código para ler no App