2 - Uma parte da rotina

A viagem inesperada de Noah deixou Vivienne com um gosto amargo de frustração e decepção. Ele esteve com ela na noite passada, e nem se deu ao trabalho de avisar que partiria. A realidade de ser apenas mais uma mulher disponível para ele começou a corroê-la por dentro. E, enquanto as horas passavam, Vivienne se viu refletindo sobre tudo o que abriu mão. Ela se formou em finanças com louvor, aos vinte e quatro anos, sonhando em construir uma carreira sólida e promissora. Mas, em vez disso, se vê aprisionada ao papel de assistente do CEO da maior empresa de finanças do país, lidando com tarefas que não fazem jus à sua capacidade.

— Onde estou errando? — Vivienne murmura, sentindo o incômodo crescer.

Ela sabe que aceitou ser tratada dessa forma. Permitindo, ao longo do tempo, que ele invadisse sua vida e se apoderasse de seus sentimentos.

Os dias passaram, e Vivienne manteve a rotina, esperando um contato de Noah que nunca chegava. Um mês depois, ela sentia-se à beira de um colapso, presa em um ciclo de expectativas frustradas, percebendo o quanto Noah dominava seus pensamentos e emoções.

Ao final de mais um dia exaustivo de trabalho, prestes a sair, o celular vibra sobre a mesa. Vivienne pega o aparelho, e seu coração dispara ao abrir a mensagem.

“Te espero na nossa suíte do hotel.”

Aquelas palavras a desarmam completamente. Saudade, raiva, desejo e frustração se entrelaçam, deixando-a sem fôlego. Vivienne j**a o celular na bolsa com um movimento brusco, tentando apagar a ansiedade que sente ao pensar em vê-lo novamente. Ela caminha em direção ao elevador privativo, cada passo pesado, como se carregasse um peso invisível.

— Dessa vez, não. — Vivienne resmunga para si mesma, mas o tom de dúvida em sua própria voz a assusta.

Ao chegar em seu apartamento, Vivienne sente o peso da indecisão a consumindo. Ela abre uma garrafa de vinho barato e começa a beber, tentando acalmar a tempestade em sua mente. Parte dela quer ficar, mas outra parte a empurra para ele.

Na metade da segunda garrafa, ela se rende. Com o coração acelerado e a mente embriagada, veste uma lingerie provocante e cobre o corpo com um sobretudo. Determinada, sai em direção ao hotel.

Ao entrar na suíte privada, a luz suave da lua e o abajur ao lado da cama criam um clima íntimo. Vivienne observa as garrafas de uísque vazias no chão e seus olhos encontram Noah, deitado na cama, usando apenas uma cueca box branca. O corpo dela responde de imediato, o calor subindo por sua pele. Com um movimento deliberado, solta o cinto do sobretudo, deixando-o cair, revelando a lingerie ousada que escolheu para ele.

Ela caminha até a cama, desliga o abajur, deixando a escuridão envolver o ambiente. Sobe sobre ele, sentindo o calor do corpo dele sob suas pernas. Lentamente, se inclina e, com um desejo contido, toma seus lábios em um beijo intenso e profundo, despertando-o com o toque firme de suas mãos que deslizam pela pele dele, marcando-o, como se aquele momento fosse apenas deles.

— Você consegue cuidar de mim? — Vivienne sussurra, com uma voz manhosa, e, sem esperar por resposta, puxa Noah para outro beijo intenso.

— Pensei que tivesse desistido. Mudou de ideia? — Ele sussurra, enquanto vira-a na cama com um movimento ágil, dominando-a entre seus braços. — Aliás, por que desligou a luz? Prefiro observar você. — Pergunta com a voz rouca, mas a única resposta que recebe é o toque dos braços dela envolvendo seu pescoço, trazendo-o para mais perto. Em um movimento intenso e cheio de desejo, Vivienne toma seus lábios em um beijo urgente e sedento, calando qualquer dúvida que ele pudesse ter.

A temperatura no quarto sobe, e a embriaguez dos dois parece não importar. Beijos e carícias são trocados com uma intensidade que preenche o ambiente, e não demora para os gemidos de prazer ecoarem pela suíte.

Na manhã seguinte, Vivienne acorda exausta, mas satisfeita. Um sorriso discreto surge em seu rosto enquanto observa Noah adormecido ao seu lado. Ela aproveita o momento para admirar os traços dele, gravando aquela imagem em sua mente. Em silêncio, levanta-se, veste-se e decide sair antes que ele acorde. Vivienne não quer encarar aquela conversa logo agora, não depois de uma noite intensa como aquela. Ela precisa de tempo para organizar os próprios sentimentos antes de qualquer confronto.

Ao chegar em seu apartamento, Vivienne se j**a no sofá e desliza a mão pelos lábios, como se ainda pudesse sentir o gosto dos beijos dele. O cansaço da noite passada finalmente a alcança, e, antes que perceba, adormece ali mesmo, ainda envolvida nas lembranças confusas e intensas de tudo o que aconteceu.

Ela acorda com o toque insistente do celular vibrando ao seu lado. Piscando na tela, o nome de Noah a faz suspirar.

— Droga! — Resmunga, frustrada, enquanto observa o número dele piscando incessantemente. Ela decide ignorar a ligação, já antecipando a provável reclamação dele pelo atraso.

Levantando-se, vai direto para o banheiro. Após um banho rápido, veste a roupa social de sempre e prende o cabelo em um coque firme, tentando transmitir a seriedade que precisa para enfrentar o dia. Ao finalizar o visual, ela sai apressada em direção à empresa, determinada a focar no trabalho e deixar os sentimentos confusos de lado.

Assim que chega à empresa, Vivienne ignora os olhares julgadores da secretária e segue diretamente para sua mesa, sem hesitar. Organiza os relatórios e a agenda do dia com a precisão que ele sempre espera. Ao terminar, endireita a postura, respira fundo e entra na sala de Noah com as pastas em mãos, como faz todas as manhãs. Noah está sentado, concentrado no notebook, sem sequer levantar os olhos para notar sua presença, tratando sua entrada como parte da rotina habitual.

Vivienne coloca as pastas à sua frente, bem-organizadas, mas ainda assim não recebe nenhum sinal de atenção. Algo dentro dela, no entanto, se acende. Sem pensar duas vezes, ela contorna a mesa, determinada, puxa a cadeira e, com confiança, senta-se no colo dele. Ele, surpreso, não tem tempo de reagir antes que ela envolva seu pescoço com os braços e o beije intensamente. Sua respiração acelerada e o coração batendo descompassado, Vivienne se entrega ao momento, transformando o ambiente formal em algo cheio de desejo.

— Quero muito mais do que temos, senhor Muller. — Vivienne sussurra, ofegante, agarrada ao pescoço dele e beijando-o novamente.

Ele interrompe o beijo, o rosto impassível, e se levanta abruptamente, fazendo-a cair no chão. O choque está estampado no rosto dela.

— O que pensa que está fazendo? — Ele questiona, a voz firme, o olhar frio. A surpresa de Vivienne se transforma em dor ao encarar o homem à sua frente, que a observa de cima, como se ela fosse uma desconhecida.

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