O pânico cresce rapidamente dentro de Vivienne, e o enjoo se torna insuportável, apertando sua garganta de maneira sufocante. Sem tempo para pensar, ela se levanta bruscamente, os passos rápidos a levando direto até a lixeira mais próxima. Não havia tempo para correr até o banheiro. Ao se inclinar, o vômito irrompe incontrolável, o som do líquido ecoando pela sala em meio ao silêncio absoluto. Todos os olhares se voltam para ela, congelados em choque.
Enquanto ainda ofegava, tentando se recompor, a voz cortante e carregada de irritação invade seus ouvidos.
— Providencie outra sala. — O som é inconfundível, mas tão semelhante que seu coração dispara novamente. — Em cinco minutos, quero tudo pronto. — A voz finaliza, saindo da sala, deixando Vivienne ali, entre a sensação de humilhação e o terror de ter o passado mais próximo do que imaginava.
— Vivienne, o que deu em você? — A voz de seu chefe soa perplexa, enquanto ela luta para recuperar a postura, os olhos baixos, evitando os olhares curiosos ao redor.
— Me desculpa. — Vivienne murmura, quase sem forças, apressando-se em direção à saída. O gosto amargo do vômito ainda presente em sua boca, um lembrete do caos que tomou conta dela.
O pânico silencioso a envolve enquanto tenta, em vão, encontrar algum detalhe, alguma pista que a ajude a distinguir a voz ou a aparência. Mas é inútil. Tudo se mistura, e a incerteza a consome. Qual dos irmãos Muller havia acabado de invadir sua vida, forçando-a a encarar o passado que jurou abandonar?
Enquanto caminha, perdida em seus pensamentos, Vivienne colide abruptamente com alguém. Seu corpo congela ao impacto, e ela levanta o olhar lentamente, seus olhos se fixando no peito perfeitamente delineado sob o colete preto, que repousa sobre a camisa branca impecável, debaixo de um paletó que exala elegância. O perfume dele invade suas narinas, intenso e provocante, deixando-a ainda mais nauseada, mas agora por uma mistura perigosa de confusão e desejo.
— Se você concentrar seu olhar nos lugares certos. — A voz dele é rouca, baixa e carregada de uma sensualidade que a atinge em cheio. O som a faz dar um pequeno passo para trás, um arrepio involuntário percorrendo sua espinha. — Conseguirá diferenciar. — Finaliza, com um sorriso malicioso nos lábios, percebendo que o olhar dela havia ficado preso em seu peito.
— Me desculpa. — Vivienne sussurra, seus olhos deslizando lentamente até o rosto dele. Ela tenta, desesperadamente, identificar qual dos irmãos está à sua frente, embora a presunção já comece a formar-se em sua mente. Então, algo a faz parar. — Heterocromia. — Murmura, mais para si mesma do que para ele, quando finalmente percebe o detalhe revelador. O olho direito dele é azul, enquanto o esquerdo é verde. Uma característica que só ele tem. Noah, por sua vez, tem ambos os olhos verdes. — Com licença, senhor Muller. — Murmura, a voz quase falhando enquanto tenta manter a compostura. Sem esperar resposta, ela se afasta rapidamente, praticamente correndo em direção ao banheiro, desesperada para escapar da intensidade esmagadora do momento.
— Uma coincidência interessante. — Dominic sussurra para si, um sorriso discreto, mas cheio de malícia, curvando seus lábios. Seus olhos a seguem enquanto ela se afasta, o olhar atento, saboreando cada detalhe de sua fuga.
Vivienne sente o coração disparar enquanto lava sua boca, tentando apagar o gosto amargo do vômito e da ansiedade crescente. O pânico a envolve, não apenas pela inesperada presença do irmão de Noah na empresa, mas pelo que acaba de perceber, como um fardo que ela não está pronta para carregar. As peças do quebra-cabeça em sua mente se encaixam rapidamente, trazendo um misto de medo e confusão.
Sem perder tempo, ela sai apressada do banheiro, o barulho dos saltos ecoando no chão enquanto alcança sua sala. As mãos tremem enquanto ela coloca seus pertences na bolsa, como se a fuga fosse a única solução para a realidade que está esmagando.
— Vivi, você está bem? — A voz de Margot Hoffman soa calma, mas cheia de preocupação, parada à porta. — Todos estão te esperando na sala de reuniões. — Acrescenta, com o olhar atento.
— Margot, por favor, conduza a apresentação por mim. — Vivienne solicita, a urgência em sua voz é clara. — Não estou bem, preciso ir ao médico. — Declara, já caminhando em direção à colega, passando por ela sem esperar uma resposta, confiando que Margot lidará com a situação. O ar parece sufocá-la a cada passo em direção à saída, enquanto sua mente tenta processar o turbilhão de emoções que a domina.
— Isso irá acabar mal para Vivienne. — Margot murmura enquanto segue para a sala de reuniões. Ao entrar, todos os olhares a acompanham, e ela apenas faz um breve aceno para o chefe, indicando que Vivienne não comparecerá.
— Se ela não apresentar uma justificativa aceitável para a ausência, demita-a. — Dominic ordena, sua voz firme e autoritária. Ele se levanta com postura impecável. — Bom dia a todos. — Saúda, sua presença dominando a sala naturalmente. — Sou Dominic Wade, o novo sócio da empresa. — Apresenta-se com seriedade, adotando o sobrenome paterno, como sempre faz, exceto quando lida com os negócios da holding Muller, que pertence ao lado materno e que ele também representa.
Com competência e uma autoridade inquestionável, Dominic domina a reunião, deixando claro que, a partir daquele momento, todo o setor financeiro se reportará diretamente a ele. Após suas considerações firmes, ele concede espaço para os funcionários fazerem suas apresentações planejadas, observando tudo com um olhar calculista.
Naquela noite, em seu apartamento, Vivienne mal consegue ficar parada. Seus passos agitados refletem o caos em sua mente, os olhos vermelhos de tanto chorar. Nada parecia fazer sentido, e a dor misturada ao pânico a sufocava. Quando a campainha toca, ela quase corre até a porta, parte de si desesperada por um conforto que jurou não querer mais.
— Eu sabia que você mudaria de ideia. — A voz de Noah soa confiante ao puxá-la para seus braços, ignorando as lágrimas que escorrem por seu rosto. Ele tenta beijá-la, como se a intimidade entre eles pudesse curar o que estava quebrado. Mas Vivienne se afasta. — Que droga, Vivi! — Reclama, frustrado, entrando e batendo a porta. — Por que me chamou aqui, se não posso nem te tocar?
— Noah, eu estou grávida. — Vivienne dispara, a voz embargada, virando-se rapidamente em direção à mesa de centro, apontando com as mãos trêmulas para os testes de gravidez espalhados sobre ela. As lágrimas, que antes deslizavam discretamente, agora se intensificam, como se cada palavra tivesse desencadeado a onda de emoções que ela tentava controlar.
A expressão de Noah se fecha, os olhos endurecem, e o choque logo se transforma em algo mais sombrio. Sem dizer nada, ele avança lentamente até a mesa, analisando cada teste de gravidez com atenção silenciosa. Não precisa contar, mais de cinco estão ali, todos gritando a mesma verdade inescapável. — Sou o pai? — Noah pergunta, cortando o silêncio enquanto se vira abruptamente, o olhar cravado nela. Vivienne tenta, mas não consegue segurar o pranto que a domina. — Responda! — Exige, sua voz agora, um berro, tão alto que faz o corpo dela tremer e se encolher de susto.— Quem mais seria? — Vivienne rebate, com a voz quebrada, as lágrimas manchando seu rosto enquanto tenta, em vão, secá-las. — Sim, Noah, você é o pai. — A confirmação sai entre soluços, uma mistura de medo e desespero. Ele leva as mãos ao rosto, esfregando-o com força, como se quisesse apagar a frustração crescente que o consome.— E o que você planeja fazer com isso, Vivienne? — Pergunta, a voz carregada de frieza. Ele a
Dominic agarra as mãos dela com firmeza, puxando-a para mais perto, o calor entre eles crescendo a cada segundo. O sorriso que ela oferece é carregado de malícia, um jogo silencioso que ele aceita sem hesitar. Sua mão desliza lentamente pelas costas dela, sentindo cada contorno, até chegar à nuca, onde ele a segura com intensidade. Então, ele a puxa para um beijo profundo, intenso, cheio de desejo ardente, um toque que revela o quanto ambos ansiavam por aquilo.— Não tive muita escolha, senhorita Gauthier. — Dominic responde, a voz rouca e carregada de desejo, os olhos queimando enquanto ela se acomoda ao seu lado, ainda mais próxima.— Dom, não me venha com formalidades agora. — Claire responde, a voz suave e provocante. Ela cruza as pernas lentamente, o movimento cheio de sensualidade, cada gesto cuidadosamente feito para atrair a atenção dele. Virando-se para ele, com os olhos fixos nos dele, ela levanta o dedo com elegância, chamando o barman com tranquilidade. — Um Château Margau
Dominic avança pelas ruas de Luxemburgo com o pé pesado no acelerador, os olhos fixos no trânsito à frente. A cada semáforo que ameaça fechar, ele pressiona um pouco mais, evitando qualquer parada que possa atrasá-lo. O peso da notícia ecoa em sua mente, corroendo sua calma, enquanto a ausência de respostas de seu avô intensifica sua inquietação. O hospital finalmente surge à sua frente, e ele estaciona o carro de maneira abrupta, quase descontrolada.Assim que entra, seus passos ecoam pelos corredores até a recepção. Sem perder tempo, ele segue direto até o andar onde sabe que Noah está sendo atendido. A tensão transborda ao se deparar com seu avô em frente à porta do quarto, e ele se aproxima apressado, com o coração acelerado.— O que aconteceu? — Dominic dispara a pergunta, o nervosismo rasgando suas palavras.— Noah está bem — Grant responde com uma calma meticulosa, que parece mal caber na situação. — Ele se distraiu, perdeu o controle do carro e bateu a cabeça no painel.Aquela
Dominic passa a mão pelos cabelos, os olhos fixos em Noah, como se cada palavra estivesse ativando um alarme interno. Ele enfia as mãos nos bolsos, o gesto tenso e carregado, como se estivesse tentando segurar a fúria que começava a borbulhar. — Quando e onde isso aconteceu? — Dominic finalmente pergunta, a voz baixa, porém afiada, carregada de uma raiva prestes a explodir.— Um dia antes da tua volta, na suíte do teu hotel. — Noah responde, observando a reação de Dominic com cautela, vendo a tensão aumentar.Dominic absorve a informação sem mais questionamentos, ele não precisa de mais explicações. Sem dizer mais nada, ele se vira bruscamente, a raiva transparecendo em cada movimento enquanto caminha apressado em direção à saída. — Qual o problema desse menino? — Grant questiona, a voz carregada de frustração, enquanto observa Dominic se afastar.— Se nem o senhor sabe, imagine eu. — Noah responde de maneira contida, soltando um leve suspiro enquanto começa a caminhar.— Noah, vá d
Vivienne Bettendorf desliza a mão pelo espelho embaçado da suíte do hotel Sofitel Le Grand Ducal, em Luxemburgo. Com os lábios entreabertos, ela observa seu acompanhante através do reflexo. Ele está no box, os movimentos lentos e provocantes enquanto seca os cabelos molhados. Cada gesto é um convite silencioso, cheio de intenções. Os músculos dele se destacam sob a pele úmida, e ela sente um arrepio percorrer sua espinha ao se lembrar de cada toque e suspiro que dividiram há pouco.O vapor do banho ainda envolve o ambiente, mas não o suficiente para ocultar o corpo dele, que brilha sob a luz suave do banheiro. Vivienne morde o lábio, incapaz de desviar o olhar, enquanto as lembranças do prazer recente inundam sua mente. Seu coração acelera, e ela ainda consegue sentir as mãos dele explorando sua pele, os gemidos abafados que escaparam de seus lábios.Ele percebe o olhar dela e, com um sorriso malicioso, ergue o rosto, os olhos cravados nela, carregados de luxúria. Sem pressa, ele se a
A viagem inesperada de Noah deixou Vivienne com um gosto amargo de frustração e decepção. Ele esteve com ela na noite passada, e nem se deu ao trabalho de avisar que partiria. A realidade de ser apenas mais uma mulher disponível para ele começou a corroê-la por dentro. E, enquanto as horas passavam, Vivienne se viu refletindo sobre tudo o que abriu mão. Ela se formou em finanças com louvor, aos vinte e quatro anos, sonhando em construir uma carreira sólida e promissora. Mas, em vez disso, se vê aprisionada ao papel de assistente do CEO da maior empresa de finanças do país, lidando com tarefas que não fazem jus à sua capacidade. — Onde estou errando? — Vivienne murmura, sentindo o incômodo crescer. Ela sabe que aceitou ser tratada dessa forma. Permitindo, ao longo do tempo, que ele invadisse sua vida e se apoderasse de seus sentimentos. Os dias passaram, e Vivienne manteve a rotina, esperando um contato de Noah que nunca chegava. Um mês depois, ela sentia-se à beira de um colapso, p
Vivienne desliza a mão pela curva das costas, próxima à base da coluna, sentindo a dor intensa onde o impacto a atingiu. O homem que ela acreditava ter algum espaço em seu coração, a observa de cima, o olhar frio e calculista, como se ela fosse um incômodo temporário, algo a ser descartado.— Por que está agindo assim, Noah? — Vivienne pergunta, a voz carregada de uma mistura de frustração e vulnerabilidade, cortando o silêncio sufocante que paira entre eles.Ele não responde de imediato. Uma risada curta, cheia de sarcasmo, escapa de seus lábios. Ele se inclina levemente sobre a mesa, mantendo os olhos fixos nela, o olhar pesado com um desprezo que ela nunca havia visto antes. Com um gesto desdenhoso, ele pressiona o botão do telefone e leva o aparelho à orelha sem desviar o olhar, sua presença imponente dominando o ambiente.— Na minha sala, agora! — Ele ordena com uma voz fria, autoritária, encerrando a chamada antes que qualquer resposta pudesse ser ouvida. Era como se qualquer re
As palavras de Dominic atingem Vivienne como um golpe certeiro, inflamando cada parte de sua fúria. Seus olhos permanecem fixos em Noah, e a presença da mulher ao lado dele apenas intensifica o ódio pulsante em seu peito. As lágrimas ameaçam escapar, mas Vivienne as reprime com um controle feroz. Sem pensar, ela avança, o peito cheio de raiva crescente, sua mão se ergue e, em um movimento rápido, desce com força, estalando no rosto de Noah com um som cortante que ecoa pela sala. A mulher ao seu lado permanece paralisada, em choque, enquanto Dominic solta uma risada baixa, saboreando cada segundo daquele confronto explosivo.— Noah Muller, você é um miserável! — Vivienne explode, o desprezo contido em cada palavra. — Espero que você queime no inferno! — Com um movimento brusco, ela se vira, os passos ecoando como marteladas enquanto a porta bate com uma força que reverbera pela sala, deixando um silêncio denso e incômodo no ar.— Noah, querido, o que foi isso? — A mulher murmura, com u