5 - Mentiras bem contadas

Vivienne se vira para sair, a raiva fervendo em cada parte de seu corpo, mas antes que consiga dar o primeiro passo, sente a mão firme de Dominic agarrar seu pulso. Em um movimento rápido e dominador, ele a puxa com força, trazendo-a para perto, seus corpos quase se tocando. O ar ao redor deles parece estalar com a eletricidade do momento. Dominic a faz recuar um passo, e o som da porta se fechando ecoa pela sala. Suas costas se chocam contra a madeira com força, e antes que Vivienne possa reagir, Dominic já a mantém presa ali, seus braços estendidos ao lado do rosto dela, as mãos espalmadas na porta, bloqueando qualquer tentativa de fuga.

— Quem você pensa que é? — Dominic questiona, sua voz elevada, o olhar faiscando de raiva, enquanto se afasta levemente, ainda mantendo Vivienne presa entre a porta e seu corpo.

— Vivienne Bettendorf. — Ela responde com firmeza, seus olhos deslizando rapidamente pelo cenário, buscando uma alternativa para escapar. — E não ouse me ofender. — Adverte, cerrando os punhos com força, lutando para se controlar e não dar outro tapa nele, especialmente ao ouvir a risada sarcástica que escapa dos lábios dele.

— Interessante como a verdade pode ser tão ofensiva. — Dispara, enquanto desabotoa lentamente cada botão da camisa molhada de café, seus olhos cravados nos dela, carregados de desprezo. — Me diga, senhorita Bettendorf, você é ingênua ou apenas uma mulher burra? — Provoca, observando com satisfação a mão dela bater contra a porta, como se soubesse que, naquele momento, ela gostaria que fosse o rosto dele. Um sorriso sarcástico se forma em seus lábios, ciente do impacto que suas palavras causam. — Vocês, mulheres, se contentam com tão pouco. — Continua, a voz afiada, cortante. — Um homem que não te apresenta à família, que te mantém à margem do mundo dele, é óbvio que está escondendo algo. Mas, mesmo assim, vocês preferem fechar os olhos. — Faz uma pausa, o olhar penetrante, saboreando o controle que sente sobre a situação. — Ignoram o óbvio em troca de mentiras bem contadas e migalhas de atenção. — A provocação em seu olhar é clara, cada palavra carregada de uma crueldade calculada, como se ele estivesse testando até onde poderia empurrá-la.

— Se afasta de mim. — Ordena, mas seus olhos a traem, deslizando lentamente pelo peito e abdômen de Dominic, agora completamente expostos após ele abrir o último botão. A atração é palpável, irresistível, especialmente por ele ser a imagem do homem que ocupa seus pensamentos.

— Você não me dá ordens. — Rebate, a voz rouca e carregada de desafio, um sorriso sedutor curvando seus lábios. Dominic agarra as mãos dela com firmeza, trazendo-as até seu peito nu, o calor de sua pele contra a dela. — Já que está gostando da visão, por que não limpa a bagunça que causou? — Sugere, com um toque provocador, guiando as mãos de Vivienne sobre seu peito molhado, cada movimento intencionalmente lento, desenhando a linha de seus músculos. As mãos dele continuam a deslizar, levando as dela para mais baixo, até a linha do cinto de sua calça, o olhar fixo no rosto dela, saboreando a tensão que cresce a cada segundo.

— Arrume você. — Retruca, puxando suas mãos abruptamente, tentando esconder o impacto que o toque dele teve sobre ela. — Acho que o senhor não é surdo, eu me demiti. — Afirma, empurrando-o com firmeza, e, sem olhar para trás, abre a porta e sai com passos decididos. — Droga. — Murmura, apoiando-se na mesa ao lado assim que está fora da sala, soltando o ar que nem percebeu estar segurando. Seu corpo treme levemente ao ouvir a porta dele se fechar com força.

Ainda tentando controlar as emoções que se agitam dentro de si, Vivienne respira fundo, tentando recuperar o controle enquanto começa a arrumar suas coisas, determinada a abandonar aquele capítulo, mesmo que seu coração ainda estivesse acelerado com tudo o que havia acabado de acontecer.

Após colocar todos os seus pertences na caixa, Vivienne ajusta a postura, endireitando-se com determinação, e caminha em direção ao elevador, ignorando os olhares atentos e o sorriso debochado da secretária, que claramente se delicia com a situação.

— Até nunca mais, cobra. — Murmura Vivienne, irritada, enquanto passa pela mesa da secretária, sem sequer olhar para trás.

Após resolver sua situação no departamento de recursos humanos, Vivienne retorna ao seu pequeno apartamento, o único lugar que ainda oferece alguma sensação de segurança. Assim que a porta se fecha, ela sente o peso da realidade desabar sobre seus ombros. A dor da traição de Noah finalmente a atinge em cheio, fazendo seu coração se despedaçar. Com uma garrafa de vinho nas mãos, ela tenta encontrar consolo, mas as palavras de Dominic não param de ecoar em sua mente. E, por mais que queira odiá-lo, não consegue negar a verdade que ele apontou. Ela permitiu ser enganada, se iludiu com promessas vazias e se prendeu a uma esperança que nunca existiu de verdade.

Um mês se passou, e Vivienne agora vive uma nova rotina. Abandonou o cargo de assistente do CEO e assumiu o posto de analista de finanças em uma empresa que oferece soluções tecnológicas para o mercado financeiro. Durante esses trinta dias, Noah tentou desesperadamente reaproximar-se. Ele fez inúmeras ligações, enviou mensagens incessantes e até a esperou na frente do prédio em que ela mora. Mas, em todas às vezes, Vivienne recusou, decidida a fechar o coração para o homem por quem um dia acreditou estar apaixonada.

— Senhorita Bettendorf, estão te aguardando na sala de reunião. O novo sócio está prestes a chegar. — A voz da secretária ecoa pela sala, arrancando Vivienne de seus pensamentos.

Ela sorri levemente, agradecendo com um aceno de cabeça, e a secretária se retira. Após ajeitar os documentos e pegar as pastas, Vivienne segue para a sala de reuniões. Ao entrar, acomoda-se em seu lugar, os olhos atentos à documentação em que trabalhou intensamente na última semana.

— Prezados, bom dia. — A voz grave ecoa pela sala, mas Vivienne mantém seus olhos focados nos papéis, imersa na apresentação que preparou. Seu chefe continua, a voz dele soando distante até que uma frase a tira do transe. — Deem as boas-vindas ao nosso novo sócio, o senhor Muller.

O sobrenome atinge Vivienne como um choque. Ela levanta o olhar lentamente, o coração disparando, e seus olhos encontram o homem que acaba de entrar. O reconhecimento a atordoa, uma mistura de surpresa e incredulidade se espalha por seu corpo, deixando-a paralisada. Um frio na espinha percorre sua coluna enquanto sua mente se confunde, tentando identificar qual dos irmãos está ali, invadindo sua nova vida.

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