Peguei um saco de arroz e uma panela. A coloquei no fogo e abri o saco de plástico com os dentes, de forma desajeitada, fazendo com que todos os grãos caíssem no chão. Vi que o fogo estava ligado, mas não na panela que eu coloquei e sim numa frigideira.Todas as crianças se aproximaram e juntei os grãos de arroz rapidamente para que não engolissem. Um dos bebês que aprendera a caminhar a bem pouco tempo topou no banco de madeira, que bateu no fogão e fez com que a frigideira com óleo fervente caísse, pegando diretamente nele. Como eu estava abaixada, parte caiu na minha nuca, grudando chumaços de cabelos na pele.Aquele foi o meu último dia naquela casa. Fui jogada para fora e sequer me deixaram saber o que aconteceu com o bebê. Eu sabia o caminho de casa e fui para lá sozinha. Mas não tinha chave. Então fiquei sentada na porta, esperando minha mãe até o outro dia de manhã.A queimadura doía. Mas o medo de ficar sozinha ali na porta durante toda a noite era ainda pior. Quando minha mã
Virei as costas e deparei-me com Rose. Passei por ela, fingindo não a ver. Eu não lhe devia explicações da minha vida, principalmente agora que sequer morava em sua casa. Quando quisesse saber notícias de meu pai perguntaria ao próprio hospital.- Vai simplesmente virar as costas e nos deixar aqui? – Ela perguntou.- Quer que eu faça o quê? – A encarei.- Precisamos de dinheiro. Este hospital é horrível.- Papai parece estar sendo bem atendido. O que mais de aparelhos poderiam colocar nele que não está utilizando aqui? – Minha voz embargou.- Mal temos dinheiro para pagar esta espelunca, Olívia! Você precisa providenciar um lugar decente para o seu pai.- Eu... Vou tentar.- Não pode “tentar”. Precisa “fazer”.- Como você soube o que aconteceu?- Me ligaram do hospital. Quando cheguei ele já estava neste estado.- Como sabe que bateram nele?- Foi socorrido depois de ter apanhado covardemente de vários homens. O chutaram, socaram... O tornozelo direito está quebrado. Perdeu dois dente
A mulher que me acompanhava lhe disse que não precisava falar comigo como uma criança porque eu já tinha passado por tudo na vida. Então ele disse: “Olá, talvez eu seja o seu pai. Irei levá-la para fazer um exame de DNA para ter certeza disto, embora você seja bem parecida comigo – naquela parte percebi emoção da parte dele - Se realmente for a minha filha, a levarei para morar na minha casa, com a minha família”.Então eu tirei a sorte grande, porque meu sangue era o mesmo daquele homem cheiroso e bonito. E ele me levou para a sua casa, que a meu ver era como um castelo de conto de fadas. E tinha uma bebê linda e uma garota simpática e bonita que falava comigo de forma doce e gentil. A esposa dele nunca me aceitou. A parte estranha é que Rose nunca se deu em conta de que eu era uma criança, tão vítima quanto ela.Desde que Ernest Abertton disse: “sou seu pai”, ele foi literalmente um paizão. E com minha nova família eu aprendi sobre carinho, amor e proteção. E dei tanto valor àquela
Eu queria mais que Ernest Abertton morresse. Mas pelo visto outras pessoas tinham o mesmo desejo, porém agiam enquanto eu ficava fazendo ameaças e não dava um passo sequer para que fossem cumpridas.Decidi que não iria para a mansão Clifford naquela noite. Havia sido um dia cheio com Olívia e eu não queria ficar tentado a acalmá-la de alguma forma.Precisava me afastar daquela mulher. Chuchu me deixava um pouco vulnerável e fraco e eu não queria de forma alguma botar tudo a perder por conta do meu pau que não respeitava minha mente.Fui para minha casa e tomei dois copos de uísque antes de dormir. Minha mente dava voltas e voltas e eu precisava descansar, já que no dia seguinte tinha uma importante reunião de negócios.Jorel havia sido convidado a se retirar do Four Season em Nova York e ainda assim não voltou para Noriah Norte. E por algum motivo aquilo me tranquilizou. Nunca o quis tão longe quanto naquele momento. Que ele ficasse nos Estados Unidos para sempre.Eu já estava deitado
Desci pelo elevador particular e quando cheguei no carro falei ao meu motorista:- Me leve até a faculdade de minha esposa. E seja rápido... Bem rápido!- Mas... Onde é a faculdade, senhor Clifford?- Você não fala com o motorista dela, porra? - gritei – A partir de agora vocês estarão conectados, entendeu? Quero que esteja a par de todos os lugares onde ele leva minha esposa para caso precise, saber exatamente onde encontrá-la, em qualquer situação.- Sim, senhor Clifford. Farei isto.Claro que eu sabia que a reunião que deixei para trás era bem importante. Mas Chuchu estava mais uma vez precisando de mim. Aliás, Chuchu precisava de mim o tempo todo, embora parecesse totalmente independente. Me passou pela cabeça que estivesse fingindo, fazendo algo para me levar até ela. E então eu ficaria furioso e a esganaria. Ainda assim já teria perdido uma das reuniões mais importantes da semana. Enfim, só saberia o que realmente tinha acontecido se a visse.Assim que cheguei na faculdade, fui
Não, eu não me deixaria envolver por seu passado traumático. Meu único interesse em saber o que houve com Olívia antes dos dez anos de idade era com o propósito de usar aquilo a meu favor, saber suas fragilidades, já que até aquele momento tudo que parecia fazê-la sentir alguma coisa era o pai.- Ainda assim é jovem, Olívia! Não precisa decidir agora o que deseja fazer da vida. – Troquei de assunto imediatamente.- Claro que preciso. Tenho que sobreviver e ganhar dinheiro.Naquela parte ela estava certa, já que eu não lhe dava nada a não ser o que disponibilizava na mansão.- Como pagou a faculdade? – Perguntei, lembrando que eu não havia dado dinheiro para que ela colocasse as mensalidades em dia.- Como eu disse, daria meu jeito! – Piscou.Lembrei imediatamente dela ao telefone perguntando para alguém com quem precisava dormir para quitar as dívidas da faculdade. Meu sangue pareceu ferver e levantei-me, deixando-a atordoada, com a corpo meio amolecido de não ter onde ser apoiar.- D
- Na verdade conheço uma forma bem mais interessante de perder peso e ficar saudável do que na academia.- E qual é?- Posso lhe mostrar no seu quarto, mais precisamente na sua cama! – Piscou.- Você não é digna do meu pau. Prefiro pagar vagabundas.- Eu preciso de dinheiro. Não sou tão feia. Podemos fazer negócio se quiser. E pense pelo lado bom... Nem precisa sair de casa. E não corre o risco de eu roubá-lo ou abrir a boca na imprensa... Até porque... Espero que ela esteja cheia o bastante para que eu não possa abri-la. – Os lábios dela se entreabriram naquele jogo de sedução no qual eu estava quase caindo – Consegue me manter de boca fechada, Gabe? – Mordeu o lábio inferior, de forma provocante.No momento tudo que Olívia queria era me dar um chá de boceta e daquela forma me fazer ficar viciado nela. Então fodê-la, por mais que me agradasse, não era mais uma possibilidade. Nem que fosse para provar e constatar que ela não era nada do que ladrava.- Você não tem necessidades físicas
- Meu pai não é o tipo de homem a querer entrar numa briga. Foi sempre bem tranquilo. Não soube administrar os bens, o que é uma pena, mas acontece nas melhores famílias. Minha madrasta gasta demasiadamente e eu e minhas irmãs também não fomos nada econômicas com o dinheiro dele. Tirando isto... Meu pai não é um homem ruim, embora tenha seus defeitos, como toda pessoa. O que quer que ele tenha lhe feito, foi de forma involuntária, sem intenção de feri-lo ou magoá-lo.- Não pagarei a dívida de seu pai, Olívia. E não deixarei que ninguém lhe dê dinheiro ou empreste. Ernest pagará o preço por ter pedido dinheiro a agiotas.- Terei que dar meu jeito então, Gabe!- Foder com as pessoas certas? – eu ri, com desdém.- Existe uma coisa chamada emprego. Já ouviu falar?- Sim... Conheço esta palavra desde que eu tinha 16 anos. Por isto sou o dono da maior indústria farmacêutica do mundo atualmente.- Tenha um bom dia, marido! – ela virou as costas e acenou, descendo as escadarias em direção ao