4 - Um espetáculo patético

As palavras de Dominic atingem Vivienne como um golpe certeiro, inflamando cada parte de sua fúria. Seus olhos permanecem fixos em Noah, e a presença da mulher ao lado dele apenas intensifica o ódio pulsante em seu peito. As lágrimas ameaçam escapar, mas Vivienne as reprime com um controle feroz. Sem pensar, ela avança, o peito cheio de raiva crescente, sua mão se ergue e, em um movimento rápido, desce com força, estalando no rosto de Noah com um som cortante que ecoa pela sala. A mulher ao seu lado permanece paralisada, em choque, enquanto Dominic solta uma risada baixa, saboreando cada segundo daquele confronto explosivo.

— Noah Muller, você é um miserável! — Vivienne explode, o desprezo contido em cada palavra. — Espero que você queime no inferno! — Com um movimento brusco, ela se vira, os passos ecoando como marteladas enquanto a porta b**e com uma força que reverbera pela sala, deixando um silêncio denso e incômodo no ar.

— Noah, querido, o que foi isso? — A mulher murmura, com uma suavidade inquietante, deslizando os dedos sobre a bochecha avermelhada de Noah, como se o tapa tivesse sido um contratempo trivial.

— Ah, Natasha, sempre a mestra da dissimulação. — Dominic comenta, sua voz carregada de provocação, o olhar cheio de uma diversão cruel que só ele parece aproveitar. — Mais um espetáculo patético de uma das amantes do seu noivo. —Continua, o sarcasmo gotejando de cada palavra, como se estivesse saboreando a reação que sabia que viria.

Natasha se vira lentamente para Dominic, o rosto tenso de irritação. Ele a encara com um sorriso insuportavelmente satisfeito, prestes a jogar mais lenha na fogueira.

— Disse alguma inverdade, senhorita Sinclair? — Ele pergunta, sua voz cheia desprezo, como se estivesse apenas enunciando o óbvio. — Honestamente, parabéns. Esse show de “noiva apaixonada” quase me enganou! Mas, claro, só por alguns segundos. — Dá de ombros, rindo novamente, como se estivesse assistindo a uma comédia feita sob medida para ele.

— Sempre tão adorável, Dom. — Natasha responde, lutando para esconder a raiva que a atitude de Dominic provoca. — Os anos passam e você não muda nada. — Acrescenta, um sorriso doce e controlado nos lábios, tentando manter a compostura.

— Posso dizer o mesmo, você continua a mesma burra e interesseira de sempre. — Dominic retruca, contornando a mesa com uma calma arrogante antes de ocupar seu lugar. — Melhor você rezar para o Noah não morrer também, porque comigo, você não terá a menor chance. — Dispara, deixando seu desprezo evidente em cada palavra.

— Já chega, Dominic. — Noah intervém, tomando finalmente o controle da situação. — Por que você faz isso? — Pergunta, visivelmente irritado com a atitude do irmão.

— Me desculpe se a verdade te incomoda, irmão. — Dominic rebate, carregando a frase com uma ironia afiada. — Agora, leve sua noiva troféu e saia da minha sala. — Ordena, seu tom firme e sério, como uma sentença final.

Noah escolhe o silêncio, conhecendo bem o humor corrosivo de Dominic. Sem uma palavra, ele apenas entrelaça os dedos aos de Natasha e sai da sala, deixando o clima tenso para trás. Ao fechar a porta, seus olhos pousam em Vivienne, de pé diante da mesa, meticulosamente colocando seus pertences em uma caixa. Ele dá um passo na direção dela, mas o aperto firme de Natasha em sua mão e o olhar afiado que ela lhe lança o detêm.

— Que o elevador despenque com você dentro. — Vivienne murmura, mal disfarçando o veneno na voz enquanto observa Noah se afastar com sua elegante noiva. — Como pude ser tão cega? — Sussurra para si mesma, o arrependimento transbordando em cada palavra. — Francamente, Vivienne, o que os seus pais diriam agora? — Se repreende, afundada na vergonha do erro que só agora reconhece plenamente. O toque do telefone quebra seu devaneio, e um arrepio percorre seu corpo ao ver que o ramal vem da sala do CEO. Lutando contra o nervosismo, ela atende. — No que posso ser útil? — Pergunta, esforçando-se para manter o tom firme.

— Venha à minha sala. — A voz de Dominic é fria e direta, sem espaço para questionamentos. — E traga um café. — Acrescenta com desdém antes de desligar abruptamente.

— Sim, senhor. — Vivienne resmunga para si mesma, caminhando até a copa com passos apressados. Enquanto prepara o café, exatamente como fazia para Noah, sua mente se volta ao beijo de mais cedo, e ela sente o rosto esquentar, o rubor crescendo sem controle. — “Concentre-se, Vivienne.” — Pensa, tentando afastar as lembranças inconvenientes.

Com a bandeja em mãos, Vivienne segue para a sala de Dominic, determinada a manter o profissionalismo. No entanto, quando levanta a mão para bater, a porta se abre bruscamente. Sem aviso, ela tropeça para frente, e a bandeja escapa de suas mãos. O café, em uma trajetória descontrolada, se espalha por todos os lados, derramando-se diretamente sobre Dominic. Ele dá um passo instintivo para trás, mas é tarde demais, o líquido já o atingiu em cheio, deixando-o surpreso e encharcado.

Vivienne tenta se equilibrar, mas seu pé torce, e ela cai diretamente no chão. O som da queda ecoa pela sala, tão alto quanto o desastre que acabou de causar. De joelhos e com as mãos espalmadas no chão, ela ergue a cabeça devagar, o horror estampado em seu rosto. Seu olhar encontra o de Dominic, e o silêncio denso que se segue torna tudo ainda mais desconfortável. O choque em seus olhos apenas amplifica a tensão, enquanto Vivienne, paralisada pelo constrangimento, tenta processar o que acabou de acontecer.

— Devo ficar grato pela sua completa incompetência. — Dominic dispara, tirando o paletó com um gesto brusco, o rosto marcado por uma irritação fria, enquanto a observa no chão. Vivienne está, literalmente, de quatro aos seus pés.

— O senhor se queimou? — Ela pergunta baixinho, tentando se recompor enquanto se levanta lentamente. Mas antes que ela consiga recuperar qualquer dignidade, uma risada amarga e cheia de ironia escapa dos lábios dele, ecoando pela sala.

— O café estava frio! — Dominic vocifera, jogando o paletó sobre a mesa com desprezo, como se até o tecido o irritasse. — E me diga, você tem alguma outra qualidade além de ser a amante do seu chefe? — Lança a provocação com uma frieza cruel, cada palavra um golpe certeiro, enquanto seus olhos gélidos cravam-se no rosto dela.

O insulto atinge Vivienne em cheio, e antes que ela possa pensar, sua mão se move por puro instinto. O som do tapa é alto, seco, preenchendo a sala. A cabeça de Dominic vira bruscamente com o impacto, seu rosto momentaneamente congelado em surpresa. O silêncio que segue é absoluto, pesado, como se o ar tivesse ficado mais denso.

— Eu me demito, senhor Muller! — Vivienne grita, sua voz cheia de convicção, os punhos tão cerrados que seus dedos tremem. A adrenalina pulsando violentamente em suas veias, como se cada célula do seu corpo estivesse em chamas.

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