Engoli em seco, sentindo o mundo cair sobre a minha cabeça.
- É isto que você deseja, não é mesmo, chuchu?
- S... S... Sim. – a palavra saiu com dificuldade da minha boca, a ponto de eu achar que nem conseguiria dizer.
- O doutor Castro disse que em torno de no máximo dez dias estaremos sendo chamados para assinar tudo. Para agilizar, faremos isto perante o juiz. Nos poupa tempo e segundo ele o processo será rápido, já que ambos estamos de acordo com tudo.
- Que... Bom! – Me doeu o fato de ele parecer estar tão tranquilo com aquilo.
Pelo visto o coração dele voltou a ficar seco e sem sentimentos. E os “eu te amo”? Tudo foi mentira?
- Você ficará com a casa. – Disse de forma firme.
- Casa? A que você tomou de mim?
- No dia do divórcio receberá os documentos da casa, Olívia. E ju
A fila do sorvete na cabine do Mac Donald’s estava longa. Apesar de tudo, eu não sairia dali sem um sorvete. Era caso de vida ou morte.Respirei fundo, sentindo dor nas pernas enquanto aguardava. E por que a vontade insana de comer aquele sorvete em específico? Desejo?- Eu... Vou ao banheiro. – Avisei Jai, saindo da fila e indo em direção ao local que eu precisava.Sim, senti tudo rodar com a possibilidade que me vinha à mente. Eu já tinha 20 anos menos de vida... E uma gravidez poderia reduzir meu tempo em... Oito ou nove meses apenas... O suficiente para carregar meu bebê no ventre e botá-lo no mundo, entregando-o nas mãos do pai.Senti um nó na garganta e acabei indo de encontro a uma pessoa que passava. Sim, eu sequer olhava por onde andava, como se caminhasse de forma automática para um banheiro que eu nem sabia onde ficava.Levantei a cabeça para d
POV GABEEnquanto eu pegava Rarith na escola, conforme Aneliese tinha pedido, com a intenção de levá-la para comer alguma coisa no shopping e depois fazer compras numa loja de brinquedos, recebi a mensagem de minha irmã, fazendo-me mudar os planos.ANELIESE: Oi Gabe, estou no hospital aguardando o resultado de alguns exames. Poderia trazer Rarith aqui para mim?GABE: Ok.Respondi a mensagem não muito satisfeito por ficar tão pouco tempo com Rarith. No entanto me preocupei pelo fato de minha irmã estar no hospital, sendo que o combinado era compartilhar comigo e Jorel tudo que se referisse a doença dela.- Mudança de planos, querida! – avisei tomando outra direção – Mamãe quer vê-la.- Não vamos mais ao Shopping?- O que acha de irmos ao shopping com a mamãe? – Sugeri, encontrando uma solução.-
- Enfim, nos apresentamos devidamente – suspirei, apertando a mão do rapaz quando ele estava em vias de desistir.- Gabe Clifford, irmão de Aneliese, tio desta garotinha aqui – alisei os cabelos de Rarith, sorrindo – E... Ex-marido de Olívia. – Nunca pensei que um dia falaria com aquele homem de forma tão tranquila quanto naquele momento.- Ex? – Aneliese perguntou.Apesar de eu e meus irmãos nos tornarmos mais próximos nos últimos tempos, nosso assunto era somente sobre Aneliese e as possibilidades de tratamentos. Não havia tempo para coisas pessoais e sentimentos. E acho que mesmo que houvesse, eu não compartilharia o fato de que estava oficialmente me divorciando de chuchu.- Esqueci de mencionar com você que o divórcio estará pronto na próxima semana.- Com licença, senhora Clifford – uma enfermeira interrompeu &n
- Mudei de ideia – menti – Eu não tinha me dado conta do quanto isto poderia ser arriscado para você. Tanto que usamos preservativo nas últimas vezes. Sei que me disse o quanto era perigoso, mas não acreditei em você. Agora, por favor, pare de me torturar... E vamos abrir este exame.Olívia olhou ao redor, observando as poucas pessoas que aguardavam. Percebi que ficou pouco à vontade. Peguei-a pela mão e fui andando até encontrar uma sala vazia.- Abra. – Ordenei, não entendendo porque ela estava tão apreensiva.Olívia respirou fundo e desdobrou o papel. Só li o final: NEGATIVO. E aquilo me deu um alívio sem explicação, como se tivesse tirado o mundo de cima da minha cabeça.- Está feliz agora? – Ela gritou, furiosa.- Eu... Tenho culpa de ter dado negativo? – fiquei incrédulo – Chuch
Acompanhei Olívia em todos os exames. Por sorte eu era destro e consegui afastar minha mão esquerda da visão dela o tempo inteiro. Eu não queria que chuchu se deparasse com aquela loucura que eu havia cometido e da qual em breve me livraria.Terminada a saga de exames de sangue e imagem voltamos para a recepção e encontramos Aneliese e Jai.- Onde está Rarith? – Perguntei, preocupado.- Vocês demoraram muito. A babá veio buscá-la. – Minha irmã explicou.Observei que ela tinha um envelope na mão:- Como foi o resultado do seu exame? – Fiquei tenso.- O seu... Deu positivo ou negativo? – Ela olhou para Olívia.- Negativo... Infelizmente. – Olívia ainda estava insatisfeita com o resultado.- Você... Queria um bebê? – Anelise perguntou-lhe.- Não queria tanto assim... S&oacut
Eu poderia contestar, já que mantinha ainda um segurança disfarçado no encalço dela, que naquele momento estava sentado do outro lado da sala da recepção, olhando para o celular como se fosse um paciente ou acompanhante no local. Eu pagaria alguém para proteger chuchu para o resto da vida... Ou ao menos enquanto o pai dela vivesse, já que eu não confiava em Ernest Abertton de jeito algum e tinha medo que sua filha fosse afetada por alguma consequência de seus atos ilícitos.Me despedi de Olívia com um aceno de cabeça e saí em companhia de minha irmã.- Queria que eu a visse? – Perguntei-lhe, enquanto abria a porta do carro para ela.- Claro que sim. – Confessou, com um sorriso.- Da próxima vez não precisa me chamar. – Pedi.- E foi melhor do que eu pensava, já que eu não sabia que Jai era o irm&atild
Assim que me viu, arregalou os olhos, preocupado. Deu um salto e sentou-se na cama:- Você... Faz o que aqui?- Que porra... Aconteceu? – Fiquei pasmo ao ver que ele tinha levado uma surra das grandes.Jorel cobriu o rosto e não disse nada. Parecia uma criança, como sempre. Fiquei puto, gritando:- Quando você vai crescer, porra? Não entende que podem matá-lo? Isto são avisos? Me diga!Meu irmão levantou as pernas e descansou a testa nos joelhos, escondendo o rosto de mim.- Eu já vi como você está, Jorel! – Mantive o tom alto, ainda em fúria – Me diga que foi briga por causa de mulher... Por favor! – passei os dedos pelos meus cabelos, sentindo o suor leve no couro cabeludo. Sim, meu irmão fazia eu ficar nervoso daquela forma.- Não foi... – Ele respondeu com a voz baixa, não se atrevendo a explicar o re
Jorel me abraçou, chorando como fazia quando era criança, e eu o acolhia no meu colo e logo depois ele era retirado de mim. Eu ainda carregava os castigos na mente... E na alma.Mas eu conseguia naquele momento, diferentemente de Aneliese, aceitar que nosso pai não estava ali e tudo que acontecia era fruto de nossas memórias, um simples gatilho que nos fez voltar ao passado do qual tantos tentávamos nos livrar.Meu irmão certamente tinha as lembranças dele, mas não eram nada comparadas às minhas e de Aneliese. Jorel era o caçula e por este motivo não sofreu o mesmo que nós, pois passou pouco tempo sob o domínio dos nossos pais. No entanto teve menos atenção ainda de nossa mãe, que quando ele nasceu se encontrava mais dentro dela mesma do que no próprio mundo em que vivia.Hoje eu entendia que aquilo era depressão, mas antigamente achava q