- Enfim, nos apresentamos devidamente – suspirei, apertando a mão do rapaz quando ele estava em vias de desistir.
- Gabe Clifford, irmão de Aneliese, tio desta garotinha aqui – alisei os cabelos de Rarith, sorrindo – E... Ex-marido de Olívia. – Nunca pensei que um dia falaria com aquele homem de forma tão tranquila quanto naquele momento.
- Ex? – Aneliese perguntou.
Apesar de eu e meus irmãos nos tornarmos mais próximos nos últimos tempos, nosso assunto era somente sobre Aneliese e as possibilidades de tratamentos. Não havia tempo para coisas pessoais e sentimentos. E acho que mesmo que houvesse, eu não compartilharia o fato de que estava oficialmente me divorciando de chuchu.
- Esqueci de mencionar com você que o divórcio estará pronto na próxima semana.
- Com licença, senhora Clifford – uma enfermeira interrompeu &n
- Mudei de ideia – menti – Eu não tinha me dado conta do quanto isto poderia ser arriscado para você. Tanto que usamos preservativo nas últimas vezes. Sei que me disse o quanto era perigoso, mas não acreditei em você. Agora, por favor, pare de me torturar... E vamos abrir este exame.Olívia olhou ao redor, observando as poucas pessoas que aguardavam. Percebi que ficou pouco à vontade. Peguei-a pela mão e fui andando até encontrar uma sala vazia.- Abra. – Ordenei, não entendendo porque ela estava tão apreensiva.Olívia respirou fundo e desdobrou o papel. Só li o final: NEGATIVO. E aquilo me deu um alívio sem explicação, como se tivesse tirado o mundo de cima da minha cabeça.- Está feliz agora? – Ela gritou, furiosa.- Eu... Tenho culpa de ter dado negativo? – fiquei incrédulo – Chuch
Acompanhei Olívia em todos os exames. Por sorte eu era destro e consegui afastar minha mão esquerda da visão dela o tempo inteiro. Eu não queria que chuchu se deparasse com aquela loucura que eu havia cometido e da qual em breve me livraria.Terminada a saga de exames de sangue e imagem voltamos para a recepção e encontramos Aneliese e Jai.- Onde está Rarith? – Perguntei, preocupado.- Vocês demoraram muito. A babá veio buscá-la. – Minha irmã explicou.Observei que ela tinha um envelope na mão:- Como foi o resultado do seu exame? – Fiquei tenso.- O seu... Deu positivo ou negativo? – Ela olhou para Olívia.- Negativo... Infelizmente. – Olívia ainda estava insatisfeita com o resultado.- Você... Queria um bebê? – Anelise perguntou-lhe.- Não queria tanto assim... S&oacut
Eu poderia contestar, já que mantinha ainda um segurança disfarçado no encalço dela, que naquele momento estava sentado do outro lado da sala da recepção, olhando para o celular como se fosse um paciente ou acompanhante no local. Eu pagaria alguém para proteger chuchu para o resto da vida... Ou ao menos enquanto o pai dela vivesse, já que eu não confiava em Ernest Abertton de jeito algum e tinha medo que sua filha fosse afetada por alguma consequência de seus atos ilícitos.Me despedi de Olívia com um aceno de cabeça e saí em companhia de minha irmã.- Queria que eu a visse? – Perguntei-lhe, enquanto abria a porta do carro para ela.- Claro que sim. – Confessou, com um sorriso.- Da próxima vez não precisa me chamar. – Pedi.- E foi melhor do que eu pensava, já que eu não sabia que Jai era o irm&atild
Assim que me viu, arregalou os olhos, preocupado. Deu um salto e sentou-se na cama:- Você... Faz o que aqui?- Que porra... Aconteceu? – Fiquei pasmo ao ver que ele tinha levado uma surra das grandes.Jorel cobriu o rosto e não disse nada. Parecia uma criança, como sempre. Fiquei puto, gritando:- Quando você vai crescer, porra? Não entende que podem matá-lo? Isto são avisos? Me diga!Meu irmão levantou as pernas e descansou a testa nos joelhos, escondendo o rosto de mim.- Eu já vi como você está, Jorel! – Mantive o tom alto, ainda em fúria – Me diga que foi briga por causa de mulher... Por favor! – passei os dedos pelos meus cabelos, sentindo o suor leve no couro cabeludo. Sim, meu irmão fazia eu ficar nervoso daquela forma.- Não foi... – Ele respondeu com a voz baixa, não se atrevendo a explicar o re
Jorel me abraçou, chorando como fazia quando era criança, e eu o acolhia no meu colo e logo depois ele era retirado de mim. Eu ainda carregava os castigos na mente... E na alma.Mas eu conseguia naquele momento, diferentemente de Aneliese, aceitar que nosso pai não estava ali e tudo que acontecia era fruto de nossas memórias, um simples gatilho que nos fez voltar ao passado do qual tantos tentávamos nos livrar.Meu irmão certamente tinha as lembranças dele, mas não eram nada comparadas às minhas e de Aneliese. Jorel era o caçula e por este motivo não sofreu o mesmo que nós, pois passou pouco tempo sob o domínio dos nossos pais. No entanto teve menos atenção ainda de nossa mãe, que quando ele nasceu se encontrava mais dentro dela mesma do que no próprio mundo em que vivia.Hoje eu entendia que aquilo era depressão, mas antigamente achava q
- Naquela noite ele me pegou no quarto, enquanto eu dormia... – ela limpou as lágrimas, fazendo questão de dizer olhando nos nossos olhos – Simplesmente retirou a coberta de cima de mim e pegou-me pelo braço, levando-me para o escritório. Raramente acontecia no mesmo lugar... E nunca foi no meu quarto.- Certamente ele tinha medo que você gravasse... Ou conseguisse qualquer tipo de provas... Por isto trocava o lugar. – Pensei alto.- Eu fiquei feliz quando entrei no escritório – ela sorriu – Sim, pela primeira vez na vida agradeci por ele ter chegado naquela hora e ter me pego... Porque eu sabia que seria o fim de tudo. Quando ele me pôs sobre a mesa, de... De... – ela começou a gaguejar a parecia que a voz não sairia.Jorel a afagou e disse, chorando inconformado:- Não precisa contar os detalhes, porra!- Eu preciso... Porque me calei a vida inteira... – ela engoliu a saliva, parecendo querer limpar a garganta – Ele deitou a parte superior do meu
- E ele pode não crescer mais? – Perguntei – Nunca mais?- Sim... Isto confirmaria que o tratamento o qual fui voluntária foi um sucesso – ela sorriu – Mas não acredito nisto.- Então por que fez?- Porque eu tenho uma filha de 4 anos e não quero que ela saiba no futuro que morri sem tentar.- Não fale besteiras. – Pedi.- Gabe, quando eu me for, quero que você fique com ela.- E eu? – Jorel falou como um menino de cinco anos, até os olhos eram de piedade.- Você será o melhor tio do mundo. Mas não está preparado para assumir uma criança como Rarith, que exige muita responsabilidade.- Ela tem um pai. – Observei.- Sei que ninguém iria contra você, Gabe.- Ele sim. É a filha dele! Ou... Não?- Como eu gostaria de dizer que não... Mas infelizment
POV GABEOuvi uma batida na porta e Jorel entrou. Meu irmão era a única pessoa na face da terra que se atrevia a entrar na minha sala sem bater. E que pouco se preocupava em ser anunciado, como se a presença dele fosse importante o bastante para não precisar de nenhuma formalidade.- Recebi seu recado. – Ele sentou-se à minha frente, pegando uma caneta que estava sobre a mesa – Quanto você pagou por esta porra?- Menos do que você paga por uma prostituta. – Mal retirei os olhos do que eu estava fazendo no computador.- Não saio com prostitutas. Sou um homem disputado o bastante para felizmente não precisar pagar ninguém para me satisfazer sexualmente, como “uns e outros” por aí. – Deu uma risadinha debochada.Minimizei a tela importante na qual eu estava trabalhando e o olhei:- Não lembro de ter lhe dado o direito de sequer “pensar” no que faço ou deixo de fazer. – Deixei bem claro.- Quando levanta a sobrancelha deste jeito você parece um velho. – Seguiu me provocando.Respirei fund